Acordei no dia seguinte com um braço envolvido possessivamente em minha cintura. Sasuke estava com o rosto em meu pescoço e sua respiração causava-me arrepios, uma de suas pernas estava entre as minhas e eu temi que se me mexesse pudesse acordá-lo.

Coloquei minha mão sobre a de Sasuke e a acariciei devagar, enquanto repassava os acontecimentos da noite passada.

Ficamos abraçados durante muito tempo, trocando beijos e palavras carinhosas. Elas simplesmente fluíam por meus lábios e pela primeira vez, eu não via motivos para reprimi-las. Sasuke me apresentou aos seus conhecidos como sua namorada, abraçava-me pela cintura e estava radiante. Manteve seus olhos fixos nos meus durante todo o discurso que fez.

Admito que ainda me sentia estranha por estar oficialmente ligada à alguém, mas era um estranho bom. Não conseguia me imaginar sem o Sasuke e muito menos com alguém além dele.

Franzi o cenho e parei de acariciar a mão de Sasuke.

Mesmo que eu não quisesse... Céus, tão estranho.

— Bom dia. – Sasuke sussurrou próximo do meu ouvido e um arrepio percorreu meu corpo. Ele depositou um beijo na base de meu pescoço, como sempre fazia quando dormíamos juntos. Virei-me lentamente para ele e pude observar que apesar de sua expressão sonolenta, um sorriso sereno estava em seus lábios. – Dormiu bem?

— Melhor do que qualquer outro dia. – Confessei e ele acariciou minha bochecha. – O senhor parece muito bem. – O esforço que eu estava fazendo para que ele não sentisse o meu mau hálito matinal era imenso. Sasuke nem ao menos parecia se importar com isso e para ser sincera, eu não estava sentindo nada de ruim vindo dele. – Eu... Preciso voltar para o meu hotel. – Anunciei preguiçosa enquanto me virava de barriga para cima. O braço de Sasuke continuava ao redor de minha cintura.

— Por quê? – Questionou ele confuso. Sasuke afastou o braço de minha cintura e sentou-se na cama, esfregando a mão no cabelo enquanto reprimia um bocejo. – Não vai dizer que está arrependida, Sakura. – Não olhou para mim ao dizer isso, mas eu podia ver que ele tinha ficado tenso por um momento.

 - O que você acha? – Mantive meu tom de voz desinteressado e não o olhei enquanto levantava da cama, meus olhos vagaram o quarto em busca das minhas peças intimas. Caminhei até a porta e puxei meu sutiã da maçaneta, a calcinha estava sob uma cadeira.

Fechei meu sutiã com meus olhos fixos em Sasuke. Ele agora olhava para a janela, o cabelo preto desgrenhado, uma parte do rosto com marcas de travesseiro; os raios de sol que passavam pela janela iluminavam seu peito desnudo que possuía alguns arranhões e me permiti contemplar os três chupões que haviam deixado marcas em sua clavícula.

Passei a mão pelo meu cabelo e procurei algo para prendê-lo. Desisti e me aproximei de Sasuke sem atrair sua atenção. Sentei-me e coloquei minha mão sobre sua perna, coberta pelo lençol. Olhei para a janela e tentei encontrar algo de interessante, o céu estava azul e sem nuvens, os raios de sol refletiam nos prédios espelhados.

— Eu tenho a expressão de alguém que está pronta para te deixar?

— Você tem a expressão de quem fez sexo ontem à noite. – Um sorrisinho surgiu no canto dos meus lábios ao notar o tom levemente divertido na voz de Sasuke. Ele segurou minha mão e envolveu nossos dedos.

— Devo estar com uma expressão maravilhosa. – Inclinei o rosto em sua direção e aliviada, constatei que o sorriso de Sasuke tinha voltado. – Pare de insinuar que eu vou te deixar. Não estou nenhum pouco afim de fazer isso. – Pisquei e ele fez menção de aproximar seu rosto do meu e eu me esquivei. – Fala sério, Sasuke. Eu nem escovei os dentes! – Ralhei com o rosto virado. Sasuke aproximou-se de mim sem se importar e soprou, o seu hálito era de menta.

