A Verdade escrita por mybdns


Capítulo 27
Capítulo 27




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Os dias foram se passando e nada de Diana contar o que realmente aconteceu. Por volta das cinco da manhã, Alanis recebeu uma ligação de Mac.

- Anne, Tyler, tenho péssimas notícias.

- O que aconteceu? – perguntei assustada.

- Sabe aquela garota do NY Academic?

- Sim, Diana Bell. O que tem?

- A encontraram morta. Taylor acabou de me avisar.

- Mais que merda! – Tyler praguejou. 

- Onde?

- No colégio mesmo. Em cima de uma mesa de sinuca.

- Droga!

- Nossa equipe vai trabalhar junto com a de Mac. Não podemos perder tempo. Vamos?

- Claro. – nós três dirigimos novamente até a NY Academic. Quando chegamos, a faixa amarela isolava o colégio. Lembrei-me da morte de Luke. Todos os alunos ali no salão principal muito assustados com o ocorrido. Tyler e eu fomos até a sala de recreação, onde encontraram o corpo de Diana. Vimos Stella tirando algumas fotos e Flack conversando com algumas pessoas.

- Ah! Vocês chegaram. – disse Flack.

- Quem a encontrou? – perguntei.

- Um dos professores. Ele está um pouco abalado, segundo o diretor. Não conversei com ele ainda.

- Ela perdeu muito sangue. – disse me aproximando do cadáver, que estava com uma faca enterrada no peito.

- Que cena terrível, meu Deus. – Tyler disse, passando a mão direita na testa.

- Ninguém saiu daqui, não é? – perguntei a Flack.

- Não Anne, por quê?

- Porque o assassino está aqui dentro.

- Como você tem certeza disso?

- Você tem noção de como é o sistema de segurança desse colégio? Você já viu o tamanho dos muros? Percebeu quantos seguranças tem no local? Não dá pra ninguém fugir assim sem ser percebido.

- Então você acha que é alguém aqui de dentro?

- Eu não acho, Don. Eu tenho certeza.

Tyler e eu deixamos a equipe de Mac fazer o trabalho deles e fomos fazer o nosso. Estávamos andando pelos corredores e os alunos estavam sentados, alguns chorando, alguns com cara de medo.

- Vocês vão pegar quem fez isso, não vão? – disse uma menina que estava sentada na escada.

- Faremos o possível, querida.

- Vocês sempre dizem isto. – se aborreceu. – a Diana era minha melhor amiga. A única nesta merda de colégio que me entendia. E agora? O que vai ser de mim?

- Você pode vir comigo? – perguntei.

- Tudo bem. – disse ela se levantando. – podemos ir ao meu quarto?

- Claro. Você dividia o quarto com a Diana?

- Sim.

- Como é o seu nome?

- Angeline.

- Sou a detetive Flack. Pode me chamar de Anne.

Ela me levou até a porta de seu quarto. Era o mesmo que eu dormia quando estudava lá.

- Acho que não podemos entrar, não é? – ela perguntou.

- Não. Os detetives Taylor e Hawkes estão coletando algumas provas.

- Tudo bem.

- Então, você disse que Diana era sua melhor amiga.

- Sim. Sabíamos tudo uma da outra.

- Pode me contar o que você sabia sobre ela?

- Ela quase nunca saía daqui. Os pais dela viajam muito, sabe? Não têm tempo para visitá-la. A relação deles não é muito boa.

- Entendo. E ela tinha algum namorado, ou coisa assim?

- Ah, ela ficou com alguns caras aqui. Nada de muito sério.

- Nenhum em especial?

- Ah, o último. O nome dele é Ben. O cara é um babaca.

- Por quê?

- Ele queria transar com Diana de qualquer jeito. Mais ela não estava preparada para perder a virgindade. Um dia, eu vi os dois discutindo na biblioteca. Ele puxou os cabelos dela e agarrou o seu barco com muita força. Depois ela ficou escondendo a marca.

- Você acha que ele seria capaz de estuprá-la?

- Oh! Ele fez isso? Desgraçado filho da mãe!

- Não! Nós ainda não sabemos.

- Não sei, ele é capaz de tudo.

