And then... - Wolverine' escrita por Annabeth Stark


Capítulo 4
– Luta furada.


Notas iniciais do capítulo

._. é, é isso aí



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Acordei com o barulho das crianças no jardim, elas pareciam estar brigando e rindo. Levantei assustado, abri a janela, mas era só uma aula. Aula… De defesa pessoal? Revirei os olhos.

Me espreguicei colocando a porcaria do uniforme - Aquela coisa que apertava mais que tudo - mas só a parte de baixo. Peguei uma blusa branca sem mangas. Eu até poderia morrer com falta de oxigênio com aquela coisa feia, mas hoje não seria.
Curiosidade. Demorei 30 minutos pra colocar a calça e a botina-sapato-sei-lá-o-que-era-aquilo. Fiz a mesma coisa que sempre no cabelo, se quer me preocupei com a barba, estava ótimo assim.

Desci as escadas, - decidindo que não usaria o elevador, - respirando fundo e esfregando os olhos.

– Bom dia, professor – Um ou dois guris falaram quando eu passei por eles, eu só assenti.

Entrei na cozinha, que horas eram? Fitei o relógio da parede… 6… Seis da manhã? Ótimo sábado de escola. Bufei revirando os olhos.

– O que te incomoda? – Perguntou Bob, atrás de mim. Eu apontei pro relógio. – Ah, as aulas no sábado são mais curtas, mas começam mais cedo.

– E a sala de treinamentos? Digo… Por que estão treinando lá fora? – Ele fitou o teto pensando.

– Alguns alunos não podem ir pra sala de treinamento… Não passam nem do nível básico-fuleiro-ralé.

Assenti, agora fazia sentido.

– E do que elas estão brincando lá fora? – Indaguei enquanto futucava na geladeira, ele sentou-se a mesa.

– Hmm… Judo, Katatê… Varia muito de pessoa pra pessoa.

– Heim? – Mutantes aprendendo Karatê… Jesus

Bob riu da minha expressão.

– A professora Nat conseguiu fazer uma mescla entre poder e estilo de luta.

– E o que a professora Nat não faz? – Ironizei meio sem pensar e Bob me fitou com a cara-de-adolescente.

– É impressão minha, ou você flerta com professoras, Logan?

Arquei uma sobrancelha com um refrigerante na mão… Refrigerante diet.

– Eu… Melhor eu voltar pra aula.

Ótimo… Assustei o guri. Fiz uma cara tão feia assim?
Deixei o refrigerante em cima da mesa, alcancei-o na porta da cozinha para fora.

– Não flerto com professoras. – Falei bom humorado – Simplesmente não flerto. – Ele me olhou com expressão boba e fomos em direção ao grupo de mutantes-adolescentes… Ah! Como eu amo cheiro de creme para espinhas logo às 6 da manha de um sábado.

Eles davam golpes furados, escorregavam, caiam, faziam uma careta e a Natalie os ajudava a levantar e ensinava novamente o golpe. Ela parecia já estar ficando estressada com os mesmos erros da parte deles.

Sentei ao chão acendendo um charuto e vendo a cena se repetir de novo e de novo. Isso já estava me entediando… Eu queria… Participar.
Apaguei o charuto na grama e o joguei em uma lata de lixo cor-de-rosa pintada à mão pelas crianças mais novas.

Pigarrei e todos olharam pra mim.

– Que tal uma demonstração? – Perguntei fitando a professora Natalie, ela não parecia surpresa com a minha atitude, talvez tivesse previsto isso.

– Tudo bem – Ela sorriu ameaçadoramente. – Sentem-se, crianças.
Ao mesmo tempo que ela falou, uma a uma elas se afastavam e sentavam. Todas olhavam meio assustados pra mim, provavelmente com medo que eu cortasse a professora.

– Tudo bem - Falou ela de costas para mim, mas logo se virando com piada no olhar. - Sem garras dessa vez, grandão.

Eu a fitei com uma sobrancelha arcada, um pouco irritado, mas logo ri quando ela tentou imitar a minha expressão.

– Dê seu melhor golpe, professora. - Falei abrindo os braços enquanto ela me analisava.

Ela se abaixou um pouco em uma posição meio animalesca, pra dar o bote... Ela estava literalmente me imitando. Não consegui prever o que ela faria. Natalie não era idiota, se viesse de frente eu a derrubaria.
Eu a vi correndo rapidamente para minha direita, forcei o pé contra o chão e estiquei o braço direito pra segura-la, ao envés de dar um soco. Porém meu braço agarrou o vento. Natalie passara por de baixo deles, rápido de mais. Virei-me no mesmo segundo pra ver onde ela havia ido, senti seu braço em torno da minha cintura, Natalie estava fazendo uma espécie de giro apoiando-se em mim. Johnson passou então a perna direita em um corte da minha cintura até a metade da minha perna, seu braço direito meu pescoço e ela estava de costas pra mim, eu só via seu cabelo cheiro-de-bebê esvoaçando. Eu não sei como foi que ela fez, mas eu já estava no chão em 5 segundos de luta.

