A Patricinha e o Lobisomem escrita por elizabeth beans


Capítulo 23
Capítulo 22 - Fogo Cruzado




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Fogo Cruzado 

 

 

Amelie POV

 

 

Estava cada vez mais difícil dissuadir Marta de que não havia nada de diferente comigo, porque é claro que havia. Eu estava gravida.

 

E alem de gravida eu acreditava estar ficando maluca também, porque

todos os meus gostos mais básicos estavam se modificando.

 

Fiz minhas contas por cima e eu devia estar de dois meses, então eu ficava me perguntando sem parar como é que dois meses de gravidez poderiam me transformar em uma nova, e mais desclassificada Amelie.

 

Desenvolvi um desprezo pela maioria das coisas que me agradava. Empacotei todos os meus perfumes franceses e não conseguia usar nada mais do que o sabonete que a própria Marta usava, porque qualquer cheiro que não fosse aquele simples aroma de alfazema me fazia vomitar até o que eu não tinha comido.

 

Era, definitivamente o meu fim.

 

Estava me sentindo uma bagunça e uma baranga ainda maior a medida que eu via minhas roupas se apertando e minhas camisolas de seda que marcavam a cintura entrando com tanta dificuldade no corpo que era mais fácil começar a dormir com a camisa do Jake de vez.

 

Adeus sensualidade e adeus qualquer resquício de beleza enquanto eu só queria mais e mais comida e mais e mais carne vermelha, que eu sinceramente não comia desde os treze anos e que agora voltei a comer como uma loba faminta e desesperada. Claro, eu culpava meu namorado Lobo gostoso e seus genes caninos por essa parte.

 

Jake ria de mim quando eu reclamava e dizia com seus olhos brilhantes que eu estava a cada dia mais linda, mas isso não me sensibilizava, já que ele, eu sempre soube que era louco.

 

Hoje era o dia da verdade para nós. Marta e Billy estariam presentes no almoço e eles receberiam a bomba, ou devo dizer, novidade sobre a minha gravidez adolescente.

 

Marta estava cozinhando desde cedo e parecia pressentir que as coisas lhe seriam finalmente explicadas já que vez ou outra ela passava pela sala onde eu estava enrolada em cobertas, com meu lap-top no colo passando o tempo e me lançava seus olhares reprovativos.

 

Juro que quase dei com a língua para ela mas eu pensei melhor quando percebi que essa não era uma atitude muito madura para uma mãe e eu seria uma mãe em alguns meses.

 

OMG! OMG! Eu estou mesmo gravida. Eu vou ser mesmo mãe. Eu estou tendo uma parada cardíaca. Acho que tenho reação retardada às coisas.

 

Peguei o telefone para ligar para o Jacob e dizer que era melhor agente dar pra traz com essa coisa do almoço. Não me pareceu a melhor hora para falar com o meu adulto responsável sobre a minha condição e eu nem imaginava o que Billy pensaria de mim, comprometendo o filho dele desse jeito, tão cedo.

 

Disquei o numero toda tremula para em seguida bufar de ódio, porque o telefone estava ocupado. Tentei de novo, claro.

 

Ocupado de novo.

 

E ocupado pelas próximas cinco tentativas, também.

 

 

 

 

Jacob POV

 

 

Eu fiquei pregado no chão, sem saber o que pensar. Minha voz saiu meio arrastada, totalmente surpresa e muito idiota.

 

- Bella? - perguntei inutilmente, pois agora eu era capaz de reconhecer a voz dela mesmo por traz da nova afinação.

 

- Jacob, me desculpe estar ligando. Me desculpe mesmo. Ninguém aqui sabe que estou fazendo isso. Eu dei uma fugida e estou te telefonando do centro da cidade. Eu preciso ser rápida... - ela estava bastante apreensiva e eu entendi que qualquer que fosse a razão pela qual ela estava entrando em contato comigo depois de tanto tempo, ela tinha os seus motivos para fazê-lo. Motivos sérios o suficiente.

 

- Pode falar Bella. - eu disse de maneira bem mais calma, pensando racionalmente.

