A Patricinha e o Lobisomem escrita por elizabeth beans


Capítulo 18
Capítulo 17 - Não te dei intimidades!




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Não te dei intimidades!



 


Amelie POV


 


 


Eu perdi alguma coisa?


 


Porque Jacob estava me olhando como se eu fosse a ultima bolacha do pacote em uma viagem à Etiópia? Ou a ultima gota de agua no deserto?... Me olhando daquele mesmo jeito estranho que o namorado da Kim olha pra ela e que o sobrinho da Marta olha pra mulher dele?


 


Ele estava sorrindo resplandescente, um sorriso de menino, totalmente bobo e encantador, me encarando nos olhos com tanta adoração, fazendo com que eu sorrisse de volta sem conseguir me refrear.


 


- Você! - ele estava ofegante e eu me preocupei que ele tenha perdido o juízo de vez, já que nunca achei que ele estivesse muito longe disso mesmo.


 


- Era você o tempo todo! - ele exultou e então avançou até mim me pegando de surpresa e me girando, tirando-me do chão com facilidade e me dando pequenos beijos que me faziam cocegas enquanto ainda me girava.


 


Eu gargalhava sem conseguir me livrar dele. Nem ao menos conseguia folego para exigir uma explicação.


 


O calor do corpo dele estava me ascendendo de formas totalmente erradas e eu percebi tarde demais que ele estava com seu torço completamente nu. Quase gemi com a visão dos músculos perfeitos embaixo daquele sorriso que chegava a ser cruel de tão lindo.


 


- Mily, minha Mily!!! - ele me pôs no chão e eu cambaleei um pouco enquanto ele me mantinha no lugar. Ele agora beijava meu cabelo e segurava as minhas bochechas, uma em cada mão.


 


Senti cheiro de graxa mas ainda parecia entorpecida demais para me importar.


 


Colou sua testa na minha, fechando os olhos em jubilo. Não agüentei e assaltei aqueles lábios grossos como pude, aproveitando que ele se mantinha abaixado o suficiente pra eu alcança-lo.


 


Ele me beijou como nenhum homem nunca beijaria. Ele me beijou como nem ele mesmo beijara das outras vezes. Foi perfeito e foi completamente diferente de qualquer experiencia real e de repente eu tive muita certeza de que estava sonhando ou que tinha morrido, talvez eu estivesse sobre efeito de drogas alucinógenas. Estava enlouquecendo ali.


 


- Não é real! - eu ofeguei sentindo meus pulmões protestarem por ar assim que ele me soltou.


 


- É real! - ele afastou nossos rostos apenas para me olhar nos olhos enquanto me dizia: - Eu amo você, Amelie Wellow e eu vou ama-la para sempre. Nunca mais você será sozinha.


 


E o peso daquelas palavras foi tanto que meu medo me despertou para a loucura que eu parecia partilhar.


 


- O que disse? - arregalei meus olhos.


 


- Eu te amo! - ele dessa vez me encarou serio, um brilho maluco nos olhos castanhos escuros e bonitos. Será que tinha alguma parte daquele homem que fosse feia? - Pra sempre. - ele afirmou como em uma jura.


 


- Você bebeu, Black? - tentei rir, me soltando dele mas estava magoada. Queria que aquilo fosse verdade, queria muito que tudo o que ele disse fosse verdade mas não podia, simplesmente não podia. Porque agora? Nós tínhamos brigado e além disso nenhum de nós nunca tinha admitido nada realmente.


 


- Eu nunca estive mais sóbrio e mais ceto em toda a minha vida. - ele continuou me olhando nos olhos, me desarmando, com calma.


 


Eu tentei sorrir amarelo e desmerecer, fazer alguma piada para tentar descontrair aquele clima de repente serio demais. Nada saia da minha boca.


 


- Você vai entender tudo quando souber O Segredo. Vem! - e puxou minha mão que eu não recusei mesmo sabendo ser o melhor a se fazer.


 


- Vem comigo que eu acho que já podemos ir embora. - ele me puxava pela mão através do galpão. - Se tivermos sorte podemos marcar uma reunião do conselho pra hoje a noite mesmo... - ele ia falando todo empolgado enquanto eu me desligava completamente daquela situação, tentando me focar no que tinha acontecido, de fato.