Menta?

— Pois eu escovei os meus. – Murmurou ele depositando um beijo em minha bochecha. – Nunca tinha reparado que seu sono é tão pesado, Sakura. Isso é bom, porque eu costumo ser bem desastrado pela manhã. – Afastou-se enquanto espreguiçava-se.

— Como você tem tanta certeza disso? – Levantei da cama, catei a camisa de Sasuke que estava no chão e fui arrastando os pés até o banheiro. O banheiro era maior do que o do meu quarto de hotel. Havia uma banheira imensa – extremamente convidativa- e o chuveiro era separado por um Box de vidro no canto esquerdo. Fiquei tentada em convidar Sasuke para tomar um banho, porém optei por esperar até que eu fosse ao hotel em que eu estava hospedada para colocar uma roupa decente.  

— Eu bati o pé na cama e xinguei pra caralho. – Disse ele gargalhando e eu acabei rindo também, o que me fez engasgar por causa da pasta de dente. Sério, nunca dêem risada enquanto escovam os dentes. – E você continuou dormindo como se nada tivesse acontecido.

X-X-X

Ao adentrar o hall do hotel em que eu estava hospedada, não deixei de dar um sorrisinho sem graça ao notar que era o centro das atenções.

A recepcionista que tinha me visto ontem era uma delas; ontem eu havia saído como uma princesa e hoje, voltava para o hotel como um bagaço. Meu cabelo estava terrível e por isso eu o tinha prendido em um coque apertado, meu rosto estava livre de qualquer maquiagem com exceção de um batom que eu encontrei por acaso em minha bolsa. Sasuke tinha proposto com um sorrisinho cínico de que eu usasse uma camisa dele e uma calça de moletom que ele tinha na mala, porém, optei por usar meu vestido (agradecendo aos céus por ele não estar amassado) e um par de chinelos brancos que estavam no quarto dele.

Sasuke estava ao meu lado, usando jeans escuro, uma camisa vermelha e um casaco preto. Ele estava com sua mão entrelaçada à minha e com a outra segurava meus saltos. Quando entramos no elevador ele acariciou as costas da minha mão e quando eu o olhei, ele sorriu.

— O que você acha de visitarmos a cidade mais tarde? – Perguntou assim que entramos em meu quarto. Ele se sentou na cama enquanto eu tratava de tirar o vestido. – Hoje é a nossa última noite aqui.

— O que você tem em mente? – Olhei para ele brevemente antes de puxar minha mala e a colocar em cima da cama. – Podemos andar pela cidade de mãos dadas, ir até a Times Square, encontrar um bom restaurante, quem sabe ir até a Broadway?

— Quero ver Rei Leão. – Afirmei e ignorei o olhar descrente que Sasuke me lançou. – O que foi?

— Nada, vamos ver Rei Leão. – Sasuke ergueu as mãos em um gesto de rendição. – Vou dar um jeito de conseguir os melhores lugares. – Prometeu ele e eu revirei os olhos. – Amor, ao invés de ficar me encarando é melhor você ir tomar banho logo, tem que fazer o check-out e nós vamos voltar para o hotel e de lá vamos até a empresa...

— Uma manhã bem atarefada. – O interrompi e após separar minhas roupas, fechei minha mala. – Me faz um favor? Liga pra Ino. – Pedi me aproximando dele para lhe dar um beijo rápido.

— E o que eu falo? – Sasuke segurou minha mão para impedir que eu fosse para o banheiro.

— Só liga pra ela. – Mesmo confuso Sasuke me soltou e eu parti para o banheiro. Fechei a porta e não me surpreendi ao ver um sorriso em meus lábios. – A porca vai surtar. – Murmurei divertida ao imaginar a reação que Ino teria ao falar com Sasuke.

