A Patricinha e o Lobisomem escrita por elizabeth beans


Capítulo 4
Capítulo 3 - Encontros e Desencontros


Notas iniciais do capítulo

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Encontros e Desencontros


Jacob P.O.V.

 


 


 


Sam saiu do quarto todo arrumado para o jantar e a tempo de atender o telefone que começou a gritar. Eu podia ouvir perfeitamente a voz histérica de mulher que falava aos prantos.


 


-         Samuel, por favor, me ajude, meu filho, a Srtª Weelow, ela desapareceu, eu pensei que ela estava se arrumando para irmos, mas quando fui até o seu quarto, estava tudo intacto e vazio, eu já procurei por ela em todo lugar, acho que ela pode ter entrado na mata,ela não está bem e eu-eu ...eu tenho medo que ela tenha feito alguma besteira. Devo chamar a policia? Ah, Sam, o que eu vou fazer? Por favor, ela é como minha filha, é uma boa garota apesar...


 


Então, havia mesmo uma garota. Eu sabia que eles estavam escondendo o principal.


 


-         Hiiii! Parece que agora ELAS é que fogem dele! – Embry disse rindo.


-         Cala a boca idiota, a garota pode ter se machucado. – Quil repreendeu.


 


Sam desligou o telefone.


 


-         Vamos atraz dela. Você vem comigo Jacob.


 


Nós chegamos em uma casa que eu reconheci como sendo a casa que vagou recentemente e estava a venda, Sam foi falar com a tia enquanto eu pulava a janela do quarto da garota para pegar alguma coisa que tivesse o cheiro dela. Aquilo pareceria coisa de tarado, se não fosse pra salvar a vida dela.


 


Assim que saímos de lá, nos transformamos e nos juntamos a Jared e Collin que estavam na ronda. Fazia quase um mês que eu não corria como lobo, percebi que senti muita falta daquilo.


 


E aí Jacob, eu soube que a garota fugiu de você, hein?


 


A voz de Jared ecoou em minha mente.


 


Não tenho nada a ver com isso, nunca vi essa garota antes.


 


Respondi azedo

 


Ela é cheirosa.


 


Ouvi Collin suspirando quando captou o cheiro em meus pensamentos.


 


Margaridas, cereja e Biscoito doce.


 


Tive que concordar com ele.


 


Foco, pessoal.


 


Sam repreendeu.


 


Cada um pegou uma trilha, parecia que a humana tinha vagado muito tempo na floresta para direções muito diferentes, tinha espalhado seu cheiro para todo lado e tinha um pouco de sangue às vezes, ela estava ferida.


 


Se algum de vocês a encontrarem, levem ela de volta imediatamente. Apenas avisem antes e se transformem.


 


Ouvi a voz do Alfa um tanto tensa, foi Sam quem percebeu o sangue e ele estava realmente preocupado agora.


 


Comecei a sentir o cheiro dela mais forte para o leste e virei meu focinho para essa direção, em menos de três segundos eu estava a dez metros de uma garota, toda encolhida no chão e aparentemente desmaiada.


 


Achei ela.


 


Passei o informe e logo voltei a forma humana vestindo a calça de moletom que foi tudo o que eu trouxe.


 


Assim que meus olhos focalizaram ela mais de perto foi como se tivesse levado um soco violento no estomago, na verdade, tenho certeza de que o soco teria surtido um efeito bem menor. Era a mesma cena que eu vira na mente de Sam quando ele encontrou Bella na floresta há quase dois anos. Os cabelos molhados da menina eram escuros e levemente anelados como os de Bella e ela estava tão pálida, branca como papel, branca como Bella.


 


-         Bella – o nome saiu de meus lábios sem que eu pudesse impedir. Toda a dor daquelas lembranças me inundando e me fazendo esquecer que aquela era uma estranha e não era a Bella, pelo amor de Deus. Eu tava ficando louco.


 


Percebi alguns soluços quase mudos dela, a respiração ofegante e tremores de frio, seus olhos estavam quase fechados, ela parecia não ter consciência.  Acho que me aproveitei disso porque peguei ela no colo com muito cuidado e murmurei em seu ouvido:


 


-         Eu vou te levar pra casa, meu amor. – perigosamente fácil fingir que era Bella, e eu fingi.


  


 


 


 


 


Amelie P.O.V.


 



Meus soluços me faziam tremer ou era o frio? Eu sentia que chovia sobre mim, às vezes a chuva abrandava e outras vezes ela era cortante na pele do meu rosto. Tão, tão frio e solitário.


 


A lente de contato verde-mel que eu usava nos olhos estava incomodando como nunca por causa do rio de lagrimas que banhava ela, mas eu não tiraria de jeito nenhum, eu morreria com aquela lente, se quer saber. Não ia exibir aqueles meus olhos sem graça e aguados nem morta.


 


Morta. A palavra era tão tentadora, estar morta era reconfortante. Será que eu já estava?


