O Acordo - Rose Weasley & Scorpius Malfoy escrita por Lilly Moon Malfoy


Capítulo 10
E o cordeiro se transformou em lobo mau


Notas iniciais do capítulo

New Chapteeer para vocêeees! Demorou um poquinho eu sei, mas eu queria dar algo de qualidade á vocês e espero ter conseguido :) e como o prometido, vou dedicar esse capitulo a umas das minhas leitoras Hermione Malfoy, que está sempre aí :) Obrigada por me fazer feliz *U* assim como todas as outras não mencionadas aqui.
Gente, talvez eu demore um poquinho para postar semana que vem pois vou ser internada para fazer uma pequena cirurgia viu, por isso já estou justificando, mas quando eu voltar, que não vai demorar muito não, quarta já estou de volta, eu posto o proximo capitulo :) talvez -se eu receber um boa sorte kkkkk brinks -eu poste o proximo capitulo antes de ir pro hospital, que no caso é segunda :) por isso beeeijos e se cuidem amores que depois estou de volta com mais cap de o acordo!
Lilly Moon Malfoy.



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A neve caia solenemente do lado de fora, formando uma crosta lisa e escorregadia no pomar, que estava repleto de pingentes de gelo adornando os galhos dos altos carvalhos.

                Do lado de dentro da pequena casa de pedras rústicas, o clima ameno certamente não era diferente. E decididamente não era á temperatura a que me referia. Todos que estavam sentados á mesa posta do café da manhã que estava importunamente silenciosa concordavam com isso.

                Rose se sentava á uma ponta, e Lysander á outra, lugares selecionados propositalmente por Ronald, que fez questão que os únicos lugares que sobrassem á mesa, fossem esses. Uma estratégia que definitivamente não resultou como ele planejara.

                Os dois se fuzilavam acidamente, e os outros presentes na mesa temiam que algum dos dois começasse a arder em chamas a qualquer momento. Lysander de alguma forma, parecia saber que houve algo de errado. Depois de algumas gotas de essência de ditamno, e um feitiço obliviate que Lorcan afirmara ter lançado no irmão, os vestígios da discussão do dia anterior se dissiparam. Mas o modo como ele a fitava quase como se estivesse se refreando para não dizer nada, deixava-a intrigada.

                Produziam um tilintar irritantemente compassado de talheres, tamborilando sobre a mesa de madeira maciça provocando-se entre si, para ver quem reclamava primeiro.

                Mas, não fora nenhum dos dois que reclamara sobre o irritante barulho.

-Já chega! –guinchou Hermione protegendo seus ouvidos histericamente, e sobressaltando aos outros que involuntariamente prestavam atenção no som sincronizado.

                Os dois largaram os talheres em cima da mesa lentamente sem perder o contato visual.

-Há algo que queriam nos contar? –Hermione interveio olhando ora para Rose, ora para Lysander.

                Todos certamente já haviam percebido que a incansável discórdia entre os dois havia se agravado nas últimas horas.

-Não. –os dois disseram em uníssono.

-Tem certeza? –Hermione voltou a insistir. Ronald ao seu lado suspirou. Até ele sabia que suas tentativas de arrancar informações dos dois seriam completamente em vão.

-Sim. –repetiram roboticamente.

                Ela se deu por derrotada, e continuou a bebericar sua xicara de chá em silencio. O resto, porém se mostrou desapontado por ela ter desistido tão rapidamente.

                Rose então desviara o olhar de Scamender, e os voltara para a janela entreaberta á suas costas.

                O que ele estaria fazendo agora? Estaria pensando nela? Perguntas da qual ela sabia que nunca teriam respostas. Mas aquela ansiedade exatamente por não saber as respostas, era uma das vantagens –ou desvantagens – de se estar apaixonada por alguém.

                Rose nunca havia experimentado essa sensação na vida. A vida agora simplesmente fluía de um jeito exageradamente piegas. Coisa que chegava a irritar até a própria garota.

