A Verdade escrita por mybdns


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem do capítulo! A situação vai ficar um pouco tensa agora...



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No dia seguinte, acordei cedo para ir ao funeral de Silvano e Juliana. Coloquei um vestido preto básico e um sapato de salto também preto. Fui para a Igreja onde minha mãe, Adam e Luke haviam sido velados. Sentei-me no quarto banco. Havia pouca gente, apenas os vizinhos, os poucos amigos que o casal possuía, as filhas e a Sra. Nobrega, mãe de Silvano. O reverendo começou a dizer algumas palavras e todos se levantaram.

– Amo ao SENHOR, porque ele ouviu a minha voz e a minha súplica.

Porque inclinou a mim os seus ouvidos; portanto, o invocarei enquanto viver.

Os cordéis da morte me cercaram, e angústias do inferno se apoderaram de mim; encontrei aperto e tristeza.

Então invoquei o nome do Senhor, dizendo: Ó Senhor, livra a minha alma.

Piedoso é o Senhor e justo; o nosso Deus tem misericórdia.

O Senhor guarda aos símplices; fui abatido, mas ele me livrou.

Volta, minha alma, para o teu repouso, pois o Senhor te fez bem.

Porque tu livraste a minha alma da morte, os meus olhos das lágrimas, e os meus pés da queda.

Andarei perante a face do Senhor na terra dos viventes.

Cri, por isso falei. Estive muito aflito.

Dizia na minha pressa: Todos os homens são mentirosos.

Que darei eu ao Senhor, por todos os benefícios que me tem feito?

Tomarei o cálice da salvação, e invocarei o nome do Senhor.

Pagarei os meus votos ao Senhor, agora, na presença de todo o seu povo.

Preciosa é à vista do Senhor a morte dos seus santos.

Ó Senhor, deveras sou teu servo; sou teu servo, filho da tua serva; soltaste as minhas ataduras.

Oferecer-te-ei sacrifícios de louvor, e invocarei o nome do Senhor.

Pagarei os meus votos ao Senhor, na presença de todo o meu povo,

Nos átrios da casa do Senhor, no meio de ti, ó Jerusalém. Louvai ao Senhor. Amém?

– Amém.

– Que Deus possa confortar o coração de todos que estão sofrendo com estas perdas. Que Ele os abençoe, meus irmãos.

– Amém. – após a celebração, seguimos o cortejo até o cemitério. O reverendo disse mais algumas palavras e os caixões baixaram. Joguei uma rosa branca em cima de cada caixão.

– Descanse em paz, Silvano. Adeus.

– Ele vai descansar. – uma voz familiar falou atrás de mim.

– Flack. Você já saiu do hospital.

– Acabo de sair de lá. Você está bem?

– Estou.

– Vamos?

– Sim.

– Você tomou café? – ele perguntou.

– Ainda não, eu sai atrasada de casa.

– Vamos tomar café então. – do outro lado da rua tinha um café francês excelente, então fomos para lá. Nos sentamos e pedimos um café e uns mini pasteis.

– Você vai fazer alguma coisa hoje à noite? – eu perguntei.

– Não. Por quê?

– Poderíamos assistir ao jogo de basquete.

– Tá brincando? Você gosta de basquete?

– Claro! E quem não gosta?

– Na minha casa ou na sua?

– Na quadra.

– Você me surpreende, Anne.

– Eu sei. Não podemos chegar atrasados, quero sentar num bom lugar.

– O jogo começa às oito. Passo na sua casa às sete, tudo bem?

– Tudo. – nós terminamos o café e fomos para nossas casas. À tarde eu fui ao supermercado e aproveitei para passar no shopping, para comprar um presente para Sophia, minha irmã, que chegaria amanhã da Grécia com Stella. Seu aniversário era terça feira. Voltei para casa, fiz o almoço e depois fiz uma faxina. Seis horas eu entrei no banheiro para tomar banho. Vesti uma roupa confortável e desci para esperar Flack. Sete horas em ponto ele estava buzinando o carro na frente de casa.

– Como você é pontual, detetive.

– É o meu nome do meio. – brincou.

– Claro que hoje o meu time vai ganhar. Eu sou pé quente.

– Acho que não. O meu time vai ganhar. Eu aposto cinquenta dólares.

– Acho que você vai perder cinquenta dólares.

