A Patricinha e o Lobisomem escrita por elizabeth beans


Capítulo 9
Capítulo 8 - Inesperado


Notas iniciais do capítulo

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 INESPERADO

   

P.O.V. da Kim

  

  • Jared, você vai acordar os meus... pais... AMOR... - eu tentava tirar o meu, lindo, sexy e perfeito namorado de cima de mim sem convicção suficiente para que ele realmente saísse.

     

    É claro que não ajudava muito o jeito que ele estava, todos aqueles músculos com os quais eu já devia ter me acostumado, expostos sem pudor.

     

  • Só mais um pouquinho... vai Kimyzinha... - ele me olhava com aqueles olhos pidões de cachorro sem dono. Mas esse tinha dona, ah se tinha!

     

  • Não, não... - eu tentei muito não sorrir e me arrepiar quando as mãos quentes dele foram pra debaixo do meu pijama e falhei miseravelmente, claro.

     

  • Não, Jared, é serio. - eu consegui forças pra empurra-lo falando mais seria dessa vez.

     

  • Ah, eu não vejo a hora de me casar logo com você! - ele jogou os braços pra cima, deixando a cama e me olhando exasperado. - Aí eu não vou precisar ficar me esgueirando como um ladrão na sua janela toda noite pra ter o que é MEU. - ele disse sério, olhando nos meus olhos e me derretendo igual manteiga no sol; ele QUASE me convencia. E ele não era nenhum pouco possessivo, que isso!

     

  • A faculdade primeiro amor, a faculdade primeiro. - eu o reprimi e ele torceu sua expressão e quase fez uma careta, mas aí ele me encarou nos olhos outra vez e a careta sumiu pra dar lugar àquele olhar que eu sabia ser só pra mim. Um olhar de um servo ao seu Deus. Avançou até mim e me deu um ultimo beijo antes de pular minha janela e cair já como lobo.

     

    Ele nem trazia mais a bermuda e era por essa e por outras que eu tinha de controla-lo e fazer ele voltar a realidade de que eu ainda estava no colégio e ainda morava com os meus pais. Mas sabe, eu amava tanto aquele garoto-lobo que não chegava a me importar com essa vida bandida que agente levava. Era até exitante, pra falar a verdade.

     

    Eu nunca fui a garota descolada da escola e nunca fui a que se meteu em encrencas e arranjou documentos falsos pra sair de noite; com Jared eu extravasava todas as minhas faces e isso me fazia bem. Totalmente sem repressão. Estava mais segura com ele do que estive no útero da minha mãe, com certeza, confiava minha vida à ele de olhos fechados.

     

    O IMPRINTING é uma pista de duas mãos, com certeza. Eu sabia, Emily sabia, Rachel sabia e acho que até a pequena Claire, poderia imaginar ao seu próprio jeito.

 

Hoje, no entanto, eu precisava deixar a minha mente vagar pra outro ponto que não fosse o único amor da minha vida, e por mais difícil que fosse, eu deveria fazer um esforço porque eu tinha uma tarefa muito importante à cumprir; a organização da festa de despedida de solteiro da Emily, a primeira de nós a se amarrar OFICIALMENTE.

 

A irmã dela, Kelly, mãe da Claire, era a madrinha; mas só viria na véspera do casamento então não podia se encarregar de nada. Leah era a dama de honra mór e eu era como uma segunda dama de honra, mas como Leah não estava nem um pouco inclinada a trabalhar por isso e depois da pegação dela com o Embry, seria um grande feito se ela vestisse um vestido por algumas horas pra comparecer à cerimonia, caiu tudo em cima de mim, a Kim, “ pau pra toda obra”.

Eu não poderia deixar que Emily se reunisse com algumas seis garotas e visse um filme clichê na TV, então, eu iria à luta. Sam era o melhor amigo de Jared e Emily sempre havia me tratado muito bem e me ajudado muito com essa coisa do IMPRINTING. Eu tinha mesmo que fazer alguma coisa boa, e eu sabia que precisaria de ajuda.