                Depois de alguns minutos, ela deixou a mesa e fora em direção ao seu quarto, onde pretendia ficar o dia todo, sendo essa a melhor alternativa que encontrara para fugir das incessantes perguntas da mãe que a atormentava desde ontem, quando chegou a casa e encontrou Rose e Lillian sentadas no sofá da sala de estar com as mãos entrelaçadas sobre os joelhos cruzados com expressões duvidosas estampadas em seus olhares esbugalhados, e em seus sorrisos exagerados.

Desde então, a garota era constantemente encruzilhada pela mãe, que a bombardeava com perguntas indiretas sobre os olhares frios e mortais entre os dois garotos. Hermione havia aprendido lições preciosas sobre como extrair informações e encurralar seus filhos com sua sogra durante os anos, sendo a Sra. Weasley uma mestra nesse quesito.

Deitou-se em sua cama e suspirou. Ela tinha certeza de seus sentimentos por Scorpius Malfoy. A única coisa da qual ela não tinha certeza era se esse sentimento bastaria para impedi-lo de ir embora. Em tempos nem tão distantes, a única coisa que Rose Weasley conseguia enxergar de positivo neste acordo, era o fato de finalmente conseguir se livrar da convivência com Scorpius Malfoy. E agora, o feitiço havia se voltado contra o feiticeiro. Tudo o que a garota conseguia enxergar de negativo nesta história era o fato de ele ir embora.

Se não fosse por esse maldito acordo, tudo estaria conforme o destino estipulara. E os dois ainda se odiariam. Naquele momento, ela se perguntava silenciosamente se não seria o ideal para os dois...

A garota estava entretida em seus devaneios quando pensou ter ouvido leves pancadinhas surdas contra a janela entreaberta. Apontou seus olhos para a abertura sem visualizar nada. Encarou-a por mais alguns segundos aguçando a audição para qualquer som suspeito. Nada fora detectado. A garota então dera de ombros e voltou a repousar sua cabeça no travesseiro. Até que reparara no par de olhos cor de âmbar que a fitava sem piscar os olhos que mais pareciam duas esferas de pedras preciosas.

-AAAAAAAAAAAAH! –Ela caiu com um estrondo no piso de madeira. Sobressaltada e completamente descabelada, a garota arriscou esgueirar-se lentamente sobre a cama, para observar a pequena figura empoleirada em cima de sua cama movimentando sua pequena cabecinha enquanto registrava o ambiente.

                Rose então reparara que a pequena coruja negra trazia amarrado em sua perna um pergaminho amarelado.

                A garota se aproximou receosa e desamarrou o fino cordão de couro e puxou a carta rapidamente. Desenrolou o pergaminho com certa dificuldade pela rigidez do papel, e sorriu automaticamente ao ler o nome do remetente.

                Circulara no quarto enquanto lia a carta que Scorpius recém havia mandado á ela.

Querida Rose,

Eu não sabia exatamente sobre o que escrever á você, só sabia que precisava. Para falar a verdade, essa é a primeira carta que escrevo á uma garota, por isso, pegue leve não sei exatamente o que estou fazendo.

                Desculpe-me por sair apressadamente ontem, mas se seu pai me encontrasse em sua casa sem a permissão dele, talvez eu não voltasse á salvo para casa ontem. Tudo bem irei parar de dar voltas e ir direto ao ponto.

                A verdade é que eu estou aqui sozinho e tudo o que consigo pensar é em você. E também em como estou entediado. Por isso, pensei que tal se déssemos uma volta pelo Beco Diagonal, ou por onde você quiser.

                Que tal se nos encontrássemos no Caldeirão Furado? Às 16h00min horas em ponto.

Sendo eu um Malfoy, não irei aceitar um não como resposta. Calma, só estou brincando.        Irei aguardar sua resposta.

Com amor, seu Scorpius.

“PS: Você não faz ideia de quantas vezes refiz essa carta, e de como me empenhei em ser suficientemente piegas. Por isso, envie o mais rápido que puder sua resposta e me tire dessa agonia.”

                Ela revirou os olhos enquanto sorria com os olhos levemente marejados. Mesmo quando Scorpius Malfoy parecia se empenhar em dizer coisas bonitas para uma garota, seu lado sarcástico e irônico conseguia transparecer em cada floreio nas letras levemente inclinadas.

