A Verdade escrita por mybdns
Notas iniciais do capítulo
Bom capítulo, beijos :)
A semana havia se passado, só estava esperando sair a papelada do divórcio. Coloquei minha casa a venda e aluguei um apartamento ali perto mesmo. O dia do segundo leilão havia chegado. Tive que comprar outro vestido, agora era azul de cetim, também com uma fenda na perna. A alça fazia um “X” nas costas e também possuía um enorme decote atrás. Coloquei uma sandália prata e desci. Vinte minutos depois, ouvi uma buzina e sai.
- Você está pronta?
- Estou.
- O Mac já está lá e os outros também.
- Então vamos.
- Vamos pegar estes desgraçados. – eu entrei no carro e ele acelerou.
- Você gosta de velocidade, hein? Puta merda!
- Só um pouco.
Ficamos em silêncio por alguns instantes até que ele ligou o som. Estava tocando Is This Love? Do Whitesnake.
- Eu amo essa música. – comentei.
- A Angel também gostava.
- Você sente falta dela né?
- Eu sinto muito, não devia ter falado nela perto de você.
- Está tudo bem.
- Sim, eu sinto. Mais a vida tem que seguir.
- É difícil perder quem a gente ama. Eu sei. Eu te entendo.
- Nós chegamos. Pronta?
- Sim.
- Então vamos.
Nós deixamos o carro com o mesmo manobrista da última vez. Entramos e praticamente as mesmas pessoas estavam lá. O velho barrigudo veio ao nosso encontro.
- Benjamin. Senhorita. Sejam bem vindos.
- Obrigado.
Nós ficamos andando de um lado para o outro, sem dar pistas.
- Olha, Flack! É o tal Justiniano. Ele não pode me ver. Eu vou ao banheiro.
- Tudo bem, vou ficar na cola dele.
Fui para o banheiro e entrei em uma cabine. Chequei minha arma e o meu distintivo. Ouvi alguém entrar e fiz o mínimo de barulho possível.
- Ela não vale nem um milhão de dólares.
- Quem? A baranga de azul? Eu não dava nem cinquenta centavos.
- Você é má.
- Sim, eu sou. Sabe o que eu queria? O homem dela.
- Uma hora pra mim, uma hora pra você.
- Vadia.
- Aprendi com você.
- Deixa o seu marido escutar você dizendo isso.
Elas saíram e eu sai atrás. Procurei as filhas de Silvano, mas elas não estavam lá. Por de trás de uma coluna, eu escutei o velho barrigudo dado instruções para um de seus capangas.
- Fica de olho naqueles dois. Ouviu bem? Justiniano veio me avisar que ele acha que eles são policiais. Capisce?
- Capisce.
Encontrei Flack e contei-lhe tudo.
- Eu tenho um plano. – Flack foi até o velho barrigudo e lhe disse algo em seu ouvido.
- Tudo bem. Você vai subir no palco, neném.
- Eu? Por quê?
- Vamos começar o leilão. – eu olhei para Flack com medo.
- Deixe-me dizer algumas palavras a ela?
- Claro, mas não demore.
- Vem cá. Você sobe lá e espera dar uns lances. Eu vou ficar aqui. Eu já avisei o resto do pessoal. Eu vou dar o último lance.
- Tá.
- Boa sorte.
- Pra você também.
O velho barrigudo me levou até o palco.
- Bem, vamos começar nosso leilão. Quero ouvir o primeiro lance para essa pequena ninfeta de dezenove anos.
- QUARENTA MIL.
- Eu ouvi cinquenta mil?
- CINQUENTA MIL.
- Quem dá mais?
- OITENTA.
- DUZENTOS.
- Quem dá mais?
- EU DOU. – O Flack disse, do meio dos convidados, tirando o distintivo do bolso. – tá todo mundo preso.
As pessoas começaram a correr, mas os policiais fecharam todas as saídas do lugar.
