A Patricinha e o Lobisomem escrita por elizabeth beans


Capítulo 28
Capítulo 27 - Arma Secreta


Notas iniciais do capítulo

(*decidi separar esse cap. em 2 pq ele é enorme como vocês verão... então ele é a primeira parte do fim oficialmente.)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/39819/chapter/28

Arma Secreta

Jacob POV

O treinamento se intensificava a cada dia. Sam e eu estávamos levando os garotos e a nós mesmos para um outro nível. Experimentávamos nossas habilidades até o máximo da exaustão e não poupamos nem mesmo os mais novos ou Leah - não que Leah fosse aceitar algum cavalheirismo de nossa parte – Foi uma decisão difícil mas acatada pela maioria, de que se essa luta era a nossa única chance de sobreviver e proteger aqueles por quem lutaríamos até o ultimo suspiro, todos que pudessem combater estariam combatendo e teriam assim sua chance de revidar.

Estávamos aceitando alianças com vampiros, afinal de contas. Alguns deles totalmente desconhecidos. Não é como se pudéssemos dizer aos mais jovens que eles deveriam ficar em casa com suas mães.

Os Cullen e seus aliados também se mantinham ocupados. Ainda mais ocupados que o bando, pelo que pude perceber nas informações que chegavam para mim através de Seth, que oferecera-se para ser uma ligação entre nossa matilha e o clã deles. Oliver foi outro que apareceu com meia duzia de sanguessugas estranhos e se alojou permanentemente na mansão dos Cullen como um convidado especial. Eu não queria admitir mas ele estava trabalhando duro também, tentando por tudo reverter o desastre Volturi que estava prestes a cair sobre todos nós.

Levantei minha cabeça do grande emaranhado de mapas postos sobre a mesa da cozinha de Sam, onde tentava planejar rotas de fuga para uma possível emboscada caso chegássemos à um confronto direto – a vidente dos Cullen, antes de abandonar o barco tinha deixado o aviso de onde as sanguessugas italianas chegariam para nos pegar e muita estrategia estava sendo montada com base nisso, por todos, cada um fazendo sua parte no lado do território que mais conhecia.

- Ei Jake, você precisa dormir! - Jared se encostou na divisão entre a cozinha e a sala e deu um grande bocejo. Ele era outro que deveria estar seguindo esse conselho.

- Você já trocou de turno com o Paul, vá você dormir! - encontrei minha voz para responder, desconhecendo cada vez mais esse meu novo tom sem esperança, sem vida e sem motivação. Tudo que eu era desde que minha Amelie fora embora levando meu filho e meu coração com ela.

- Cara, eu também tô morto de saudades! - Jared me olhou sério e pareceu ler cada um de meus pensamentos mesmo que ele não pudesse estar fazendo isso, de fato, já que não estávamos transformados.

- Vocês nem vão acreditar no que tenho pra dizer! - Seth entrou pela porta dos fundos como se fosse natal outra vez e parecendo plenamente acordado mesmo que fosse o meio da noite.

Eu e Jared o encaramos.

- Oliver vai emprestar o jatinho dele. Vocês vão encontrar as garotas na Califórnia para o fim de semana. Foi tudo ideia da Bella. - o garoto despejou como se estivesse dando a noticia que terminaria com a guerra.

E por mais que ele não estivesse, tenho de admitir que pra mim foi mais ou menos como isso. Já que tudo o que eu pude realmente ouvir foi que pelo visto eu veria a minha Amelie outra vez, antes do fim. E mesmo que eu fosse dever mais alguns favores para alguns inimigos mortais eu poderia até abraçar aquele garoto por ter me dado aquela noticia e eu faria mesmo isso se Jared não tivesse surpreendentemente pulado na minha frente antes para fazer o mesmo.

Amelie POV

A primeira semana no colégio não foi nada fácil, mas eu podia dizer que me orgulhava de como Kim estava enfrentando tudo. Depois de um começo meio desastroso cheio de cabeças baixas e suspiros vergonhosos ela pareceu bem mais confortável em dividir comigo o martírio de todas as manhas e, infelizmente, metade das tardes.

Tracy e sua turma não deram descanso e em mais de uma ocasião eu vi a própria Kim desarmá-las com sua fala justa e humilde mas ainda era estranho ver o quão pouco elas nos afetavam.

