A Patricinha e o Lobisomem escrita por elizabeth beans


Capítulo 16
Capítulo 15 - Dez-Entendimento




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Dez-Entendimento

 

Amelie POV

 

 

Quando enfim cheguei em casa, não me pareceu muito certo ter partido e ter deixado meu Dindo para traz. Tudo aquilo era muito estranho e nem sequer parecia que há uma meia hora eu estava desfrutando de uma festa relativamente boa na companhia de Jacob, a quem eu tinha decidido dar uma chance.

 

Como se recobrasse a consciência com clareza eu esperei ter tido mais força de espirito para permanecer ao lado de Tio Oliver, enquanto agora só me restava esperar.

 

Lembrei-me do brilho esverdeado nos olhos de meu tio, que realmente tinha a mania de usar lentes de contato sempre para esconder a verdadeira natureza de suas iris. Ele nunca havia usado o verde antes, por isso me lembrei. Antes me lembrava dele de olhos sempre castanhos.

 

Não importava muito a cor dos olhos. Dindo estava lindo como sempre e jovem demais para ser verdade. Será que ele havia feito algum tratamento de rejuvenescimento? Não tinha como aquele Deus grego ter mais de trinta anos e nós sabíamos que ele tinha.

 

Enfim, mesmo com toda a confusão, não conseguia mais tirar Jake de mim. Como se nossas horas juntos tivessem imortalizado seu cheiro em meu nariz, seu gosto em minha boca... Nem sequer parecia que a uma meia hora eu o beijava avidamente, tão rápido foi a nossa separação e tão rápido parecíamos novamente, dois estranhos.

 

Não quis pensar assim, mas pensei lembrando-me de sua expressão raivosa.

 

O que tinha aquele garoto contra meu padrinho? Lembro-me dele ter dado um chilique quando recebi meus presentes e então aquela palavra: Sanguessuga. Ele tinha dito a mesma coisa que eu lembro. Deve ser alguma gíria daqui de La Push, no fim das contas.

 

Atirei o salto alto no canto do sofá e me encolhi me cobrindo com uma manta que Marta deixara por ali. Já havia esfriado o suficiente e mesmo assim me recusei a ir até meu quarto e me trocar, afinal, meu tio prometera vir o mais rápido possível e Tio Oliver sempre cumpria o que me prometia.

 

- Vá se arrumar para dormir Srtª. Seus olhos estão baixos de sono! - Marta apareceu na porta da cozinha quando eu estava quase as portas de um cochilo.

 

- Vou esperar o Dindo! - retruquei e resolvi que poderia muito bem cochilar um pouco enquanto isso. O dia havia sido longo e realmente havia muita exaustão emocional a se contabilizar.

 

Apaguei.

 

 

 

 

Jacob POV

 

 

- Mas que porra Sam!!! - eu me virei furioso para ele, tirando meus braço de seu cerco.

 

- Calma Jacob! - ele me ordenou. - Ainda tem gente olhando. Censurou quando viu meus dedos se apertarem na minha palma e minha mão tremer.

 

- Eu pensei que iriamos atrás do sanguessuga. - enfrentei-o de frente.

 

- É claro que vamos, mas não agora Jacob. Você perdeu o juízo? - ele continuou no tom de ordem para que eu não pudesse desobedecer. - Acha que o parasita disse alguma besteira quando nos lembrou tão sutilmente que teríamos problemas se ele sumisse de repente?

 

- Você caiu nessa... francamente. - ri sem nenhum humor.

 

- Você não caiu? - ele olhou pra mim, perdendo sua paciência. - Vamos intensificar as rondas e ele já foi avisado, de modo que se voltar a cruzar nosso caminho será eliminado. - e falou para o grupo. - Por hora eu espero poder finalmente começar a minha lua-de-mel. - e olhou especificamente para Quil e Jared, a quem tinham se juntado Embry e Leah.

 

- Você Quil e você Leah. - apontou. - Podem ir fazer o primeiro turno... Você Jacob... - voltou para mim e me apontou o dedo como se eu fosse seu empregado, coisa que ele nunca havia feito e que denotava o tamanho de sua irritação em ser chamado para resolver aquele problema. - Não vai atrás do vampiro sem os seus irmãos e isso não vai acontecer agora...

 

- Eu vou no lugar do Quil... - Embry já ia interrompendo.

 

- Não senhor, a coisa é séria. Quando digo RONDA, não quero dizer “desculpa para dar uns AMASSOS!” - Sam ordenou seco e então deu-nos as costas.