- Sua vagabunda. – o velho disse indo para cima de mim com uma faca.
- Calma, ai garotão. – disse dando-lhe um chute, que o fez cair no chão de dor. Peguei as algemas e o entreguei para um dos policiais.
- Você vai me pagar...
Corri para junto dos outros policiais, que estavam procurando Justiniano.
- Vocês o encontraram? – eu perguntei para Tyler.
- Ainda não. Acho que o filho da mãe fugiu. Mais o Flack foi atrás dele.
- Aquele cara é perigoso, Flack corre perigo.
- Você precisa de um colete. – disse Danny para mim. – toma.
- Valeu.
A maioria das pessoas já estavam presas e já haviam sido levadas para a delegacia. Peguei o carro de Tyler e fui atrás de Flack. Consegui avistá-lo perto da praia de Long Island. Justiniano parou o carro e foi correndo à pé até a beirada do mar. Flack também parou o carro e correu atrás dele.
- Tyler eu preciso de reforço. – disse ligando para Tyler.
- Onde vocês estão?
- Em Long Island.
- Estou no meio do caminho. Se cuida.
- Pode deixar. – desci do carro e perdi os dois de vista. Tirei aquela maldita sandália e pisei na areia fofa da praia. Escutei um tiro. Vi uma pessoa correndo para oeste e a segui. Logo, percebi que era Justiniano e que Tyler já havia prendido o criminoso.
- Ele está ferido? – eu perguntei.
- Não. Por quê?
- Eu escutei um tiro.
- Flack!
Tyler e eu fomos procurar Flack. A praia estava muito escura. Tyler estava a dois quilômetros de distância de mim, do outro lado da praia. Avistei uma pessoa caída e a água do mar estava a afogando.
- Flack! – eu o puxei para fora do mar com certa dificuldade, porque eu não era forte o bastante. Fiz respiração boca a boca nele, mas não obtive resultado. Vi que seu braço estava sangrando, por isso rasguei uma tira do meu vestido e amarrei bem forte. Tentei reanimá-lo mais uma vez e ele reagiu. – Flack! Você está bem? Fala comigo!
- Eu morri? Eu estou no céu?
- Para de ser sem graça! Você está bem?
- Meu braço tá doendo.
- TYLER! EU O ENCONTREI. – gritei para meu companheiro ouvir. Ele veio correndo em nossa direção.
- Como você está, Flack?
- Preciso de um médico, mas eu posso andar. – Tyler o ajudou a levantar e nós o levamos para o médico. Eles fizeram a cirurgia de remoção da bala e Flack ficou de repouso.
- Ele está bem, Doutor? – eu perguntei, preocupada.
- Sim, detetive o seu companheiro está bem. Se quiser vê-lo, fique a vontade.
- Obrigada. – ele me levou até o quarto onde Flack estava e nos deixou a sós.
- Conseguiram te comprar?
- Não chegamos nem a um milhão.
- Obrigado por me salvar.
- Ah, não foi nada.
- Acho que o seu vestido está um pouco rasgado.
- Não tem problema. Olha, eu tenho que voltar para o laboratório, mas depois eu volto, eu prometo.
- Eu vou te esperar. – ele riu e eu dei um beijo na sua testa.
Mac havia terminado o interrogatório, mas Justiniano não falou nada. Eu estava sentada no escritório do meu pai quando ele entrou.
- E o Flack, como está?
- Ele está se recuperando bem.
- Ótimo.
- Ele não disse nada mesmo? Nenhuma pista?
- Eu sinto muito, mas não. – o celular de Mac tocou. – Taylor.
- Oi Mac é o Flack. Eu fiquei sabendo que uma adolescente deu entrada no hospital agora a pouco. A descrição que a enfermeira me deu bate com a descrição da filha mais nova do Silvano.
- Obrigado, Flack. Estamos indo ai. – ele desligou o celular. – vamos?
