A Verdade escrita por mybdns


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Bom capítulo, beijos :)



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A semana havia se passado, só estava esperando sair a papelada do divórcio. Coloquei minha casa a venda e aluguei um apartamento ali perto mesmo. O dia do segundo leilão havia chegado. Tive que comprar outro vestido, agora era azul de cetim, também com uma fenda na perna. A alça fazia um “X” nas costas e também possuía um enorme decote atrás. Coloquei uma sandália prata e desci. Vinte minutos depois, ouvi uma buzina e sai.

- Você está pronta?

- Estou.

- O Mac já está lá e os outros também.

- Então vamos.

- Vamos pegar estes desgraçados. – eu entrei no carro e ele acelerou.

- Você gosta de velocidade, hein? Puta merda!

- Só um pouco.

Ficamos em silêncio por alguns instantes até que ele ligou o som. Estava tocando Is This Love? Do Whitesnake.

- Eu amo essa música. – comentei.

- A Angel também gostava.

- Você sente falta dela né?

- Eu sinto muito, não devia ter falado nela perto de você.

- Está tudo bem.

- Sim, eu sinto. Mais a vida tem que seguir.

- É difícil perder quem a gente ama. Eu sei. Eu te entendo.

- Nós chegamos. Pronta?

- Sim.

- Então vamos.

Nós deixamos o carro com o mesmo manobrista da última vez. Entramos e praticamente as mesmas pessoas estavam lá. O velho barrigudo veio ao nosso encontro.

- Benjamin. Senhorita. Sejam bem vindos.

- Obrigado.

Nós ficamos andando de um lado para o outro, sem dar pistas.

- Olha, Flack! É o tal Justiniano. Ele não pode me ver. Eu vou ao banheiro.

- Tudo bem, vou ficar na cola dele.

Fui para o banheiro e entrei em uma cabine. Chequei minha arma e o meu distintivo. Ouvi alguém entrar e fiz o mínimo de barulho possível.

- Ela não vale nem um milhão de dólares.

- Quem? A baranga de azul? Eu não dava nem cinquenta centavos.

- Você é má.

- Sim, eu sou. Sabe o que eu queria? O homem dela.

- Uma hora pra mim, uma hora pra você.

- Vadia.

- Aprendi com você.

- Deixa o seu marido escutar você dizendo isso.

Elas saíram e eu sai atrás. Procurei as filhas de Silvano, mas elas não estavam lá. Por de trás de uma coluna, eu escutei o velho barrigudo dado instruções para um de seus capangas.

- Fica de olho naqueles dois. Ouviu bem? Justiniano veio me avisar que ele acha que eles são policiais. Capisce?

- Capisce.

Encontrei Flack e contei-lhe tudo.

- Eu tenho um plano.  – Flack foi até o velho barrigudo e lhe disse algo em seu ouvido.

- Tudo bem. Você vai subir no palco, neném.

- Eu? Por quê?

- Vamos começar o leilão. – eu olhei para Flack com medo.

- Deixe-me dizer algumas palavras a ela?

- Claro, mas não demore.

- Vem cá. Você sobe lá e espera dar uns lances. Eu vou ficar aqui. Eu já avisei o resto do pessoal. Eu vou dar o último lance.

- Tá.

- Boa sorte.

- Pra você também.

O velho barrigudo me levou até o palco.

- Bem, vamos começar nosso leilão. Quero ouvir o primeiro lance para essa pequena ninfeta de dezenove anos.

- QUARENTA MIL.

- Eu ouvi cinquenta mil?

- CINQUENTA MIL.

- Quem dá mais?

- OITENTA.

- DUZENTOS.

- Quem dá mais?

- EU DOU. – O Flack disse, do meio dos convidados, tirando o distintivo do bolso. – tá todo mundo preso.

As pessoas começaram a correr, mas os policiais fecharam todas as saídas do lugar.