- E os cortes nos pulsos?

- Ela fazia isso pra chamar a atenção dos pais. Ela ia ao consultório da minha mãe duas vezes por semana. Minha mãe é psiquiatra. Ela receitou uns antidepressivos a ela.

- Okay. Qualquer coisa, se você quiser conversar, me liga. – disse entregando-lhe meu cartão.

- Obrigada, Anne.

- Eu que agradeço. – dei meia volta e sai.

- O que você faz aqui, Angeline? – disse uma voz masculina.

- Estava conversando com uma detetive, Gabriel.

- É pra você ficar lá em baixo. – disse ríspido.

- Foi eu quem a trouxe aqui, Gabriel. Algum problema? – eu disse.

- Ah, você? – ironizou. – sempre se metendo onde não lhe é chamado.

- Você o conhece, Anne? – ela parecia não entender.

- Eu já estudei aqui, Angeline.

- Então você entende o que a gente passa. – disse olhando para o Gabriel.

- Não se intrometa, menina. Vá lá para baixo. Ande! – a menina obedeceu.

- Você não sabe o que essa menina está passando, Gabriel. Você não tem compaixão? Ela acabou de perder a amiga. Seja mais compreensivo.

- Estou fazendo meu trabalho, Annelies.

- Eu sei como você faz o seu trabalho, Gabriel. Acho que você até teria coragem de matar.

- ESTÁ ME ACUSANDO DE ALGUMA COISA? – disse alterando o tom de voz.

- Não. Eu sei que você tem coragem de dar em cima das alunas.

- NÃO ME ACUSEI SUA...

- O quê? Você acha que eu não sei das suas aventuras com a Monica na sala dos professores? Você acha que eu não vi?

- VOCÊ NÃO VIU NADA. ESTÁ INVENTANDO.

- Está me chamando de mentirosa? Eu vi. Aliás, eu vi muita coisa que eu não gostaria de ter visto. Foi terrível. Olha, Gabriel, sadomasoquismo não é nada legal.

- Olha aqui sua vadia, nem pense em abrir a boca, está me entendendo? – disse segurando meu braço com força.

- Isso faz tanto tempo, Gabriel. Se eu não contei naquela época, não vou contar agora. A não ser que você tenha feito isso com Diana Bell. A força.

- Sua vadia! Você não mudou nada.

- Você está me machucando.

- Não me importo. – disse puxando meu cabelo.

Quando ele se descuidou, dei-lhe um chute nas partes baixas que o fez me soltar.

- Você tá preso. – disse o algemando.

- Você não pode fazer isso! Desgraçada.

- Ah, eu posso sim.

- O que aconteceu, Anne? – perguntou Flack.

- Ele pensou que poderia agredir uma policial.

- Ele te machucou? – Flack se preocupou.

- Não.

- Seu braço está vermelho. – Flack agarrou-o pelo colarinho e o prensou contra a parede. – quem você pensa que é, hein?

- Me larga, cara! Não fiz nada.

- Ah, não? Eu vou te avisar uma única vez: se você encostar essa sua mão suja na minha mulher de novo eu te mato. Fui claro?

- Leva ele pra cadeia. Ele vai ter um tempinho pra pensar lá.

Don entregou- o para um policial e ele levou para a cela.

- Cara babaca. – Don comentou.

- Vocês já falaram com os alunos?

- Lindsay e Danny estão terminado de fazer isso.

- Vou à sala dos professores conversar com o cara que encontrou Diana. – eu disse.

-  Vou com você. Tenho que falar com os outros professores mesmo.

- Tudo bem. – fomos para a sala dos professores e eles estavam todos muito abalados. Tyler já estava lá, conversando com, Nina, professora de História. Me surpreendi por ela ainda estar viva, porque quando ela me dava aula já era bem de idade.

- Mais detetives. – comentou o diretor.

- Precisamos fazer algumas perguntas. – eu disse.

- Façam o trabalho de vocês.

- Tá certo, qual de vocês a encontrou?

- Fui eu. – disse Allan, se levantando.

- Allan? Você voltou.

- Oi Anne. Fiquei sabendo que você teve um filho. Parabéns.

