Heart On Fire escrita por Jupiter rousse


Capítulo 6
Isn't all about cliches


Notas iniciais do capítulo

HeyyyyyAqui está mais um capítulo, direto do forno para vcs! Ele tá bem grandinho, ein... Divirtam-se :) LEIAM AS NOTAS FINAIS



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Se tinha uma coisa que Lily havia aprendido com o traste que ela chamava de pai, era que a melhor estratégia é sempre conhecer o campo de batalha. E uma coisa que ela sabia por experiência própria: você não escolhe o seu campo de batalha. Nunca, simples assim.

Como soldado ela tinha obrigação de saber tudo sobre técnicas de sobrevivência e isso incluía ter conhecimento sobre todos os tipos de ecossistemas, plantas venenosas e plantas medicinais, animais típicos da região e etc. O que nos leva ao conhecimento de campo de batalha, o que fazia daquela maldita aula muito importante.

E tediosa.

Seu subconsciente acrescentou quase que inconscientemente. Se ela desse uma olhada pela sala, veria todos os recrutas sentados em mesas individuais fazendo um esforço enorme para não cair no sono. Depois de horas de treinamento pesado e poucas horas de sono, não era difícil imaginar o por que de todos parecerem querer fugir dali. Lily se identificava completamente com eles, mas ela seria a melhor em tudo, então não podia se dar o luxo de dormir em aula.

– Vou mostrar a vocês alguns relatos de veteranos, que por algum motivo separaram-se do resto do batalhão e tiveram que sobreviver por dias alguns até semanas, em um ambiente completamente diferente do que eles estavam acostumados e com pouquíssimos recursos para recorrer.

Alguns alunos pareceram mais dispersos, animando-se com a possibilidade de algumas histórias de guerra. Lily inclinou-se para frente, na expectativa. A professora sentou-se em um canto afastado, apagou as luzes e ligou o projetor.

– Soldado Hamilton, vigésimo quinto batalhão, Iraque.

Podia-se perceber que a qualidade da filmagem não era boa, provavelmente gravada em uma das bases instaladas durante a guerra. O soldado Hamilton estava sentando em uma cadeira das salas de interrogatório, usava uma camisa verde do exército e no seu pescoço seu colar de identificação. O soldado parecia devastado, sua expressão era cansada e o rosto tão magro que os ossos estavam salientes.

– Eu estava fazendo a ronda com mais três soldados. Nossa base era instalada no Deserto Sírico*, era de noite e tudo parecia calmo. Nós estávamos em um tanque de guerra, soldado Hanks estava dirigindo.

Ele desviou seus olhos da câmera, alguns minutos de silêncio.

– Tudo aconteceu muito rápido... Eu pedi que eles encostassem, pois o soldado Flamming começou a reclamar de falta de ar. Eu desci com ele do tanque, nós nos distanciamos um pouco, ele estava desesperado... Dizia que não se sentia bem, que precisávamos voltar, eu estava tentando ajudá-lo, quando ouvi a explosão...

O olhar do soldado Hamilton ficou perdido, como se milhares de memórias invadissem sua mente.

– Nós estávamos sendo atacados pelos iraquianos, eu não conseguia ouvir direito graças a explosão e minha visão estava turva. Consegui cambalear para perto do soldado Flamming, mas ele não tinha pulso. Vi vultos se aproximando, eu não tinha nenhuma arma, minha melhor opção era correr... Até agora não sei como consegui me livrar deles.

Ele parou novamente, encarou as mãos entrelaçadas em cima da mesa, quando voltou seu olhar novamente para câmera, Lily ofegou. Alguma coisa no olhar dele... Parecia uma marca, uma marca de seu passado que ficaria ali para sempre.

– Eu aproveitei que estava de noite e andei o quanto podia para me afastar da explosão e dos iraquianos, em direção a base. Quando tinha certeza que estava longe o suficiente, chequei meus machucados. Minha orelha esquerda sangrava, eu sentia dor nas costelas ao respirar, provavelmente tinha fraturado duas delas e na panturrilha direita tinha uma queimadura bem feia.

Lily começou a entender a profundidade de tudo aquilo, abandonado no meio da noite, gravemente ferido e tendo consciência de que seus amigos estavam mortos.