 


- Sr. Dook? - ele chamava enquanto abria a porta do Rabitt pra mim.


 


Um cara alto, não tanto quanto o Jake, que aparentava uns quarenta anos saiu de dentro de uma salinha encardida e Jacob combinou com ele de ir embora imediatamente em troca de mais horas de serviço.


 


Não demorou muito mais e nós fomos para casa. Ele dirigia com uma das mãos e a outra estava sempre na minha, só soltava para mudar a marcha e quando soltava parecia deixar seu rastro quente preso ali.


 


Eu estava profundamente dividida com tantas vontades dentro de mim, com a minha grande alegria por tudo de insano que ele havia dito e por meu grande medo de que fosse uma brincadeira ou um acesso de loucura , que era o que mais cogitava.


 


Estava assustada também, porque em nenhum momento eu consegui resistir à ele e aos seus rompantes.


 


 


 


Jacob POV


 


 


 


Deixei minha Mily em casa, ainda zonzo com a subta constatação de que ela era a mulher da minha vida.


 


Eu tinha agora, uma opinião completamente diferente do imprinting, de quem eu era pouco fã desde o inicio. Era inevitável sentir aquela pequena graça de estar sendo feito de bobo, de estar pagando a maior língua, mas eu estava super confortável em fazer parte daquilo, pra dizer o minimo.


 


E alem do mais, eu tivera a sorte de conhece-la e de me apaixonar por ela antes mesmo de saber que era ELA. Uma sorte que nenhum dos caras tivera antes de mim, a não ser que contássemos o Quil que ainda tinha um longo caminho a trilhar antes que a Claire tivesse idade para saber o que era o amor entre um homem e uma mulher.


 


Aquele sentimento de quietude e bem estar tomava conta de mim e não tinha nenhuma duvida de que Amelie corresponderia aos meus sentimentos. Talvez eu precisasse sim ser paciente, ter muito tato ao contar toda a historia à ela, mas se eu fosse dedicado, ela se entregaria.


 


O beijo de hoje me provava isso, assim como muitas outras atitudes dela com relação a nós dois. A forma como o coraçãozinho dela batia desesperado e como ela ficou mais branca do que cera quando eu disse que a amaria pra sempre, o que eu não pude me segurar e disse na primeira oportunidade que tive, assustando-a um pouco.


 


Mas, com certeza, o melhor foi o brilho em seus olhos cinzentos; um brilho que eu não vira em nenhuma outra ocasião. Uma alegria que irradiava dela para mim e me dava a certeza de que ela estava a bordo dessa loucura. Não tão definitivamente e não tão loucamente quanto eu, mas o suficiente para que tivéssemos uma grande chance, juntos.


 


Ela era minha. Só minha. E ela havia voltado a La Push, afinal. Não imaginava ninguém a obrigando a isso ou o sanguessuga desgraçado abrindo mão dela se ela não quisesse de fato vir, e então, quanto mais eu examinava tudo o que havíamos passado mais me parecia certo que fosse ela, mesmo sendo uma ex-patricinha mimada, arrogante e orgulhosa, destemida e frágil; que fosse a Srtª Wellow, o meu imprinting.


 


 


Com o que eu sabia ser o sorriso mais idiota e apaixonado de todos na minha cara, eu desci do Rabitt e fui caminhando sem pressa até meu pai, que estava esculpindo alguma peça em madeira na varanda de casa e ergueu os olhos para mim assim que subi pela escada.


 


 


Com um longo olhar para o velho, pude sentir seu coração acelerar e seus olhos arregalarem.


 


 


- Ah, meu filho! - ele parecia quase tão feliz quanto eu. - Com quem foi?


 


- Com quem mais seria, velho? - eu me ajoelhei em frente a cadeira dele o abraçando enquanto ele gargalhava pela minha atitude.


 


- Não sou adivinho garoto, fala logo, Jake. - ele me fitava curioso.


 


- Amelie! - e eu já esperava pela cara de confusão que ele fez em seguida e antes que ele dissesse algo, eu disse: - Eu sei, eu sei... Eu já tinha visto ela e não senti nada.