- Sua vagabunda. – o velho disse indo para cima de mim com uma faca.

- Calma, ai garotão. – disse dando-lhe um chute, que o fez cair no chão de dor. Peguei as algemas e o entreguei para um dos policiais.

- Você vai me pagar...

Corri para junto dos outros policiais, que estavam procurando Justiniano.

- Vocês o encontraram? – eu perguntei para Tyler.

- Ainda não. Acho que o filho da mãe fugiu. Mais o Flack foi atrás dele.

- Aquele cara é perigoso, Flack corre perigo.

- Você precisa de um colete. – disse Danny para mim. – toma.

- Valeu.

A maioria das pessoas já estavam presas e já haviam sido levadas para a delegacia. Peguei o carro de Tyler e fui atrás de Flack. Consegui avistá-lo perto da praia de Long Island. Justiniano parou o carro e foi correndo à pé até a beirada do mar. Flack também parou o carro e correu atrás dele.

- Tyler eu preciso de reforço. – disse ligando para Tyler.  

- Onde vocês estão?

- Em Long Island.

- Estou no meio do caminho. Se cuida.  

- Pode deixar. – desci do carro e perdi os dois de vista. Tirei aquela maldita sandália e pisei na areia fofa da praia. Escutei um tiro. Vi uma pessoa correndo para oeste e a segui. Logo, percebi que era Justiniano e que Tyler já havia prendido o criminoso.

- Ele está ferido? – eu perguntei.

- Não. Por quê?

- Eu escutei um tiro.  

- Flack!

Tyler e eu fomos procurar Flack. A praia estava muito escura. Tyler estava a dois quilômetros de distância de mim, do outro lado da praia. Avistei uma pessoa caída e a água do mar estava a afogando.

- Flack! – eu o puxei para fora do mar com certa dificuldade, porque eu não era forte o bastante. Fiz respiração boca a boca nele, mas não obtive resultado. Vi que seu braço estava sangrando, por isso rasguei uma tira do meu vestido e amarrei bem forte. Tentei reanimá-lo mais uma vez e ele reagiu. – Flack! Você está bem? Fala comigo!

- Eu morri? Eu estou no céu?

- Para de ser sem graça! Você está bem?

- Meu braço tá doendo.

- TYLER! EU O ENCONTREI. – gritei para meu companheiro ouvir. Ele veio correndo em nossa direção.

- Como você está, Flack?

- Preciso de um médico, mas eu posso andar. – Tyler o ajudou a levantar e nós o levamos para o médico. Eles fizeram a cirurgia de remoção da bala e Flack ficou de repouso.

- Ele está bem, Doutor? – eu perguntei, preocupada.

- Sim, detetive o seu companheiro está bem. Se quiser vê-lo, fique a vontade.

- Obrigada. – ele me levou até o quarto onde Flack estava e nos deixou a sós.

- Conseguiram te comprar?

- Não chegamos nem a um milhão.

- Obrigado por me salvar.

 - Ah, não foi nada.

- Acho que o seu vestido está um pouco rasgado.

- Não tem problema. Olha, eu tenho que voltar para o laboratório, mas depois eu volto, eu prometo.

- Eu vou te esperar. – ele riu e eu dei um beijo na sua testa.

Mac havia terminado o interrogatório, mas Justiniano não falou nada. Eu estava sentada no escritório do meu pai quando ele entrou.

- E o Flack, como está?

- Ele está se recuperando bem.

- Ótimo.

- Ele não disse nada mesmo? Nenhuma pista?

- Eu sinto muito, mas não. – o celular de Mac tocou. – Taylor.

- Oi Mac é o Flack. Eu fiquei sabendo que uma adolescente deu entrada no hospital agora a pouco. A descrição que a enfermeira me deu bate com a descrição da filha mais nova do Silvano.

- Obrigado, Flack. Estamos indo ai. – ele desligou o celular. – vamos?