Quando diziam coisas como: “Você nos surpreendeu Amelie, ninguém pensava realmente que fosse acabar gravida de um índio pobretão antes de terminar o secundário” ou “Eu posso vender um dos meus Prada's para ajudar à criar sua pequena família miserável, porque eu sempre fui caridosa com os necessitados” eu não me importava realmente, e era algo incrível me virar para Kim e ver que pra ela também não fazia a minima diferença quando ela sorria para mim de volta e eu podia ler no seu sorriso que ela estava pensando no quão vazias e dignas de pena aquelas garotas eram.

Eu estava agora sentada na minha cama olhando a foto da minha primeira ultrassonografia e não pude me impedir de sorrir muito boba como se estivesse prestes a ir as lagrimas outra vez, como no dia em que fiz o exame.

Era tão fácil me lembrar.

Rachel e Emily nos esperavam junto ao carro do motorista na saída da escola já naquele primeiro dia e então, depois de uma breve passada em casa, todas nós fomos à consulta juntas.

Era uma clinica particular que atendia membros da minha família à gerações e por isso fomos permitidas à assistir o exame uma das outras. É claro que eu via no rosto delas o mesmo que eu sentia em meu coração. A falta absurda dos nossos lobos e o pensamento de que não teria ninguém no mundo com quem gostaríamos de dividir aquele momento mais do que gostaríamos de dividir com eles. Mas nós nos viramos muito bem, afinal.

Pegamos minha câmera de vídeo semi-proficional, que estivera esquecida no fundo do meu closet e era usada para filmar bebedeiras e baladas do meu passado não tão distante e fizemos um verdadeiro documentário de nossas consultas para mostrar a eles quando voltássemos para casa. Afinal, aquela era a primeira vez que eles veriam seus filhos também.

Ao fim da tarde cada uma pegou a foto de seu bebê e ficamos babando no bebê da Emily que era o mais grandinho e o único que já parecia realmente com um bebê e não com um grande borrão de tinta. Mas um adorável borrão de tinta, é logico.

Depois eu dei a grande ideia para o fim daquele dia que havia saído, muito melhor que o planejado e fizemos as nossas primeiras compras para os bebês. Menos a Emily que já tinha começado a comprar algumas coisas, mas ela entrou na festa e comprou sapatinhos que era, segundo ela, uma coisa que definitivamente não tinha.

Passamos pelo mesmo momento de sempre onde meu cartão de credito platina pagou tudo enquanto elas resmungavam e não aceitavam nada até que eu insistisse quase às lagrimas que elas ficassem com os presentes assumindo publica e vergonhosamente que se não fosse por elas ali comigo eu não saberia nem como levantar de manhã e então elas deviam deixar que eu agradecesse do jeito que eu sabia agradecer.

Coloquei a foto do bebê bem segura dentro do álbum de fotos do meu casamento que Rachel me dera ainda no avião, na vinda para cá, enquanto eu arregalava meus olhos por ela ter conseguido mais essa façanha e foi o tempo certo para que minha querida cunhada abrisse a porta e colocasse apenas seu rosto para dentro do quarto enquanto me procurava com os olhos.

- Ei Rach! - falei para que olhasse logo pra mim.

Ela sorriu e entrou, sentando-se ao meu lado e parecendo um tanto inquieta.

- Você tem visita. Marta pediu pra que eu te chamasse. - ela disse com um sorriso meio amarelo e eu me perguntei quem seria minha visita para causar em Rachel essa reação.

Resolvi acabar logo com o mistério e sai do quarto, descendo as escadas para encontrar quem é que fosse.

Não posso dizer que esperava por aquela visita.

Bella Cullen POV

- Mais uma vez, vamos Bella, você consegue! - Katy gritava comigo na tentativa de me motivar.

Perdi mais uma vez o controle de meu corpo imortal até então muito imbatível e vi Edward rugindo para ela. Quase fui aos meus joelhos e meu escudo mental evaporou no ar como uma cortina de fumaça.

- Você não vê que a esta forçando de mais? Ela está sentindo dores físicas. - ele rugia como o monstro perigoso que supostamente era e eu podia ouvir Katy Denali se defender sem muito medo dizendo apenas que se eu quisesse estar pronta para a batalha deveria treinar com mais afinco ou o meu dom mental, descoberto assim que me transformei, não seria de grande ajuda para nossa causa se não estivesse totalmente desenvolvido.