-Ai! –ela reclamou. A coruja negra ainda pairava ao seu lado beliscando uma mecha ruiva de seu cabelo. –Você quer comida? É igualzinha ao seu dono. Sempre visando o lucro que levará em cima das coisas.

                Ela havia roubado a frase que Malfoy dissera á ela quando selaram o acordo. Parecia um tempo tão distante naquele momento enquanto segurava uma carta com palavras românticas de Scorpius dirigidas á ela. Quem diria.

                Rose relera a carta mais uma vez enquanto entregava pedaços de biscoito á coruja que baixou a pequena cabeça em sinal de agradecimento.

                Então um objeto reluziu em seu pescoço revelando um discreto pingente pendurado em uma fita de seda sobre as penas do pescoço.

-Havelle. –ela leu baixinho esticando sua mão para tocar o amuleto. –Ai!

                A coruja mordiscou sua mão quando ela se aproximou do colar, e sobrevoou o quarto em direção á janela, onde desapareceu na neve branca, que produzia um forte contraste com suas penas negras.

                Rose então se apavorou. Aquilo era um encontro? O que deveria vestir? Não sabia nenhuma dessas respostas, pois nunca precisou pensar nelas. Até agora.

Escancarou seu armário á procura de algo decente para vestir. Jogara pilhas e pilhas de roupas em cima de sua cama, mas não encontrara nada que a agradasse. Achava ridículas aquelas cenas de filmes trouxas em que as belas atrizes hollywoodianas se viam á frente de um mar de opções para se vestir, e não encontrar nada. Mas agora se solidarizava com suas historias. Pois agora passava pelo mesmo dilema.

Então lhe ocorrera. Isso era um trabalho para Lillian Luna Potter, sua fiel escudeira, sua melhor amiga que tinha um senso de moda como qualquer outra á qual ela conhecesse.

Em vez de responder á carta de Scorpius, a garota enviara uma breve carta de socorro á prima pela pequena coruja-anã, apelidada por ela de Helga.

A ave então com certo esforço alçou voo pela janela entreaberta.

                A garota andara de um lado visivelmente atordoada. A ideia de finalmente ficar a sós com Scorpius por tanto tempo a assustava. Sempre que o encontrava estava na presença de mais alguém, exceto pelo dia em que se encontraram na Sala de Troféus. A garota corou ao se lembrar da noite.

                 Passaram-se cerca de quinze minutos. Então um estampido surgiu no quarto e Rose sorriu aliviada.

-Seus problemas acabaram. Sua bruxa-madrinha chegou. Vamos ao trabalho. –disse Lillian batendo as mãos.

-Obrigada por vir, Lill’s. – disse Rose agradecida.

-Não precisa me agradecer Rosie. –Lillian vasculhava no guarda roupa da prima á procura de algo, ora colocando roupas nos braços de Rose, ora jogando peças no ar que ela considerava abominável. –Uau! Que suéter laranja horrível é esse, Rose? Parece mais uma abobora. Pensei que tivesse se livrado dele á anos atrás, se não eu mesma o faria.

                Rose o puxou bruscamente das mãos de Lillian visivelmente ofendida.

-Pois saiba que é um dos meus preferidos, Lillian! Eu nunca me desfaria dele. -Ela disse afagando o tecido de lã puída.

-E é exatamente por isso que você precisa de minha ajuda, priminha. –ela arrancou o suéter mais uma vez das mais de Rose e o jogou em cima da cama da garota, onde estavam às roupas que a garota detestara.

-Então é oficial? –Lillian perguntou em um tom malicioso.

-Do que está falando?

-De o acordo ter ido completamente por agua abaixo. Vocês se apaixonaram como eu previ. Eu avisei que isso aconteceria. É a prova viva de que entre o amor e o ódio há uma linha tênue.

-Pode até ser. E não me venha com eu lhe avisei Lillian odeio ouvir isso. –Rose acreditava que era blindada contra qualquer sentimento que pudesse surgir entre os dois. Estava completamente errada.

                Depois de alguns longos minutos, Lillian suspirou se virando para Rose.

