Heart On Fire escrita por Jupiter rousse


Capítulo 2
Reliving the past


Notas iniciais do capítulo

PRIMEIRO CAPÍTULOOOOApesar desse capítulo ser meio que um "flashback" na história, ele é fundamental para vocês entenderem algumas coisas... Espero que gostem :)



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Kate Evans estava acostumada a ficar sozinha, apesar de nunca se sentir solitária. Quer dizer, haviam aquelas noites em que ela morria de preocupação, as noites do período da guerra, claro que ela sabia que haviam riscos. Que enquanto ela tentava dormir, sem sucesso, o amor da sua vida estava lá fora lutando por aquilo que ele mais acreditava, seu país.

Mas, já fazia mais de três meses que Tom havia voltado para casa. Ele estava temporariamente de licença, após tomar um tiro que rompeu o ligamento do joelho. Kate, ainda tinha pesadelos com os oficiais que vieram lhe dar a notícia, por um segundo achou que Tom poderia estar morto.

Não que a situação em que ele se encontrava era boa, doía nela vê-lo com tanta dor, se esforçando tanto na fisioterapia, mas ela estava aliviada. Aliviada, por ele finalmente estar de volta.

O casamento não poderia estar melhor, não quando ela estava grávida de 2 meses e Tom estava seguro em casa. Kate achava que tudo estava perfeito, mas havia algo que lhe incomodava. Ela sabia que a família de Tom sempre foi muito dedicada ao exército americano, e que ele sempre fora um homem de regras e tradições, fruto da maneira como fora criado. Logo quando recebeu a notícia, seu marido explodiu de felicidade, e Kate também estava muito feliz, mas quando alguns dias depois ele disse a ela que era desnecessário verificar o sexo, já que ele tinha certeza absoluta de que seria um menino, Kate começou a se preocupar. Se ela conhecia bem o marido, ele não a abandonaria se seu bebê fosse uma menina, mas Kate sabia que ele ficaria arrasado e bom ela não teria como saber, ou prever, o que ele faria em relação ao bebê.

Eu só espero... que realmente seja um menino, ou se não teremos um problema.

Sua mão deslizava devagar pela barriga, mania irritante de grávida, como a própria Kate costumava brincar.

– Querida, o que vamos ter para o jantar?

****

5 meses depois...

A dor parecia rasgar todos os lugares do seu corpo, uma queimação alucinante que originava do seu ventre e se espalhava rapidamente para seus membros, entorpecendo os sentidos, deixando-a tonta.

–TOM! - Kate se sentou na cama com um sobressalto, levando a mão ao ventre - TOM, acorde, acorde.

–O que aconteceu querida?

– Chame uma ambulância - um gemido de dor -AGORA!

Ela sabia o que estava acontecendo e aquilo a deixou assustada, estava entrando em trabalho de parto, com somente 7 meses de gravidez.

– Calma querida os médicos estão vindo.

Foi a última coisa que ela ouviu antes de tudo ficar completamente escuro.

***

–Nós precisamos leva-la para sala de cirurgia agora.

...

–Ela está tento uma parada cardíaca, afastem-se!

...

–Nós precisamos abri-la imediatamente, ou vamos perder ela e o bebê.

....

–É uma menina!

....

– ELA NÃO ESTÁ RESPIRANDO, ÁGUA NOS PULMÕES, EU PRECISO DE UM BISTURI AGORA!

...

O coronel andava de um lado para o outro na sala de espera, ele estava agoniado. Já fazia mais de 2 horas que os médicos haviam levado Kate e desde então ele não teve mais notícias. Ele só rezava para que tudo ficasse bem, para que sua mulher e seu filho ficasse bem.

– Tom Evans?

Ele virou-se rapidamente em direção ao doutor.

– Como ela está?

– A cirurgia foi um sucesso, tivemos algumas complicações, mas sua esposa passa bem. Infelizmente, como eu disse ocorreram algumas complicações.

O mundo pareceu rodar por um momento.

– Qual o problema doutor?

– Sua mulher teve um parto muito complicado, ela teve um eclâmpsia durante a cirurgia e para piorar o bebê ainda é prematuro. Foi um milagre que os dois conseguiram sair vivos.

– O que quer dizer com isso Doutor?

– Tom, eu não aconselho que sua mulher tenha filhos novamente. Eu sei que vocês são jovens, que provavelmente planejariam mais filhos, mas podemos não ter tanta sorte da próxima vez.

Tom não sabia o que dizer, ele simplesmente assentiu ainda atordoado.

– E a apropósito, parabéns papai – ele repousou a mão em seu ombro - Você tem uma linda menininha.

Com essas palavras o coronel pareceu acordar do seu “transe”.

– O que disse? - seus olhos estavam arregalados, incrédulos.

– Uma menina, Senhor Evans! Vou leva-la para conhece-la, no momento Kate ainda está apaga pelo sedativo que demos a ela, mas dentro de duas horas ela deve acordar e você poderá vê-la. Quanto a sua menina, ela já estava na incubadora e por ser prematura deverá ficar lá por mais dois ou três meses.