Abri os olhos e tapei com a mão os olhos irritados com a luz que saia por entre as árvores, pude sentir ela em cima de mim. Caira junto, mas algo me dizia que foi de propósito. Natalie estava sentada em meu abdômen com uma expressão contente e piadista, não pude deixar de rir, não antes de olha-la com uma leve malicia.

– Que decepção, hein grandão - Ela falou se levantando. Por um instante eu vi malicia no seu olhar também.

Os alunos riam, eu cai na rizada junto deles enquanto me sentava na grama.

– Quero minha revanche - Brinquei enquanto ela me fitava.

– Outro dia, grandão. Outro dia. - Ela falou pra mim e depois levantando a voz - Então. Estão dispensados. A Ororo não está aqui pra dar aula de química pra vocês, e eu não estou a fim de explodir outra sala - Ela fez careta ao terminar de falar. Os alunos saíram correndo eufóricos.

– Não quebrem nada! - Ressaltei, acho que não escutaram. Ainda pareciam babuínos na floresta.

Eu e Natalie trocamos um olhar neutro de alguns segundos, acho que isso a deixou sem graça. Ela mordeu o lábio inferior e desvirou o olhar, provavelmente rubra.

– E então, guria? - Falei meio sem pensar.

– "E então" oque, guri? - Ela falou rindo, voltando o olhar para trás pra me fitar, ainda um pouco vermelha.

– Vai me dizer onde aprendeu isso? - Arquei uma sobrancelha.

– Já disse, fui treinada. -Ela esfregou as unhas na uniforme e depois assoprou, brincando.

– Me derrubar em segundos? - franzi o cenho inclinando a cabeça.

– Você facilitou. - Falou ela, sentando-se de frente pra mim, apoiando o rosto em uma das mãos, e a outra arrancando grama do chão.

Coloquei minhas duas mãos para trás e joguei meu peso sobre elas, apoiando-me. Fiz cara de pouco caso.

E acabou o assunto... Não pudia acabar o assunto. Pense Logan...

– Já teve um cachorro? - A primeira coisa que me veio a cabeça, só fui perceber o quão idiota a pergunta era quando Natalie franziu o cenho.

– Não... Eu acho. - Ela semicerrou os lábios, e logo sua expressão suavizou, eu teria me sentido um perfeito idiota se ela não houvesse perguntado "E você?".

– Não... Mas já tive um urso. - Ela ergueu uma sobrancelha.

Passamos algum tempo falando de ursos depois disso, de gatos e da vida. Ela não me parecia fechada, quando me disseram que era uma agente da SHIELD eu quase não acreditei. A primeira imagem que me veio a cabeça foi uma mulher alta, de cara fechada com uma metralhadora á mão 24h por dia.

E...

Ela era quase tão velha quanto eu, mas parecia feliz. Bem.

________________________________________

Na sala de estar alguns alunos jogavam joguinhos idiotas, outros liam um livro, mas a maioria fora pra casa dos pais. Me juntei ao grupo dos games - e deu merda.

Estávamos jogando um tal de 'God of War', no qual eu morria toda hora, me desesperava com os botões. Acho que eu esperava que saísse garras das mãos dele e ele acertasse a merda do morto-vivo-zumbi-sei-lá-que-caralho-era-aquele... Mas não aconteceu. Eu devolvi o controle antes que eu o tacasse no chão e pisasse em cima.

Tudo ficou quieto com o passar das horas, me vi sozinho na sala ás nove horas da noite.
Fitei a TV desligada, imerso em pensamentos... Eu via crianças o tempo todo, mas não me via... não sabia onde eu cresci, vivi, quem eram meus pais, qual era a minha origem. Logan Wolverine. Só isso. Esse era o passado que eu lembrava.

Não se sinta assim, Logan– Escutei uma voz em minha cabeça.

"Sabia que é crime espionar o que os outros pensam enquanto estão imersas, xará?" - Pensei irônico.

Escutei uma rizada, olhei pela porta de vidro.

– Professor - Falei levantando. Sim, era ele e a Ororo.

– Ah Logan! - Tempestade tomou a frente, vindo me abraçar - Fiquei com medo de que você fosse embora e deixasse a Natalie aqui sozinha com as crianças.

Eu ri, compartilhando do abraço.

– Também fico feliz em te-lo conosco, Logan - falou Chavier seriamente - mas... Temos assuntos sérios a tratar.


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Notas finais do capítulo

Blábláblá, espero que tenham gostado U_UBj's da tia Annie