-Bom só Merlin conseguiria ressuscitar a vida desse closet. Venha Rose, você precisa de novas roupas. –ela puxou pela mão, mas Rose se desvencilhou rapidamente.

-Espere um minuto. –ela disse se sentando á escrivaninha e puxando um tinteiro e um pedaço de pergaminho para perto de si.

“Querido Scorpius,

                Saiba que para uma primeira carta, você se saiu muito bem em matéria de impressionar uma garota. Mas todos sabem que você é expert nisso seja da pior ou da melhor forma.

                Concordo em me encontrar com você no Caldeirão Furado ás 16h00min horas em ponto.

                Até lá,

Com carinho, de sua Rose.”

                A garota achara ridiculamente piegas terminar a breve carta dessa maneira, mas pelo contrário, não achara nem um pouco piegas a forma como Scorpius lhe disse isso. Adorava o fato de ele ter dito isso. Era estranho poder chamar alguém de seu finalmente.

-Vamos.

                                                                 ***

                Pararam á frente de uma movimentada loja que Rose nunca tinha visto.

-Que loja é essa? –ela perguntou á prima. O lugar decididamente não era trouxa.

-Uma das lojas que eu mais adoro... –Lillian disse admirando a vitrine. -... Olhar de longe.

                Rose riu.

-Vamos. Você precisa de um up no visual. Ou melhor, uma ressurreição, não é. – Rose revirou os olhos ao ser puxada para dentro da loja. Lillian ás vezes conseguia ser inconveniente com sua sinceridade excessiva.

                A garota puxou várias roupas de milhares de araras lotadas de vestes trouxas, e entregou nos braços agora sobrecarregados de Rose.

-Posso ajudar? –perguntou uma mulher loura de cabelos louros e feições gentis ao se aproximar de Lillian que atraia olhares curiosos.

-Não obrigada. Sempre ouvimos essa frase, e pode ter certeza, vocês nunca nos ajudam de verdade. –A mulher loura fez cara de ofendida e marchou indignada para longe de Lillian. Sim, muito inconveniente.

-Agora entre no closet e prove as roupas enquanto eu assisto daqui. –disse Lillian se sentando em um pequeno pufe verde-musgo de frente para os provadores.

                Rose entrou com a pilha de roupas entulhadas nos braços e as soltou no chão do pequeno e claustrofóbico espaço.

                Provou então um vestido vermelho de alças com um enorme decote.  Certamente não era a roupa correta de se usar, considerando o clima invernal que se estendia do lado de fora da loja. Ao se olhar no espelho escancarou a boca silenciosamente, se olhando de cima para baixo, como se fosse um crime o simples fato de vestir aquele escandaloso vestido, o que diria ao menos andar por aí com ele.

-Rose, tudo bem aí? –Lillian gritou com a voz embargada.

-Sim! – ela disse enquanto esticava e remexia no vestido tentando fazer com que ele parecesse menos indecente.

-Então saia olhe as horas! Não temos o dia todo, temos em torno de... Duas horas! Então se aprece.

                Rose colocou a cabeça para fora do provador protegendo o corpo com a cortina vermelha.

-De jeito algum vou sair por aí assim, Lillian! Nem que Merlin me arraste não vou encontrar Scorpius dessa maneira. Só iremos ao Beco Diagonal, não é bem um encontro... Não é?

                Algumas mulheres perto á elas se entreolharam confusas pelas expressões que a garota havia usado e Beco oque?

-Deixe-me ver Rose! Anda, não temos o dia todo se lembra? Vocês terão de se encontrar em duas horas no Caldeirão Furado, então não enrole! Também tenho vida, sabia?

                As duas mulheres deixaram o lugar com as sobrancelhas arqueadas. Que tipo de lugares aquelas duas garotas andavam frequentando?

                Rose largou a cortina e baixou os olhos para seu corpo. Lillian abriu a boca, que não emitiu nenhum som. Balançou a cabeça em um sinal de desaprovação e disse.

-Próximo!

                Rose então provara um vestido colado ao seu corpo que mal a deixava respirar. Saiu tentando respirar.