 

- Nós estamos perdidos Jake, perdidos. - ela disse e então pareceu perder o folego por mais que os sanguessugas não perdessem o folego. Ela soluçou e continuou. - Aconteceu algo que pode ter condenado a minha família inteira a morte e eu estou desesperada. Eu não tinha mais para quem ligar, eu juro que não queria...

 

- Fala logo Bells! - De repente pareceu tão natural ajuda-la.

 

Não havia a magoa de antes por ela ter acabado com meu coração e com a própria vida. Não havia a Bella sanguessuga e não havia a mulher que me trocou por um monstro depois de tudo o que passamos. Ali era só a Bells, minha amiga, desesperada como uma humana frágil me pedindo ajuda aos soluços. Afinal, Amelie mudara totalmente a minha perspectiva.

 

Nem uma parte de mim era capaz de sofrer por Isabella Swan, não havia mais todo aquele rancor que eu tive dela pela escolha que fez para a própria vida.

 

- Ah Jake... - ela disse emocionada. - Nós estamos em Denali, você recebeu minha carta, não recebeu?

 

- Recebi sim, Bells. - e dizer isso não doeu nada. Lembrar da carta não fez diferença.

 

- Nós estamos aqui pela região dos Denali desde que eu e Edward voltamos da América do Sul, mas Irina Denali não está em casa desde que Carlisle recusou a ajuda em vingar Laurent, aquele que você e os outros lobos mataram para me proteger. Irina gostava muito dele e ela acabou saindo de casa quando as irmãs ficaram contra ela e do lado de Carlisle. - Bella então abaixou ainda mais a sua voz e eu percebi seu tom arrasado. - O meu filho não é uma criança comum, ele cresce rápido e ele tem agilidade e força mas ele ainda é uma criança. Uma criança inofensiva que prefere muitas vezes comer as frutas que Esme lhe compra do que beber de animais como nós fazemos. Ele é em parte tão humano mas quando Irina viu que estávamos aqui, quando ela nos encontrou caçando na floresta e ela viu E.J. abater um cervo ela não me esperou explicar. Ela achou que nós tínhamos infringido a lei e transformado uma criança em vampiro. Criar uma criança imortal é um erro muito grave, é o mais importante dos tabus. A Mãe das irmas Denali foi destruída pelos Volturi por fazer uma coisa dessas a seculos atrás e Irina fugiu de mim na floresta assim que viu meu filho. Ela foi até os Volturi para nos delatar, Jake. Eles vão caçar o meu filho. Alice já teve a visão deles decretando que o E.J. deveria ser... - ela soluçou mais alto e não conseguiu dizer. - Nós estamos condenados Jake. Nós seremos executados... - e então ela parou de emendar uma informação na outra e se pôs a chorar compulsivamente.

 

Era certo que eu entendi só a metade daquele monte de coisas que ela tentou dizer. Ficou bem claro que a criança corria perigo e que ela não era completamente vampira e estava certo que eles se sentiam encurralados e sem esperança e foi inevitável não pensar em Amelie, gravida de um filho meu. Um filho que eu já amava mais que minha própria vida. Um presente pelo qual eu lutaria até a morte.

 

Mas eu tinha a impressão de que Bella não dissera tudo. Ela continuava a chorar baixo, descontrolada e humana demais naquele telefonema.

 

- Bella, me conte isso direito. Vocês certamente tem um plano!

 

 

 

 

 

 

 

Amelie POV

 

 

Eu estava a ponto de ir atrás daquele Lobo cretino que eu amo tanto, já que o telefone ele não atendia mesmo, quando bateram na porta e eu quase tropecei na mesinha de centro na tentativa de atender mais rápido. Eu devia me lembrar de ter mais cuidado agora que eu não era responsável só por mim.

 

Quando abri a porta, no entanto, desejei não ter corrido, desejei nem sequer estar em casa porque me deparei com ninguém menos, ninguém mais que minha mãe. E como se o circo já não estivesse completo o meu Ex-Dindo, vampirão mentiroso de marca maior estava ao lado dela. Ofeguei e quase fui tomada pelo panico.

 

Onde estava meu namorado, pelo amor de Deus!

 

- Vai nos deixar mofar nessa soleira, Violet... - minha mãe me lançou um olhar ferino. - Essa convivência com empregados parece ter tirado de você toda a educação que eu perdi meu tempo ensinando! - empinou seu nariz fino em cima de mim e eu sai de sua frente ainda em choque, morrendo de medo e tentando ficar o mais longe possível de Oliver que não tirava os olhos de mim.