 

Ia ligar pra Rachel e ver se ela me ajudava, com certeza por já ter ido a faculdade, ela conhecia mais sobre festas do que eu. Ela com certeza não se oporia ao programa se Paul tivesse deixado ela dormir a noite; porque esses garotos não precisam de muito descanso e aí acham que agente também não precisa, somos meras humanas, eles tem que tomar ciência disso.

 

Não que eu estivesse realmente fazendo uma queixa, e duvido que a Rach se queixe também, mas esse é o espirito, quando você precisa estar plenamente descansada pra organizar toda uma despedida de solteiro do nada.

Me lembrei da tal Amelie, talvez ela tivesse ainda mais idéias do que a Rach, afinal, ela veio lá da Califórnia e pelo que o Jared disse ela teve problemas por ser festeira e por isso a trouxeram pra cá, o Sam contou a ele na ronda. Ela foi simpática o suficiente na festa pra que eu cogitasse ligar pra ela e pedir umas dicas, que fosse. È, talvez eu ligasse mesmo.

 

E do jeito que ela estava recusando o Jacob, ELA com certeza dormiu bem a noite.

 

 

Amelie P.O.V.

 

Eu amo o Tio Oliver, ai, eu AMO, AMO, AMO, o Tio Oliver. Ele é minha alma gemia nesse mundo. Ele é fantástico e perfeito e pelo que parece é a única pessoa da minha família desnaturada que lembra que eu existo.

 

Claro que quando eu vi aquelas orquídeas eu soube de quem era o presente, ele sempre manda orquídeas pra mim, desde quando eu era pequena demais pra aprecia-las. Na caixa o que eu encontrei? Simplesmente um casaco-sobretudo de pele de chinchila tão sem palavras de incrível que me veio lagrimas aos olhos. Aquilo devia ter custado mais que o preço de um carro popular.

 

Foi quando eu percebi que aquele não era bem o presente, Tio Oliver deve te-lo mandado só por saber que Washington congela literalmente, porque aninhado naquela pela maravilhosa pele, estava uma caixa de veludo preta, de uns 15 por 15 centímetros e eu tive que controlar a minha respiração ofegante enquanto abria e via a seda preta e o brasão da DeBeers antes de olhar lá dentro e dar de cara com um colar sem palavras de perfeição. Um rubi gigantesco em forma de coração era sustentado por brilhantes e fios de ouro branco em uma corrente. Era tão, tão, tão Oliver.

 

Acho que eu já disso que amo o meu tio, não é? TALVEZ EU DEVESSE BERRAR ISSO!!!

 

Peguei o cartão e lá estava aquele papel de pergaminho caro e fino e aquela caligrafia perfeita que parecia ter sido aprendida em outro seculo.

 

 

Para a minha garotinha, com os votos de que esteja bem e feliz, do seu eterno escravo.

Oliver

 

Coloquei o casaco na hora e fui correndo até a Marta para que ela pusesse o colar em mim. Eu sei que parecia ter dois anos pulando e rindo daquele jeito mas alguem ainda se lembrava de mim, alguem ainda me amava, minha família não tinha me abandonado, pelo menos não o meu DINDO. Eu precisava escrever pra ele agradecendo, não, melhor, ligar pra ele. Ah, como eu queria vê-lo. Ah, como eu sentia sua falta.

 

 

Jacob P.O.V.

 

Mily tinha esquecido o cachecol comigo, não sei exatamente quando ela o enrolou no acelerador da moto, mais tudo bem. Me senti tentado em ficar com ele, tinha o cheiro dela impregnado como uma fonte permanente de alucinações pra mim. Mas ai pensei que talvez ela precisasse, ela sentia frio longe de mim, e aí eu estava voltando pra devolver.

Toquei a campainha e esperei só um pouco. Ela mesma veio abrir a porta. Tinha um brilho infantil e alucinante nos olhos e sorriu pra mim como se nada pudesse apagar seu sorriso.