-Próchimo! –disse Lillian com a boca cheia de petiscos oferecidos aos clientes da loja.

                Depois de muitas provas fracassadas a garota achou um vestido que a agradara pela primeira vez. Era branco com listras azuis e solto. Ela sorriu ao ver sua imagem refletida no longo espelho á sua frente.

                Saíra rodopiando do provador. Lillian soltou os petiscos lentamente na bandeja de prata e aplaudiu.

-é disso que eu estava falando! –ela apontou para Rose como um rapper.

                As duas então pagaram pela compra, vestiram suas capas de inverno e aparataram em um túnel ligeiramente afastado direto no quarto de Rose.

Enquanto as duas se recuperavam da sensação incomoda que a aparatação produzia, Lillian olhou em seu relógio de pulso cravejado de cristais.

-Temos de nos apressar. Já são três e meia. –Rose se assustou. Começara a correr de um lado para o outro enquanto colocava a bota de couro, penteava os cabelos, e enquanto passava rímel, ajeitava o vestido.

                Lillian então pousou as mãos na cintura, e assentiu.

-Está pronta para quebrar! –Lillian disse batendo a palma da mão contra a de Rose. –Agora vá encontrar seu príncipe louro enquanto eu fico aqui... Abandonada.

                Rose sorriu e abraçou a prima lhe agradecendo pela transformação.

-Está bem, está bem agora vá! –disse Lillian se desvencilhando da prima que recuou. –Apenas me prometa contar tudo assim que voltar!

-Eu prometo! –Rose falou se preparando para aparatar.

                Assim que a garota aparatou, Lillian comentou com si própria.

-Rose e Scorpius juntos, quem diria. Eu bem que avisei. –ela disse se deitando na cama da amiga. –é, pode ser verdade o que dizem sobre a frase sobre os opostos se atraírem. –Ela inevitavelmente pensou em Zabini. –Tomara que isso nunca aconteça comigo. Merlin não faria isso comigo... Faria?

                                                                                ***

Rose aparatou na movimentada rua onde o Caldeirão Furado se localizava. O lugar estava apinhado de trouxas, que entretidos com seus celulares e afazeres sequer perceberam a repentina aparição da garota.

Rose entrou no bar e hospedaria que estava tipicamente mal cheiroso e sujo. O lugar tinha uma iluminação precária e na maioria dos aspectos, era miserável.

A garota se sentou em uma das mesas do bar, e pediu uma cerveja amanteigada para passar o tempo. Enquanto bebericava a bebida sem realmente apreciar, a garota começara a ficar ansiosa. Tudo bem, ele só havia se atrasado cinco minutos, mas esses minutos pareceram horas enquanto ela se encontrava sentada naquele bar á sua espera.  Tamborilava os dedos pela mesa de carvalho á sua frente nervosamente. Dez quinze minutos... E nada. Rose não parava de olhar para a porta do bar, e sentia seu coração dar um mortal e uma cambalhota todas as vezes que alguém passava pela porta. E voltava á murchar ao dar de cara com um desconhecido. Espiava ás horas do relógio a cada cinco segundos, mas quanto mais ela olhava, mais os ponteiros pareciam se arrastar como se estivessem cansados de esperar pelo garoto assim como ela.

Seus lábios então se esticaram em um sorriso. Sua visão fora interrompida por um par de mãos grossas e ligeiramente frias que encobriram seus olhos repentinamente,

-Adivinha quem é Cenourinha? –ele sussurrou ao pé de seu ouvido fazendo os pelos de seu pescoço se eriçar.

-A única pessoa no mundo que me chamaria por esse apelido ridículo. –ela se desvencilhou das mãos de Scorpius.

-Pensei que gostasse. Quer dizer, eu gosto. –ele disse roubando um gole da cerveja amanteigada da garota. –Combina com você. Você é alta, magra e... Laranja.

                Ela franziu a testa.

-é a pior comparação que já ouvi na minha vida.

-Sou bom em apelidos e não comparações. –ele se defendeu. –E aí? Preparada para uma tarde de aventuras ao meu lado? –ele se ergueu rapidamente da cadeira ao seu lado.