Eu concordava com ela, é claro, mas para impedir que Edward arrancasse a cabeça de um de nossos mais valorosos aliados quando tínhamos tão poucos em frente ao grande numero dos Volturi, eu fiz um sinal para Katy de que já chegava por aquele dia e ela pareceu suprimir um muxoxo indignado quando eu fui delicadamente conduzida até a sala da mansão e colocada no sofá como se eu realmente precisasse descansar.

Meu marido parecia apegado demais à ideia de que eu era frágil mesmo agora que eu era até menos frágil que ele por ser uma recém-nascida e ter mais força que meu cunhado Emmett que era sabidamente o vampiro mais forte da casa.

Meu pequeno E.J. pulou em meu colo segurando seu grande copo de sangue humano e minha garganta ardeu mais eu segurei firme a vontade de avançar em sua comida. Ele era a criança ali e eu caçaria mais tarde com os demais e me alimentaria dos não-tão-apetitosos animais como a adulta que eu supostamente era.

- Já disse que não deve treinar tão forte, pode até fazer mal aos seus progressos, sabe... - Edward já ia passando seu velho sermão quando uma súbita vontade de sair dali me abateu. Lembrei que havia prometido à Charlie uma visita e seria reconfortante poder vê-lo uma ultima vez antes do conflito.

Me arrumei, Edward entendeu e E.J. ficou com Rosalie para que eu fosse ver meu pai, e então, quando eu estava virando a rua de minha antiga casa, meu celular tocou e era ninguém menos do que Alice.

- Bella, escute com atenção, nós não temos muito tempo. Eu não abandonei vocês, é claro, mas ninguém pode saber, ou Aro saberá... - e eu entendi na hora o porque de ela estar ligando para a única pessoa da família de quem ninguém poderia ler nada, afinal minha mente era trancada desde que eu era uma simples humana. Eu poderia manter esse segredo. Ela continuou: - Consegui uma testemunha infalível para nós. Ele é um garoto meio-vampiro como E.J., mas ele já tem 150 anos e é a prova de que sua raça é ainda mais rara que a nossa mas não constitui nenhuma ameaça. Com ele os Volturi não terão argumentos pra nos atacar, mas eu tenho tido visões muito estranhas que me dizem que nem assim estamos a salvo. Nessas visões há uma garota humana, um vampiro e uma outra moça que me parece ser uma vampira também, embora eu quase não consiga vê-la. Algo está acontecendo e eu não posso ver um jeito de interferirmos à nosso favor mas eu quero que você faça algo por mim. Vá caçar perto da fronteira Quileute com Edward hoje. Quando eu vejo vocês se aproximando desse lugar, as coisas começam a fazer sentido.

E então ela desligou, me deixando mais desnorteada do que eu estava antes e fazendo com que eu adiasse a visita à Charlei e voltasse para casa.

Edward POV

Bella parecia tremendamente abalada desde a visita à Charlie e eu estava agoniado em vê-la daquele jeito por mais que ela tenha recusado conversar comigo sobre o assunto. Era definitivamente irritante não poder ler sua mente como todas as outras.

Ouvi um padrão de pensamentos agora bem conhecidos alcançarem a mansão e percebi que Oliver trouxera mais um amigo. Levantei-me do piano onde estava sentado, me distraindo com uma melodia e observando Bella brincar com E.J. logo à minha frente e decidi dar as boas vindas ao visitante já que Carlisle estava no hospital e não poderia fazê-lo.

- Oi Edward! - Oliver cumprimentou amigavelmente e em seus pensamentos eu vi que considerava sua amiga a nossa maior aquisição. - Está é Nímade. - ele apresentou em seguida a alta, esguia e bela moça de cabelos cor de mogno muito curtos, praticamente masculinos.

- Por favor me chame de Nina, minha mãe tinha um senso de humor muito toxico. - ela deu um sorriso brilhante e eu lhe estendi a mão em educação.

Bella já estava à meu lado quando os convidei para entrar e disse à Oliver para se sentir em casa.

- Nina concordou em nos ajudar contra os Volturi. - Oliver expôs.

- Eu tenho problemas com aqueles crápulas italianos à anos e adoraria uma chance de derrotá-los e Oliver sabe que eu não fujo de uma boa briga então... - a moça sorriu e tirou um pequeno cantil de metal de dentro do bolso interno de seu sobretudo dando uma grande golada. Eu podia sentir o cheiro de sangue fresco e me controlei ao máximo para não demostrar nenhum desagrado.