Tirei minhas peças intimas e antes de entrar debaixo do chuveiro, admirei a banheira que parecia me chamar para que eu a usasse. Ela não era nem de longe tão magnífica quanto a do quarto que Sasuke estava, só que mais uma vez eu tive que negar as minhas vontades e fui para a boa e velha ducha. Lavei meu cabelo e demorei o máximo que pude.

Optei por um jeans escuro acompanhado de uma blusinha branca, um blazer preto (que eu dobrei as mangas até os meus cotovelos) e o único salto preto que eu tinha trazido. Passei delineador e caprichei no rímel, demorei mais do que o normal para secar meu cabelo e desembaraçá-lo e quando terminei o resultado era agradável.

Recolhi minhas coisas e quando sai do banheiro, Sasuke estava com o telefone grudado na orelha e de frente para a janela do quarto. Tinha tirado o casaco e o deixou sobre a cama, assim que me viu ele inclinou a cabeça para a esquerda com uma expressão satisfeita.

— Sim Ino, eu já te expliquei isso. – Falou revirando os olhos enquanto ouvia os prováveis absurdos que minha amiga dizia. – A Sakura acabou de voltar do banheiro. Ah, você que falar com ela? – Seus olhos faiscaram e ele aquiesceu em silencio. – Sinto muito, até amanhã. – Estendeu o telefone na minha direção e quando fiz menção de pega-lo, Sasuke simplesmente desligou o celular e agarrou meu braço me puxando de encontro a ele. – Você está linda. – Elogiou-me em um tom baixo e eu não consegui reprimir um sorriso. Roçou o nariz em minha bochecha e em seguida a beijou devagar.

— Você é sempre lindo. – Enlacei meus braços ao redor de seu pescoço e afastei meu rosto do dele por um momento para observá-lo. Por mais clichê que isso soe, eu não precisava de palavras para preencher o silencio. Sasuke e eu estávamos em perfeita sintonia e eu me sentia tão bem como nunca antes. Ele colou seus lábios nos meus e os movimentou devagar, chupou meu lábio inferior e o mordiscou antes de me beijar lentamente; sua mão esquerda estava na base de minhas costas e a outra agarrava meu cabelo. – Eu amo você. – Murmurei ainda com os olhos fechados.

— Céus, você não sabe o quanto essas palavras mexem comigo. – Sasuke passou a me dar selinhos rápidos enquanto sorria. – Eu te amo tanto, Haruno.

Sasuke fazia questão de deixar isso claro para mim. E eu me esforçava para demonstrar que era recíproco.

Após arrumarmos minhas malas e realizarmos o check-out, fomos direto para o hotel que ele estava hospedado. Eu ficaria com ele até que nós fossemos embora, na tarde do dia seguinte.

Ficar no quarto luxuoso de Sasuke até que ele retornasse me parecia extremamente tentador, mas não agradava em nada o meu namorado. Sasuke insistiu que eu fosse com e Itachi para a sede Nova Iorquina da empresa Uchiha. 

— Relaxe cunhadinha. - Itachi falou ao abrir a porta do carro para que eu saísse. Ele a fechou e abraçou-me pelos ombros enquanto aguardávamos que Sasuke travasse o carro. - Você vai ficar na sala da presidência, lá tem uma ótima vista, uma cadeira confortável, um computador moderno que vai estar à sua disposição... Vai ter muito com o que se distrair. - Sorriu para mim de maneira debochada e eu o acertei com o cotovelo levemente fazendo com que ele risse. 

— Vocês vão participar de quantas reuniões? – Sasuke dera a volta no carro e segurou minha mão começando a me puxar em direção ao elevador do estacionamento.

— Duas. – Itachi deixou de me abraçar, mas ainda assim continuava a caminhar ao meu lado. – Uma daqui a meia hora e outra depois do almoço. – Informou ele após dar uma conferida no relógio.

— Pensando bem, eu poderia voltar para o hotel e ir visitar alguns lugares da cidade. – Murmurei como quem não quer nada e Sasuke me lançou um olhar de esguelha. – O que foi?

— Você prometeu que ficaria comigo.

— É cunhadinha, você prometeu.

Com isso eu não tive como protestar.

