And I don't care, go on and tear me apart
I don't care if you do

A Sky Full Of Stars, Coldplay

POV Bella:

Sentei ao seu lado e ele sorriu. Tinha um jeito de sorrir de lado, como se quisesse esconder alguma falha nos dentes, embora não tivesse nenhuma, via-se quando ria inteiro, o que era raro. Ele sorriu, então um dos cantos da boca ergueu-se fazendo subir também uma das sobrancelhas, enquanto o olho quase fechava, embora brilhasse mais intenso assim, por entre as pálpebras meio inchadas, quase invisível. Tinha um pouco de criança quando sorria desse jeito. E de demônio. Demônio astuto.

Ouvi a voz do professor chamando minha atenção para prestar atenção na aula, interrompendo a avaliação que fazia. Me senti envergonhada ao ver a sala olhando para mim e me encolhi na cadeira, querendo me tornar invisível. E pensei que o garoto do meu lado ainda continuava sustentando aquele sorriso, que fazia ele conseguir o que quisesse.

(...)

Bom, agora ele sustentava aquele sorriso para outra pessoa. Para Tânia, é claro. Estava sentada numa mesa no refeitório, sozinha olhando para o casal maravilha. O Edward não se sentia nem um pouco mal por estar com ela? Enquanto eu estava aqui sozinha. Mas quem eu era para exigir algo? Eu aceitei isso, não é? Não podia exigir nada dele.

Eles estavam de mãos dadas, sorrindo como cúmplices, sussurrando segredos. E claro que eu queria estar no lugar dela.

Eu precisava de uma amiga agora. Mas eu não tenho ninguém. Tenho a Alice, mas ela tem outros amigos e deve estar com eles agora. Não podia perseguir Ally por onde quer que ela fosse, não queria ser chata.

Desviei meus olhos do casal e fitei o relógio na parede, ansiosa para o sinal tocar. Faltava alguns minutos.

Resolvi esperar na biblioteca, porque se ficasse mais um minuto perto deles, eu vomitaria.

POV Edward:

Seu toque não era mais quente. Seus braços se tornaram desconhecidos e o sorriso dela, não surtia mais o mesmo efeito que antes.

– No que você está pensando? - sorriu para mim. Era linda. Talvez a mais bela dessa cidadezinha. Claro. Mas não era a Bella.

– Nada importante. - falei, olhando para nossas mãos que estavam desajeitadamente entrelaçadas. - Não estou pensando em nada que você não saiba.

– Hm - murmurou, ainda não convencida. - Então qual é o problema? Você não está bem, Eddie. - falou - Acima de tudo, eu sou sua amiga, lembra-se?

O problema era que... Eu estava com a garota errada. Enquanto a garota certa está me olhando, pensando besteiras e com certeza, eu estou a machucando. Estou quebrando-a, de novo.

– Obrigado, Tânia. Mas... - eu hesitei e sorri, sem jeito - Não estou pronto para me abrir.

– Tudo bem. Eu sempre vou estar aqui para você, Eddie - seus olhos estavam sinceros. - Eu amo você.

– Eu sei disso - não consegui repetir as mesmas palavras, porque eu sabia que era mentira. E não aguento colocar mais uma mentira na cabeça da Tânia.

Ela sorriu e se aproximou, depositando um cálido beijo nos meus lábios. Depois saiu, sem dizer mais nada, indo para sei lá onde. Mas não me importava com isso. Pelo menos não mais.

Olhei em volta, tentando achar a Bella em algum lugar. E ela tinha fugido e se escondido em algum lugar. Fiquei triste ao perceber isso. Apoiei minha mão no meu rosto, pensando no que fazer com a minha vida.

Tocou o sinal e eu voltei preguiçosamente para a sala. E lá estava ela. Distraída. Seus cabelos escondiam seu rosto e parecia estar rabiscando algo.

Sentei no meu lugar, ao seu lado. Ela não me olhou, mas eu sabia que ela sabia que eu estava aqui do seu lado. Mas ela não se mexeu. Não fez nada. Eu sabia que estava chateada. E eu me culpava por isso. Só não sabia se ela sabia que eu me preocupava muito com ela. Que odiava vê-la assim. E odiava muito mais quando sabia que ela ficava chateada por minha culpa.

– Desculpe-me - era a única coisa que podia dizer no momento.

Ela me fitou cuidadosamente. Não demorou para eu encontrar tristeza naqueles olhos.

Droga.

O que eu estava fazendo comigo? O que eu estava fazendo com ela?

Eu estava nos matando.

Nos destruindo.

– Desculpas pelo quê?

– Por ser um idiota. Me desculpe, Bella. Eu sei que está chateada.

Ela sorriu, me surpreendendo.

– Eu te amo, Edward. Só isso. Tudo isso. É simples, sem enrolação, sem respostas complexas e filosóficas: Só te amo. E te amar já basta. E te amar me revigora e me dá forças pra aguentar o resto, para aguentar isso.

Eu nunca iria me esquecer daquele momento, pois foi a primeira vez que a Bella não hesitou em dizer que me amava.