- Obrigada. – disse meio constrangida. –Preciso falar com você.

- Deixa que eu falo, Anne. – disse Flack, um pouco incomodado.

- Como quiser.

Fui falar com outro professor enquanto Flack falava com Allan. Depois disso, todos nós voltamos ao departamento.

- Esse Gabriel... Não confio nele. – disse Alanis.

- Nunca confiei nele. Ainda mais depois de...

- Depois de o quê, Anne? – perguntou Tyler.

- Um dia, quando eu estudava lá, antes de eu saber que o Mac era meu pai e minha vida virar de cabeça pra baixo, eu fui pegar café na sala dos professores escondido, como eu fazia todas as noites. Era umas duas da manhã. Quando passei pela biblioteca, escutei uns gemidos estranhos, ai como eu sempre fui muito curiosa, parei pra ver o que era. A cena não foi agradável. Vi o Gabriel e a Monica, uma menina da minha sala, fazendo sexo no sofá. E era um sexo ao maior estilo sadomasoquismo.

- Monica era escrava sexual do Gabriel? – Alanis perguntou.

- Eu não sei. Foi a única vez que eu vi os dois juntos. E eu também nunca contei isso a ninguém. Mais ele gostava das alunas. Principalmente das mais bonitas. Tipo a Naomi, a Maya, a Monica. Eu sentia que ele as olhava de um jeito estranho.

- Ele pode ter estuprado a Diana.

- Não duvido.

- Ele pode ter matado a Diana. – disse Tyler, por fim.

- Bom, eu conversei com uma amiga da Diana e ela me contou que ela estava saindo com um cara. Ele queria que ela transasse com ele, mas ela não quis. O cara ficou bravo, a agrediu. E ela não contou nada a ninguém.

- O Sheldon encontrou antidepressivos no armário da vítima. E lâminas. E alguns laxantes. – disse Alanis.

- Ela se cortava. Angeline disse que era pra chamar a atenção dos pais, que nunca estavam presentes.

- O Danny pesquisou o histórico médico dela. – disse Mac entrando na sala. – essa menina tinha sérios problemas. O Sid não encontrou nada em seu estômago. Havia indícios de erosão do esmalte dos dentes e alguns machucados nas mãos e nos dedos.

- Ela sofria de bulimia nervosa. – completei.

- Sim. O Flack conversou com alguns alunos da sala dela que disseram que ela açodava todo dia às cinco da manhã e ia para a academia do colégio. Ficava lá até as seis e meia e depois corria, até as oito.

- Ela estava obcecada. – disse Alanis.

- Nós sabemos que a sociedade em que vivemos impõe padrões de beleza absurdos para os jovens. Isso realmente é muito difícil, principalmente para as meninas. Eu sei, porque eu tenho uma filha adolescente em casa. – disse Tyler.

- E a pressão aumentava, porque ela era co- capitã das líderes de torcida da escola. – disse Mac.

- Vocês fizeram o Gabriel abrir a boca? Eu não confio nele, eu já disse. Pra mim, ele tá escondendo alguma coisa. – eu disse.

- O Flack tá falando com ele. E a Stella está falando com o tal do ex-namorado da Diana, Ben Casey. Mais o garoto tem um álibi.

- Qual?

- Bem, Anne, ele estava com os pais em Nova Orleans na noite do assassinato.

- Então o Gabriel é o nosso principal suspeito?

- Exato.

- Galera, vocês três têm que ver isso. – disse Adam entrando na sala. Nós o seguimos e ele nos mostrou um vídeo.

- Que vídeo é este, Adam? – perguntou Mac.

- Bem, eu encontrei no celular da vítima. Essa menina era esperta. Acho que ela vinha sofrendo abusos constantes e resolveu gravar tudo. Vejam: este é de duas semanas atrás.

- Que desgraçado! – eu disse tentando não olhar muito para o vídeo que mostrava Gabriel abusando de Diana. – se eu vê-lo na minha frente, eu juro que eu mato.

- O que aconteceu, gente? Porque estão todos reunidos ai? – perguntou Flack.

- Você soltou o cara? – perguntei.

- Já. Ele pagou a fiança e foi embora. Não tinha provas para mantê-lo aqui.