E então aquele cheiro me invadiu, me curvei pra frente e varri todo o meu campo de visão atrás do sanguessuga nojento. O que parecia impossível aconteceu, ela congelou o riso em uma careta. Eu passei ela pra traz de mim, protetoralmente. Ela estava lá congelada enquanto eu me dividia entre a vontade de entrar em fase e de protege-la, esperando o melhor momento pra fazer as duas coisas juntas.

 

  • Jake, me solta. - ela finalmente conseguiu protestar.

  • Tem alguem na casa. - eu sibilei ainda em alerta.

  • Claro idiota, eu e Marta estamos na casa, e agora você tam...

 

Eu a calei com um olhar de repreensão, ela arregalou os olhos verdadeiramente assustada agora, mais que antes.

 

  • Ai. - ela choramingou, tentando se livrar do meu aperto em seu pulso.

 

Larguei ela imediatamente antes que a machucasse e aí ela passou por mim cambaleando e eu finalmente entendi quando a vi de fato. Ela estava vestindo um longo casaco de pele e o cheiro intenso de vampiro vinha diretamente dali. Não estávamos sobre ataque. Relaxei um pouco e voltei a uma posição normal. Meu senho ainda franzido e meu punho ainda esmagava a palama da minha mão. Ela tinha umas coisas pra me explicar.

 

  • O que é isso? - praticamente rosnei para o casaco, aquilo era muito estranho.

  • É um casaco de pele, imbecil! O que achou que fosse? Um animal de verdade? - ela me olhava sentida.

  • Onde conseguiu isso? - continuei sendo objetivo, aquilo era serio, não tinha tempo pra ser educado e ter frescuras.

  • Eu não “consegui” nada, o que acha que EU SOU? Tá sugerindo que...

  • Você entendeu! - eu cocei a nuca impaciente e tentei baixar o tom de voz a muito custo.

  • Meu tio mandou pra mim de Natal. - Ela empinou o nariz toda altiva.

  • Que tio é esse? - aquilo cheirava cada vez pior, e eu não tava falando do casaco que agora eu percebia que tinha um rastro não tão fresco. O vampiro que pegou nele deve ter tocado a pele a uns bons dias.

  • Olha, Black, eu não te devo nenhuma satisfação, você está me irritando, saia da minha casa! - ela cuspiu furiosa. Eu me ressenti quando ela me chamou pelo sobrenome, achei que já tínhamos pulado essa pagina.

  • Agora eu sou Balck de novo é? - perguntei deixando a amargura vazar pela minha voz.

 

Ela ficou muda e parou de me olhar com raiva.

 

  • Me diz aí, quem é esse seu tio? - eu tentei o máximo de diplomacia. Ela fez um beicinho mas parecia que ia ceder.

  • Ele não me deu só o casaco. - ela cantarolou feliz, voltando a alegria de antes do meu pequeno lapso em reação ao cheiro de sanguessuga. Percebi que ela estufava os seios fartos e vi o que ela exibia. Era um rubi em forma de coração, quase do tamanho do punho da Claire.

  • E... - eu incentivei.

  • Ele é meu padrinho. Tio Oliver. - ela falou com uma adoração que me irritou profundamente.

 

 

Amelie P.O.V.

 

Desde o inicio eu achei o Jake, ESTRANHO, mas tudo bem porque nós NÃO nos conhecemos nas ocasiões mais NORMAIS e em metade delas eu não estava em meu juízo perfeito. Tudo bem né, MAS O QUE TINHA SIDO TUDO AQUILO? E que interesse doentio era esse pelo meu tio?

 

Ele pareceu verdadeiramente perturbado e eu tive medo dele, eu tive PAVOR da expressão que ele fez quando praticamente esmagou o meu pulso.

 

Eu, burra, tinha ficado toda feliz quando vi ele lá na porta, o meu mundo parecia completo com meu casaco, meu novo colar e aquele homem lindo olhando pra mim, e aí, toda aquela pasmaceira acontece.

Francamente, eu estou mesmo num fim de mundo coexistindo com SELVAGENS.

 

  • Olha, Black, eu não te devo nenhuma satisfação, você está me irritando, saia da minha casa! - eu fui bem direta, se era pra ele começar a me ofender e ser tão estupido comigo, eu não precisava daquilo.