 


Ele continuava encarando, ainda confuso. Compartilhei minha teoria, um tanto obvia.


 


- Ela sempre usou umas lentes de contato estupidas e eu acho que isso barrou um pouco... você sabe, o momento em que eu saberia. Mas, mesmo assim, desde o primeiro momento, pai, eu acho que já sabia. Quer dizer, com ela sempre foi diferente. Eu sempre quis estar perto dela. Um força sempre me puxou pra ela.


 


- Jacob, eu estou feliz por você, sabe que estou, mas essa garota... Ela não conhece nossas tradições, ela não tem nada haver conosco! O imprinting nunca falha e ele é sempre para o melhor, mas isso não quer dizer que será fácil. Você precisa estar preparado se ela decidir resistir. - ele parecia realmente preocupado agora.


 


- Fica frio velho, eu sei ser insistente. - eu segurei no ombro dele, sorrindo mais ainda, sem poder me impedir. - Ela gosta de mim, eu sinto isso. Mesmo antes eu sentia. Eu vou conseguir dobra-la, você vai ver!


 


- Eu vou torcer filho, você sabe que vou. - ele pareceu voltar a se alegrar. - E quando pretende contar pra ela? - perguntou.


 


- Era sobre isso que precisava de ajuda. Queria ver em quanto tempo podemos fazer uma fogueira pra ela ouvir as historias. Acho que vou conversar com ela antes também, só pra garantir mas não quero perder tempo!


 


- Vou fazer minhas ligações, Jake. Acho que conseguimos marcar pra hoje mesmo e é bom que não esteja chovendo também... - Billy disse, já fazendo listas do que iriamos preparar.


 


- Obrigado, pai! - eu o abracei de novo e então entrei para tomar um banho e voltar a casa dela.


 


 


 


Amelie POV


 


 


Assim que Jake me deixou em casa com um beijo doce de despedida, eu desci atordoada e então pareci clarear minha mente no instante em que seu carro virou a esquina, como se só pudesse pensar com clareza longe da influencia de sua presença quente e aterradora.


 


Conhecia a pessoa certa para me explicar o que estava acontecendo com aquele garoto, afinal.


 


- Kim? - perguntei um tanto alarmada quando atenderam ao quarto toque do telefone.


 


- É o Jared. - a voz de tenor do namorado dela atendeu, parecia que ele estivera rindo a pouco e ainda falava de maneira vacilante. - Vou passar pra ela, Amelie. - completou.


 


- Obrigada! - eu estava trêmula.


 


- Amelie? - a voz de Kim, também risonha finalmente atendeu o telefone.


 


- Eu preciso de ajuda e você vai me contar toda a verdade! - eu fui despejando, percebendo que muito mais do que Jacob Black e seu súbito amor por mim estava incomodando parte da minha mente.


 


A voz dele ainda ecoava em mim: “ - Você vai entender tudo quando souber O Segredo. “


 


Todos eles escondiam algo. Seus olhares cúmplices e suas maneiras fluidas demais e majestosas demais para simples proletários. E a adoração com que olhavam as mulheres, a adoração que eu vira em Jake essa tarde e que ainda me deixava entregue aos calafrios.


 


Estava farta daquilo e tudo parecia incrivelmente ligado, algo me dizia que isso tinha haver até mesmo com o meu Tio.


 


Porque eu me sentia tão ligada ao Jacob, mais do que antes... definitivamente mais do que estar apaixonada por um garoto.


 


- O que aconteceu, Mily? - Kim parecia vacilante e de repente, diplomática demais.


 


- Jacob Balck acaba de me dizer que irá me AMAR para SEMPRE e não pareceu que ele fazia uma piada! - eu praticamente gritei.


 


- Ouch!!! - ouvi ela ofegar e então pareceu perguntar alguma coisa ao namorado, mas eu estava interessada em mais do que a sua reação surpresa.


 


- Eu quero que alguem me explique o que está acontecendo aqui e quero que você me diga o porque de Jacob estar me tratando exatamente como o seu namorado te trata e o sobrinho da Marta trata a Emily. EU NÃO SOU IDIOTA. ALGUMA COISA ESTA ACONTECENDO...