Os pensamentos dela eram diferentes de qualquer coisa que eu havia lido. Eu estava escutando algo de sua mente com certeza, mas eu não poderia dizer nada alem de algumas palavras como se alguém houvesse ligado o radio em uma estação errada e uma especie de chiado estivesse interferindo com tudo.

- Você está dando dor de cabeça à Edward, Nina. - Oliver que também era telepata embora segundo ele, não tão competente quanto eu, olhou para a moça com o que pareceu uma repreensão quase divertida.

A tal Nina jogou a cabeça para traz e gargalhou gostosamente.

- Me desculpe por isso. - disse com sinceridade e então agora eu não podia ouvir nada, nem mesmo o chiado e as poucas palavras esparsas.

- Como fez isso? - Não consegui me impedir de perguntar.

- Lancei um feitiço em mim mesma que impede que qualquer paranormal penetre em minha mente. Você estava sendo confundido por esse feitiço e eu precisei apenas me concertar para que ele te bloqueasse totalmente. - ela explicou como se falasse sobre o clima.

- Feitiço? - dessa vez foi minha Bella que perguntou tão boquiaberta quanto eu.

- Nina é uma das ultimas bruxas de uma linhagem antiga e poderosa que sobreviveu a grande caça em Salem... - Oliver ia dizendo.

- E também sou uma boa ovelha negra que não satisfeita com minha condição ainda encontrei um vampiro disposto à me transformar. - ela rebateu fazendo com que ele fizesse uma careta.

E então eu ouvi na mente de Oliver o que de fato parecia dizer a ele que aquela garota era nossa mais forte aliada. Ela era capaz de conjurar os mais poderosos feitiços, feitiços esses que afetavam tanto vampiros quanto humanos e ela tinha muitos truques na manga e um grande ressentimento por Caius Volturi que viria a calhar milagrosamente.

Quando já havíamos apresentado à nossa nova convidada aos meus irmãos e os outros vampiros presentes, Bella manifestou a vontade de caçar e Nina ficou encantada com a ideia de experimentar sangue animal como se tudo fosse engraçado demais. Oliver acabou nos acompanhando e por alguma razão a mim totalmente desconhecida, Bella acabou nos levando para os limites da fronteira com os lobos.

Seth POV

Estava substituindo Brad e Collin na ronda, passando mais uma vez pela nossa fronteira com os Cullen quando captei um cheiro desconhecido. O bando fora forçado a reconhecer o cheiro de cada um dos novos vampiros aliados e por mais que eles tenham se comprometido à não ultrapassar a fronteira esse era o nosso jeito de garantir que nenhum mal entendido acontecesse.

Esse cheiro eu tinha certeza que não farejara antes então ignorei os cheiros conhecidos de Edward, Bella e Oliver que deviam ter passado por ali mais cedo e me pus em perseguição. Minha mente não estava muito focada, admito, já havia um tempo eu ficava me lembrando da tristeza nos olhos e pensamentos dos garotos que estavam longe de seus imprintings, sentindo minhas mãos atadas e sofrendo junto com eles.

Assim que cheguei no alto de um rochedo e avistei o riacho que fazia a divisa de nossas terras com as deles, avistei um grupo inusitado e o cheiro se mostrou ser o cheiro de um de seus integrantes. Sabendo que estava entre aliados, e entre amigos quando identifiquei Edward e Bella. mudei minha forma e pus minha bermuda.

- Espero não ter invadido o território, Seth! - Bella foi a primeira a dizer com uma voz baixa e parecendo realmente preocupada.

Dei de ombros e expliquei que ainda estavam na fronteira, nem lá, nem cá.

- Isso é incrível! - a garota desconhecida que eu tinha farejado estava me secando. - Então eles ainda existem, eu jurava que tinham virado lenda! - ela virou-se para Oliver e ele assentiu com a cabeça enquanto ela voltava a me olhar com admiração.

- Nós vamos nos afastar Seth, pode deixar! - Edward garantiu quando viu em meus pensamentos que para mim aquela aproximação não era problema mas que se fosse qualquer outro dos garotos do bando eles poderiam ter se desentendido.