 

Eu ia matar o Jake por me deixar sozinha, ainda mais agora. Ele já deveria ter chegado a mais de meia hora e ele não se atrasa. Comecei a me preocupar com mais isso como se já não tivesse motivos suficientes para pirar.

 

Dois motivos para ser mais exata. E eles estavam entrando na salinha de Marta nesse momento e minha mãe evitava tocar em qualquer coisa, como de praxe.

 

- Sra. Weelow! - Marta veio da cozinha, limpando as mãos em seu avental e minha mãe a ignorou completamente.

 

- Vá pegar suas malas, Violet. - ela disse enquanto mal fitava meu rosto. - Eu já deixei você brincar de casinha por tempo o suficiente. Oliver me trouxe a razão! Não podemos deixar que sua educação se comprometa enquanto você termina o colegial nessa escolinha mediócre. Já teve seu castigo, agora podemos voltar a vida real.

 

 

Eu totalmente parei de prestar atenção assim que a palavra “malas” foi mencionada e quando minha mãe estalou seus dedos em frente aos meus olhos tentando me chamar atenção por que eu ainda não falara nada, eu só pude fitar ela e ter a reação mais bizarra de todas. Porque eu cai na gargalhada, literalmente.

 

Me dobrei de rir e fiquei tonta, o que fez com que eu caísse sentada no sofá. Minha mãe mantinha os olhos estreitos perigosamente e sua boca estava fina em um sinal de profunda irritação, mas isso só me deixava com mais e mais vontade de rir.

 

- Você é louca. - eu disse em meio a um suspiro quando já me controlava. - Não pode me tirar daqui assim...

 

- Eu sou sua mãe, você é menor e eu banco todas as suas despesas. Eu posso fazer o que quiser com você, Violet. - ela deu um sorrisinho sarcástico e arqueou uma das suas perfeitas sobrancelhas.

 

Um frio desceu por minha espinha e eu sabia que ela estava certa. Malditamente certa. Mas era estranho, porque pela primeira vez em minha vida eu não tive medo dela e não levei tanta fé nas coisas que ela dizia cheia de segurança.

 

Eu tinha uma vida crescendo dentro de mim agora. Eu seria uma mãe também e eu seria o tipo de mãe que ela nunca conseguiu ser, eu tinha certeza.

 

Por isso, continuei desejando que pudesse ter Jake ao meu lado enquanto dizia em alto e bom som o que eu precisava dizer mas mesmo sem ele ali, eu faria.

 

- Não vou a lugar nenhum, mamãe. - a encarei seria, não esmoreci em nenhum momento. - Aqui é o meu lugar, onde eu sou feliz como nunca pensei que seria.

 

Então a porta se abriu de repente e eu vi Jacob me olhar preocupado e entrar a passos largos na sala para ficar a minha frente. Mas antes que ele tomasse seu lugar eu a encarei pela ultima vez.

 

Eu fitei minha mãe nos olhos e eu sorri vitoriosa quando disse:

 

- Eu estou GRAVIDA, mamãe!

 

 

 

 

Jacob POV

 

 

Bella realmente não dissera tudo o que precisava dizer e eu descobri com um arremedo de desgosto que ela nem de longe tocara nos assuntos mais importantes.

 

A vidente dos Cullen, pôde ver com clareza o dia em que os sanguessugas italianos chegariam para cobrar sua justiça e eles chegariam em nossas terras, não nas terras dos tais Denali, no Alasca.

 

Eles viriam não só pelo filho de Bella. Estavam de repente muito “curiosos” sobre o grande bando de Lobisomens que residia em Olympic, já que a mesma vampira que traíra os Cullen, revelou também nossa existência.

 

Segundo o que ela conseguiu me dizer, os problemas nem de longe se limitavam a essas duas ocorrências, já que os tais Volturi sempre cobiçaram alguns Cullen por seus talentos extras e o verdadeiro motivo dessa “visita” era recruta-los.

 

Estavam usando a criança como um pretexto mediócre, um estopim. Mas nada disso se comparava a verdade em suas palavras tremulas.

