A Patricinha e o Lobisomem escrita por elizabeth beans


Capítulo 14
Capítulo 13 - Um lugar chamado La Push.




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Um lugar chamado LA PUSH

 

Residencia dos Clearwater – La Push, 3 de Janeiro

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- Você sabe que não precisava realmente fazer isso não é? - A garota índia de feições bondosas franzia a testa para sua acompanhante. Queria poder consola-la de alguma forma, mas simplesmente não sabia como, já que a outra se fazia de forte com muita convicção, quase como se não se importasse mesmo com a tragedia que se abateu sobre sua família. Pai e mãe, desaparecidos, Deus sabe se para sempre, em um acidente de avião a menos de dois dias.

- Não pense que iria deixar você com todo o credito. Nós planejamos essa festa juntas e vamos executa-la juntas. Tudo pela Noiva! - Amelie Weelow disse com total segurança, fazendo Kimberly ter ainda mais medo do que realmente se passava na mente da garota que era com certeza, uma ótima atriz.

- Onde coloco essas caixas? - A voz firme e masculina soou pela pequena sala. Kimberly olhou para a grande figura de Jacob Black e uma montanha de papelão envolvendo os mais variados brindes e aparatos para brincadeiras. Ele vinha seguindo Amelie de perto enquanto ela se mantinha alheia a isso e quase o ignorava, mas não era por mal.

Amelie ficava aérea sem sequer perceber.

Kimberly sorriu para ele e indicou a cozinha da casa, que estava vazia a não ser por eles. Esperava que Amelie aceitasse a ajuda que Jacob estava pronto para lhe dar.

A festa seria uma surpresa, por isso a montavam ali na casa da “ dama de hona” e não na casa da noiva, como a principio imaginaram. Emily e Sam se casariam no por do sol do dia seguinte e todos na reserva estavam em polvorosa com os preparativos, cada um a sua maneira. Leah, a “dama de honra” e filha da dona da casa estava desaparecida, juntamente com Embry Call desde que saíram para fazer a ronda, no dia anterior. Esperava-se que ela fosse pelo menos à igreja.

E talvez fosse exatamente disso que Amelie Weelow precisava agora para se impedir de lançar-se em uma turba inútil de pensamentos pessimistas; sumir para algum lugar distante de si mesma ou apenas encher-se com tantos afazeres a ponto de amortecer suas angustias.

Saiu de sua casa tão logo quanto pode. O cerco de advogados que se formou na pequena sala a deixava ainda mais desesperada e aciosa.

Buscou a companhia de Kim, a quem já tinha perdoado por lhe entregar naquela noite desastrosa de ano novo. Não houve um castigo para sua traquinagem de sair escondida e se embebedar sendo menor, afinal, ninguém duvidava que a vida já não lhe tivesse dado uma lição pior.

Claro, por mais concentrada que parecesse em desempenhar bem seu papel de decoradora e organizadora, mal conseguia sustentar-se de pé e manter suas lagrimas longe, sentia-se miserável e sozinha e nem ao menos acreditava que toda essa miséria vinha do desaparecimento de seus pais, que pensando bem, nem sequer falavam com ela a semanas.

Queria entender o turbilhão de pensamentos confusos de raiva, desgosto e fraqueza que lhe abatiam. Queria entender o porque de em um minuto seu coração se apertar em desespero pela vida deles e em outro se apertar em desespero por não temer tanto assim.

Tudo o que ela conhecia estava mudando de centro, de repente demais, fora da sua capacidade em acompanhar. Não havia mais “velhos amigos” para ela, nem havia seu “velho bairro”, como se ela tivesse acordado na pele de uma outra pessoa. Sem historia, era principalmente, como se sentia. E sem chão por isso.

Jacob Black estava por ali e isso era estranhamente reconfortante, tanto que ela nem mesmo se impediu de achar isso enquanto olhava de soslaio, sempre que ele estava concentrado em alguma coisa e não poderia perceber seu olhar. Lembrava-se de como ele era daquele jeito dele, sempre tão quente.