     

  • Agora eu sou Black de novo é? - ele saiu daquela posição bizarra e meio curvada que ele tinha estado todo o tempo e seus olhos eram tristes e limpos. Os mesmos olhos que me olharam no penhasco. Eu não consegui destrata-lo mais.

 

  • Me diz aí, quem é esse seu tio? - pelo menos ele tava sendo normal de novo. Não achei que tivesse problemas falar sobre o Tio Oliver, afinal, ele era meu DINDO e fazia parte da minha vida e já que Jake agora estava sendo meu “amigo” poderia saber sobre isso.

     

  • Ele não me deu só o casaco. - me gabei sem me conter. A alegria dos meus presentes me tomando de novo, a alegria de ser amada e aceita.

     

  • e... - ele deu de ombros. Idiota, não tinha classe o suficiente pra perceber o quanto eram preciosos.

 

  • Ele é meu padrinho. Tio Oliver. - disse, simplesmente. Ele franziu um pouco mais a testa e eu mandei um olhar de aviso pra ele. Não era seguro falar nada de mal do meu DINDO perto de mim. Eu o defenderia com unhas e dentes.

 

- Quem costuma fazer esse tipo de compras pro seu tio? - ele perguntou profissional demais.

 

Eu sorri presunçosa. Eu sabia bem essa resposta e ela era meu orgulho pessoal.

 

- O dindo nunca deixa que outros comprem os meus presentes, ele os envia pela mão de alguem mas ele mesmo os escolhe pessoalmente, desde que eu nasci.

 

- Quantos anos seu padrinho tem? - ele se sentou no sofá e eu fui me sentar na poltrona envolvida na minha pele de chinchila mais que perfeita.

 

- Não sei, uns 35 anos, eu acho... - dei um sorriso me lembrando dele, tão lindo o meu Dindo, parecia um deus com seus cabelos louro-mel cortados bem curtos e seus olhos castanhos escuros e perspicazes. A pessoa que mais me entendia em todo o mundo -

 

- Ele nunca parece mais velho, é sempre elegante e distinto, mesmo que tivesse uns 50 anos eu duvido que ele aparentasse essa idade. - eu falei com sinceridade. Jacob parecia ter levado um tapa na cara. Esse garoto era doido de verdade, coitado. Precisava de uma ajuda.

 

- O seu Tio é bem pálido, as vezes ele tem olheiras arroxeadas em volta dos olhos e o aperto de mão dele é sempre frio? - ele me perguntou assim na lata.

 

- Como você sabe disso? - eu olhei pra ele incrédula. Eu hein!

 

- FUCK*** GOD, que PO**** ...

 

- Ei, não fale palavrões, é vulgar!- ele me desconcentrou totalmente quando levantou de um salto do sofá e começou a chiangar todos os nomes feios que conhecia.

 

O telefone tocou e eu não dei atenção porque ele tinha que me responder como é que ele conhecia o meu tio, de onde e de que jeito, mas aí a Marta, inútil, gritou que era pra mim atender e eu fui batendo o pé enquanto o infeliz do Jacob ficava me olhando com uma expressão mais estranha do que todo esse episodio estranho.

 

 

Jacob P.O.V.

 

Eu ainda tava lá parado igual a um poste sem que o neurônio Tico conseguisse assimilar o que o Teco tinha descoberto. PUTA QUE PARIU! O padrinho dela era uma sanguessuga?

 

Eu sabia que isso era serio, que tinha que sair dali e ir até o Sam contar tudo e tal, porque vai saber se ele aparece por aqui? Não podemos deixar vampiros entrarem em La Push. Mas minha mente não estava trabalhando por esse lado. Não mesmo.

 

Qual é o problema do meu coração? Porque ele tem uma agulha de bussola apontada pra toda garota “propriedade” de vampiros? Agora eu vou ter que lutar contra o amor de um “dindo”, é isso? Um idiota que ela parece idolatrar a vida inteira! Um PARASIRA idiota, uma COISA que nem é humana e que fez os olhos dela brilharem daquele jeito enquanto ela falava dele. Tão especial pra ela, era palpável.