 

Nós teríamos uma guerra.

 

Nosso inimigo era, teoricamente imbatível e estávamos todos condenados. Mesmo se o bando não desejasse interferir, poderíamos acabar subjugados como eles certamente acabariam. Seriamos apenas, destruídos separadamente.

 

Sem considerarmos quantas vidas humanas se perderiam para alimentar o exercito Volturi, nossas perdas já pareciam graves o suficiente para que eu caísse sentado, no braço do sofá como a criança assustada que eu era naquele momento.

 

Tentando muito recobrar minha consciência e me lembrar de que eu teria um filho e eu tinha uma mulher frágil e humana para proteger com minha vida.

 

Porque eu era um Lobo e eu estava na primeira linha de tiro junto aos meus irmãos e aos outros sanguessugas aliados, mas minha Amelie não precisava correr nenhum risco e eu faria qualquer coisa para que ela estivesse muito longe daqui quando a neve voltasse a atingir o solo e o dia do nosso fim se aproximasse.

 

Lembro-me vagamente de Bella dizer algo sobre as medidas que Carlisle julgava necessárias nesse momento de pouca esperança. Os Cullen estavam atrás do maior numero de vampiros amigos, vegetarianos ou não, que pudessem testemunhar que o filho dela não era nenhum monstro e todas as esperanças de minha amiga estavam em uma solução diplomática sem confronto. Quando a verdade sobre a criança fosse provada e os Italianos não pudessem alegar nenhum outro crime.

 

Mas eu soube, assim que ela me contou que os Cullen estavam todos voltando para Forks para organizar aqui a sua resistência, que eu devia alertar todos os Lobos e nós deveríamos estar prontos porque a vidente, que era nossa maior arma, foi a primeira a abandonar o barco.

 

- Alice, ela foi embora... Acredito que tenha tido uma visão onde ela precisasse partir para nos ajudar mas todos estamos com medo Jake, porque ela se foi... Não disse nada, apenas se foi! E ela nunca nos deixaria se houvesse esperança - Bella suspirara pouco antes de desligar o telefone.

 

Cego por todas aquelas verdades eu voei em direção a porta e meu pai se assustou assim que bateu os olhos em mim. Eu deveria estar transparecendo toda a apatia e o desespero que me tomavam.

 

- Jacob... - ele já ia dizendo mas eu não esperei que terminasse.

 

Deixei o velho lá na área mesmo e corri para a casa da minha Mily. Eu precisava garantir que ela estivesse em segurança. Eu precisava abraçar ela e sentir seu cheiro, sua pele macia em contato com a minha. Precisava olhar dentro dos seus olhos cinzentos e profundos como o mar da First Beach.

 

E mais do que qualquer outra coisa, antes de convocar uma reunião com o Bando e organizar táticas militares para lutar por uma sobrevivência desacreditada. Eu precisava escutar o pequeno coração do meu filho bater de encontro a minha audição aguçada, para me lembrar pelo que eu lutava.

 

O grande motivo que eu tinha para não me deixar abater.

 

 

 

Amelie POV

 

 

- Hahahahahahaha... - minha mãe gargalhou histericamente assim que ouviu o que eu dizia. Nunca a vi tão descontrolada e certamente aquilo me assustou. - Você ficou louca, garota? - seus olhos de repente eram mais maldosos e ferinos. - Você é ESTÉRIL Violet, ESTÉRIL. Sabe o que isso significa?

 

Eu fechei bem os meus olhos e contei até cinco. Quando cheguei ao cinco, Jake já estava ao meu lado, abraçando-me de encontro a ele protetoralmente.

 

Mas tinha alguma coisa errada com o meu amor, porque ele não estava tão quente como sempre e sua expressão era muito estranha, um tanto aérea e torturada. E algo me dizia que não era a minha mãe quem havia posto aquela expressão em seu rosto.

 

Ele me olhou e não me passava confiança e Deus sabe que Jake é uma das únicas pessoas no mundo capazes de passar confiança o bastante para deixar qualquer um seguro e feliz apenas com um sorriso.

 

- O que foi? - eu murmurei para ele enquanto minha mãe ainda me fitava incrédula.