Tom não conseguia acreditar naquilo, anos de tradição, gerações e gerações da sua família servindo no exército, todos os primogênitos homens... E agora, além de seu primeiro “filho” ser uma mulher, ele descobre que Kate não terá condições de ter outros filhos. Filhos. Homens.

Olhando-a naquela incubadora tudo que ele pode sentir foi raiva, ela parecia tão frágil, tão pequena, tão mulher.

Isso não foi o que eu sonhei, não era o que eu queria para mim, não queria uma mulher, não quero cuidar dela, não quero olhar para ela. Ela é a razão de Kate não poder engravidar mais, ela é a razão da tradição ter sido quebrada, ela me humilhou, não quero nada com essa criança.

QUE DROGA! - ele socou o vidro, recostando sua cabeça nele.

***

Três anos depois

Papai eu fiz um desenho para você.

Dê para sua mãe, ela vai gostar mais do que eu.

Quatro anos depois

Papai o meu professor disse que eu sou a melhor na turma de natação!

Então você está numa fase muito abaixo do que deveria, quanto anos tem as meninas que nadam com você? Dois?

Cinco anos depois

– Papai eu sou a única da minha sala que consegue contar até dez.

Ótimo, aprenda a contar até 30.

Oito anos depois

Pai, hoje eu aprendi a andar de bicicleta sem rodinhas. Sozinha!

– Você deveria estar estudando, não brincando por ai.

Doze anos depois

Pai, eu tirei 10 na minha prova de matemática.

– Acho que seu colégio é muito fraco, vou coloca-la em um mais forte.

Quinze anos depois

– Pai a minha professora de Física, me indicou para um campeonato estadual. Ela disse que só os melhores dos melhores conseguem entrar.

– Então o que você está fazendo lá?

Dezoito anos depois

Pai eu fui aceita em todas as faculdades em que eu me escrevi.

Também, você fica o dia todo enfurnada naquele quarto, sempre com a cara em livros, nunca ouviu em praticar esporte? Assim você vai ficar gorda e encalhada.

Vinte e um anos depois, presente.

Não satisfeito em perder todos os jogos da temporada, Tom não apareceu na final. Ele sabia que Lily era a estrela do time, sabia que era importante para ela que ele fosse, mas ele não foi. Depois de ganhar o jogo, Lily veio para casa, não estava em clima para comemorações, pelo contrário a raiva borbulhava dentro dela.

– EU JÁ ESTOU FARTA DISSO! - Um furacão ruivo entrou pela porta do escritório do Coronel, ele levantou os olhos do jornal que estava lendo.

– Lily Marie Evans você saia desse escritório e bata antes de entrar, onde está sua educação?

Lily bufou, irritada, caminhou em passos duros até a mesa.

– Eu já estou cansada de você me tratar com toda essa indiferença! - seu timbre de voz era baixo, mas raivoso - Eu passei anos, todos os anos da minha vida tentando impressioná-lo! Fui a melhor em tudo, tudo que eu fiz! E nunca recebi um PINGO DE RECONHECIMENTO! – Se você não recebeu reconhecimento é por que não mereceu.

Lily explodiu, aquilo foi a gota d’água! Ela empurrou todos os papeis que estavam sobre a mesa no chão.

– Você não merece NADA, do que eu fiz todos esses anos! Tudo para tentar compensar o fato de que eu não sou homem, tudo para compensar uma coisa que NÃO É MINHA CULPA!

O coronel ficou furioso, ele seu pai, ela lhe devia respeito, ele era um homem ela lhe devia respeito! Ele contornou a mesa e lhe segurou pelo braço.

– Olha como você fala comigo, eu sou seu pai!

– Você nunca agiu como meu pai, não me peça para lhe tratar como tal agora!

O rosto dos dois estava a centímetros de distância, encarando-se furiosamente.

– Parem com isso! - Kate estava no batente da porta - Parem os dois, por favor!

Lily se soltou com um puxão forte no braço.

– Eu vou me alistar. - Sua voz saiu forte e decidida. Sua mãe ofegou, colocando uma mão sobre o peito e outra na boca. O Coronel ficou furioso, mais do qualquer outra vez, Lily nunca havia visto seu pai assim.​

– COMO SE ATREVE? EIN? - Ele a segurou pelos dois ombros - COMO SE ATREVE A ME ENVERGONHAR DESSE JEITO???

– ME LARGA! - Lily se debateu, mas ele lhe apertou mais. – O exército não é lugar para mulheres! – Estamos no século XXI, como você pode ser tão MACHISTA?

PLAFT

– Você nunca mais, NUNCA mais fale comigo desse jeito.

Depois disso, Lily saiu correndo para seu quarto, para seu único refúgio dentro daquele inferno, que durante anos ela chamou de casa.

Eu vou ser o melhor soldado que o exército já teve, ele vai se arrepender de tudo que ele fez comigo esses anos, ele vai se orgulhar de mim... ou eu não me chamo Lily Evans.


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Notas finais do capítulo

E ai???? O que acharam? Reviews? Sem leitores fantaaasmas U.U Beijos