 

- Está assim amargo porque não teve tempo de co... - Embry já ia falando quando Leah pisou em seu pé com força.

 

- Ai, isso dói Leah, você também é loba, esqueceu? - ele choramingou pulando em um pé só de maneira ridícula.

 

Jared saiu rindo da cara dele, assim como quil que deve ter ido cumprir suas ordens. Embry ainda tentava beijar Leah e ela o empurrava dizendo não ser a hora para fazer isso.

 

Eu bufava de ódio e frustração.

 

Sam estava certo, eu sabia que ele estava certo. Sabia que agora mesmo Mily estava em sua casa esperando pelo “Dindo” sanguessuga e que se ele não aparecesse nunca mais, ela iria colocar toda a policia do universo atrás do bando.

 

E mesmo assim, com toda essa razão, ainda era impossível não pensar que tudo estava se repetindo.

 

Eu estava batalhando por uma garota contra um vampiro cretino que já a tinha a mais tempo que eu; Não me era permitido segui-lo até o o inferno e mata-lo imediatamente e o pior, o mais irremediável e assustador em tudo isso: Eu a amava.

 

Exatamente como da ultima vez!

 

 

 

 

Amelie POV

 

 

 

- Srtª , vá dormir na sua cama. Estais tremendo! - Marta veio me balançar me acordando de outro sonho confuso e sem nexo.

 

Já devia ser a quarta vez que ela fazia isso e com certeza era alta madrugada. Pareceu-me que afinal, essa batalha estava perdida e eu a obedeci indo para meu quarto.

 

Ele não viera como prometido e essa era a primeira vez, como se algo se quebrasse.

 

Eu não estava sonolenta demais para me importar com isso. Arrastei-me até o quarto.

 

 

 

Quase tive um enfarte, no entanto quando me joguei na cama e não aterrizei nela, mas em uma massa rígida, de pele castanho avermelhada.

 

Por sorte, meu rosto foi de encontro ao travesseiro assim que gritei, então Marta não ouvira nada que a alertasse de que havia um homem no meu quarto. Não era a primeira vez e o meu impulso inicial foi gritar para ser ouvida e tira-lo de lá no mesmo momento em que o percebi.

 

Mas não pude fazer isso quando olhei ele dormindo como um bebê de colo, tanta calma exalava daquela figura tão desajeitada em seu grande tamanho.

 

Jacob se moveu despertando aos poucos e me lembrei do fato obvio de que estava em cima dele. Rolei para o lado me sentindo estupida por não ter as caras de xinga-lo. Eu estava enferrujando definitivamente.

 

- Mily... - ele agora esfregava os olhos.

 

- O que você tá fazendo aqui? - eu cochichei urgentemente tentando dar um tom de seriedade a minha voz.

 

- Eu... - ele se levantou e se sentou à beira da cama coçando a nuca e parecendo se perguntar a mesma coisa.

 

- Você... - incentivei, conseguindo melhorar meu tom de ultraje.

 

- Vim falar com você e você não estava então acabei dormindo... me desculpe... - ele começou a se levantar, de certo se dando conta de que aquilo soava muito mais comprometedor a cada vez que ele abria sua boca.

 

- Já que está aqui... Diga o que veio dizer! - eu pedi mais doce do que gostaria já que estava tentando ter pulso firme ali com aquele índiozinho abusado.

 

- Não sei... - ele foi chegando perto como se identificasse na hora a minha fraqueza momentânea, provando a mim mais uma vez que não valia nada. - Acho que não me lembro, sabe... - uma mão assanhada já estava na minha cintura e minha expressão traidora já se torcia em um risinho nervoso e faminto. - Achoque preciso refrescar a minha memoria, do que eu queria vindo aqui... - as duas mãos agora, e eu podia sentir seu hálito quente. - O que será?

 

 

E ele me beijou possessivamente enquanto eu o beijava possessivamente de volta. Que foi? Eu sei que disse que nunca em toda a vida iria me render a essa vergonha mas ninguém me culpa por confraternizar um pouco com a criadagem. Isso até que é bem visto as vezes... Quase uma filantropia.

 

Jacob POV

 

 

Eu já ia me esquecendo do que me levou até aquele quarto, a principio.

 

Porque beijar a Amelie estava se tornando um vicio irrefreável. Seus lábios macios, aquele cheiro tentador demais. Nossas línguas se mexendo juntas, sincronizadas. Sua carne quente com a proximidade, se esquentando mais ainda junto de mim.