-é claro que estou pronta. Sou Rose Weasley. Filha de heróis bruxos. Sempre estou pronta para aventuras. –ela se levantou rapidamente demonstrando o mesmo entusiasmo que ele.

                Ele sorriu embora seus olhos demonstrassem certa tristeza. Alguma coisa dizia á ela que o pai de Scorpius surgira em sua mente naquele momento. A garota sabia da turbulenta relação que ele mantinha com seu pai, Draco desde a confissão que o garoto contou a ela certa noite no Salão Comunal da Sonserina.

                Também sabia que o garoto não se orgulhava nem um pouco das atitudes obscuras e escolhas do pai com relação ao passado.

                Mas permanecera em silencio enquanto ele a conduzia em direção á parede de tijolos que levava ao Beco Diagonal.

                Scorpius bateu com a ponta de sua varinha em um tijolo que começara a se movimentar revelando a passagem estreita e apinhada de bruxos a qual eles tão bem conheciam.

-Bem-Vinda ao Beco Diagonal! –disse ele em uma voz grave e gutural exageradamente ensaiada. –Vamos. Aonde quer ir primeiro?

-Hum... –Ela franziu o cenho pensativamente. Até que avistou uma grande sorveteria excessivamente colorida. –Não acredito!

-Em que? –ele disse enquanto era puxado pela garota.

-A Calidus Gracie Cremor ainda está aberta! Quando eu era menor, eu e meu pai costumávamos tomar sorvete ali em frente na calçada. Nós tínhamos meio que uma receita secreta sabe. Três bolas de sorvete uma em cima da outra. Chocolate Abóbora e pistache. Cobertas com pedaços de granola e cauda de morango e caramelo. Nós dividíamos o sorvete e depois íamos ao parque. Ele me empurrava no balanço e... Passávamos a tarde toda lá. Era uma das coisas que eu mais gostava de fazer no verão. Era um ritual, sabe. O tipo de coisa pequena que é importante.

                Scorpius sorriu apertando os ombros da garota carinhosamente. Ele não sabia bem o que dizer afinal nunca tivera momentos como esse junto á seu pai, que sempre fora afastado com relação á família. O motivo, como todos conheciam, era o simples fato de Draco Malfoy não aprovar suas escolhas.

                Mas naquele momento, Scorpius viu a oportunidade de roubar um pedacinho da infância da garota a qual ele nunca tivera a oportunidade de ter.

-Sabe, estamos no inverno, está nevando, mas... Fiquei curioso para saber como é o sabor de abóbora e pistache juntos. E, aliás, tomar sorvete no frio é muito mais divertido.

Ela sorriu agradecida. Os dois então se dirigiram á sorveteria de aspecto alegre.

Os dois compraram o sorvete, e Ewan, o velho sorveteiro que lhes vendera sorriu ao ver Rose e seu curioso pedido. Era o mesmo que a garota pedira á ele anos atrás quando inaugurara a loja.

Rose se dirigira á mesinha de madeira branca quando Scorpius segurou-a pela mão.

-Aonde pensa que vai? –ele perguntou á garota que franziu a testa confusa.

-Me sentar, talvez? –ela devolveu sarcástica.

-Nada disso. Vamos seguir o ritual á risca.

                Ela olhou para a calçada coberta de neve e enrugou o nariz. Mas então, o garoto conjurou um feitiço que limpou a maior parte da frente da sorveteria. Ele a puxou para o meio-fio, onde se sentaram. Ela sorriu para ele enquanto Scorpius lhe entregava uma colher. Tomar sorvete no frio, no meio-fio congelante. Programas excepcionais, para um casal excepcional.

-Então vamos lá. –Os dois retiraram um naco da bola de sorvete e provaram ao mesmo tempo. Decididamente não havia sido uma boa ideia. E era exatamente por isso que seus pais sempre lhe recomendavam que não tomassem sorvete no frio. Os dentes dos dois pareceram rachar ao meio, sendo que a terrível dor impediu que sentissem a sabor do sorvete.

