A Verdade escrita por mybdns


Capítulo 28
Capítulo 28


Notas iniciais do capítulo

Oi gente. Tudo bem? Bom, a história está caminhando para o seu final, mas vamos ter um pouquinho mais de drama. Beijos e bom capítulo. May.



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Um ano se passou depois de tudo isso. Eu tinha uma vida boa: um homem que me amava de verdade, uma filha linda e saudável de um ano e seis meses, um bom emprego. Mais nada pode ser perfeito. Todos têm problemas. Don e eu brigávamos, como todo casal, mas logo nos resolvíamos.

Certa noite, Don havia levado Lívia a casa de Sam e como eu não estava de folga, eu não fui. Fui para o trabalho e o dia foi cansativo, o que me rendeu uma terrível enxaqueca. Quando estava voltando para casa, aproveitei para passar na farmácia para comprar um remédio. Paguei a compra e saí. Andei até meu carro e quando estava pronta para dar partida, escutei uma discussão vinda de um beco do outro lado da rua. Desci novamente e fui ver o que era. Aproximei-me e tentei ouvir a conversa. Estava muito escuro e eu não conseguia enxergar nitidamente o rosto dos dois:

– OLHA AQUI SUA DESGRAÇADA FILHA DE UMA MÃE, EU SEI QUE VOCÊ ESTÁ ESCONDENDO O DINHEIRO. CADÊ? – disse o homem, puxando seus cabelos.

– EU NÃO ESTOU ESCONDENDO DINHEIRO NENHUM, CARL! QUE DROGA! – a moça respondeu, com medo.

– EU SEI QUE VOCÊ ANDA ME ROUBANDO! SUA PUTA! VOCÊ SABE QUE EU POSSO TE MATAR, NÃO SABE? – disse tirando uma faca da cintura.

– POR FAVOR, NÃO FAÇA ISSO! – ela implorou. Liguei para a central para pedir reforço.

– Aqui é a detetive Flack. Preciso de uma viatura aqui na Broadway, na altura do número 1462.

Estamos, indo detetive. – disse a atendente. Eu desliguei o telefone e peguei minha arma. Os dois continuavam a discutir quando adentrei o beco, em silêncio.

– EU NÃO ME IMPORTO DE CORTAR ESSA SUA GARGANTA. SERÁ IUMA HONRA, PORQUE DESDE QUANDO VOCÊ SE TORNOU MINHA, SÓ TEM ME DADO TRABALHO.

– EU NÃO SOU SUA PROPRIEDADE.

– Solte ela agora. – disse apontando a arma em sua direção.

– Graças à Deus. – ela suspirou.

– E quem é você? A polícia? Ahá.

– Você acertou. Agora solte a faca e coloque suas mãos atrás da cabeça. Ande! Eu não tenho a noite inteira. – ele fez o que eu mandei.

– Você me paga...

– Cale a boca. Todo o que você disser será usado contra você no seu julgamento.

– Julgamento? Você vai me prender? Eu não fiz nada!

– Eu vi você a agredindo, okay?

– Maldita.

– Como é seu nome? – ela me perguntou.

– Annelies. Mais pode me chamar de Anne. E o seu?

– Brenda. Sabe, eu estudei com uma Annelies no colegial, mas eu acho que ela não gostava de mim. Aliás, ninguém gostava de mim naquela escola. Ainda mais depois que...

– Depois que?

– Eu me envolvi com o pai do meu namorado. E ele acabou matando o próprio filho por minha causa. Pobre Luke. Eu me arrependo tanto...

– Você poderia ser melhor do que isso tudo, Brenda. Você iria ser modelo, lembra?

– Eu não acredito que é você!

– Sim sou eu. E ele? É o seu cafetão?

– É. – escutamos a sirene da viatura.

– Levanta ai bonitão. – ordenei e fui levando-o para os outros policiais.

– Ele de novo?

– Ah, você é conhecido da polícia?

– Acho que ele já foi preso umas quatro vezes, só por mim. Vamos, entra ai. – Carl entrou na viatura e os policiais o levaram para a cadeia.

– E ai, você quer uma carona? – perguntei.

– Acho que a noite acabou pra mim. Eu aceito sua carona. – nós entramos no carro e ela me explicou onde morava. – e ai? E o Allan?

– Eu não sei.

– Como não sabe?

– Nós nos separamos há um tempinho.

– Que droga! Mais você se casou de novo. Está de aliança.

– Sim.

– Como é o nome dele?

– Don, ele também é detetive. 

– O mesmo que estava no caso da morte do Luke? O dos olhos azuis?

– Ele mesmo.

– Ele é gato. Quantos anos tem seu bebê? – disse olhando para a cadeirinha no banco de trás.

– Temos uma menina de um ano e seis meses. Tem uma foto dela no porta luvas.

– Ela é linda. Se parece com sua mãe.

– Eu também acho. – olhei para o braço dela e havia algumas marcas de agulhas. – o que são essas marcas, Brenda?

– Nada de importante.

– Você usa heroína?

– Eu não consigo largar.

– Você vai morrer Brenda. Procure ajuda.

– Você não entende. Nunca vai entender.

– Brenda, eu conheço uma clínica... Se você quiser...