– Eu duvido.

O jogo terminou e o meu time ganhou de 104X100 do time dele.

– Acho que você perdeu, detetive. Me deve cinquenta pratas.

– Que merda! Da próxima vez, nós assistimos na televisão. – disse me entregando o dinheiro.

– Claro que não! Ir à quadra é muito mais divertido, Don.

– Hum.

Nós continuamos conversando sobre o jogo, sobre o laboratório, sobre a vida. Já eram quase dez e meia quando ele parou na porta de casa.

– Quer entrar?

– Só um pouquinho.

– Nós podemos tomar um vinho.

– Eu já sei onde essa história vai dar. – eu abri a porta e nós entramos.

– Bonita sua casa. Você gosta mesmo de ler e de ver filmes, hein? – disse parando na frente da estante.

– São os meus passatempos preferidos.

– Depois de seduzir os amigos do seu pai, não é?

– Ahá.

Ele pegou um livro na estante e começou a ler.

– Algo existe num dia de verão,

No lento apagar de suas chamas,

Que me impele a ser solene.

Algo, num meio-dia de verão,

Uma fundura - um azul - uma fragrância,

Que o êxtase transcende.

Há, também, numa noite de verão,

Algo tão brilhante e arrebatador

Que só para ver aplaudo -

E escondo minha face inquisidora

Receando que um encanto assim tão trêmulo

E sutil, de mim se escape. Emily Dickinson.

– É o meu preferido. – comentei.

– Eu percebi.

– Está marcado. Toma. – disse lhe entregando uma taça de vinho.

– Obrigado. O que você estava ouvindo? – disse olhando para um velho toca discos que era da minha mãe.

– Elvis.

– Vamos dançar um pouquinho. – ele disse colocando o disco pra tocar.

– Não sabia que você gostava de dançar, Don.

– Tem muitas coisas que você não sabe sobre mim, senhorita. – disse colocando a taça de vinho em cima da mesa de centro e me puxando contra seu corpo. – agora, deixe-me te conduzir.

– Tudo bem. – nós dançamos ao som de Are You Lonesome Tonight? Para o meu espanto, Flack dançava extremamente bem e eu fiquei com vergonha porque eu não era muito boa nisso, apesar de ter feito ballett até os doze anos. Ele me soltou quando a música acabou.

– O que foi?

– Meu braço está doendo um pouco.

– Vou pegar o analgésico que o doutor lhe receitou. – disse indo para a cozinha. Peguei o remédio e água e dei a ele.

– Obrigado. – ele disse tomando o remédio e deixando o copo em cima da mesa. – acho que eu preciso ir embora.

– Você pode ficar se quiser.

– Você está me seduzindo outra vez, Evans?

– Entenda como quiser Flack. – eu disse me aproximando dele e lhe dando um beijo.

– Se eu ganhar esse beijo todo dia, eu fico pra sempre.

– Então fique. – eu disse puxando-lhe contra meu corpo pela camisa e levando-o para o meu quarto.

– Você vai me deixar louco, Evans. – Mais uma vez, nós nos deixamos levar. Eu não sabia, mas parecia que nossos corpos eram opostos, que não podiam ficar perto que se atraiam. Eu sempre fui uma pessoa controlada, mas era um pouco difícil de ter controle quando ficava sozinha com ele. Seu corpo atraía meus instintos mais sacanas e eu gostava disso.

Senti a luz do sol tocar meu rosto e olhei para o relógio. Eram nove horas. Levantei-me e coloquei a camisa do Don que estava jogada no chão e fui para o banheiro fazer minha higiene. Desci e preparei o café. Estava colocando as torradas num prato quando senti um arrepio no pescoço.

– Bom dia Don. – disse me virando e lhe dando um beijo.

– Bom dia. – ele respondeu. Estava só de calça jeans e descalço.

– Sente-se ai. O café está quase pronto.

– Está com um cheiro ótimo. Essa camisa ai tá confortável?

– Claro, acho que vou pegá-la pra mim. – disse me virando para a pia mais uma vez, para cortar o bacon. Escutamos a campainha tocar.

– Quem será? – ele perguntou.

– Deve ser o carteiro. Pode atender para mim?

– Claro. – ele foi abrir a porta e ficou quieto.

– Quem é Don?

– Seu pai.


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