 

Tão macia, parecia que eu a podia quebrar com as mãos. E mesmo que eu a apertasse, nunca fazia de maneira rude o suficiente para machuca-la e eu tinha certeza que todo o meu subconsciente estava nessa tarefa, porque eu, sozinho, não tinha tanto controle.

 

Parei o beijo quando a mão dela subia por meu cabelo e a minha mão subia seu vestido, louca para tira-lo dali. Foco Jacob, Foco! Você tinha vindo por algo importante então lembre-se do que era.

 

- Diz... - ela sorria ofegante.

 

- Você é linda. - escapou sem edição. Ela sorriu brilhantemente ficando mais bonita ainda.

 

- Não isso, a outra coisa... o que tinha pra me falar? - perguntou por fim, me encarando.

 

Ela não mais se esquivava. Percebi feliz que finalmente começávamos uma relação verdadeira. E me lembrei assim que meus olhos foram de encontro as iria verdes de plastico, quase o mesmo tom doa olhos falsos do vampiro.

 

- Quero que me prometa ma coisa. - tentei preparar terreno antes, mas ela não caiu.

 

- Diga primeiro. - exigiu.

 

- Vou te pedir isso para o bem da sua segurança e você vai precisar confiar em mim, pois não posso de dar muitas explicações e vários “porque” ficarão sem resposta. - alertei.

 

Ela já botara as mãos na cintura e me olhava desconfiada. Isso não ia ser fácil, então faria de uma vez, sem mais delongas.

 

- Quero que se afaste do seu Tio, não volte a vê-lo ao menos que eu esteja presente, ou algum dos garotos... - então me lembrei de que ela poderia contar Kim nessa equação. - A Kim não vale mas se quiser levar a Leah pode! - esclareci e esperei pelo pior.

 

 

- Só isso? - ela falou numa voz branda que me assustou mais do que se tivesse gritado.

 

- Sim. - tentei sondar sua verdadeira reação.

 

- Tem certeza? - ela ainda parecia doce.

 

- Você não tem perguntas? - disse me sentindo terrivelmente idiota e temendo o que aquela cabeça de vento faria.

 

- Apenas uma! - ela apontou. - Foram vocês que impediram meu Tio de vir aqui se encontrar comigo? Eu reparei que ele não veio! - uma ruguinha completamente insignificante preencheu sua testa e então ela voltou a relaxar. Falei a verdade, porque essa era uma pergunta da qual eu não precisava fugir, realmente.

 

-Sim, assim foi melhor! - disse, minha voz séria tentando passar toda a explicação possível apenas no meu timbre. Ela sorriu para mim um sorriso estranho e amarelo, quase uma careta.

 

- Suma da minha frente e nem sequer olhe mais em minha direção! - ela disse e sua expressão se transfigurou totalmente, suas mãos foram aos lábios violentamente limpando meu beijo e ela apontou a saída pela janela entreaberta.

 

Havia dor ali. Muita dor contida e também um tanto de raiva e duvida que me atingiu e me deixou sem palavras. Como um grande branco em minha mente.

 

- Agora! - a voz dela subiu, destilando veneno e eu não me impedi de olha-la com decepção enquanto cumpria suas ordens por puro desgosto em desobedece-las.

 

 

 

 

Amelie POV

 

 

Meus pais desapareceram e podem estar mortos, Não ganhei nem sequer uma balinha de Natal, Minha melhor amiga me traiu e tentou me humilhar em publico quase conseguindo, Meus cartões tem limite limite, Eu me mudei para Washington com a minha babá mesmo tendo quase 17 anos e agora eu estava me apaixonando por um morador local que ainda por cima era um doido varrido e escorraçou daqui o meu Dindo, a única pessoa que nunca me traiu e nunca me enganou.

 

E fez isso porque, e apenas porque ele e os amigos pobretões acham-se donos do pedaço e ele está com algum ciume idiota e infundado, sem mencionar que de repente me considera uma propriedade para mandar e desmandar em mim.


O que aquele imbecil achou que eu senti quando me arrastei daquele sofá imundo da Marta às 4:00 da manhã para meu quarto com a esperança alquebrada e a dor no peito de saber que a única pessoa em que eu confiava totalmente, desde que nasci, havia me dado o bolo sem se importar com mais nada?

 

Ele esperava que eu continuasse a beija-lo?