                Porém, depois de algum tempo de tortura, os dois se acostumaram com a temperatura colidindo com seu paladar, e finalmente o garoto conseguiu provar a explosão de sabores que surgira em sua boca ao misturar o sorvete de abóbora e pistache.

-é, tenho de admitir, é gostoso. –ele disse engrolado pela língua ligeiramente dormente.

-E não é? –Rose falou.

-Só uma coisa. –ela o olhou. –Nunca mais me obrigue a tomar sorvete no frio.

                Ela riu.

                Assim que terminaram o sorvete, Scorpius se levantou limpando a parte de trás das calças erguendo Rose.

-Próxima etapa. –ele disse e ela estreitou os olhos.

-Etapa?

-Me acompanhe.

                Ele a envolveu em seus braços, deixando a garota um pouco mais aquecida, e em instantes, depois de o ar voltar aos seus pulmões, ela olhou em volta e ofegara. O tão conhecido campo de flores cristalizadas; E a grande árvore com um balando de cordas puídas balançando contra o vento.

                A paisagem branca e invernal deixava o lugar ligeiramente apagado se comparado ao ar vivo que aquele lugar emanava nos dias de verão.

                Ela ajeitou a capa forrada de couro sobre os ombros, e se adiantou para o pequeno balanço velho, que ameaçava ceder.

-Eu não acho uma boa ideia...

-Deixe de ser medrosa. Se você cair vai ter uma imensidão de neve para amortecer sua queda.

-Muito engraçado. –ela caçoou.

                Ela obedeceu e se sentou lentamente no balanço, temendo que ele cedesse ao seu peso. Sabe aqueles momentos em que ficamos apreensivos quando um balão de gás excedera sua capacidade de esticar, e está prestes a estourar? Era exatamente assim como Rose se sentia agora. A única diferença era que o balão era um balanço.

                Scorpius então dera impulso e a soltara. A sensação não fora tão agradável quanto ela imaginou que seria. O ar frio cortou seu rosto como lâminas afiadas. Mas ela não pareceu se importar.

                Até que o que ela mais temia acontecera. O balão estourou. E ela caiu estatelada no chão com a roupa inteiramente respingada de pontos brancos.

                A reação de Scorpius fora totalmente inversa ao que ela esperava. Ou não.  Ele caiu na risada ao ver a carrancuda garota de cabelos emaranhados e cobertos de neve o encarando franzindo as sobrancelhas.

-Me desculpe é que... –Ele fora interrompido por mais um acesso de risos.

                Ela se levantou e disse.

- Pode rir, é realmente muito hilário. Mas sabe o que seria mais engraçado, Malfoy?

-Oque poderia ser mais engraçado que isso? –ele dizia tentando parar de rir.

-Isso! –ele então fora atingido por uma bola de neve deformada.

-Ah é? Então é guerra é? –fora a vez dele de revidar. A bola atingiu o lado esquerdo da cabeça de Rose que suspirou pedindo paciência.

-Toma isso, Malfoy!

                Várias bolas de neve voavam pelo campo invernal enquanto o desentendido casal descontava toda sua raiva na mira.

                Até que várias boladas depois, Rose caiu cansada.

-Cheeega! Eu não quero mais tudo bem você venceu! –ela levantou a mão em sinal de paz, enquanto recuperava seu fôlego.

                Scorpius se sentou ao lado da garota na neve, ligeiramente cansado.

-Quer um abraço? –ele perguntou.

-Cala a boca. –ela disse cruzando os braços.

-Sabe, eu conheço bem essa carinha brava, mas ela nunca foi tão sexy quanto agora.

                Ela pode evitar rir. Olhou nos olhos do garoto que a olhava em um mistura de afeição, e sarcasmo. Ela sabia o que tornava Scorpius Malfoy, quem ele era. E era exatamente esse jeito descontraído de fazê-la sorrir até quando ela não queria.

-é melhor sairmos desse lugar antes que a gente congele aqui. –os dois se levantaram e andaram sobre a neve abraçados até desaparatarem de repente.

                                                                            ***

-Nada melhor do que uma bebida quente nesse frio não é? –dizia Scorpius se agarrando ao copo de cerveja amanteigada enquanto seus dentes pareciam bater como castanholas.

