Secrets I have held in my heart

Are harder to hide than I thought

Maybe I just wanna be yours

– I Wanna Be Yours, Artic Monkeys

POV Edward:

Acordei sentindo a falta do corpo da Tânia contra o meu. Abri meus olhos devagar, tentando esvair o sono. Não demorou para encontrá-la no pé da cama, calçando sua bota de salto.

– Tânia...?- chamei de imediato.

Ela buscou meus olhos abertos e sorriu.

– Desculpe, não queria te acordar.

– Não tinha problema, poderia ter me acordado - sorri - E eu amo ser acordado por você. - seus olhos azuis como o céu brilharam e fui premiado com um beijo vindo de seus lábios macios e carnudos. Era bom beijar a Tânia, mas beijar Bella... Para Edward! gritei comigo mesmo Eu no mesmo quarto que a garota mais bonita da escola, talvez dessa cidade, e pensando nos beijos de Isabella? Onde foi parar minha sanidade?!

– Eddie, preciso ir - suspirou e me beijou de novo, se levantando da cama.

– Quer que eu te leve até lá embaixo?

– Não precisa - respondeu - Volte a dormir, eu sei que você está cansado - disse como sempre preocupada e cuidando de mim.

Ela fechou a porta ao sair. Olhei pela grande janela ao lado da cama e percebi que já havia escurecido, a luz da lua tendo dificuldade em aparecer por causa das nuvens espessas.

Não evitei novamente meus pensamentos voarem longe para perto da garota de cabelos castanhos e cacheados. Pensei se ela estaria pensando em mim. Se estava bem... E eu queria abraçá-la tanto agora... Pensei em me punir por pensar uma coisa dessas, mas é a verdade. Eu quero abraçá-la e nunca mais soltá-la. Eu quero cuidar dela. Quero lhe dar segurança.

Mas ela tem razão. Eu tenho a Tânia.

POV Bella:

(...)

Eu não sei, não sei mesmo, como sobrevivi duas semanas longas e depressivas. São duas semanas desde daquela conversa que literalmente, acabou comigo. Foram as duas semanas mais perturbadoras da minha vida.

Eu me encontrava quase depressiva, morta metaforicamente falando. Eu não tinha ânimo para fazer nada, estava no modo automático. Eu acordava, me arrumava, ia para escola e tinha que ver como ele estava feliz com Tânia. E me perguntava se devia ter ido em frente com ele aquele dia no carro. Mas ia ser errado e odeio fazer coisas erradas. Ás vezes nossos olhares se encontravam, e ele colocava aquela máscara de frieza direcionado a mim. Eu rezava para as aulas acabarem e ia direto para casa, estudava, fazia a janta do Charlie e ia dormir chorando, porque é nessa hora do dia que mais penso nele. Toda noite antes de adormecer, me preparava emocionalmente e fisicamente para mais um dia de escola no dia seguinte.

Nossa, como dói. Dói ver que ele pode ficar bem sem mim, dói ver que ele seguiu em frente primeiro do que eu. É díficil. A cada dia que passa, seu namoro fica firme e forte e ... Eu me sinto tola. Mas melhor ser tola, do que ser amante. Eu não servia para isso. Eu queria alguém que fosse capaz de me amar, com todas as camadas de erros e defeitos das quais eu sou feita.

Hoje é o 15° dia sem um contanto direto com ele. Voltava para casa cansada e eu queria tomar remédio para dormir e apagar o Edward da minha cabeça por algumas horas. Hoje só foi mais um dia que eu implorava mentalmente que ele viesse falar comigo... Eu devo ter enxergado nele coisa que não existia, nem amizade havia. Eu me iludi ... E era tão difícil admitir isso.

Consegui chegar em casa segura, apesar da forte chuva. Sai do carro e entrei em casa as pressas, tentando não me molhar. Mas é claro que o ato foi em vão. Eu fiquei encharcada.

Abri a porta de casa e tomei um susto tão grande que quase gritei.

– Alice?!

– Bella, calma - tentou me acalmar, vendo meu evidente susto - Desculpe ter te assustado. E desculpe ter entrado assim.

– Como você entrou?

– A chave embaixo do carpete da frente - respondeu. Teria que achar outro esconderijo para aquela chave reserva.

Meu Deus! Eu nem tinha visto o carro dela estacionado lá fora! Talvez minha correria em me manter o mais seca possível tenha me impedido de prestar atenção a esse detalhe.

– Eu só invadi sua casa, porque precisamos conversar. - explicou - Bella, você está estranha. Não está bem. E as olheiras abaixo dos seus olhos explicam que o motivo da sua insônia tem nome e sobrenome, não é? E desde daquele dia na festa, você não quer falar sobre o Edward...- eu estremeci ao ouvir aquele nome - Por quê?

– Ficar sem falar sobre ele, é mais fácil para mim esquecê-lo.

– Esquecer?! - perguntou - Por quê? - suspirei antes de respondê-la. Não era fácil para mim falar sobre meus sentimentos confusos, Odiava ter que me abrir, pra qualquer um que fosse.

– Porque ele me beijou - disse sem me exaltar. Tirei meu casaco e virei as costas indo à lavanderia, para deixá-lo secar. Estava com uma camisa de manga longa, colada ao corpo e a minha calça jeans que estava um pouco úmida.

– Edward fez o que?!

– Me beijou, Alice - repeti claramente e dei de ombros. Pendurei meu casaco e voltei para a cozinha, sentando numa cadeira. Ally sentou-se na minha frente.

– Só isso?

– Não - respondi - Edward também me beijou a duas semanas atrás.

– E depois? - insistiu. Ela sempre insistia.

– Nós discutimos. Quer dizer, eu discuti com ele. Ele só ficou me olhando com cara de idiota - senti a raiva voltar ao me lembrar da cena patética. O silêncio dele havia doído mais do que qualquer palavra dita. Eu queria que ele dissesse qualquer coisa, menos que ficasse em silêncio.

Alice olhou bem para mim como se tivesse encontrado algo. Como se tivesse encontrado minha dor.

– Tem mais, não tem?

Assenti em silêncio.

– Então me conte! - pediu.

– Eu não quero chorar - sussurrei, mas foi o suficiente para ela ouvir.

– Como assim?

– Se eu te contar, eu vou chorar e...Eu não quero - olhei dentro dos grandes olhos verde da Alice.

– Bella, às vezes chorar faz bem, querida...- estendeu sua mão sobre a mesa e segurou minha mão fria.

– Alice, eu não gosto de chorar. As lágrimas me deixam fraca. As lágrimas vem e eu me lembro do motivo delas. - expliquei - Com certeza vou chorar contando a história completa para você, e essa é a ultima coisa que eu quero. Não quero que me veja chorando.

Alice me olhou hesitante por alguns segundos, apreensiva e depois disse:

– Eu vou matar o Edward!

– Ele não tem culpa se ama a Tânia...

– Mas ele tem culpa de ter te deixado assim! - falou enfurecida- Pera ai, ele te disse que ama a Tânia?

Assenti novamente em silêncio.

– Definitivamente, vou matá-lo. - falou convicta.