Se tivesse consciência de si mesma agora, desejaria estar sendo abraçada e protegida pelos longos e torneados braços do rapaz, mas não poderia se dar ao luxo de fantasiar nada, nem sequer se impedir de olha-lo, mesmo assim. Estava fora de suas mãos ser qualquer coisa hoje que não uma embalagem vazia.

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Amelie P.O.V.

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Nem dava pra acreditar em tudo o que tinha me acontecido nesse maldito fim de ano, aqui no maldito fim de mundo. E se não bastasse tudo com que tinha de lidar, cá estava eu com uma importante produção para fazer, ou melhor, impedir aqueles índios caipiras de montarem um bolo de aniversario e não uma noiva!

Alem de, claro, trocar as preças o lugar da cerimonia. O casamento seria na pequena igrejinha de Forks mas deu pra fazer tudo na First Beach, como era o maior desejo da noiva, de inicio, já que fez um sol incomum e os meteorologistas prometeram que ele continuaria, e era impossível desperdiça-lo.

A minha parte racional sabia muito bem qual a razão por traz de todo o meu interesse nisso, minha mais nova psicose de controlar tudo para que Emily tivesse um casamento maravilhoso, quando eu mal a conhecia.

Estava usando um cartão platina corporativo (meu castigo fora totalmente suspenso com o advento dos novos acontecimentos), e, mesmo que eu só tenha conversado com a noiva na festa de despedida de solteira que eu e Kim organizamos para ela no dia anterior, e que, nada disso fosse nem remotamente uma obrigação minha; eu me doei por inteiro ao projeto.

Eu estava fugindo da piedade das pessoas, da minha própria piedade, de uma terapeuta agendada em Seatle, de um rolo com um cara gostoso que mexia com minha cabeça e meus sentimentos, de melhores amigos de araque que agora eram passado e, por fim, não menos importante, dos meus pais, desaparecidos depois da queda do jatinho deles a três dias sem nenhum sinal de vida ou morte.

Como eu lidava com isso? Bem, eu estava gastando muito dinheiro com estranhos que estavam relutantes em aceita-lo, só para esquecer os meus problemas, então: ME PRENDAM!

- Mily, você tem certeza que é esse par? - Uma Kim esbaforida me perguntava, segurando lindos stilettos Manolo Blahnik, em cetim perolado com cristais.

- Quantas vezes tenho de dizer que sim, kim, são esses?! - perguntei já sem muita vontade de ser educada com ela.

Afinal, Kim podia ser uma péssima ajudante quando queria, sempre insistindo em coisas sem importâncias como, por exemplo:

- Não sei se Emily vai aprova-los Amelie. É o casamento dela e ela deveria escolher os sapatos... - ela já ia defendendo esse mesmo argumento pela qüinquagésima vez.

Primeiro foram as flores, depois a tiara, depois o beque que eu mandei montar na praia para impedir os convidados de atolarem seus pés na areia no meio do “Sim, eu aceito”, e agora... agora eram os malditos sapatos!

- Sua amiguinha se casaria descalça se eu permitisse e então arruinaria todo o álbum de fotos que providenciei quando fretei um voou só para trazer o melhor fotografo de eventos de L.A. para esse brejo afim de dar aos filhos melequentos que ela terá, alguma lembrança decente do casamento dos pais, e, tudo o que ela poderia ser é totalmente agradecida, por calçar os lindos sapatos que custam mais do que todo aquele vestidinho caseiro dela e ser a noiva deslumbrante que ela nunca seria se eles não existissem. - Disse com meu melhor sorriso de 1.000.000 de dólares.

Acho que já tinha repetido essa mesma explicação, também por cinqüenta vezes, já que Kim me olhou com uma expressão cansada e emburrada enquanto levava os sapatos para o comodo onde estavam arrumando a noiva, que se mostrou uma pessoa muito cooperativa com o meu bom gosto e que não tinha vindo reclamar de nada, nenhuma vez, deixando isso a cargo da chata da Kim e suas opiniões, no momento, inúteis.

Pressionei meus dedos em minhas têmporas. Eu iria explodir a qualquer momento.