 


- Eu chego aí em quinze minutos OK? Só preciso confirmar uma coisa! - ela parecia sincera então eu me acalmei.


 


- Venha logo! - eu praticamente gaguejei, implorativa.


 


Nem estava ligando por estar implorando à Kim que viesse me ver. Ela era a minha única amiga agora já que eu ainda não estava desesperada o suficiente para falar de garotos com a Marta.


 


- Fica calma Mily... - sua voz incrivelmente doce pareceu verdadeiramente me acalmar. - Se for o que eu estou pensando que é... não é uma coisa ruim, é uma grande honra e logo você saberá de tudo! - e então ela desligou e eu me enrosquei nas minhas próprias pernas.


 


Ali, deitada na minha cama e abraçando o Sr. Feddols, o meu ursinho azul que eu tinha desde que me conhecia por gente e que quase pensei ter perdido na mudança até encontra-lo junto com uns sobretudos Burberry na minha sétima mala.


 


 


Kim POV


 


 


Jared me deixou em frente a casa de Dona Marta, onde Amelie me esperava, e foi ajudar os rapazes a organizar a reunião do conselho que ocorreria de ultima hora.


 


Eu nem podia acreditar naquilo tudo. Assim que Mily desligou o telefone, Sam ligou avisando: Jacob tivera realmente um imprinting com ela e agora o conselho estaria se reunindo as pressas para que ela ouvisse nossas lendas e fosse “iniciada”. Jake não queria esperar.


 


Achava meio precipitado ir dizendo na cara da garota que o rapaz com o qual ela tinha um relacionamento ainda muito indefinido era um lobisomem que estava ligado à ela para a vida toda irrevogavelmente.


 


Mas pensando bem, Jared não esperou muito pra me levar ao conselho e eu não achei nada ruim quando ele se declarou. Mily nunca ouvira falar sobre as lendas e isso me preocupava um pouco. Sam me permitira prepara-la. Não sair contando tudo antes de ela ter a oportunidade de ouvir de forma mais explicada, mas sabe, preparar o terreno. Faze-la ir até a fogueira naquele esquema de: Não te fará mal algum... Eu vou, é sempre tão legal...


 


Esperava ser convincente.


 


- Oi Dona Marta. - cumprimentei passando pela porta.


 


- A Srtª Amelie está te esperando no quarto Kimberly. - ela disse com um sorriso cúmplice e então voltou para a cozinha. Eu bati na porta de leve.


 


- Kim, se for você, pode entrar! - Mily choramingou de lá de dentro e eu entrei me preparando para ter paciência e não entregar todo o segredo de bandeja assim que ela me pressionasse a primeira vez. É que eu não agia muito bem sobre pressão.


 


-Oi! - sentei-me a beira de sua cama enquanto ela se ajeitava em grandes travesseiros.


 


- Desembucha! - ela mandou. Sempre tão doce.


 


- Mily, não exagera. - eu tentei. Ela levantou a perfeita sobrancelha em arco para mim.


 


- Kim, você sabe tudo o que está acontecendo com essa gente doida e se você é minha amiga tem obrigação de me contar! - ela disse, bem seria dessa vez e eu notei que abraçava um bichinho de pelúcia.


 


- Eu sou sua amiga sim e eu te diria qualquer coisa mais não sou eu quem deve te contar... - ela ia me interromper mas eu a impedi. - Não, me ouve, por favor! - ela assentiu e eu continuei. - Hoje nós teremos uma festa na fogueira. Só nós daqui da reserva. O mesmo pessoal de sempre, do Natal, do Casamento do Sam. Você conhece todos. Você iria comigo, se eu te pedisse por favor?


 


- Quem sabe se você começasse a abrir sua boca! - ela censurou.


 


- Você vai ouvir nossa historia, na festa, quero dizer. - tentei ponderar. - A historia do nosso povo e das nossas tradições. - Ela bufou.


 


_ Kim... - começou com ares de quem ia me repreender de novo. Até podia ouvi-la dizer “Não me enrola” antes mesmo que ela falasse.