- Vamos, mas onde?

- Para o hospital.

- O que aconteceu?

- No caminho eu te conto.

Nós dirigimos até o hospital e ele me contou tudo. Mostramos o distintivo para a moça da recepção e ela nos levou até a ala infantil. Entramos num quarto onde estavam uma menina loira, de uns doze ou treze anos e outra, também loira com quinze ou dezesseis ao seu lado.

- Quem são vocês? – perguntou a mais velha.

- Nós somos da polícia. – eu respondi.

- Graças a Deus! – a mais nova exclamou.

- Mac, eu posso conversar com elas à sós?

- Claro, querida. Vou te esperar lá fora.

- Obrigada.

Sentei-me ao lado da mais velha.

- Meu nome é Anne. E o seu?

- Giovanna.

- Pode me dizer seu nome de verdade.

- Monalisa.

- E o seu? – disse me virando para a mais nova.

- Carla.

- O que aconteceu com você?

- Um homem ruim nos pegou. Ele matou o papai e a mamãe.

- Por acaso é este? – disse mostrando-lhes uma foto de Justiniano.

- É sim. Ele disse que o papai tinha feito coisas ruins. Mais eu não acredito.

- Seu pai era um homem bom.

- Você o conhecia?

- Sim, Carla. Seu pai um dia, salvou minha vida.

- Viu, eu disse que ele era bom. – ela deu um largo sorriso.

- E o que ele fez com vocês? O homem ruim?

- Ele nos bateu. E ele tocou na Mona.

- Ele te tocou, Monalisa?

- Sim. – disse a menina, com lágrimas nos olhos.

- E em você, Carla?

- Em mim não. Nós fugimos dele quando ele ia nos vender.

- Eu entendo. Monalisa, nós precisamos fazer um exame em você. Pode ser?

- Vai doer?

- Eu prometo que não. É para comprovar que o Justiniano machucou você.

- Tudo bem.

- Vai com a enfermeira. Aquela ali fora. – disse apontando.

- Tudo bem. Nós queríamos voltar para a Itália.

- Vocês vão. A avó de vocês já está aqui. Vocês poderão ir com ela.

- Obrigada, Anne.

- E você, porque está aqui?

- Eu desmaiei. Eu tava com fome. Ai a Mona chamou um táxi para me levar para o hospital. Ele foi bonzinho e não cobrou.

- Ele foi legal. Eu posso tirar algumas fotos dos seus hematomas?

- Claro.

Eu tirei algumas fotos dos hematomas da menina e a deixei descansando. Enquanto isso, Mac ligava para a avó das crianças que havia acabado de chegar de Florença. Ela era mãe de Silvano.

- Onde estão minhas netas? Onde estão minhas bambinas?

- Ali. Naquele quarto. – disse apontando.

- Obrigada.

Assenti com a cabeça. A enfermeira já havia colhido algumas evidências do estupro e dado a Mac, que havia voltado para o laboratório. Aproveitei para ver como Flack estava.

- Oi.

- Oi. Como você está?

- Melhor agora. E ai, encerraram o caso?

- Faltam alguns detalhes, mais o Justiniano já está preso. E as meninas vão voltar para a Itália depois do funeral dos pais.

- Olha, até que você é bem competente, detetive. Estou impressionado!

- Obrigada. Porque se não fosse por mim, você teria virado comida de tubarão.

- É verdade.

- E ai, Don, tudo bem? – perguntou o doutor.

- Tudo doutor.

- Está sentindo muita dor?

- Um pouco.

- Vou te dar mais um analgésico. Amanhã você pode ir para casa.

- Ótimo. – o doutor deu o analgésico para Don e saiu.

- Você quer que eu fique aqui? – eu perguntei.

- É melhor não. Vai para casa descansar. Amanhã a gente se vê.

- Tudo bem. Boa noite, detetive. - disse caminhando para a porta e saindo.  


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