Fomos direto para o vigésimo terceiro andar. A todo o momento os Uchihas paravam para cumprimentar alguém e Sasuke aproveitava a deixa para me apresentar como sua namorada. Eu sorria enquanto alguns deles analisavam a cor do meu cabelo com uma discrição fajuta e pude rir de algumas piadas que tinham sido feitas com Sasuke por “conseguir uma mulher assim”. De acordo com Michael, um dos diretores executivos, Sasuke não tinha cara de que conseguiria uma mulher do meu naipe.

Minha auto-estima chegou às alturas e o ciúme de Sasuke também. Ele até que tentou disfarçar, mas manteve seu braço possessivamente em minha cintura.

Admito que fiquei encantada com a arquitetura do escritório; as janelas eram grandes e contribuíam para a iluminação da staff área embora as luzes estivessem acesas. As baias eram separadas por vidro e a mesas eram brancas, algumas delas repletas de post its coloridos; os computadores eram modernos e pude ver o logo da empresa na área de trabalho de alguns.

— Bom dia senhores Uchiha. – Disse uma garota de cabelo preto ao passar por nós rapidamente. Ela usava um vestido tubinho preto e se equilibrava em saltos agulha ao mesmo tempo em que carregava três pastas azuis que pareciam ser pesadas.

— Eu devia ter colocado uma roupa melhor. – Murmurei olhando para minhas roupas e em seguida comparei com as das mulheres que passavam de um lado para o outro extremamente ocupadas.

— Você está ótima. – Sasuke abraçou-me pelos ombros e depositou um beijo em minha cabeça.

A sala da presidência era ampla e como Itachi tinha dito, tinha uma janela que garantia uma vista maravilhosa da cidade; uma cadeira de couro que parecia extremamente confortável estava atrás de uma mesa com tampo de vidro, nesta encontravam-se um computador de última geração, um telefone e dois quadros, sendo um deles com a foto dos pais de Sasuke e a outra com a foto da família reunida. Em frente à mesa estavam três cadeiras com estofados de couro branco; uma estante repleta de livros que falavam sobre economia e administração estava acomodada em um canto e junto da parede esquerda, um pouco antes da porta que levava ao que Sasuke me explicou ser o banheiro, estava um sofá de couro preto que me trouxe lembranças agradáveis do escritório de Sasuke na filial brasileira.

— Dá ultima vez que eu vim aqui tinham garrafas de chá e café. – Sasuke falou antes de puxar a cadeira de couro preta e se sentou focando seus olhos escuros no monitor do computador por um momento. – E uns biscoitos ótimos. – Puxou o telefone do gancho e digitou um número enquanto eu me sentava em uma das cadeiras brancas. – Bom dia Louise, tudo bem? Pode vir até aqui por um momento? Ok, obrigado. - E então encerrou a ligação.

— Quem é Louise?

— A secretária da presidência. – Respondeu Sasuke com os olhos fixos no monitor novamente, seus dedos deslizaram pelo teclado habilmente. – Ela que cuida da nossa agenda quando estamos aqui e é a responsável por entrar em contato com o meu pai quando alguém necessita contatá-lo.

— Ela deve ter grandes responsabilidades. – Murmurei pensativa e acabei tirando um dos meus pés de dentro do sapato e cruzei minhas pernas. – O que você está vendo ai? – Franzi o cenho ao ver que Sasuke estava contendo o riso.

— Bom, nós somos manchete. – Respondeu-me Sasuke antes de virar o monitor para que eu pudesse ver uma matéria com algumas fotos nossas de ontem. – Te chamaram de exótica. – Disse ele me lançando um sorrisinho pretensioso.

— Solteiro cobiçado? – Arqueei uma sobrancelha e ele riu. – Disso eu não sabia.

— Várias me querendo e eu correndo atrás de você. – Sasuke segurou minha mão que estava sobre a mão e entrelaçou nossos dedos. – Isso só pode ser amor. – Revirei os olhos e tratei de ler a matéria.