 


- Mily, é serio. Você vai saber de tudo na fogueira. Tem tudo a ver com nossa tradição o que aconteceu com você e o Jacob. E você está certa, aconteceu sim alguma coisa e é a mesma coisa que me une ao Jared. - Dessa vez ela parou a cara de superioridade e estava atenta. - Mas eu realmente não posso te falar nada, porque é direito do Jacob. Ele deve te confiar o segredo e ele tá fazendo do jeito certo, está te levando a fr4ente do conselho como deve ser. Só me promete por favor que vai manter sua cabeça aberta e não vai fingir que não gosta dele...


 


- Até parece... - ela estava indignada de novo. Senti uma nova coragem me tomar e a calei pela terceira vez.


 


- Você sabe que gosta dele e isso é serio porque ele está muito ligado em você, principalmente agora. Por favor, me promete que não vai envergonhar ele na frente de todo mundo que ele conhece desde que nasceu. Por favor? - eu pedi com o coração, rezando pra ela ver o quanto aquilo era sério.


 


- Não sei não, você não me explicou coisa nenhuma. Foi tão inútil quanto a alegria do Black e seu papinho de “Eu te amo pra sempre” - ela tagarelou mas eu percebi que estava apenas sendo irritante, como de costume.


 


 


- Amelie. - eu chamei mesmo assim, olhando-a nos olhos e percebendo pela primeira vez que ela estava de fato sem as iris verde-mel antes tão características de sua pessoa. - Por favor!


 


- Tá bem, eu vou ouvir tudo o que vocês tem pra me dizer mas já vou logo avisando que eu não sei não viu, o Jake tava muito estranho e muito alegrinho pra que isso seja uma boa coisa. - e então ela fez um bico quase infantil, mas seus olhos cinza, muito mais bonitos do que o verde artificial, se iluminaram assim que ela falou o nome dele e eu percebi que o imprinting estava em ação ali e Jacob não teria assim tantos problemas em conquista-la.


Jacob POV


 


 


É claro que eu estava nervoso. Eu era uma pilha de nervos, ali parado em pé na sala de Dona Marta, esperando Mily terminar de se arrumar.


 


- Podemos ir. - Ela apareceu deslumbrante como sempre, calçava botas de neve mesmo que não nevasse mais.


 


- Tão linda! - eu ofeguei a puxando para mim. Ela não refutou mas não se moveu, tão pouco. Eu a beijei de leve nos lábios. Ela me olhava especulativa.


 


- Vai me contar logo o que estão todos me escondendo? - perguntou colocando as mãos na cintura e fazendo uma ruguinha adorável aparecer em sua testa. Eu não pude me conter e a puxei pra mim, abraçando ela apertado.


 


- Você-esta-me-esmagando!!!!!! - ela falou em protesto e eu desfiz um pouco o aperto.


 


- Eu amo muito você! - beijei sua testa enquanto ela me olhava com aqueles lindos olhos cinzentos e assustados.


 


- Acho que você ficou realmente doido, sabe, mas também acho que devemos ir já que eu prometi para a Kim que iria ai nessa festinha de vocês. - ela se separou de mim e me deu as costas, ou tentou.


 


Enlacei ela pela cintura.


 


- Ei, quem disse que te dei essa intimidade? - ela bateu na minha mão, de pirraça. Eu ri e a peguei no colo como se fosse criança.


 


- Me solta!!! - ela esperneou um pouco.


 


- Prefere andar? - perguntei para ela, falando a serio.


 


- Não, pode me levar assim! - concedeu como se falasse com seu escravo pessoal, o que eu admitia, para minha própria alegria, que eu era.


 


Afinal, à coisa melhor no mundo do que servir à mulher amada, como a rainha que ela é? Parecia muito justo pra mim trazer comigo aquele cheiro magnifico que emanava de seus cabelos presos em um rabo alto enquanto tinha suas mãos apoiadas em minha nuca.


 


- Será que eu finalmente vou receber uma desculpa decente para o fato de você ser sempre assim... febril? - ela perguntou em uma voz bem pequena. Pequena demais para a petulância usual dela. Eu afastei minha cabeça e gargalhei.