- Srtª Wellow, a carruagem chegou. Onde devemos estaciona-la? - um homem baixinho e de bigodes veio até mim.

Varias dessas pessoinhas que prestavam os milhares de serviços que contratei vinham direto até mim nas ultimas horas como se ninguém mais estivesse fazendo nada.

- Eu não tenho idéia de onde vai enfia-la senhor, só espero que não seja aqui, pois veja o senhor mesmo, não temos espaço. - Fiz um grande gesto abrangendo o que era um hall minusculo de uma loja de beira de praia, onde montamos a sede da organização e também um míni salão para os cuidados com a noiva, madrinhas e afins.

- É claro que não vai deixa-la ai fora também, porque nunca se sabe quando irá chover nesse maldito estado encharcado... - Continuei. E eu já ia mandar ele merecer os dólares que eu estava lhe pagando quando Jacob entrou pela porta da lojinha e foi falando todo prestativo com o homem e tirando ele de minhas vistas.

Não podia deixar o Black perceber aquilo mas eu estava totalmente agradecida à ele. Mal pude conter o suspiro de alivio.

Na verdade, eu meio que me irritava com ele sempre pronto a me salvar, porque ele estava definitivamente me seguindo desde o acidente dos meus pais, e ficava cuidando de mim, sem que fosse diretamente, mas, sei lá, ele estava sempre ali quando eu realmente precisava.

Tinha que admitir, ele era bem esperto de ficar meio afastado, também. Eu não tive nenhuma oportunidade de destrata-lo e deixa-lo com raiva, de modo que ainda nem tínhamos discutido, o que era definitivamente um recorde pra nós.

Outra coisa que ele nunca saberia, obviamente, era que eu estava louca por ele.

Mesmo que tudo estivesse uma bagunça, e por mais estranho que parecesse ter as respostas logo para esse problema, eu finalmente as tinha: Eu estava louca e completamente apaixonada por aquele índio gigante, caipira, pobre, ignorante, metido, quente, gostoso e tão fofo que até doía.

Ainda podia sentir as mãos pesadas dele correndo minhas cochas e apalpando tudo o que eu nunca deixei nenhum carinha apalpar. Aquele cheiro dele que me lembrava de coisas que eu nem conhecia: Segurança e afeto, unidos, como se eu encontrasse um lar naqueles braços torneados.

“Você tem o seu orgulho Amelie Wellow... você AINDA tem o seu orgulho!” - Era o que eu vivia repetindo pra mim mesma a cada segundo toda vez que Jacob Black me aparecia no seu cavalo branco pronto para me salvar, ou mesmo quando eu lembrava das vezes que nos estranhamos ou até mesmo das vezes em que ele me agarrou, que eram de longe as minhas favoritas.

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Jacob POV

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Eu sinceramente, nunca imaginei que aquela praia pudesse ficar tão linda.

Tudo era tão branco e então tinha aquelas pequenas margaridas pra todos os lados e também alguns arranjos de flores roxas igualmente pequenas, sem mencionar a quantidade inacreditável de rosas brancas, tão grandes quanto os meus punhos cerrados, que certamente foram uma idéia à parte da Amelie.

E aquele por-do-sol, Haaaah, o por-do-sol! Acho que não via um daqueles desde moleque. Tão alaranjado, tão completo. Nem parecia o mesmo céu cinzento e eventualmente rosado pelo frio das montanhas de Olympic.

Os votos de Sam e Emily foram simples, afinal Amelie não tentou escreve-los. A coisa toda deve ter durado uns dez minutos.

Agora, todos estavam tendo uma ótima festa de recepção. Bem mais cheia de frescuras do que o pessoal daqui estava acostumado, mas não ouvi reclamações de ninguém, muito menos os noivos, que estavam naquela de imprinting, totalmente apaixonado e pareciam tão felizes que mesmo se um maremoto decidisse nos atingir eu duvido que eles fossem perceber a tempo de correr.

Eu fiquei ali, encostado na pilastra de madeira do pequeno beque, onde realizaram a cerimonia, olhando distraído para o pessoal da pista de dança, localizada no tablado vizinho.