Presente na lista de solteiros cobiçados desde a época em que era um adolescente, Sasuke Uchiha, 25 anos, filho de Fugaku Uchiha e herdeiro do império automobilístico Uchiha, garantiu presença em um dos eventos organizados pela empresa de sua família na noite de ontem (16).

Sasuke chegou ao local acompanhado de seu irmão Itachi Uchiha, 29 anos e ambos pouparam-se de realizar declarações para a imprensa.

 Estavam desacompanhados para o delírio da população feminina e limitaram-se a posar para os fotógrafos por breves momentos antes de irem agraciar seus convidados com suas ilustres presenças.

Devemos dar ênfase no fato de que Sasuke chegou à festa com a companhia de seu irmão mais velho e saiu de lá acompanhado de Sakura Haruno, 25 anos, dona de uma beleza exótica e cabelos rosados róseos que permaneceu ao seu lado durante todo o evento.

As fotos abaixo sugerem que Sasuke e Sakura são bem íntimos, com direito a sussurros próximos ao ouvido, sorrisos trocados, dedos entrelaçados e a danças lentas com os corpos colados um no outro.

Vale lembrar que eles já foram vistos juntos em festas organizadas no território brasileiro e que possuem muitos amigos em comum.

Teria Sakura Haruno capturado o coração de Sasuke Uchiha?

— Eu acho que foi ao contrário. – Falei endireitando minha postura e olhei para minha mão que ainda estava enlaçada à de Sasuke. – Desde quando você lê sites de fofoca?

— Desde que Lily ligou para Itachi aos berros após ver essa noticia. – Sasuke esclareceu e ao ver minha expressão confusa tratou de continuar. – Tem muito mais de onde essas saíram.

— Uma pra mim já é o suficiente.

Sasuke iria continuar o assunto quando ouvimos batidas na porta. Desvencilhei minha mão da dele à tempo de ver uma mulher entrando na sala. O cabelo dela era castanho claro, os olhos escuros como chocolate e o item mais forte de sua maquiagem era o batom vinho; usava uma calça social boca de sino cinza, uma blusa branca soltinha e saltos pretos.

— Com licença senhor Uchiha, senhorita. – Ela me cumprimentou com um breve aceno de cabeça e eu tratei de colocar meu salto antes de me levantar. – Deseja algo?

— Louise Henks, essa é Sakura Haruno, minha namorada. – Sasuke deu a volta na mesa e Louise estendeu a mão para mim enquanto sorria para mim educadamente. – Sakura, essa é Louise.

— Prazer em te conhecer, Louise. – Falei retribuindo o sorriso que ela me oferecia.

— O prazer é todo meu, senhorita.

— Sakura ficará aqui no escritório enquanto eu estiver em reunião. – Sasuke avisou seriamente e ela aquiesceu brevemente. – Você pode ajudá-la caso ela precise, por favor, Louise?

— Não hesite em me chamar caso precise, senhorita Haruno. – Louise falou diretamente para mim e eu tenho que enfatizar o quanto gostei dela. – Devo pedir que tragam as garrafas com chá e café?

— Por favor. – Sasuke sorriu para ela de maneira gentil. – Consegue mais daqueles biscoitos? – Perguntou incerto.

— Com certeza senhor. – Afirmou Louise rindo levemente. – Precisa de mais alguma coisa? – Ela olhou para Sasuke e em seguida para mim.

— Não, obrigado. – Sasuke disse antes que eu respondesse. – Pode se retirar, Louise.

— Não hesite em me chamar caso precise, senhorita Haruno. – Enfatizou a mulher mais uma vez e eu aquiesci encantada com a áurea positiva que ela tinha. – Vou pedir que providenciem o que o senhor pediu, com licença.

Louise se retirou da sala de maneira silenciosa e fechou a porta ao sair. Eu só conseguia olhar para a porta e foi impossível não compará-la com a secretária de peitos falsos e atirada que Sasuke tinha.

— Podemos levar Louise e enviar a senhorita Parkinson para cá? – Olhei para Sasuke da maneira mais pidona que eu consegui e consegui arrancar uma boa gargalhada dele. – Eu gostei dela!