 


- Sim, você vai descobrir porque nós somos quentes. - eu afirmei e então tive uma outra idéia e comecei a botar em pratica.


 


 


Corri com ela nos braços como se participasse de uma competição de velocidade e não estivesse carregando ninguém comigo e vi ela me lançar um olhar indagativo e super arregalado que logo se desfez em uma careta.


 


- Meu cabelo vai parecer um espanador. Diminua! - ela ordenou. Eu continuei correndo e saltei uma pedra particularmente difícil.


 


- UAL!!! - ela não conseguiu se impedir de dizer.


 


Já podia sentir o cheiro das salsichas assadas e meu estomago roncou. Coloquei ela no chão e enlacei sua cintura outra vez, recebendo outro tapa.


 


- Porque não posso te segurar? - perguntei olhando diretamente em seus olhos. Ela ficou muda por um segundo e eu a vi se aproximar um minimo de mim, sem que ela mesma percebesse o que fazia. Peguei aquela deicha no ar, não desperdiçando oportunidade alguma.


 


A tomei nos braços e a beijei abrindo meus lábios de encontro aos dela, pressionando uma resposta que veio rápida e ofegante.


 


Beijei aqueles lábios macios e avermelhados com aquele halito perfeito que por alguma razão que eu ainda desconhecia, tinha gosto de cereja. Minha língua se enrolava na dela e eu sentia meu corpo acordado e tenso, minhas mãos perdendo o foco e suspendendo-a pela cintura.


 


Como se o controle não abandonasse só o meu cérebro, ela enroscou as mãos em meus cabelos, na minha nuca, e suas penas se partiram me envolvendo pela cintura enquanto eu a levava de encontro ao tronco de uma arvore sustentando ela pelo bum-bum redondo e delicioso.


 


- Hrun-rhun! - O maldito pigarro fez Amelie descer correndo do meu colo e se endireitar na sua pose mais digna.


 


Era o Embry, imbecil, e eu quase parti pra cima dele, não fosse o Quil aparecer logo em seguida com a Claire e a pequena correr na minha direção e na direção da Mily, gritando:


 


- Tio Jayyy, quem é, quem é... BONITA?


 


Amelie POV


 


 


Eu não era mais eu mesma quando estava na companhia daquele maldito – perfeito, gostoso e louco... - índio.


 


Tá, eu fui não é.


 


Eu fiz o que a Kim queria que eu fizesse e vim com Jacob até a festinha na fogueira. Agora era hora de eles dizerem logo o que estava acontecendo e o porque aquilo me envolvia.


 


Me sentei em um tronco qualquer e olhei o belo fogo azulado que nunca tinha visto antes. Era como participar de um filme de magia, com aquele fogo crepitando naquelas cores impensadas, e olha que eu era a pessoa mais cética da face da terra. Contos de fadas nunca me impressionaram, assim como lendas e mitos nunca colaram muito para mim.


 


Jake, que desde que se declarou estava todo saidinho, veio sentar do meu lado e se eu deixasse teria me colocado no colo como estavam Kim e Jared, Emily e Sam e, de uma forma diferente mas igualmente amorosa, o tal de Quil e sua pequena Claire.


 


Só uma palavra para o relacionamento desse garoto com essa menininha que eu soube que não era nem mesmo irmã dele: Estranho!


 


Um homem muito velho, com cabelos brancos e longos começou a falar e sua voz profunda e arrastada parecia uma canção antiga. Seus traços índios engolidos pelas rugas da idade quase não se moviam mas sua dicção ainda era perfeita e tudo o que ele dizia parecia penetrar nos ouvidos de quem ali estava.


 


 


Eu não estava imune ao seu encanto e mesmo considerando toda aquela coisa de “lendas” um papo-furado, mantive minha promessa à Kim e abri a minha mente.


 


 


Primeiro foi a historia dos tais “espíritos guerreiros”. Tudo bem que projeção astral não é bem uma lenda, alguns gurus faziam isso em Los Angeles e ganhavam um bom dinheiro.


 


Daí passaram para a lenda do “homem lobo” e isso sinceramente era mentira e por mais que minha mente estivesse aberta, tive que manter minha risada incrédula para mim já que todos pareciam muito confiantes de que contavam grandes verdades.