Amelie estava sentada numa cadeira, toda reta e empertigada com aquela classe que só ela tem, bebendo um refrigerante em uma taça alta; seu olhar vagava através de tudo aquilo, como se nem estivesse aqui. Me assustava o fato de ser refrigerante no copo dela, pois não a vi sequer tentar descolar algo mais forte que aquilo, o que eu sabia que ela certamente conseguiria se ao menos se propusesse a tentar.

Aquele nível de maturidade não era coisa dela e ela não estar se importando em ser o centro das atenções, dando shows na pista de dança, completamente embriagada, dizia muito mais a respeito do seu estado do que o silencio dela falou nesses três dias.

- Não vai chamar ela pra dançar? - Quil quase me pegou de surpresa, se plantando ao meu lado e me encarando com um sorrisinho idiota bem tipico dele.

- Não sei de quem está falando. - retruquei sem dar maior importância.

- Ah, Jacob, o que é isso? Sabe que não sou burro, você está olhando pra ela a uma hora, no minimo. - ele repreendeu como se tivesse toda a razão. Ele meio que tinha, mas eu não ia admitir.

- Isso quer dizer que você esta me encarando a uma hora pra saber disso.... - acusei olhando-o de frente. - Vou começar a achar que está realmente a fim de mim, cara! - provoquei, cruzando os braços.

- Muito engraçado! - ele disse sem humor. Quil sem humor, essa era nova.

- Estou falando sério Jake, ela precisa se animar e você sabe que quer.

- Cuide da sua vida. - falei sem querer estender a conversa inútil e continuei com minha observação.

- Se você não chamar eu chamo! - ele falou serio. Aquilo fez com que me virasse pra ele com uma sobrancelha erguida em protesto e incredulidade ao mesmo tempo.

- Qilllllll – Claire veio correndo até nós dois com seu vestido rodado e cor-de-rosa, cheio de flores e babados. Ela parou próximo a perna dele e começou a puxa-lo pela calça sem parar. - Caaaaireee que dança Qillll, dança com Caire!

Sorri para a criança que estava me salvando do amigo inconveniente e a peguei no colo.

- Agente pode trocar!- eu propus fazendo um meio passo de dança com Claire, o que fez ela gargalhar e soltar a cabecinha para traz, emborcando-se pra longe de mim, adorando a brincadeira.

- Nada feito. - ele pegou-a de mim com rapidez sem interromper a brincadeira. - Vá ficar com a sua garota Jacob. - Ainda disse enquanto rumava para a pista de dança atrás de fazer as vontades da criança.

Minha garota! É, eu gostava de como isso soava para mim, eu gostava até demais para o meu gosto.

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Amelie POV

Aqui estava eu, exuberante, vestida em um Armani longo, cor de pêssego e feito de gaze de seda, mais apropriada ao tapete vermelho do Oscar e no entanto, sentada em uma cadeira branca de plastico barato coberta com tecido para disfarçar sua pobreza.

Kim e o namorado tinham se sentado comigo durante um bom tempo e mesmo que eu odiasse admitir, pelo tempo que eles estiveram na mesa, as piadinhas dele e o rubor exagerado e batido dela me divertiram um tanto.

Quando eles se levantaram para dançar apaixonadamente uma balada, entretanto, eu me vi aqui, mais sozinha e deslocada impossível.

Completamente inapropriada para estar em publico, sem forças pra nem ao menos me retirar elegantemente da recepção. Uma recepção que eu preparei de maneira obsessiva e que estava até charmosa se não considerarmos os altos níveis a que estou acostumada.

O dia também estava lindo e isso era inegável. Um dia perfeito e digno de L.A. Briza morna e salgada, atipicamente seca e reconfortante.

Suspiro.

“Aquele índio idiota também estava lindo!” - Me pego pensando. Não que eu tenha visto muito ele, que, não mais que de repente, sumiu do meu radar pra não mais voltar.

E eu ficava ali, imaginando, fazendo imagens mentais claras... Jacob e uma das primas da noiva, aquelas garotinhas caipiras de quatorze à vinte anos, todas vestidas com seus vestidinhos do Wall Mart, seção festas.