 

Se mata Jacob Black. Os deuses não gostam de você, cara.

 

O cachecol dela ainda tava dentro do meu bolso da jaqueta, tão inútil ali, me senti muito retardado vindo trazer isso pra ela agora. O parasita dela já tinha providenciado um quilometro de pele cara e de marca pra cobrir ela do frio. Ela tava exultante e nem lembrava dessa merrequinha de cachecol.

 

E aquele colar então, aquela pedra daquele tamanho deve custar mais do que todas as casas dessa reserva juntas; em forma de coração e ela nem devia achar aquilo anormal, um coração de rubi, uma jóia que só se dá a mulher que se ama, até eu que não entendo dessas coisas posso compreender isso!

Não é nada que se dê a uma SOBRINHA, claro que não é.

 

Como ela estava feliz; inocente das intenções dele ou não, ela estava radiante.

Acorda seu idiota, você nunca teria nada pra dar a ela, você não tem nem onde cair morto e ela não é a Bella, que vai achar um pingente de madeira bonitinho. Amelie ia rir da sua cara. E, por DEUS, eu não queria aquela garota rindo na minha cara. Eu me sentia um lixo agora.

 

Nem fiquei pra ouvir a conversa que ela tava tendo no telefone, tirei o cachecol e pus encima do braço do sofá, girei nos calcanhares e fui embora. Subi na moto, fiz isso lento demais, como se tivesse congelado ainda. Todo câmera lenta com mais essa pra digerir, a essa altura minha cabeça já tava pedindo pra ser batida numa arvore com muita força por ter me metido em mais uma encrenca com uma GAROTA.

Elas são uma praga, isso sim, alerta geral de perigo. Pior do que enfrentar um exercito de sanguessugas recém-criadas, e olha que eu já fiz isso.

 

  • Jake. - ouvi o grito dela vindo da porta. Não queria me virar, mas ia dar muito na cara, então me virei.

  • Não sabe se despedir não, Jacob? Eu devia te dar um míni curso de etiqueta. - ela vinha rindo pro meu lado. Com os olhos brilhando pra mim, tudo por causa do sanguessuga, nenhum pouco dessa alegria era por mim. Perigosa, isso que ela era.

  • Tanto faz. - respondi sem humor e vi que ela segurava o cachecol. Então meu pequeno rompante de cavalheirismo foi notado mesmo no meio de seus presentes tão brilhantes. Ela apertou os olhos me repreendendo por ter sido tão seco.

  • Como é mal humorado. - ela levantou as mãos pra cima exasperada, exalando bom-humor. Ah, Minha Mily! Epa, sua nada cara, se controla!

  • Er... tchau. - Não era isso que ela queria? Uma droga de despedida formal?

  • Sai dessa moto e vem aqui pra perto de mim, que eu não vou te abraçar aí. - ela exigiu.

    Eu realmente não devia, mas fui, porque? Talvez eu seja masoquista.

    Ela me abraçou e sussurrou um “obrigada” no meu ouvido que me fez arrepiar igual a uma donzela. Patético. Eu ainda tava com muita raiva. Ai ela segurou as mãos em minhas bochechas e fez eu olhar pra ela, aquilo me desarmou, porque ela olhava pra mim com o mesmo brilho nos olhos que ela tinha destinado ao sanguessuga, nem uma grama a menos de gratidão. e eu só tinha trago a droga do cachecol, nem dei nenhum diamante pra ela. Porque me olhava daquele jeito? Claro, que, não tô reclamando.

    Mily fechou os olhos e me deu um selinho, depois me empurrou pra moto me dando uma tentativa de soco no ombro, no maior estilo”e aí, mano”.

  • Me liga amanha. - ela ainda gritou. Nem precisava, eu escutaria se ela sussurrasse.

     

    Dei partida e acelerei. Ela faria de mim o que quisesse. Tive a leve impressão de que ela sabia disso.

 

 

 

 

Amelie P.O.V.