- Como ele está Seth? - Bella perguntou de repente e eu sabia que ela estava falando de Jake, e como ele sempre evitava conversar com ela, a mais nova Cullen costumava pedir noticias a mim.

- Você sabe, daquele jeito...- deixei escapar enquanto Edward me lançava um olhar condescendente. - Todos sentem muita falta das garotas! - disse querendo sair dali logo, pois aquela conversa me soava um tanto estranha.

- Se tivesse algo que pudêssemos fazer... - Bella franziu o senho e pareceu muito humana com essa expressão.

- Do que eles estão falando? - a garota estranha perguntou baixinho para Oliver, como se algum de nós ali não fosse capaz de ouvir até mesmo o seu menor sussurro.

- As companheiras estão todas longe, em segurança. O bando sente a falta delas e isso o preocupa. - ele respondeu e manteve sua expressão impenetrável.

- Talvez pudessem visitá-las! Ainda temos algum tempo... Nós pagaríamos as passagens com prazer, não é mesmo Edward? - Bella parecia bem desesperada para fazer algo.

Eu também estava desesperado por ajudar mas duvidava muito que os caras aceitariam dinheiro dos Culen nem mesmo para ver seus imprintings.

- Ninguém precisa pagar nada. Eu disponibilizo meu jato e eles podem ir nesse final de semana mesmo. - Oliver completou assim que a garota estranha olhou para ele com uma expressão de curiosidade e abriu um grande sorriso de vitoria ao qual Edward fez coro.

Como Bella e eu não eramos capazes de ler pensamentos e não sabíamos dizer o que estava acontecendo ali, simplesmente me incumbiram de passar o recado para os caras e dar a boa noticia enquanto eu torcia para que a saudade deles fosse grande o suficiente para que eu não apanhasse por ter exposto aquelas minhas preocupações acerca disso e ficasse tudo esquecido quando eles estivessem finalmente a caminho para vê-las de novo.

Amelie POV

- Sente-se, por favor. Precisamos conversar algo muito sério. - Tio Oliver estava bem em minha frente, assustadoramente imóvel e acompanhado de uma garota que com certeza era uma vampira e tinha o corte de cabelo mais curto que eu já vira uma mulher usar.

Algo me dizia que ele não me faria mal e então eu apenas me sentei. Claro que minha curiosidade também ajudou nessa hora. E ali todo o nervosismo da pobre Rachel fora explicado já que ela sabia muito bem o que meu tio era e sua convidada não deve ter passado desapercebida tão pouco.

- Está é Nina. - ele apresentou a moça e ela apenas sorriu para mim enquanto eu a encarava meio atordoada.

- Bem, você pode dizer a que veio! - tirei coragem sabe-se lá de onde para encará-lo com o que me parecia uma postura objetiva.

E então quando eu achei que todas as bizarrices já tinham me acontecido por essa e outras vidas, ele começou a contar coisas que faziam menos e menos sentido e eu continuei ali e apenas forcei minha mente a prestar a devida atenção. Porque aquilo ali era loucura, com certeza, mas parecia ser bem serio também.

Kim POV

Amelie parecia preza em seus pensamentos de uma maneira quieta demais até mesmo se fossemos considerar que nenhuma de nós estava muito feliz ou realmente concentrada na vida real desde que deixamos La Push. Reparei que ela ficara desse jeito devido à visita inesperada de seu padrinho vampiro mas não parecia que ela iria me dizer o porque tão cedo.

Larguei meu bordado, que já estava pela metade graças a ajuda de Marta em me ensinar novos pontos mais rápidos quando um grito cortou o ar e mesmo que a mansão fosse enorme nós pudemos ouvir com clareza de detalhes a voz da Rachel encher todos os cômodos.

Amelie pulou de susto confirmando minha ideia de que estivera a parte deste mundo e eu e ela descemos as escadas depressa demais para nossa própria segurança temerosas de que algo serio pudesse ter acontecido.

Mas não era nada ruim, pelo menos, por mais que valesse realmente o grito. Eu fiquei quase catatônica de emoção quando a primeira coisa que eu vi assim que aterrizei na sala, foi o meu Jared perto da grande porta da entrada olhando para mim com aqueles seus olhos escuros transbordados da mesma alegria que os meus agora continham e mesmo sem enxergar nada alem dele meus ouvidos puderam jurar que eu ouvira os outros rapazes também. Inclusive o novo grito de Amelie quando pulou em Jake, que apenas veio provar essa ideia.