Deviam estar se atracando em algum matinho pela orla da praia, qualquer uma delas deveria lhe servir.

Pensar nisso era como mastigar escargô estragado. Quase podia sentir o bolo no fundo da garganta, o fel que descia em minha boca como veneno, amargo, muito amargo. Eu era tão melhor que elas ou talvez eu não fosse não.

A musica mudou outra vez, ficando agitada e fazendo mais gente convergir para a pista de dança.

Todos estavam tão felizes. Em sua casa, com pessoas que os conheciam desde sempre; E era mais que isso: Essa gente se gostava e confiava umas nas outas, em qualquer situação. Eles não estavam sozinhos.

EU estava sozinha, muito mais do que apenas sozinha em uma mesa, ou agora, com o acidente de meus pais, sozinha no mundo. Eu estava com uma solidão cronica, como um câncer ou algo do tipo; tendo que perceber que nunca conheci ISSO, essa alegria e essa cumplicidade a longo prazo, no “custe o que custar” ou “até que a morte nos separe”, nem mesmo com minha família.

Não estava vendo nenhuma das minhas tias aqui, nenhum dos meus primos de NY. E então eu apenas me dava conta de que, de fato, nem ao menos os conhecia.

Quase não pude barrar as lagrimas nos olhos e mesmo que meu rímel fosse a prova d'água, eu não poderia deixar nada transparecer. O que minha mente louca estava achando que poderia fazer ao meu corpo? Eu nunca me exporia dessa forma.

E eu sentia tanta inveja deles e mesmo que vários pensamentos meus gritassem ser um absurdo eu estar invejando aquele proletariado, eu nem me preocupava mais em esconder de mim mesma que tudo o que eu queria era achar o meu lugar nesse mundo, era ter uma fatia do que eles tinham ali... “na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza...”

Mesmo se fosse ali, mesmo se um pedaço daquele mundo pudesse me abraçar, eu estaria aceitando. Afinal, quais esperanças ainda me restavam? Quem eu era, se não podia nem mais me reconhecer frente a um espelho ? - e, eu não estava falando apenas do aspecto de palha que meu cabelo ganhou com a umidade pavorosa desse lugar.

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- Dança comigo? - A voz grave , e já infinitamente conhecida, soprou em meu ouvido.

Dei um pulo na cadeira. Estava concentrada, afinal de contas.

Abusado! Eu nem tinha percebido que uma nova balada estava tocando.

Virei meu rosto, ainda com o torso ereto na cadeira, apenas para dar-lhe uma resposta mal criada e automática.

Meu olhar bateu no seu, sempre um perigo. Ele não estava com aquela cara de convencido que ele sempre fazia pra cima de mim, não; dessa vez parecia que tinha um certo tom de embaraço em sua proposta, quase como se ele tivesse medo de fazê-la sabendo que eu recusaria. Também não parecia amassado, cheio de mato ou fedendo a vagabunda, naquele terno branco sem gravata e com sua postura seria, já estendendo a mão grande até mim.

Como sempre aconteceria, uma parte de mim queria recusá-lo, dizendo sem parar que era assim deveria ser e era assim que seria. O mundo manteria sua ordem natural... Mas havia então essa uma outra parte, que já existia a algum tempo agora; na presença dele, em especial.

E foi essa ultima parte de mim, essa nova parte, mais impulsiva e honesta consigo mesma que me comandou sem que eu evitasse, até seus braços, até a pista de dança, de mãos dadas com o idiota, cretino e perfeito do Black. Sentindo-me verdadeiramente bem em dias, em meses, talvez sentindo-me verdadeiramente bem pela primeira vez na vida.

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Jacob POV

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Assim que percebi um tremor que fosse na estrutura impecável de Mily, me aproximei de sua guarda baixa, reconhecendo minha chance.

Nesses momentos, ela era capaz de ser tão dócil quanto sua delicada compleição sugeria.

Não que eu gostasse de tê-la pra mim apenas quando ela estava machucada demais para reagir, mas eu estava devidamente agradecido por seu orgulho desaparecer por qualquer período de tempo que fosse, porque só assim eu poderia conhecê-la.