 

 

Ele esperava que eu me lembrasse das palavras que ele disse antes de confessar que havia impedido meu Tio de vir me ver? Ele esperava algo diferente do que ele teve?

 

Agora eu tinha apenas ódio demais dentro de mim e revolta demais para continuar no mesmo planeta que ele, sequer. Mas pela cara que o infeliz fez ao sair pela janela onde impertinentemente entraste foi uma cara de quem era ofendido e não de quem ofendia e aquilo teve um certo abalo em mim, fazendo-me odiá-lo um tanto mais por ainda haver resquícios em mim que queriam correr até ele e me... DESCULPAR?

 

 

Peguei meu celular e disquei o numero confiável e infinitamente conhecido.

 

- Minha Princesa! - a voz doce era como balsamo em minhas feridas, todas elas.

 

- Tio, eu peço desculpas por qualquer coisa que esses selvagens tenham feito e quero ir ao seu encontro. - despejei antes que minha coragem se fosse e eu deixasse as lagrimas estupidas caírem.

 

- Minha querida, não se preocupe com isso. Só não te liguei antes porque achei que já estava descansando. Tenho um motorista programado para trazê-la amanhã logo que acorde! - ele era tão cavalheiro, tão maravilhoso, tão diferente daquele idiota de quem eu não livrava meu pensamento.

 

- Eu quero ir hoje mesmo, Tio. - choraminguei sem nenhuma intensão, percebendo que estava sendo infantil mas casada demais para parar com o drama.

 

 

- Em meia hora estarão em sua porta, Princesa. - eu podia imaginar o sorriso com o qual ele disse isso.

 

- Eu amo você! - falei de subto, tomada por novas ondas de pensamentos indesejados com aquele de quem ainda sentia o cheiro. Percebi que falava para ELE e não para meu Tio. Tremi de raiva.

- Também amo você Princesa, PARA TODA A ETERNIDADE! - ele disse.

 

Meu tio Oliver sempre dizia isso “ Te amo para toda a eternidade”. Houve um tempo em que eu achava meio brega mas até que foi reconfortante ouvir isso hoje.

 


Um uivo de animal que mais pareceu um lamento soou nos meus ouvidos e eu desliguei o telefone me encolhendo na cama. Eu finalmente iria embora desse inferno.

 

 

 

 

Jacob POV

 

 

 

Meu coração ainda estava se recuperando de “ - Eu quero ir hoje mesmo, Tio. “ quando aquela maldita garota diz “Eu amo você”. E se eu pudesse seguir aquele velho ditado de merda que diz que quem “Ouve o que não deve, escuta o que não quer”, com certeza eu não estaria sentindo essa angustia tão grande.

 

Essa porcaria de dor de cotovelo que jurei nunca mais sentir, a quem jurei ser imune e da qual eu agora padecia, deixando um uivo escapar por mim, assim que explodi minhas roupas, já na orla da floresta.

 

Tarde demais para me dar conta de que Quil e Leah corriam também, mas não tarde o suficiente para me dez-transformar, nu e ainda tremendo e seguir para a maior distancia que eu pudesse cobrir com pés humanos.

 

E isso durou um tempo que não contei até que eu me resignasse a ir para casa e me desprezar um pouco mais por não ter ganho a garota, outra vez.

 

Parte de mim com esperanças pifeis e improprias de que ela estava agindo assim porque ele era a única família que ela tinha agora, pelo que ELA sabia; enquanto a outra parte de mim escarnecia da esperança e da vontade que eu tinha em acreditar nisso.

 

Ou talvez ela me mandasse uma carta também, quando se decidisse por viver longe daqui na companhia do sanguessuga; quando ele a tomasse para ele, fazendo-lhe um monstrinho como o outro vampiro fez em Bella. Transformando-a. A dor antiga, antes substituída pelos momentos de alegria ao lado de Amelie, agora parecia engrandecer ainda mais essa nova decepção.

 

Nem preciso contar que pesadelos me tomaram pela seguinte e outra vez recusei-me a fazer a ronda já que Sam e Emily tinham viajado por um tempo e como eu era o segundo no comando ninguém conseguiria me sujeitar a isso usando a injunção.

 

Claro que negligenciar minhas obrigações de protetor não fazia eu me sentir menos miserável e não consegui esconder de ninguém, como sempre, essa miséria onde me afundava.

 

E de todos os pensamentos, de toda a loucura que se passava em minha mente, o pior ainda parecia a questão mais logica a se fazer, sabendo o pouco que eu sabia.

 

Ela voltaria?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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