 


Ainda resvalava em minha mente o que tudo isso teria haver com o que me interessava saber, mas a todo momento que eu olhava para Kim com olhos de reprovação, ela sustentava meu olhar com promessas, como que pudesse garantir que tudo se explicaria. Afastei um bocejo, pois já estava começando a ter sono, quando a historia da “Terceira Esposa” começou.


 


E então não era mais o senhor velhinho do cabelo branco que contava, mas sim, Billy Black, pai de Jacob; que olhava para mim como que preocupado que eu estivesse entendendo tudo.


 


Aquela historia foi mais cheia de detalhes e me incomodava o mesmo padrão de descrições aparecendo o tempo todo: A pele fria, a beleza sobrenatural e a dureza da pele dos vampiros. Seu cheiro adocicado e seus olhos vermelhos e sinistros. A graça de movimentos e a evasão.


 


Aquilo tudo lembrava demais meu Tio Oliver para que me fizesse bem ouvir. Era simplesmente uma lenda idiota daquela gente de mente pequena, só isso. Ou pelo menos era no que eu precisava acreditar.


 


- Quando o Grande Lobo viu seu imprinting morto, a dor foi tamanha que ele não conseguiu voltar a sua forma humana, correu para a floresta para viver como animal até o ultimo de seus dias e não mais foi visto. - o pai de Jacob disse com profunda reverência à historia fantasiosa.


 


E então ele virou-se para mim, isso mesmo, virou-se para MIM e perguntou:


 


- Tem alguma duvida, querida? - disse, com sua voz de barítono e eu olhei para Kim desesperada porque seria muito estranho rir ou desmerecer aquilo que parecia um grande acontecimento para eles.


 


- Acho que não. - disse meio vacilante.


 


Billy sorriu pra mim e as pessoas se dispersaram, comendo o resto da comida e saindo aos pares. Jake se virou para mim e ele parecia realmente apreensivo.


 


- Então... o que você achou? - ele questionou.


 


- Er, legal... - continuava procurando a traidora da Kim com o olhar, mas agora ela beijava Jared, apaixonadamente.


 


- Mily, você ouviu realmente tudo que os anciões disseram? - ele me olhou nos olhos daquele jeito meio maluco que não me deixou mentir.


 


- Jake, isso é muito estranho... todas essas historias de vocês são bem interessantes e tudo mais, mas é claro que não passam de historias! - eu disse, sincera.


 


Jake começou a rir, ria sem parar, se dobrando no meio.


- Você acha que são só historias?


 


- São só historias! - eu quase desafiei, pois muito me irritou ele rir daquele jeito.


 


- Porque acha que nos reuniríamos todos aqui hoje pra lhe contar umas historinhas de terror Amelie? - ele agora parecia um tanto amargo e me olhava com um olhar cansado.


 


- Eu é que vou saber? - quase gritei com ele, me levantando e saindo enfurecida do tronco onde me sentava. Afinal, ninguém tinha me respondido nada e se eles achavam que eu ia acreditar naquilo de lobisomens e imprinting, amor a primeira vista, imortais e chupadores de sangue... Todos eles, até mesmo aqueles que eram mais velhos e deviam estar melhor do juízo, todos eles estavam realmente loucos.


 


- Vem comigo, Deus sabe que não queria fazer assim! - Jacob quase gemeu e me puxou pela mão, até um canto extremo da roda.


 


 


 


 


 


Jacob POV


 


 


 


Amelie era a razão da minha vida, era agora tudo de bom que poderia me acontecer reunido em uma só pessoa, mas convenhamos que ela era uma tremenda de uma cabeça dura, também.


 


Pra crer em alguma coisa, a garota precisava ver, tocar, analisar em microscópio, catalogar e debater a respeito. Talvez eu estivesse cometendo um erro ao arrasta-la comigo no calor do momento mas uma parte de mim parecia certa de que isso era o melhor, de que ela era uma daquelas pessoas irredutíveis que precisavam levar certos sustos para que pudessem crescer com a experiencia. Esperava realmente não traumatiza-la.