-Nem me diga. Sinto-me revigorada. –Rose tremia da cabeça aos pés.

                A tentativa de Scorpius de reviver um pedaço da infância da garota decididamente não havia funcionado de nenhuma maneira.

                Mas ao olhá-la, sorrindo como uma criança que ganhara o que pedira na noite de Natal, ele se sentia feliz. Por fazer alguém feliz. Coisa que nunca havia se imaginado

Ele pousou a mão sobre a dela, duas pedras de gelo que pareceram incendiar.  Scorpius Malfoy não tinha certeza se a amava. Ou talvez ainda não soubesse realmente o que era o amor para distingui-lo.Era uma loucura meio sem razão esse sentimento por Rose Weasley. Um sentimento que ele nem sabia de onde tinha surgido. Mas sabia que estava ali presente, crescendo cada vez mais. Ele temia que uma hora pudesse explodir. Mas sempre existirá uma loucura entre Rose Weasley e Scorpius Malfoy. E sempre haverá certa razão nessa loucura.

                Os dois deixaram o Caldeirão Furado, e já se passavam das sete horas da noite. Caminhavam de mãos dadas na estreita rua vazia iluminada por postes de luz.

                A noite era linda e ela... Mais ainda. Ele não sabia se deveria dizer o que se passava por sua cabeça, talvez fosse cedo demais para tirar conclusões precipitadas, mas... A frase que sua mãe um dia lhe dissera parecia se encaixar perfeitamente a situação de agora. Mas ele esperaria. Pois ele tinha certeza que Rose Weasley era o tipo de garota que um cara lutaria para ter.

                 Os dois aparataram em frente à casa de Rose, que estava iluminada pelas pequenas janelinhas douradas da sala de estar.

                Ele a levou até a porta, e parou em silencio desejando tornar esse momento perpétuo.

-Então... Boa Noite, Cenourinha. Obrigada por me tirar do tédio, e me... Desculpe por fazê-la passar frio. –Os dois riram.

-Não foi tão ruim assim. Só me lembre de nunca mais repetir.

                Ele deu uma risada culpada, e se aproximou para beijá-la carinhosamente.

-Boa Noite. –ela sussurrou de olhos ainda fechados, temendo que quando os abrisse, ele teria ido embora.

                Então ele se fora. Com um estampido ele desapareceu assim que suas mãos se soltaram.

                Ela entrou na casa e recebeu um choque de temperatura. Mais estava anestesiada pelos momentos que passaram juntos para perceber algo diferente no ambiente.

                Inclusive para perceber Ronald Weasley se elevando da poltrona de couro de dragão com o Profeta Diário nas mãos ralhando com ela.

                Subiu as escadas lentamente indo em direção ao seu quarto com um sorriso demente estampado em seu rosto, que estava extremamente corado.

                Então parara bruscamente ao vislumbrar a cena através da abertura porta entreaberta do quarto de Lorcan que segurava Lysander pelo colarinho visivelmente alterado contendo um olhar assassino.

-Você não percebe que se isso continuar vai tudo por água abaixo seu idiota! Dê um jeito, ou eu trato de dar um jeito em você ouviu bem?

                Rose colocara a mão na boca e recuara para trás lentamente. E fechou os olhos aterrorizados quando esbarrara no vaso de cerâmica que rodopiou e por sua sorte voltara à posição inicial.

                Mas para sua segurança, aparatara em seu quarto, os momentos vividos esta tarde com Scorpius se dissipando enquanto repetia a frase ríspida de Lorcan dirigida ao irmão.

                Era mesmo possível que estivesse errada esse tempo todo sobre quem era o bom e quem era o mal?

                Era possível que o lobo mal da história estivesse esse tempo todo fantasiado de cordeiro?


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Notas finais do capítulo

E então?? gostaraaam?? a espera da opinião de vocês viu!!! demorou paaaacas escrever esse cap que deu em torno de 13 paginas do word mas vocês merecem minhas leitoras e leitores lindooos!!!
beeeijos novamente da Lilly aqui e até a próxima :))