– Depois de checar meus machucados, eu observei o lugar, era areia para todos os lados. Aparentemente não havia nenhuma animal próximo, antes de me deitar procurei por cobras e escorpiões. Para a minha sorte, não tinha nada. Estava quase amanhecendo e eu aproveitaria para dormir. De dia o calor era insuportável e eu não teria chances de chegar a lugar nenhum assim. Amarrei a camiseta que usava por baixo da farda na cabeça e protegi a maior parte do corpo que pude do sol. Com dificuldade, fechei os olhos e dormi.

Lily estava tão envolvida na história, que levou um susto quando a professora ligou as luzes.

– Espero que tenha deixado vocês todos curiosos o suficiente para não tentarem dormir na minha próxima aula. - ela abriu um sorriso amargo - Dispensados.

Enquanto saiam da sala, os soldados comentavam uns com os outros sobre o video, perguntando-se o que aconteceu com o Soldado Hamilton e se algum dia eles mesmos passariam por essa situação. A resposta era bem óbvia para todos e isso aumento, consideravelmente, o nervosismo e tensão de todos.

***

– É impressionante como alguns segundos podem fazer tanta diferença. - a sala inteira se calou quando o professor entrou - Principalmente em questão de vida ou morte, e desarmar bombas se resume a isso: vida ou morte? Meu nome é Professor Karev**, bem-vindos a minha aula.

Ele exalava seriedade e respeito, deveria ter aproximadamente 30 anos, sua postura era impecável, a voz era imponente, o rosto travado em uma expressão de ferro, os olhos frios como gelo. Um exemplo com certeza a todos os soldados.

– Desarmar bombas não é para os fracos, é preciso ser calmo, frio e extremamente calculista. A pressão não pode te afetar e acreditem sempre há pressão.

Seus olhos gélidos varreram a sala, Lily quase podia ver o que eles estava pensando. Ninguém era bom o suficiente. Ela estreitou os olhos.

Isso é porque você não me conhecesse.

– Vocês vão aprender a identificar cada tipo de bomba que existe, vão aprender a desarmá-las da maneira mais rápida e eficaz. Uma decisão errada e tudo vai pelos ares.

Ele parou o discurso por um minuto, deixando que as palavras fizessem o efeito que ele desejava, assustando a todos.

Not me.

– Agora, vamos ver se alguém possui um pouco de conhecimento pela história do país. De que era feito “Little Boy”***?

Lily levantou a mão, mantendo a expressão séria por mais que o olhar do professor sobre ela a deixasse muito nervosa. Ele deu um leve aceno de cabeça em sua direção, dando permissão para que ela falasse.

– Era uma bomba nuclear de fissão de urânio, professor - ficou orgulhosa/surpresa quando sua voz saiu alta, clara e confiante.

O professor andou em firmes passos em sua direção, seu semblante era frio e ele não demonstrava nenhuma expressão. Quando parou em frente da mesa de Lily, ela podia sentir o sangue gelado em suas veias, mas não desfez a sua pose, ergueu a cabeça e o encarou.

– Soldado...?

– Evans, Senhor.

– Evans... - o nome pairou no ar por alguns segundos - Tem certeza que a bomba de Hiroshima era feita de urânio? Não seria a de Nagasaki?

Lily engoliu em seco, ela sabia que estava certa, tinha certeza.

Ele só está mexendo com você, quer ver se não foi um palpite de sorte.

– Sim, Senhor tenho certeza. Nagasaki era uma bomba nuclear de fissão de plutônio.

Lily engoliu em seco, ela tinha certeza.

– Muito bem, Evans.

Lily sorriu internamente, obvio que manteve sua expressão indecifrável por fora.

– Abram os livros no capítulo 1...

***

O dia passara voando. Saía de uma aula e entrava em outra, ia para o treino, tinha alguns minutos livres, entrava em mais aulas... No final do dia ela, assim como todos os outros, estava exausta.

Desviando o olhar do teto branco de sua cabana, Lily olhou para as outras 4 camas, onde as meninas dormiam tranquilamente. Apesar de estar cansada, não entendia como Lene e as outras conseguiam apagar tão facilmente. Ela revirava na cama e nenhuma posição parecia confortável, irritada ela jogou um casaco leve por cima do pijama e saiu escondida mais uma vez.

Depois de visto de cima do telhado a quantidade de soldados que faziam ronda a noite e quase ter sigo pega por dois, Lily resolveu der o dobro de cuidado. Não demorou muito que chegasse até os fundos do Pavilhão, onde encontrou as caixas velhas. Fez movimentos leves, evitando qualquer barulho desnecessário e finalmente chegou ao topo, ficou surpresa por encontrar James lá. Ele estava de costas para ela, descer antes de ser vista.

