A Verdade escrita por mybdns


Capítulo 12
Capítulo 12




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Todas essas lembranças se passaram como um raio em minha mente. Cá estou eu, dentro do meu carro, na frente do NYPD. Mais cedo, passei no cemitério para deixar flores no túmulo de mamãe, Adam e Luke. Doze anos! Doze anos se passaram desde a morte deles. É difícil de acreditar numa coisa dessas. Minha vida tem sido boa. Tenho um marido extremamente carinhoso, que é um excelente professor de inglês e literatura na NY Academic. Allan e eu não temos filhos, acho que nossos instintos paternos não afloraram ainda. Desci do carro e olhei a minha volta. Era o meu primeiro dia como detetive na Unidade de Vítimas Especiais. Tirei os óculos de sol e entrei no prédio.

– Oi, meu nome é... – disse para a moça da recepção.

– Annelies Marie Hudson. Seja bem vinda. – disse me interrompendo.

– Sim. Onde é a sala do supervisor?

– Você pega o elevador, décimo andar. A sala da detetive Byron é a terceira à esquerda, perto do bebedouro.

– Obrigada. – andei até o elevador e entrei. Me olhei no espelho e vi que eu não havia envelhecido muito. Tinha apenas vinte e nove anos e minha aparência era jovial. O elevador parou no oitavo andar uma pessoa entrou.

– Boa tarde, detetive Hudson.

– Boa tarde, detetive Taylor. Como vai?

– Muito bem. Seja bem vinda ao NYPD.

– Muito obrigada. Esse é o meu andar. Bom trabalho, pai.

– Pra você também.

Eu sai do elevador e a detetive Caroline Byron, minha chefe veio ao meu encontro.

– Oi Anne. Pronta para o seu primeiro dia?

– Sim, Caroline. Com certeza.

– Seu currículo é excelente, apesar de você ser muito nova. Estudou Direito na Universidade de Nova York , pós- graduação em Direito Penal na Université de Paris, especialização em Psiquiatria Forense em Harvard e finalmente entrou para a polícia. Trabalhou em Nova Jersey, Miami, Paris... Olha, isso realmente me impressionou. Espero que você seja boa de verdade.

– Eu não irei te decepcionar, Caroline. – disse dando um sorriso.

– Eu espero. Está aqui o seu distintivo e sua arma. – disse me entregando meus “instrumentos” de trabalho.

O meu primeiro dia na Unidade de Vítimas Especiais não foi muito tumultuado. Tivemos um chamado em Bed-Stuy, onde uma jovem de quinze anos fora estuprada por seu padrasto. Conseguimos pegá-lo em uma casa de prostituição, pronto para estuprar mais uma garota. No final da tarde, eu fui para casa e Allan estava corrigindo algumas redações.

– Oi meu amor. Eu fiz o jantar.

– Oi Allan. – disse lhe dando um beijo. – como foi seu dia? – disse caindo no sofá.

– Bom. As crianças estão interessadas na minha matéria, finalmente.

– Ah, é? Sobre o que você está falando?

– Eu passei um livro da Agatha Christie para eles lerem.

– O Hercule Poirot sempre foi o meu preferido. – disse me levantando e indo para a cozinha. – o cheiro está ótimo. Peguei um prato e coloquei o purê de batatas e bacon.

– E o seu dia, amor? Como foi?

– Foi bom. Não tive muito trabalho, apenas um chamado em Bed- Stuy.

– Hum... Sabe, Anne eu temo por sua segurança.

– Eu sei usar uma arma, Allan.

– Eu sei que você sabe, afinal, você é treinada para isso. Mas, convenhamos que esse não é o trabalho mais seguro do mundo. E se alguém for mais rápido do que você? E se você tomar um tiro, ficar paraplégica ou até mesmo... morrer. Eu nem posso pensar num negócio desses, Anne. Eu quero você segura, eu nem quero imaginar se um dia eu ficar sem você. Minha vida vai acabar!

– Calma, Allan. Eu não posso te garantir nada. Se eu morrer...

– Não diga mais nada, por favor. – disse me dando um beijo.

Terminei o jantar e Allan terminou de corrigir as provas.

– Eu vou tomar banho. Você vem? – perguntei.

– Claro, só um minuto. Ai a gente aproveita pra namorar um pouquinho. – disse beijando meu pescoço.

– Tudo bem, professor.

Nós tomamos banho, namoramos um pouco e fomos dormir. Acordei por volta das sete e meia, assustada.

– O que foi? – perguntou Allan.

– Nada, eu tive um sonho ruim.

– Qual?

– Eu sonhei com a minha mãe, ela estava num lugar escuro, um labirinto. Acordei com ela caindo em um abismo.

– Vai ficar tudo bem. – disse me abraçando.

– Eu vou tomar um banho. Você pode fazer o café, querido?

– Claro.

Entrei no chuveiro e deixei a água cair sobre meus ombros. Fiquei lá durante uns vinte minutos e depois eu me troquei. Peguei minha bolsa e desci. Tomei café da manhã. Logo em seguida Allan saiu para trabalhar. Liguei o motor do carro e liguei o rádio em uma estação qualquer. Cheguei ao NYPD, dei bom dia à moça da recepção e entrei no elevador. Cheguei ao andar da Unidade de Vítimas Especiais, fui até o meu armário, peguei meu distintivo e a minha arma. Encontrei com o Capitão Tyler Hopkins, que era comandante da polícia. Ele era um homem alto e forte, com cabelos castanhos com poucos fios grisalhos. Era bem simpático com todos do distrito, principalmente com os novatos.

– Bom dia, Detetive Hudson.

– Bom dia, Capitão Hopkins.

– Pronta para o trabalho de verdade? Porque ontem foi só um teste.

– Teste?

– É brincadeira. Nós acabamos de receber um chamado. O Detetive Flack nos informou que encontraram dois corpos em Park Slope. O homem tinha trinta e três anos. Sua esposa também e a filha do casal está desaparecida. Vamos?

– Vamos. – dirigimos até Park Slope e entramos na casa onde estavam os corpos. Era uma casa muito bonita, bem decorada. A mulher estava caída no chão da cozinha e o Dr. Sheldon Hawkes já cobria o corpo. Só pude ver que seus cabelos eram loiros. O homem estava caído de costas na escada. Possuía cabelos pretos. O Dr. Sid Hammerback virou o corpo e pude ver melhor seu rosto. E eu conhecia aquele rosto.

– Silvano? Eu não posso acreditar.


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