Sasuke enlaçou os braços e minha cintura e beijou minha testa de maneira terna. Fechei meus olhos apreciando a sensação de seus lábios frios e permaneci assim enquanto ele acariciava minha cintura. 

Eu finalmente podia apreciar as tão famosas borboletas que realizavam uma verdadeira festa em meu estômago. 

Sentia meus dedos tremeram levemente e um nervosismo sutil junto do receio de fazer algo errado.

Louise surgiu algum tempo depois, junto de duas moças uniformizadas que eram responsáveis pela copa. Ela carregava uma  jarra de água, enquanto as outras  dividiam-se entre carregar as garrafas  de chá, café, os xícaras; uma delas retornou para trazer um pote com biscoitos.

Sasuke permaneceu comigo por pouco tempo  após isso, Louise teve que alertá-lo sobre o horário da reunião para que ele não se atrasasse e o tempo que se seguiu depois disso  foi completamente entediante.

Aproveitei para checar meus emails e ler sobre os apontamentos de Hinata sobre o capítulo que eu tinha lhe enviado antes de viajar. Eu gostava de ter a opinião dela, mesmo que tivesse a opção de deixar que os reparos do livro fossem feitos quando eu terminasse de escrever o mesmo. 

Logo eu estava com meu celular em mãos, buscando qualquer coisa que pudesse me distrair. Respondi as mensagens de Ino e ouvi os áudios que ela me enviou aos risos. Ela queria mais detalhes do que eu estava disposta a dar e me ameaçava a cada minuto. 

Coloquei a mão sobre minha boca para conter a crise de risos que eu estava tendo. 

Já conseguia prever a dor de cabeça que eu teria nos próximos dias, mas estava satisfeita. 

Sasuke era meu namorado. 

Meu. 

De mais ninguém. 

Eu posso me acostumar facilmente com isso. 

Posso sim. 

Com um sorriso satisfeito, regulei a cadeira de couro inclinando-a um pouco para trás e após girar algumas vezes rindo sozinha todas as vezes em que quase caí, decidi que não usar o computador seria uma blasfêmia.

Ele estava ali para ser usado, não é?

Os meus pés produziram barulho quando eu corri como uma criança que estava aprontando até o interruptor e desliguei as luzes, poderia fechar as cortinas, mas apenas corri para a cadeira e após girar mais uma vez (e quase quebrá-la, vale ressaltar), corri até um site de filmes online e coloquei um seriado americano que vivia reprisando, um dos meus favoritos também.

Já tinha visto três episódios quando o telefone que estava no canto da mesa tocou. Uma luzinha vermelha piscou e eu me inclinei para tentar identificar o numero e como não fazia ideia de quem era, ignorei a chamada.

Na metade do quarto episódio, o barulho estridente do telefone me assustou. Estiquei meu braço e tirei totalmente o volume do aparelho, aproveitei também para colocar um post it sobre a luz vermelha que insistia em ficar piscando.  Não melhorou muita coisa, mas ao menos eu não estava me assustando.

No começo do quinto episódio, me levantei para ir ao banheiro e aproveitei para tomar um pouco de chá e comer alguns dos biscoitos que Sasuke tinha comentado. Eles não eram enjoativos, embora tivessem uma textura suave e desmanchassem em minha boca.

Iria comer o terceiro quando ouvi batidas na porta. Louise a abriu timidamente após pedir licença. Tentei manter minha dignidade, embora estivesse com o cabelo bagunçado e descalça.

— Algum problema com as luzes? – Perguntou ela preocupada e caminhou até o interruptor, franzindo o cenho ao ver que as luzes estavam em perfeito funcionamento.

— Não, estão ótimas. – Respondi dando um sorriso amarelo e passei a mão pelo meu cabelo tentando ajeitá-lo da melhor forma possível. – Aconteceu alguma coisa?

— A senhora Uchiha está no telefone e insiste em conversar com a senhorita. – Disse Louise prontamente. – Posso transferir a ligação?