 


- Fica aqui quietinha. Eu vou até ali, atrás daquela arvore e depois vou voltar e me mostrar a você para que veja com os próprios olhos que EU posso me transformar em um LOBO. - disse como quem explica alguma coisa à gente muito burra.


 


Ela me fuzilou com os olhos e elevou seu queixo, as mãos na cintura.


 


- Não tenha medo, serei só eu e não irei machuca-la! - olhei dentro de seus olhos tentando ganhar sua confiança.


 


- Você está delirante, Jacob... delirante! - ela provocou.


 


Eu apenas fui até a arvore, como mencionei, e comecei a tirar minha roupa. Deixei ali pelo chão mesmo, onde poderia apanhar tudo e me trocar assim que tivesse provado o meu ponto nessa discussão ridícula.


 


Ouvi Kim se aproximar dela:


 


- Amelie, não tenha medo, está bem? Eu estou aqui com você. - Kim disse tentando ser gentil.


 


- Ah! Kim, você também? - Amélie desmereceu, visivelmente irritada.


 


Me transformei em segundos, com facilidade. Fui saindo de dentro da floresta e o barulho de minhas grandes patas pareceu fazê-la se virar, em silêncio.


 


Não durou muito, no entanto; o silêncio.


 


- Hahahahahaha! - ela gargalhava olhando diretamente para mim, em minha forma de lobo. - Até parece que vou cair nessa, hahahahahahaha. - Temi pela saúde mental do meu imprinting e então cheguei mais perto. Seus olhos focalizaram melhor, direcionados de encontro aos meus por um breve momento.


 


- Eu acho que você se esqueceu que eu cresci em Beverly Hills... - ela começou a gritar para alguem imaginário, atrás de mim, na floresta e seus olhos eram altivos para a imensidão escura da mata. - Efeitos especiais não me impressionam, Black! Não vai passar essa historinha como verdade só porque montou um teatrinho.


 


Não me contive e uivei indignado. Jared, que tinha se juntado à Kim para presenciar minha revelação, quase uivava junto, mas em sua forma humana e de tanto rir.


 


Bufei frustrado e o som pareceu fazê-la olhar novamente para o animal, ou seja, EU.


 


- Podem sair, vamos... Podem sair daí, amigos do Jake. O cara das luzes, o cara que está por traz do boneco... tem alguem nos efeitos sonoros também... Esse uivo foi bem realista garotos, vocês tem futuro...


 


E então, cansado de ouvir aquela ladainha dela e realmente sem mais idéias, eu voltei para detrás da arvore e coloquei minha bermuda, minha camiseta e todo o resto do aparato humano.


 


- Problemas com gente cética, Jacob? - Leah veio se juntar a pequena rodinha que se formou. Tentei ignora-la o melhor possível.


 


- Eu vou ajudar... - ela disse de repente. - Kim, feche os olhos do seu namorado e você Jacob fique com os seus longe de mim ou eu saberei que você olhou. - E pela movimentação eu pude sentir, mas não ver, que ela se despia em frente à Amelie.


 


- Agora, Srtª Weelow, você terá a honra de ver a transformação da única fêmea na historia dos “Homens Lobo” - Leah disse em tom gozador enquanto Amelie ainda olhava fixamente para o lugar onde ela estava.


 


Foi rápido. O ar se agitou e nós sentimos a transformação de Leah, como um chamado para nos transformarmos também, como sempre. Amelie congelou no lugar, os olhos saltados, nenhum traço da arrogância de antes. Ela desfaleceu e eu a aparei.


 


- Muito obrigado Leah! Ela desmaiou. - eu a peguei no colo enquanto Leah voltava a forma humana gargalhando e se vestia rápida.


 


- Te fiz um favor garoto! - ela ladrou e saiu na direção em que todos tomavam para irem embora.


 


- Vou levar ela para casa. - disse, a contra gosto. As coisas tinham sido bem mais difíceis do que seriam se Mily fosse uma pessoa mais maleável.


 


- Fique tranqüilo, Jake. Eu vou com você e converso com ela. Irá me ouvir agora! - Kim veio até nós, gentil como sempre. O Jared teve muita sorte com essa coisa de gênio feminino.


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


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