 

  • Alô. - falei seca e com raiva da Marta, por estar fazendo o trabalho dela.

  • Amelie? - uma voz fininha e muito tímida, engasgou do outro lado. Parecia que a grosseria do Black tava me atingindo, tentei manter um tom de pessoa educada, que sou.

  • É ela. Com quem eu falo? - ouvi um suspiro do outro lado, devo ter intimidado pra valer a pobre alma.

  • Aqui é a ... a Kim, não sei se você lembra de mim, nos conhecemos na casa dos Clearwater. - a garota falou ainda temerosa, decerto esperando que eu gritasse que nunca a tinha visto mais gorda na vida. Mas eu lembrava dela, era ela quem tinha sido amável comigo na festinha dos proletários. Eu não esqueço das pessoas que me são gentis, como já mencionado, eu tenho educação.

  • Claro que eu me lembro, como vai você, Kim? - eu perguntei sincera.

  • Ah, eu vou bem, obrigada por perguntar. - Isso Amelie, a garota já está melhor, você não estragou tudo definitivamente.

  • No que eu posso lhe ser útil, querida? - eu perguntei muito polidamente, olhando disfarçada para o lado pra ver o que o energúmeno estava fazendo.

 

Nem ouvi o que a kim disse depois disso, porque vi Jacob tirar o meu cachecol da jaqueta e colocar encima do braço do sofá todo amuado. Ele só veio aqui pra me trazer meu cachecol? Quanta GENTILEZA! Que bonitinho!!!!

 

ÔHHHHH! Eu até esqueci porque estava irada com ele e nem me lembro mais porque ele me deve explicações!

 

Mas ai ele começou a sair com a cabeça baixa e de fininho sem se despedir, parecia totalmente abatido. Claro, né, Mily, sua nojenta. Você só gritou com o garoto e ficou brigando com ele enquanto ele tentava lhe fazer um favor e ainda mais... ficou se exibindo com os presentes na frente dele como se tivesse dois anos de idade. Eu era uma IDIOTA!

 

Ele deve ter achado que eu tava esfregando na cara dele que ele era POBRE!!! Ah, meu Deus, DEUSINHO DO CÉU, que ele não tenha achado nada disso!!! POR FAVOR, POR FAVOR...

 

  • Kim, posso ligar pra você em cinco minutos, preciso correr... ?

  • Claro. - ela parecia entender.

     

    Coloquei o telefone no gancho e passei a mão no cachecol, fui saindo a tempo de pegar ele ainda ligando a moto. Estupida, estupida, mil vezes estupida.

     

  • Jake! - fui gritando sem nem olhar se tinha alguem por ali, pra ver eu pagando uma de barraqueira que se esgoela na rua. Isso estava temporariamente fora de questão.

    Quando ele virou tinha aquela mascara de impessoalidade nele, mas eu já sabia onde olhar, e eu fiz. Seus olhos estavam magoados, Mily BURRA, BURRA! Vô tentar descontrair né:

 

  • Não sabe se despedir não, Jacob? Eu devia te dar um míni curso de etiqueta. - falei rindo pra ele e me aproximando.

  • Tanto faz. - epa, não tá funcionando. Fiz uma careta com aquilo sem nem me controlar.

  • Como é mal humorado. - coloquei os braços pra cima e bufei pra ele ainda na politica de deixar as coisas leves. Não tava funcionando de novo. Caramba, que eu não conheço mais nada pra fazer numa situação assim.

  • Er... tchau. - ele falou, agora a magoa era mais presente. Não, não vai não, ohhhh Jesuis, eu devo dançar agora? Dançar eu sei, será que adianta?

  • Sai dessa moto e vem aqui pra perto de mim, que eu não vou te abraçar aí. - tentei sorrir e jogar algum charme, quem sabe né, eu não sou feia, sei disso. E ele me beijou daquela vez né, ele evitou me beijar hoje mas talvez eu ainda tenha esse efeito pra ele.

     

    Fiz minha melhor cara de conquista. Ele tava vindo até mim. Eba, tava funcionando.