— Claro! – Pensei nas mensagens que Lily estava me mandando há pouco e imaginei o quão irritada ela devia estar por não obter resposta nenhuma. – Obrigada, Louise!

— Disponha, senhorita. – Louise falou dando um sorriso. Sério, eu faria de tudo para levá-la conosco pra o Brasil. – Com licença. – Ela ficou indecisa entre deixar as luzes acesas ou apagá-las e por fim decidiu apenas sair da sala, fechando a porta atrás de si.

Caminhei até a mesa, tirei o post it do telefone, atendendo a chamada que tinha sido transferida por Louise. Sentei-me na cadeira e a puxei para mais perto da mesa, pressionando o fone contra o meu ouvindo enquanto puxava um papel e uma caneta para rabiscar enquanto falava com Lily.

— Diga o que quer, Lily. – Estranhei ao ouvir uma risada baixa. – Lily?

— Oh não, Sakura Haruno, não sou a Lily. — A voz da mulher era repleta de diversão, eu nunca sequer tinha a ouvido antes. — Meu nome é Mikoto Uchiha.— Meu queixo caiu e meus olhos vagaram para o quadro onde a matriarca dos Uchihas estava.  Um nervosismo esquisito apoderou-se de mim. — Como você está?

COMO ELA SABE MEU NOME?!

— E-Estou bem. – A mãe do Sasuke. Céus. – E a senhora?

— Estou ótima, aproveitando as férias no Hawaii.— Disse ela tranquilamente. Eu tinha certeza de que Mikoto havia percebido a mudança drástica em meu tom de voz. — Como está meu filho? Espero que esteja cuidado bem dele.

— Ele está ótimo, senhora Uchiha. – Respondi rápido demais.  Como ela descobriu que eu estava na empresa? Merda. Passei a mão por meu cabelo em um gesto nervoso e endireitei minha postura.

— Me chame somente de Mikoto, querida.— Mikoto continuava mantendo um tom de voz informal. — Aliás, há algo que eu preciso lhe dizer, Sakura.

— O que? – Se eu não tivesse pressionando o telefone com tanta força, Mikoto não teria ouvido meu sussurro. Por experiência própria, eu sabia que essa era uma das frases que antecediam algo nada bom.

— Sasuke é meu filho caçula e nós sempre compartilhamos a maioria das coisas.— Começou Mikoto suavemente. Engoli em seco e prendi a respiração inconscientemente. — Eu não me lembro dele sequer ter mencionado a possibilidade de um namoro.— A voz dela estava ficando cada vez mais séria. — E me espanta receber esse tipo de noticia tão pessoal que deveria ser comunicada primeiramente à família, pela assessora de imagem da empresa Uchiha.

— Senhora, eu...

— Mikoto.

— Mikoto, desculpe. Eu... É uma longa história. – Murmurei totalmente atrapalhada. As palavras tinham fugido e a mesma sensação de vergonha que tinha me assombrado quando um garotinho da minha turma na terceira série levantou minha saia retornou. – Sasuke e eu...

— Eu entendo que seja uma longa história, querida.— O tom de voz suave voltou a fala de Mikoto quando ela me interrompeu. — Por isso estou ligando, mas não se preocupe, não precisa me dizer nada agora. — Me permiti dar um suspiro aliviado. – Vamos marcar um almoço em família quando eu e meu marido retornarmos para casa. Temos muito o que conversar.

— Almoço em família? – Senti como se um balde de gelo tivesse sido jogado em minhas costas. – Me parece uma ótima ideia! – Tentei transparecer uma segurança que eu não tinha.

— Ótimo!— Mikoto concordou animada e eu tenho certeza de que minha expressão refletia o pavor que eu sentia. — Nos vemos daqui há algumas semanas. Temos muito o que conversar, Sakura Haruno.— Um arrepio percorreu minha coluna e eu desviei os olhos da fotografia da família Uchiha. – Quero saber exatamente quem é a mulher que arrebatou o coração do meu filho.