A musica lenta nos possibilitava um contato além do imaginado e para meus sentidos esse contato era aumentado por dez vezes. Seu cheiro, quase palpável como um sabor em minha língua.

A vontade de beija-la subindo como uma compulsão por meu corpo e mente. Um calor bom mas perigoso demais. Eu deveria me impedir de deseja-la assim, cada vez mais como vinha acontecendo.

- O que está achando de sua obra? - decidi conversar, embora essa tenha sido uma decisão de metade do meu cérebro enquanto a outra metade ainda tinha medo de desperta-la de seu estado pseudo-inanimado para um outro onde ela começaria a me estapear.

- Poderia ter ficado melhor! - ela disse baixinho com sinceridade. Vibrei em silencio por estarmos conversando como duas pessoas civilizadas e poderia até arriscar dizer, amigáveis.

- Não cobre tanto de si! Os perfeccionistas não são criadores. - falei aquilo sem me lembrar ao certo onde escutara. Ela sorriu parcamente e deu de ombros.

- Me diga você o que achou de minha obra, então? - ela devolveu, afastando-se o suficiente do meu peito para me olhar.

- Eu acho que você fez um ótimo trabalho por aqui... - concedi. - Não que eu entenda muito do assunto. Mas ... - hesitei, nervoso com cada palavra, com medo de dizer a coisa errada que recomeçaria nossas desavenças.- Acho que suas intenções não foram tão altruístas quanto pareceram no resultado final.

Inacreditavelmente ela riu com um pouco mais de força, fazendo seu peito tremular no vestido leve e me deixando encabulado e em apuros por ter olhado seu decote naquela hora

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- Você não é nem um pouco lento garoto. Talvez sobrevivesse em uma selva de pedra! - ela disse escorando-se novamente no meu peito, parecendo a vontade ali.

Decidi não provocá-La por ter quase insultado a minha inteligência. Pela primeira vez eu não vi nada maldoso em sua fala. Tomei a liberdade de afagar seus cabelos soltos e incrivelmente lisos para a ocasião. Ela mesmo de saltos altos, era bem menor que eu. Amelie não se afastou de mim e suspirou pesado de encontro a minha camisa enquanto eu fazia minhas mãos desajeitadas acompanharem a volta de sua cabeça.

- Eu nunca vi a sua mãe... Quero dizer, o seu pai é o homem na cadeira de rodas não é? - ela parecia embaraçada e interessada ao mesmo tempo. Fiquei feliz que ela estivesse querendo saber algo a meu respeito.

- Sim, você conheceu Billy no Natal. - respondi ainda sem conseguir manter minhas mãos longe dela. - Minha mãe morreu a muitos anos, eu ainda era pequeno. - disse, por fim.

Ela desencostou-se para me olhar, dessa vez mais abrupta. Os olhos grandes e temerosos.

- Eu sinto muito. - olhou para mim como se passasse realmente o sentimento naquelas palavras sempre tão vazias que ouvi de todos com quem tive de tratar sobre o assunto.

- Tudo bem. - assegurei. Ela sorriu pra mim, um sorriso pequeno mas muito gracioso. Um sorriso que ainda não havia visto em seu rosto.

A musica de repente parou para dar seqüência a outra, um pouco mais agitada. Não nos movemos. Ela ainda me olhava fixamente como se eu a prendesse de alguma forma, o que era absurdo e uma ilusão de minha parte em acreditar, mas tão pouco me desviei.

- Vem comigo. - ela disse de repente, parecendo estranhamente segura do que fazia, me deixando um pouco alarmado.

Me rebocou por toda a pista de dança se desvencilhando dos casais enquanto ganhávamos as areias da First Beach. Ela de saltos altos enterrados na areia molhada e pegajosa e eu de sapatos sociais, como nunca antes caminhei por aquele solo. Paramos numa pequena tenda improvisada que eu mesmo, com a ajuda de Embry tinha montado para abrigar a carruagem. O cocheiro ainda estava ali, encostado em um de seus cavalos comendo o bolo do casamento.