Jacob POV

Não dava nem pra acreditar que eu estava esparramado naquele sofá macio e gigante com a minha Amelie entre os braços olhando metade do meu bando sorrir como se fossem garotos ganhando presentes na manha de Natal enquanto abraçavam suas garotas quase tão apertado quanto eu abraçava a minha, assistindo juntos à um engraçado vídeo que elas fizeram sobre a consulta no medico e as ultra sons. Claro que nem dava pra lembrar que dali a um dia e meio estaríamos de volta à La Push, de volta a guerra e devendo um favor daqueles à um sanguessuga. Não dava pra lembrar nem o nome direito. Era como uma overdose de alegria.

Quando você ama o seu orgulho realmente cai por terra e como se eu já não tivesse certeza disso a vida parecia me lembrar a cada segundo desse novo ensinamento.

- Jake, meu Jake! - Amelie se aconchegou mais em meus braços quase que ronronando.

Eu sinceramente não entendia como eu conseguia sorrir ainda mais, quando virei sua cabeça na minha direção e a beijei longamente como se estivéssemos sozinhos e aquele fosse o momento de nossas vidas. Era assim que eu estaria vivendo aquele tempo e eu tenho certeza que os outros caras pensavam o mesmo.

Não poderia brigar com Seth por nenhum motivo depois do bem que ele fez nos conseguindo mais essas horas e eu com certeza devia um obrigada à Bella, já que ela estava realmente se esforçando para conseguir o meu perdão e quando eu estava ali, com Mily e meu filho, não havia espaço pra nenhum rancor em mim, nem mesmo àquele velho ressentimento que eu guardava de Bella por toda a nossa historia que agora, eu podia perceber cada vez mais, que ficara no passado, sem maiores danos, afinal.

Eu sei, nem eu estava me reconhecendo com todos esses pensamentos amigáveis para com sanguessugas e toda essa filosofia rosa mas em minha defesa, é simplesmente impossível julgar, negar e odiar qualquer um ou qualquer coisa quando você simplesmente tem tudo o que você poderia desejar na vida e está vivendo esse momento com toda a sua energia.

- Vamos pro meu quarto. - Mily sussurrou no meu ouvido e sorriu de lado.

Pulei com ela do sofá e a carreguei em meus braços no caminho para subir as escadas, sentindo como se voasse mesmo sem azas.

E então como numa piada do destino, a mãe dela chegou.

Amelie POV

As coisas que Oliver me dissera ainda remexiam em minha cabeça e mesmo que eu tenha dado a ele a minha palavra e estivesse satisfeita em ajudar a acabar com aquela maldita guerra de uma forma que eu jamais pensei que poderia, eu estava também, inegavelmente temerosa pelo meu bebê e pela possibilidade de Jake me impedir, descobrindo de alguma forma as pretensões de Nina e de meu padrinho para o dia do confronto tão esperado com os tais vampiros italianos.

Não seja idiota, como Jake descobriria?” - uma parte de mim alegava enquanto a outra lutava com a possibilidade ainda que remota de ele saber à que eu estaria me expondo e expondo o nosso filho, mentindo para ele, de certa forma, quando optei por não lhe contar nada.

E então Rach gritou, Kim e eu saltamos pelas escadas para entender o que acontecia e de repente ele estava ali como se fosse uma ferroada na minha consciência nada lipa e ao mesmo tempo um balsamo ao meu coração tão torturado. O meu bebê mexeu pela primeira vez de forma forte o suficiente para que eu tivesse certeza que era mesmo isso que acontecia em meu abdomem e então tudo estava bem.

Porque ali estava o meu Jake, ainda mais magnifico ao vivo do que era em minha reles lembrança, rodeado por Paul, Sam, Quil e Jared que agora abraçavam minhas amigas, tão descaradamente felizes quanto eu estava.

Como se fossemos sugados para um mundo ideal, fomos informados de que o lanche que Marta sempre nos preparava já estava servido e quando Emily sugeriu assistirmos ao vídeo das consultas e entregar a eles as fotos dos bebês todas nós corremos aos nossos quartos para acatar tão obvia e brilhante ideia e tudo parecia ter sido esquecido, inclusive meu novo e assustador papel naquela guerra que ainda permanecia um segredo a todos. Porque você simplesmente não consegue se impedir de ser tão feliz.