– Hey Mad.

Falhou consideravelmente.

– Já disse para não me chamar assim - não vendo outra escolha, Lily sentou ao seu lado, deixando uma certa distância entre eles.

– Você não quer me dizer o seu nome, então vou te chamar de mad. Ainda mais sabendo que te incomoda. - ele deu de ombros, pelo rabo de olho a ruiva viu que James sorria. Ela revirou os olhos.

– Você sempre foi irritante ou adquiriu isso com o tempo?

– Acho que os dois... Nasci assim, mas aperfeiçoei com o tempo.

Lily não pode deixar de rir, ele era impossível.

– E como foram as suas aulas? - ela tentou ser educada.

Ele fez uma careta.

– Isso é a sua ideia de puxar assunto? Mad... você precisa sair mais.

Lily rolou os olhos novamente.

– E o que você sugere, Potter?

James deu um sorriso de canto que fez ela se arrepender de abrir a boca. Quase que automaticamente seu dedos tocaram o seu colar, esfregando-o levemente.

– Por que você se alistou?

Lily engasgou, família era uma coisa que ela definitivamente não queria falar, principalmente sobre o seu pai.

– Para que você quer saber? - ela desviou da pergunta, ele percebeu.

– Sou curioso - pressionou.

A ruiva esfregava seu colar mais forte agora.

– Quem sabe outro dia...

– Ah entendi... Você é uma daquelas garotas mistério?

Lily franziu o cenho, confusa.

– Eu sou o que?

– Garotas mistério. Sabe... O mocinho demora o filme todo para descobrir o segredo da garota... Ela com certeza vai ter alguma coisa em seu passado "sombrio"... Como eu disse garotas mistério.

Ela revirou os olhos, aquele cara tinha algum problema.

– Sabe a gente se conheceu ontem e de alguma maneira nas duas curtas conversas que a gente teve, você arrumou um jeito de me chamar de clichê. Estou começando a achar que você sonha muito com o príncipe encantado.

James fez uma careta de desgosto, Lily sorriu satisfeita.

– Eu te garanto Mad, da fruta que você come eu não chego nem perto.

Um silêncio pairou entre os dois, não era embaraçoso, muito menos reconfortante... era só... silêncio.

– E você? Por que se alistou?

Lily não esperava que ele fosse responder, afinal ela não havia respondido, era mais do que justo que ele não respondesse. Mas, aparentemente, James Potter era uma caixinha de surpresas.

– Minha mãe e meu pai foram do exército - apesar de Lily está olhando para ele, James encarava o céu, com a expressão momentaneamente séria - Na verdade eles se conheceram aqui - abriu um pequeno sorriso.

Lily podia de certa forma se identificar.

– Família de militares... Nenhuma alternativa para você?

– Não, não... - ele a encarou, sacudindo a cabeça negativamente - Eu estou aqui por que quero. Minha mãe faleceu alguns anos atrás, ela realmente acreditava que podia mudar as coisas... e morreu tentando...

Ou não... Lily mordeu o lábio inferior.

– Sinto muito

– Tudo bem, foi há muito tempo atrás, eu só queria fazer valer a pena... Só queria dar a minha vida o mesmo propósito que ela deu a dela... Ajudando os outros, fazendo a diferença.

Lily nunca fora muito sentimental, e apesar do que James insinuava ela não era clichê, sua prova maior disso foi quando ao invés de se jogar nos braços dele e dizer que aquilo fora muito bonito (como aconteceria nos filmes), Lily levantou.

– Boa noite, James.

Ele não pareceu se importar por ela ter levantado.

– Boa noite, Mad.

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* Deserto Sírico - Uma parte fica no Iraque

** Karev - Menção ao lindo e maravilhoso Alex Karev (Grey's Anatomy vidaaaa *-*)

*** Little Boy - "Codinome" da Bomba de Hiroshima, que significa "garotinho" em inglês.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?!? Quantos reviews eu mereço? Vamos ver, eu tenho 48 reviews agora... Quando chegar a 63 o próximo sai! DIVULGAÇÃOhttp://cms.second-thoughts.webnode.com/Deem uma olhada no site, está sendo "construindo" ainda, não está totalmente pronto, ok? Divulguem se gostarem, participem das enquetes e do concurso de Halloween :)Beijos