    Mas ele ainda tava chateado, eu sentia no ar. Fiquei chateada também e minhas armas de paquera ruíram. Jake me abraçava de má vontade enquanto eu me joguei nele com tudo, os pés na pontinha, saiu um “obrigada” da minha boca sem que eu pudesse editar. Ele arrepiou? Serio? Ah, Mily, talvez você não tenha sido tão idiota, talvez ainda haja chances.

     

     

     

    Não resisti e peguei o rosto dele com as minhas mãos. Fechei meus olhos tendo que controlar cada milimetro de mim pra não agarra-lo, dei um selinho. Tá, isso já é demais.

    Desci os pés e me afastei, ele ainda tava lá me olhando com uma expressão curiosa mas sem magoas. Dei um soquinho nele, do tipo que os garotos dão nos amigos. Ele me olhou ainda mais curioso. Mas como não tava mais magoado eu achei que tinha feito bem em beija-lo.

  • Me liga amanha. - também saiu sem edição nenhuma, enquanto ele dava partida. Nossa ele naquela moro era tão sexy! UIA! Fica quieta Mily. Você não pode pensar isso garota.

 

Fiquei lá olhando ele virar a esquina lá longe, ai ai ai, eu não podia ta tão interessada nesse garoto, não podia mesmo. Eu nem lembrava de nada quando tava com ele, eu era quase uma ameba com ele, acho que meu Q.I. devia descer uns 100 pontos. Era como entrar em um modulo: sim, Jake, tudo o que você quiser. Eu tenho medo de mim. Desse novo eu, pelo menos, sabe, o fim do mundo meche com agente! AHHHHH, A Kim, coitada, que grosseria, ainda bem que eu tenho bina né, porque nem anotei o telefone dela.

 

Corri e peguei o telefone na base, sentei no sofá com força me afundando e redisquei. Tocou umas duas vezes.

 

  • Alô. - a voz dela era toda meiga, uma graça!

  • Kim, desculpa menina, eu precisei mesmo desligar. - eu me apressei em explicar, tentando me retratar.

  • Que isso, sem problemas, fui eu que te liguei pra te incomodar...

  • Incomodo nenhum. - eu afirmei. Ouvi ela sorrir mais relaxada do outro lado.

  • Então, como eu tava dizendo... - Ai que bom que ela ia recapitular, porque afinal, eu perdi a metade. - Você vai estar muito ocupada amanha? - O que eu ia dizer: “olha Kim, eu espero que o Jake me ligue porque quero grudar nele o máximo de tempo possível!” É , definitivamente não.

  • Não tenho nada pra fazer não, pode falar que eu topo. - e me empolguei, de certa forma, afinal eu não tinha uma saída de garotas a algum tempo, e com a Trace totalmente fora do ar por todo aquele tempo, eu tava mesmo carente de uma amiga.

    Outra, se eu já tinha me apegado até ao JACOB, não faria mal nenhum eu ter uma amizadezinha com a Kim!

 

Ela me explicou que precisava de ajuda pra uma festa de despedida de solteiro pra noiva do Sam, o sobrinho da Marta.

Eu falei pra ela da minha tia Katie, meio irmã da minha mãe, que se casou 9 vezes e por isso eu era um tipo de autoridade no assunto “festas de casamento” ou “preparativos” porque passei minha infância e metade da adolescência vendo as mulheres da minha casa sapearem atrás dessas coisas e poderia sim ajuda-la com o maior prazer.

Ia ser engraçado e talvez eu pudesse até chamar o Jacob pra ir junto, só pra ver a cara dele escolhendo enfeites e lingeries de presente para noiva! HA! Ele queria ser amigo, pois bem, ele seria tratado como um amiguinho de verdade!

Combinei com a Kim de ela vir até a minha casa amanha, porque eu não conhecia a região e não sabia onde ela morava e disse pra ela não se preocupar com a locomoção até Port Angels, que isso eu arrumava.

A minha vingança por ele não ter me beijado naquele penhasco será doce. Espere e Verá, BLACK! Espere e você verá.


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