- Droga!

- Gente? O sêmem recolhido das roupas da vítima batem com o DNA de Gabriel. E a parcial encontrada na lâmina da faca usada para matá-la também. – disse Lindsay.

- E esse filho da mãe estava aqui agora mesmo! – Don praguejou.

- Não podemos perder tempo. – disse Mac.

- Então vamos logo. – nós corremos para alcançar Gabriel. Fomos até sua casa, mas ele já havia ido embora. Não encontramos suas roupas. Corremos para o aeroporto e quando ele estava fazendo check in Flack parou ao seu lado.

- Realmente, a Suíça é um ótimo lugar para recomeçar. – Flack disse. – Gabriel Walker, você está preso pelo assassinato de Diana Bell. Tem o direito de ficar calado. – disse o algemando. Ele ficou quieto enquanto era levado para a viatura.

- Ainda bem que acabou tudo bem. – disse Alanis, já no departamento.

- Não para a família da Diana. – eu disse.

- Às vezes as coisas acontecem para nós acordarmos, Anne. E os pais dessa criança descobriram isso da maneira mais difícil.

- Você tem razão. Bem, eu já vou. O Don está me esperando.

- Até amanhã, detetive.

- Até amanhã, chefe.

Entrei no elevador e fui para o estacionamento. Encontrei Don encostado no carro.

- Vamos pra casa?

- Por favor. – eu disse entrando no carro. Quando chegamos, Simone estava sentada no sofá com Lívia no colo.

- Boa noite. – ela disse.

- O que você fez pra essa menina ficar tão quieta? – perguntei.

- Discovery Kids. Foi o melhor canal já inventado. – ela sorriu.

- Obrigada, Simone. Até amanhã.

- Até amanhã, senhora Flack, senhor Flack.

- Pode me chamar de Anne.

 - Pode me chamar de Don.

- Como quiserem. – eu abri a porta para ela e ela foi embora.

- Agora está na hora de fazer essa mocinha dormir. – eu disse pegando-a no colo.

Fiquei uns trinta minutos tentando fazê-la dormir. Quando consegui, sai na ponta dos pés para não acordá-la. Entrei no banheiro e tomei um banho. Peguei uma camisola preta no closet e entrei no quarto. Don estava sentado, apenas com a calça do pijama, com meu livro aberto nas mãos.

- Agora está lendo meus livros, detetive?

- Esse cara é louco. Que livro mais... sinistro.

- Ele gosta de trabalhar com o caos social. Eu gosto disso.

- Dá agonia.

- Eu sei. – disse me sentando ao seu lado.

- Boa noite, querida.

- Sabe, eu estive pensando.... Nós temos uma hora e meia até a Lívia acordar de novo.

- Aonde quer chegar?

-Podemos aproveitar essa uma hora e meia para colocar alguns assuntos em dia. – ele disse se levantando. Me levantei também e fui atrás dele.

- Que assuntos são esses, Annelies?

- Não me chame de Annelies. Era como a minha mãe chamava minha atenção.

- Tudo bem. Mais você ainda não me respondeu. Que assuntos são esses?

Eu me aproximei e o empurrei para cima da cama.

- Estes assuntos. – disse subindo em cima dele.

- Finalmente, hein?

- Você não vai se arrepender, eu te prometo.

- Então me mostre.

- Com todo o prazer.

Nós fizemos tudo o que tínhamos que fazer. Depois, encostei minha cabeça em seu peito e ele começou a acariciar meus cabelos. Ficamos assim por alguns minutos até que ele quebrou o silêncio.

- Acho que valeu a pena esperar todo esse tempo.

- Eu concordo.

- Eu não entendo como o babaca do seu ex- marido te traiu. Você é uma mulher incrível, Anne.

- Não vamos falar dele, por favor.

- Como quiser.

- Esse caso mexeu um pouco comigo, sabia?

- Eu percebi.

- Eu não quero ser uma mãe ausente, Don. Eu não quero que a Lívia passe o que a Diana passou.

- Você é e vai ser a melhor mãe do mundo, Anne. Eu sei.

- Fico feliz em ouvir isso. 


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