 


Mas aí eu percebi que não tinha morrido, porque vi um par de pés morenos e enormes diretamente à frente, embora estivesse tudo fora de foco e eu só registrasse uma parte das coisas.


 


-         Bella. – uma voz rouca e obviamente masculina murmurou. Eu queria ter forças pra dizer : Não me chamo Bella, seu idiota. Meu nome é Amelie, e pra você é Srtª Weelow.


 


Minha garganta ardia agora que tentei usa-la; vi que minha voz não existia.


 


O estranho abaixou-se e me pegou no colo com muita delicadeza para braços tão fortes, imediatamente os meus espasmos de frio passaram porque o estranho era muito, muito quente, parecia estar queimando em febre. Ele tinha um cheiro acentuado de pinheiro, chocolate e manhã de natal.


 


Talvez ele fosse o anjo da morte e eu estivesse mesmo morrendo. Pensando assim eu me aninhei mais nos braços dele e aceitei aquele conforto de bom grado, mesmo que ele fosse alto, moreno e forte demais para um anjo padrão.


 


- Eu vou te levar pra casa, meu amor. – o estranho anjo disse e eu gostei muito da doçura que havia na voz dele.  


 


Fui carregada e parecia que o anjo corria comigo nos braços, isso fazia eu me agarrar um pouco mais nele, e com o novo conforto, os meus soluços iam ganhando força e eu ia voltando a chorar.


 


-         Shiiii. – o anjo sussurrava. – Vai ficar tudo bem, querida.


 


Comecei a pensar que talvez fosse bem tranqüilo morrer se era pra ser carregada por um anjo tão quentinho. Será que todos os anjos eram assim quentes? Será que era pra deixar agente mais calma durante a grande PASSAGEM? Eu ia ficar aqui bem grudada nesse anjo até ver A LUZ, Há! Se ia!


 


 


 


 
 
 
 
Jacob P.O.V.


 


 


 


A garota aceitou muito bem a minha loucura, então eu tinha mesmo razão sobre a inconsciência dela, só poderia ser, OU, ela era mais doida do que eu; uma hipótese pouco provável para uma menina riquinha da Califórnia.


 


Era isso que o Sam sabia sobre a menina, quando nos transformamos eu vi na mente dele quando ela disse toda antipática: “Estou de dieta.” Não pareciam a mesma pessoa, a garota em meus braços e aquela da memoria de Sam; ela tinha vindo morar com a tia dele em La Push, porque teve problemas na Califórnia.


 


Pelo visto ela não gostava mesmo daqui.


 


Em pouco tempo eu cheguei à casa da tia de Sam, os garotos me esperavam próximos à orla da floresta.


 


-         Ual, ela é bem bonita. – Collin começou a babar na garota.


-         Cala a boca, cara. Ela pode te ouvir.


 


Como se você não tivesse dito o que quis não é Jacob, eu pensei me censurando.


 


-         Venha Jacob, dê ela pra mim. – Sam estendeu os braços.


 


Eu fui entregar a garota pra ele, mas ela começou a espernear e chorar muito; ela se grudava em mim com tudo o que podia, a força dela não era nada e seria muito fácil tira-la dali, mas alguma coisa em mim me impediu de força-la a se separar. Talvez eu também estivesse nutrindo um certo prazer em tê-la ali, ainda fingindo que era a Bella.


 


-         Cara, ela gostou mesmo de você. – Jared se divertia.


 


Quis ter uma mão livre pra bater na cabeça dele.


 


-         Traz ela pra dentro, então. – Sam se rendeu aos desejos da garota tão fácil quanto eu.


-         Vou ligar pra tia Marta, ela ta esperando lá em casa. – ele disse. - O quarto dela é o da esquerda.


 


Cheguei em um cômodo lotado por malas cor de rosa, todas parecendo muito caras e muito chiques. A cama era de casal e parecia confortável, com um edredom branco com estampa de margaridas, bonito, mas muito simples pra ter saído daquelas malas.


 


Tentei afasta-la de novo para coloca-la na cama, ela começou o mesmo chilique de antes, tentando balbuciar palavras e não conseguindo, acho que ouvi ela dizendo “A LUZ” e “ANJO”, devia estar delirando, a coitadinha.


 


A tia de Sam chegou logo e quando me viu sentado na cama com a garota aninhada no colo, vestido apenas com minha calça de moletom; ela pareceu muito envergonhada e pediu muitas desculpas e agradeceu também, por eu ter ajudado e tal.


 


Aí ela olhou pra mim muito mais sem graça do que já estava antes e disse: Pode ir agora, meu rapaz.


 


Eu tentei pela terceira vez me soltar da garota e novamente ela se manifestou, dessa vez até me arranhou com as unhas grandes e pintadas com um esmalte rosa claro. Marta ficou muito assustada com a reação e eu expliquei que era por isso que eu tive que ficar com ela até agora.


 


-         Como vamos fazer para tirar essa roupa molhada dela? – parecia perguntar em voz alta pra si mesma.


-         Eu posso me virar? – tentei.