 

Ele negou com a cabeça e então pareceu despertar um pouco mais para nossa situação de crise, ali no meio da sala.

 

- Você foi avisado sanguessuga. Não é bem vindo em nossas terras! - ele se dirigiu ao meu Tio Oliver, recobrando certo tom ameaçador em sua fala.

 

Meu Tio apenas sorriu sarcasticamente e colocou as mãos nos ombros de minha mãe dirigindo-se a ela.

 

- Amelie diz a verdade, querida. Está mesmo gravida. - ele falou paulatinamente, perto de seu ouvido.

 

Pela cara que ela fez, eu jurei que minha mãe desmaiaria e em resposta àquilo, só pude olhar para o lado onde Marta me encarava com tantas perguntas em sua mente que pareciam estar cutucando minha própria cabeça para serem respondidas.

 

Como eu devia muito mais explicações à Marta do que àquele projeto de monstro que um dia eu chamei de mãe, eu fui até minha babá, que estava de pé na porta que nos levava a cozinha.

 

Eu a abracei. Ela me recebeu, como sempre, de forma carinhosa.

 

- Me desculpe se não contei antes. O almoço de hoje era para isso! - expliquei.

 

Marta então deixou um sorriso singelo passar por seus lábios que estavam apertados em uma repressão natural.

 

- Você está certa disso? - me perguntou e nos estávamos ignorando minha mãe juntas, agora.

 

- Sim. - eu sorri para ela, brilhantemente. Sem nem me incomodar com o campo minado onde nos encontrávamos. Com toda a alegria que eu sentia por ter aquela pequena vida dentro de mim.

 

- Agora eu penso que entendo o porque de tantos enjôos e a mudança na alimentação. - ela pousou sua mão em minha barriga que ainda não parecia. - Eu nem suspeitei... Talvez por que nunca tive meus próprios filhos!

 

Eu a abracei mais forte e ela sussurrou no meu ouvido: “Eu estou com você!”

 

E depois de ouvir aquilo eu sinceramente esperava que minha mãe e meu Tio se explodissem em um milhão de pedacinhos naquela sala porque nada que eles falassem ou impusessem ia me tirar de La Push.

 

- Você vai se livrar desse problema Violet! - minha mãe veio até mim e agarrou meu braço enquanto Jake não a impediu pois estava travando uma batalha de olhares furiosos com meu Tio e certificando-se de que ele não se aproximaria nem um milimetro de mim. - Vamos ligar para o Dr. Kent assim que chegarmos à Los Angeles.

 

- Sem chance! - eu puxei meu braço e ela me soltou a contra gosto porque eu era mais forte que ela, já que comia um pouco mais do que duas folhas de coisa verde, desde que engravidara.

 

Mas eu certamente não esperava pelo que aconteceu em seguida.

 

- Vá com ela, Amelie! - Jake me olhou nos olhos e ele tinha plena certeza do que dizia.

 

Eu acho que abri minha boca com tanta força que poderia ter deslocado meu maxilar.

 

- Você ouviu o que ela disse? Você tá louco? Ela quer que eu mate o nosso bebê! - eu gritei com ele sem paciência para entender o porque de ele estar agindo daquele jeito tão ridículo.

 

- Ela não vai fazer nada disso. Você não vai deixar amor, mas precisa ir com ela! - ele se aproximou deixando o confronto com Tio Oliver, de lado.

 

- Eu não vou coisa nenhuma Jake! Qual é o seu problema? - eu gritei mais ainda e já podia sentir o gosto das minhas lagrimas salgadas e amargas. O que ele achava que estava fazendo? Ele queria que eu fosse embora? Ele estava me descartando? E a historia do imprinting, de que ele não poderia sobreviver sem mim... Era mentira?

 

Ele me abraçou forte, fazendo os meus pés subirem em uma ponta de bailarina.

 

- Eu amo você, mais do que a minha própria vida. - ele falou com paixão como se lesse meus pensamentos atormentados. - E eu amo o nosso filho do mesmo jeito. - e então ele segurou meu rosto, uma mão em cada bochecha e olhou meus olhos com muita dor em suas iris intimidantes, feito dois lagos negros. - É por isso que você precisa ir!

 

- Não... - eu tentei dizer e ele selou meus lábios com os seus sem aprofundar o beijo.