- Vamos pro meu quarto. - sussurrei para o meu amor depois de termos visto o suficiente do vídeo, tendo muitas ideias para que aquela visita fosse ainda mais memorável, e como eu já esperava não precisei falar outra vez quando ele me ergueu nos braços e começou a caminhar em direção à escada.

Eu estava incrivelmente leve e totalmente empolgada com a possibilidade de trancá-lo naquele quarto e esquecer ainda mais das coisas até chegar a duvidar do meu nome, mas a sorte nunca é tanta porque de repente não só não estávamos sozinhos como estávamos na presença da pior pessoa que poderia nos aparecer naquela hora.

- Ponha minha filha no chão, agora! - a voz sempre educada de Clarissa Weelow, um dia conhecida como minha mãe, soou agourenta e mais prepotente do que nunca.

Jake a encarou com firmeza mas não me soltou. Eu me assustei com sua aproximação mas logo percebi que não poderia perder o controle.

- Saia da nossa frente! - pedi no mesmo tom que ela, desafiando-a a me contradizer.

- Esta casa é minha mocinha, eu posso chamar a policia e colocar esses arruaceiros para fora agora mesmo então se você não quer visitar esse seu namoradinho sujo na cadeia é melhor fazer com que ele e toda a sua tropa de infelizes saiam daqui agora! - ela gritou perdendo a linha e me assustando de verdade nessa hora, já que minha mãe era uma cobra com certeza, mas nunca perdia a calma e a dissimulação. Me perguntei o que de fato acontecera.

Desci do colo do Jake e me mantive inexpressiva.

- Vai encontrar meus papeis de emancipação na escrivaninha do escritório do papai. Não que eu precise realmente pois sou uma mulher legalmente casada a algumas semanas. E eu acho que não é necessário te lembrar a quem essa casa de fato pertence, “mamãe”, já que você conhece muito melhor que eu os termos do testamento da vovó Weelow. - dei minha cartada mais cruel e ao mesmo tempo, a mais certa.

Clarissa murchou na hora, de certo se perguntando quando foi, entre uma balada e outra, que eu arranjei tempo para saber dos meus direitos e ela devia realmente estar considerando que eu tive muito tempo sozinha e desiludida nos meus primeiros dias em La Push quando minha família me ignorou no NATAL, para pesquisar qualquer coisa que me livrasse dela.

Me deu as costas como se eu fosse indigna de qualquer outra de suas palavras e desapareceu pelo fim do corredor que levava a garagem.

Jake me abraçou como quem pergunta: “Você está bem?”

Mas eu logo voltei a sorrir para ele. Não é que eu gostasse dessa situação, não é que eu teria escolhido desprezar a minha mãe se eu tivesse tido essa escolha antes. Mas eu não podia obrigá-la a me amar, não poderia a essa altura ensiná-la a ser uma mãe e sinceramente tinha afeto o suficiente das pessoas à minha volta para não precisar mais do dela. Como se dentre tudo o que poderia me afetar ela fosse reduzida à um nível tão baixo, que não desse mais pra sentir os seus espinhos.

- Eu estou bem, meu amor, você está aqui! - eu disse em voz alta e eu sabia que Jacob entenderia à que eu estava me referindo porque mesmo que eu não dissesse tudo que estava em minha cabeça no momento, é isso o que acontece quando você ama alguém que ama você de volta.

Oliver POV

- Aquela moça não é Eleanor, Oliver, espero que você saiba disso! - Nina disse assim que entramos no jato da minha corporação já que o meu jato pessoal eu emprestei para o bando de cachorros em um rompante de diplomacia.

- Você não sabe o que diz, ela tem a marca Nina, e foi você mesma quem disse que eu poderia esperar pelo retorno dela e a marca seria um sinal. - retruquei não entendendo onde ela queria chegar com aquela conversa.

- Não seja ingênuo e ignorante Oliver. - ela parou seu caminhar falsamente humano e me olhou com o que me pareceu pena.

- O que... - eu ia contradizê-la outra vez e alertá-la para controlar sua língua quando ela me impediu, sentando-se numa poltrona dupla e fazendo com que eu sentasse na outra. Ela segurou minha mão.