– O dinheiro que eu ganho nas ruas mal dá pra eu sustentar meu vício, você acha que eu vou conseguir pagar uma clínica de reabilitação? Faça-me rir, Annelies.

– E os seus pais?

– O que eu tinha não pode ser chamado de “pais”. Eles eram monstros. Depois da morte do Luke, eles só esperaram eu me formar e me colocaram no olho da rua.

– Como?

– Isso que você ouviu gata. Eles disseram que eu era a vergonha da família. Tiraram-me do testamento. Eu fiquei sem nada. Agora, os dos devem estar queimando no inferno. Eles morreram num acidente de helicóptero.

– Eu sinto muito.

– Não sinta. Eu não senti. Posso acender um cigarro?

– Aqui dentro?

– Tudo bem, eu espero chegar em casa.

– Você comeu alguma coisa?

– Não tive tempo, mas em casa eu como. Atendi quatro clientes esta noite. Minha casa é aquela ali. A segunda à direita. – estacionei o carro e ela desceu. – valeu pela carona, Anne.

– Não foi nada. Hey! Vem cá! – disse quando ela já estava na porta.

– O que foi?

– Toma meu cartão. Qualquer coisa, me liga. – disse entregando-lhe meu cartão.

– Valeu. – dei partida no carro e fui embora.

Foi a última vez que eu a vi. Viva. Alguns dias depois, recebi a notícia que Brenda havia sido encontrada morta em sua casa. A causa foi overdose. Ela fez a mistura letal de álcool, heroína e antidepressivos. Fiquei chateada, pois convivi quatro anos da minha vida com ela, apesar das nossas diferenças, nunca desejaria que ela tivesse um fim desses.

Num dia frio de outono, tirei o dia de folga. Lívia pegou no sono e eu aproveitei para fazer uma limpeza no meu closet. Tirei algumas roupas que eu não usava mais, sapatos também e coloquei numa sacola. Na última prateleira, vi uma caixa preta que não via há anos. Abri e encontrei algumas raras fotos do tempo que eu era menor. Podia ver a alegria no rosto de minha mãe e de Adam. Estávamos na praia, provavelmente Saint Tropez. Eu gostava muito de lá. Revirei mais e vi algumas cartas que o Allan me mandava quando estávamos começando a namorar. Não tive vontade de lê-las. Depois, vi o álbum de fotos do nosso casamento. Abri com cuidado e comecei a passar as páginas. Todos tão felizes. Mal sabíamos que estávamos cometendo um erro. Fechei rapidamente e peguei o álbum, as cartas e mais coisas que Allan tinha me dado, como ursinhos e fui para a sala, junto à lareira. Joguei as cartas, uma por uma no fogo. Senti um vento gelado nas costas. Olhei para trás e vi Don.

– Oi amor. O que está fazendo? – ele perguntou.

– Me livrando do passado.

– O que são estas coisas?

– O passado. São as coisas que o Allan me deu quando nós namorávamos. Estou me livrando delas.

– Até o álbum de casamento?

– Sim. – disse jogando o álbum.

– Você é corajosa.

– Tirei um peso de cima das minhas costas.

– Que bom. Cadê a minha princesinha?

– Está lá em cima, dormindo como um anjinho.

– Há essa hora?

– Sim.

– Ela está bem?

– Está sim.

– Tudo bem então. – nessa hora, a campainha tocou.

– Quem será?

– Deve ser a Sam. Ela ficou de passar aqui pra ver a Lívia. – disse Don indo abrir a porta.

– Oi Don.

– Oi Sam. Entre, está muito frio.

– Oi Anne.

– Oi Sam, como você está?

– Bem, obrigada. Onde está a Lívia? Comprei essa bonequinha pra ela.

– Está dormindo, mas já ela acorda. Ela vai adorar. – nossa conversa foi interrompida pelo toque do meu celular. – só um instante. Anne.

– Oi, é a Simone. Eu queria te avisar que eu não vou poder cuidar da Lívia amanhã. Minha avó está doente no hospital e não tem ninguém pra ficar com ela, pobrezinha.

– Tudo bem, Simone. Nós damos um jeito.

– Obrigada.

– Melhoras pra sua avó.

– O que aconteceu?

– A Simone não vai poder vir amanhã. A avó dela está internada e não tem ninguém pra ficar com ela no hospital.

– E agora?

– Eu fico com ela. – disse Sam.

– Você? – Don ironizou.

– O que tem? Não confia em mim?

– Na verdade, não.

– Don! – exclamei.

– O que foi, Anne? Ela já provou o bastante que não é de confiança.

– Ela é sua irmã.

– E daí?

– Eu sei que eu nunca fui uma boa pessoa, mas poxa! Me dá um voto de confiança.

– Tá, Sam. Apenas uma chance, okay?

– Tudo bem. Amanhã cedo eu estarei aqui. – disse com empolgação.

– Ótimo. Agora, vou fazer um café pra gente. – eu disse.

Ela ficou um pouco em casa, tomou café e brincou com Lívia. Mais tarde, foi embora.

– Estou orgulhosa de você. – disse, já na hora de dormir.

– Eu ainda não confio nela, mas...

– O importante é que você lhe deu uma chance.

– Vamos ver...

Apagamos as luzes o fomos dormir. Mal sabíamos que os dias que se seguiriam seriam os piores das nossas vidas.


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