 

- Vá Amelie, por mim. Vá com sua mãe. - disse por fim.

 

E então eu vi meu mundo desabar em cima da minha cabeça e comecei a me sentir fraca demais para continuar lutando com aquela situação.

 

Porque ir contra a minha mãe já não era grande coisa para mim, mas ouvir da boca de Jacob que ele me queria longe, não foi assim tão fácil de superar.

 

 

 

Jacob POV

 

 

Foi como um milhão de facas me perfurando, o olhar ressentido e quebrado que Amelie me jogou antes que eu lhe desse um ultimo beijo e corresse, tentando ignorar o meu instinto de permanecer junto dela que agora era mais forte do que qualquer coisa.

 

Claro, não a deixei lá com aquele sanguessuga. Antes de bipar Sam e os outros caras e marcar a reunião que era crucial para todos nós nesse momento, eu pude me certificar que o tal Tio dela estivesse saindo dos limites da reserva e com ele, levando a mãe dela que deixara bem claro que:

 

- Volto amanha, sem falta para busca-la. Esteja você pronta ou não!”

 

No que Amelie apenas a ignorou apática, olhando para mim sem desviar aqueles imensos orbes cinzentos, cheios de acusações.

 

Ela deveria estar me odiando pelo que eu implorei a ela que fizesse. Deveria estar me achando o maior dos traidores. Quem sabe até coisa pior.

 

Mas eu poderia viver com sua magoa se ela estivesse segura e longe daqui quando tudo explodisse e foi por isso que eu me mantive forte quando julguei não ter mais força alguma e me afastei dela de uma forma fria que me partiu em dois.

 

Por bem ou por mal ela precisava ir embora. Não concebia a possibilidade de te-la tão perto da morte. Não podia sequer imaginar perde-la ou comprometer sua segurança só porque eu cai em combate e não pude protege-la. E tinha o bebê. O meu pequeno filho que de nada sabia ainda, mais indefeso até do que sua frágil mãe.

 

Que escolha eu tinha? Contar para ela, com certeza não era uma opção. Eu sei que ela me desobedeceria e permaneceria comigo até o fim. Ela não pensaria primeiro nela, ou no bebê. Ela pensaria em nossa pequena família. Que nós deveríamos ficar unidos, enfrentar tudo juntos.

 

Eu sabia que não era assim que funcionava se eu quisesse garantir sua segurança.

 

Pensei em minha irmã, que também estava gravida. E havia ainda Emily e Kim. Com certeza os caras as mandariam para algum lugar seguro.

 

Para minha amada Amelie esse lugar seguro bem poderia ser sua, antes adorada, Beverly Hills.

 

Eu sabia, e isso me doía admitir, que aquele Tio sanguessuga dela não deixaria que nada lhe acontecesse quando eu não pudesse mais protege-la e com essa esperança, que não tinha nada haver com confiar naquele monstro, eu poderia viver ou morrer em paz. Por qualquer que fosse o meu destino.

 

Voltei a forma humana e coloquei minha bermuda porque eu preferia esperar meus irmãos sem compartilhar minha dor com eles.

 

Estava em uma pequena clareira perto de um riacho e sabia que de nada adiantava adiar o momento inevitável das vozes confusas, assutadas e raivosas em minha mente, pois que, isso aconteceria no momento em que eles soubessem de tudo.

 

Mesmo assim, algum instinto egoísta e profundamente humano, me fez desfrutar dos últimos cinco minutos de silencio mental antes do caus.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
PS:Gente, antes de mais nada , obrigado mais e mais uma vez a todas as minhas leitoras que mandam review, se immportam, se impolgam e fazem minha vida feliz e completa

*_* (AMO VOCÊS um TANTÃO)

Claro, eu adoraria postar de cinco em cinco minutos e fazer só isso da vida mas não dá ... SINTO MUITO MESMOOOO!

E pra terminar, eu nunca vou desistir da fic, quando eu precisar (e se) eu precisar HIBERNAR ela , vcs irão saber por um grande topico de aviso em letras garrafais, então não se preucupem... Eu demoro, mas eu posto

Espero que seja suficiente ... milhões de beijos!!!!!!!!!

S2