- Veja Oliver. Ela tem a marca e esse é um sinal. Não estou contradizendo a minha própria profecia mas eu me pergunto se você realmente entende o que aquela marca significa. Quando eu disse a você que da humana com a marca renasceria Eleanor eu não estava dizendo que ela seria Eleanor, mas que a partir dela a sua amada renasceria, como “nascer outra vez”. Sempre soubemos que a linhagem estava certa. Eu não sei se você percebeu mas aquela moça está gravida Oliver, isso não lhe diz nada? - falou segura de forma amigável.

- Mas e o ritual de revelação. Eu fiz minha pesquisa...

- Homem tolo! - ela repreendeu ficando impaciente. - A jovem Amelie é sua chave. Apenas isso. Ela dará a luz a uma criança e esta criança será Eleanor, renascida. E com o tempo as memorias da vida passada poderão ser despertadas nela sem que você precise fazer ritual algum. Conviver com você bastará. Você sabe que vocês dois tem a ligação. Uma das mais fortes que já vi em tantos seculos.

- Eu não entendo como você possa ter essa certeza sobre esse bebê que nem veio ao mundo ainda. Foi você mesma que disse para que eu procurasse pela marca. É Amelie, Nina, tem que ser...

- Você está sendo teimoso, Oliver. O encantamento que estou prestes a fazer com a garota é um encantamento antigo que só funciona com a ligação de almas gêmeas, conectadas desde o incio de suas formações e não é só você quem eu usarei para selar o feitiço. Eu vou usar também o jovem alfa porque eu pude sentir a ligação entre ele e a sua protegida mesmo que eles estivessem distantes. Quando falamos com Amelie eu tive ainda mais certeza de que funcionaria, eu pude sentir o bebê e aquele bebê se liga a você inegavelmente. Sei que você está pouco familiarizado com o que os lobos chamam imprinting mas sabe que eu conheço esses transmutadores e a magia deles sempre me interessou. Eu os estudei o bastante para saber que Amelie e o garoto foram criados juntos e vem retornando vida após vida para se encontrarem. É bem simples na verdade: Amelie não é sua Eleanor porque a alma dela não pertence a você e sim ao lobo. Se ela fosse Eleanor, o garoto nunca teria sofrido o imprinting com ela. Você está sendo orgulhoso demais para admitir que tem perseguido a garota errada. Seja impaciente e irá reencontrar sua Eleanor. Alem do mais, eu sei que você não está ajudando a esses pobres coitados porque você é assim tão bom de coração. Você e eu desejamos pegar Caius Volturi há muito tempo e sabe que uma oportunidade dessas só vem uma vez.

E então se virou, encostando-se na poltrona como se fosse só uma humana preparando-se para um longo voou e nada mais disse.

Minha mente estava incrédula mas eu percebia a verdade em casa misera palavra de Nina. Era difícil no entanto, abrir mão da certeza agradável de que eu finalmente achara minha amada para o incerto pressentimento da bruxa ao meu lado, mesmo que ela fosse com certeza a mais poderosa de sua especie.

Pensei em Caius Volturi, no entanto, e a raiva cega me fez forte.

Aquela guerra estava definitivamente vencida com o que Nina prepararia usando a mim, Amelie, e pelo que parecia, também o seu bebê e o seu cachorro de estimação.

Aquele feitiço não só deixaria todo o bando de lobos inatingível, literalmente, como protegeria todas as almas irmãs em um raio de quilômetros e os Cullen e seus aliados eram praticamente todos casados, enquanto os Volturi tinham uma politica que desencorajava uniões entre os membros da guarda. Não seria preciso nada mais assim que Aro tocasse Nina para que eles recuassem como os ratos covardes que sempre foram e quando eles recuassem ela e eu estaríamos esperando para pegar Caius fora de sua toca como ele nunca esteve em muitos e muitos seculos.

Quem iria dizer que seria o amor a vencer o exercito de poderosos que Aro Volturi vinha colecionando por mais de um milênio.

Nina tinha razão em outra coisa. Eu não estava nessa pelo meu bom coração ou para proteger Amelie embora olhar para ela me lembrasse do que eu realmente vingava. Aquele maldito italiano levara meu amor de mim uma vez, pois eu levaria o que ele mais prezava. Sua maldita existência.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

*******************************************************
Agradesço a paciencia e estarei postando o proximo cap até amanha no maximo!

bjoooo ^^