- Vamos, mas onde?
- Para o hospital.
- O que aconteceu?
- No caminho eu te conto.
Nós dirigimos até o hospital e ele me contou tudo. Mostramos o distintivo para a moça da recepção e ela nos levou até a ala infantil. Entramos num quarto onde estavam uma menina loira, de uns doze ou treze anos e outra, também loira com quinze ou dezesseis ao seu lado.
- Quem são vocês? – perguntou a mais velha.
- Nós somos da polícia. – eu respondi.
- Graças a Deus! – a mais nova exclamou.
- Mac, eu posso conversar com elas à sós?
- Claro, querida. Vou te esperar lá fora.
- Obrigada.
Sentei-me ao lado da mais velha.
- Meu nome é Anne. E o seu?
- Giovanna.
- Pode me dizer seu nome de verdade.
- Monalisa.
- E o seu? – disse me virando para a mais nova.
- Carla.
- O que aconteceu com você?
- Um homem ruim nos pegou. Ele matou o papai e a mamãe.
- Por acaso é este? – disse mostrando-lhes uma foto de Justiniano.
- É sim. Ele disse que o papai tinha feito coisas ruins. Mais eu não acredito.
- Seu pai era um homem bom.
- Você o conhecia?
- Sim, Carla. Seu pai um dia, salvou minha vida.
- Viu, eu disse que ele era bom. – ela deu um largo sorriso.
- E o que ele fez com vocês? O homem ruim?
- Ele nos bateu. E ele tocou na Mona.
- Ele te tocou, Monalisa?
- Sim. – disse a menina, com lágrimas nos olhos.
- E em você, Carla?
- Em mim não. Nós fugimos dele quando ele ia nos vender.
- Eu entendo. Monalisa, nós precisamos fazer um exame em você. Pode ser?
- Vai doer?
- Eu prometo que não. É para comprovar que o Justiniano machucou você.
- Tudo bem.
- Vai com a enfermeira. Aquela ali fora. – disse apontando.
- Tudo bem. Nós queríamos voltar para a Itália.
- Vocês vão. A avó de vocês já está aqui. Vocês poderão ir com ela.
- Obrigada, Anne.
- E você, porque está aqui?
- Eu desmaiei. Eu tava com fome. Ai a Mona chamou um táxi para me levar para o hospital. Ele foi bonzinho e não cobrou.
- Ele foi legal. Eu posso tirar algumas fotos dos seus hematomas?
- Claro.
Eu tirei algumas fotos dos hematomas da menina e a deixei descansando. Enquanto isso, Mac ligava para a avó das crianças que havia acabado de chegar de Florença. Ela era mãe de Silvano.
- Onde estão minhas netas? Onde estão minhas bambinas?
- Ali. Naquele quarto. – disse apontando.
- Obrigada.
Assenti com a cabeça. A enfermeira já havia colhido algumas evidências do estupro e dado a Mac, que havia voltado para o laboratório. Aproveitei para ver como Flack estava.
- Oi.
- Oi. Como você está?
- Melhor agora. E ai, encerraram o caso?
- Faltam alguns detalhes, mais o Justiniano já está preso. E as meninas vão voltar para a Itália depois do funeral dos pais.
- Olha, até que você é bem competente, detetive. Estou impressionado!
- Obrigada. Porque se não fosse por mim, você teria virado comida de tubarão.
- É verdade.
- E ai, Don, tudo bem? – perguntou o doutor.
- Tudo doutor.
- Está sentindo muita dor?
- Um pouco.
- Vou te dar mais um analgésico. Amanhã você pode ir para casa.
- Ótimo. – o doutor deu o analgésico para Don e saiu.
- Você quer que eu fique aqui? – eu perguntei.
- É melhor não. Vai para casa descansar. Amanhã a gente se vê.
- Tudo bem. Boa noite, detetive. - disse caminhando para a porta e saindo.
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