-          Acho que vamos ter que fazer assim, querido. – ela disse com um pequeno sorriso cansado em seu rosto.


-         Vamos Amelie, querida. Mily, você pode me ouvir, Mily? Precisamos trocar suas roupas, vamos minha pequenina. – a voz de Marta era doce e paciente.


-         Marta. – a garota disse com uma voz muito baixa e falha.


-         Sim, meu amor, é a Marta, agora você precisa soltar o moço. Você me entende?


 


Eu tentei me desvencilhar de novo, ela iniciou o chilique outra vez.


 


-         Oh me desculpe mesmo! Qual o seu nome, querido? – ela me olhou com ternura.


-         Jacob Black. – Respondi.


-         Você poderia fechar os olhos, Jacob? – ela pediu humildemente.


-         Claro.


 


Imediatamente fechei os olhos.


 


Eu ainda podia ouvir muito bem a tia de Sam abrindo uma das malas e pegando algo lá dentro, depois vindo até mim e retirando a roupa molhada dela, com muito cuidado para não afastar a garota totalmente dos meus braços, eu pude sentir a pele fria dela se esquentando em contato comigo quando estava sem a blusa, o soutien de renda roçando no meu peito enquanto uma marta muito compenetrada tentava tira-lo e passar uma camiseta larga por seus braços, com alguns protestos da garota e alguns “Shiiiiii” de minha parte pra acalma-la. Marta tirou um termômetro do bolso do casaco, mas a temperatura da garota estava OK.


 


-         Vou buscar água para ela e ver se conseguimos que beba, está bem? – ela tinha um olhar implorativo, que se desculpava em cada palavra que dizia.


 


Mas ao contrario de qualquer pessoa no meu lugar, eu não estava tão doido pra saltar fora daquela situação esquisita. A garota me fazia lembrar Bella cada vez mais, ela me lembrava a fragilidade com que Bella chegou até mim naquela tarde de sábado onde nossa amizade começou. Ela era como uma droga anestésica, porque lembrar de Bella perto dela não doía tanto.


 


Devia ser porque eu era idiota o suficiente pra ainda estar fingindo.


 


-         Aqui, vamos tentar. – Marta chegou com um copo. – Você faz isso? – ela me perguntou claramente consciente de que eu tinha mais chances de fazer funcionar.


-         Claro. – Parecia que eu só tinha essa palavra no vocabulário agora.


 


Ela bebeu toda a água e abriu um pouco mais os olhos, eles eram num tom meio falso de verde, mas não era feio, parecia que ela fitava o ambiente.


 


Depois ela olhou pra cima e pra mim, ela deu uma espécie de sorriso muito fraco e ouvi ela dizer “ANJO” mais claramente. Eu sorri de volta como se não pudesse me controlar.


 


Peraê, eu SORRI pra ela. Foi tudo em um momento muito doentio, mas mesmo assim, meus músculos do rosto pareciam enferrujados. Ela deixou o olhar cair de novo e se remexeu em cima de mim, se confortando e me agarrando possessiva.  Eu tava errado, a garota era mesmo doida.


 


-         Vamos tentar coloca-la na cama de novo? – Marta sorria encorajadora. - Talvez agora que ela está mais calma e aquecida.


 


Eu me virei para depositar ela embaixo do edredom que Marta puxou até a beirada da cama. Ela começou a chorar de novo, desesperada, soluçava baixinho e me unhava. Tava ficando violenta.


 


-         Eu posso esperar ela dormir se a senhora quiser. – eu sugeri sem muita coragem de deixa-la.


-         Ah, querido, isso é abusar muito de sua boa vontade, mas... Se puder realmente espera-la dormir, eu seria imensamente grata.


-          Não tem problema. – Eu quase disse: Não tenho nada melhor pra fazer mesmo – mas isso soaria doentio demais até pra mim.


Marta me deu um sorriso de agradecimento, quase emocionado.


-         Então deite-se aí com ela, vamos, você vai acabar com uma cãibra se continuar aí nessa posição.


 


O que eu ia dizer? “Ah, não se preocupe senhora, posso ficar assim uma semana, sem cãibra nenhuma, porque eu sou um lobisomem”.


 


Ai eu me deitei ao lado da garota, ou melhor, ELA se deitou praticamente em cima de mim. Essa cena eu iria separar especialmente pro Collin quando tivéssemos uma ronda, juntos.


 


Meus pés ficaram pra fora da cama e ela descansou a cabeça em meu peito, seus cabelos iam secando e revelando um tom de louro-mel, bem mais claro que os cabelos castanhos de Bella.


 


Ela NÃO ERA a Bella. E afinal, eu já sabia isso, não é mesmo?


 


Acabei pegando no sono junto com ela, confortável na cama, com a cabeça em um travesseiro extremamente confortável; o cheiro bom da tal de Amelie, inundava o quarto inteiro. A pele dela era muito macia.


 


Ninguém veio me avisar pra ir embora.  


 


 


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