- Senhor. - ela chamou, enquanto o homenzinho olhava para os lados procurando quem o incomodava. - Senhor, por favor. - ela parou um pouco ofegante perto dele.

- Sim Srtª. - ele quase fez uma reverencia à ela e eu tive de rir daquilo. A garota impunha um respeito e um altividade dignas de um alfa.

- Poderia nos levar em um passeio pela praia? - ela deu aquele sorriso doce e irrecusável para o pobre homem que quase babou em sua beleza e aparente candura. - Aproveitar o resto de sol. - ela sugeriu com animação.

- Claro Srtª, agora mesmo. - o homem se empertigou.

- Ajude-me a subir Jake. - ela virou-se para mim, sua expressão me lembrou uma criança fazendo uma traquinagem. Eu definitivamente gostava mais dessa Mily do que da patricinha mimada e arrogante que ela era quando chegou aqui.

Embora, não pudesse ser muito otimista sobre como seria o amanha já que a garota era naturalmente temperamental e eu tinha certeza, bipolar.

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Amelie POV

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O vento assoitava meus cabelos na perfeita escova. Sem me importar com a brisa molhada do mar, eu os deixei ganhar os ares enquanto aproveitava o galopar dos cavalos. Jacob me olhava deliciado com o que via, quase babando, coitado.

- Fecha a boca, Black! - eu provoquei. Me sentia bem melhor. Acho que eu precisava, literalmente de ar e precisava dele também, só pra mim, longe do grande publico.

- Até parece! - ele desmereceu arqueando uma sobrancelha grossa em minha direção. Os lábios fartos se destendendo em um sorriso fácil.

Não sei o que me moveu e tão pouco me importei naquele momento, porque em um segundo eu estava rindo de sua careta, e, em outro, enlacei minha mão direita na nuca de Jake, puxando-o para mim, colando minha boca na dele.

De repente pensar não me fazia tão bem quanto estar beijando aquele cara muito gostoso pra ser verdade em pleno por-do-sol, aqui em La Push, no fim do mundo. Diferente de todas as vezes em que nos beijamos, talvez por ser eu quem atacava dessa vez, o beijo foi apreciativo, quase com calma, doçura. Como se ele quisesse me provar que poderia se portar como um cavalheiro finalmente, não só um selvagem.

Como em toda vez que estávamos perto, no entanto, as coisas começaram a ficar descontroladas. Eu ofegava por ar enquanto Jacob me virava no banco, de repente grande demais para nós dois. Suas mãos grandes guiando minha nuca para um beijo de tirar o fôlego. Uma mão espertinha paceando acima do meu joelho pela fenda do vestido. Eu queria que aquela mão subisse, como eu queria. E foi ai que eu percebi que estávamos em uma carruagem guiada por um cocheiro que estava ouvindo cada um dos gemidos que escapava de minha boca e me afastei imediatamente de Jake.

Pensei ter ouvido uma espécie de rugir de protesto vindo de sua garganta mas logo ele me permitiu ganhar distancia.

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- Você vai fingir que não nos beijamos? - ele perguntou depois de um tempo. Sua voz carregava certa prepotência e com certeza muito mal humor.

- Não sei do que está falando. - disse e me virei para olhar o céu escurecendo rápido.

- Ah, claro! - ele resmungou se virando para o outro lado.

Me dei conta de que parecíamos duas crinaças emburradas.

- Eu gosto de você Jacob Black! - falei em alto e bom som, me rendendo àquela verdade e me entregando a ela.

Não era como um “Eu te amo” nem nada assim. Eu estava apenas apixonada por aquele... Aquele... ELE LÁ. Já havia lido artigos da Cosmos o suficiente para acreditar que era fogo de palha e não custava nada deixa-lo um pouco ciente disso e aproveitar para dar ums pegas de vez enquanto.

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Jacob POV

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- Eu gosto de você Jacob Black! - ela disse de repente. Se minha percepção fosse apenas humana aquelas palavras não surtiriam tanto efeito, mas o que ela não deichou transparecer na voz ela entregou nas batidas de seu coração que voou assim que ela proferiu tais palavras.

- Acho que sabe como me sinto. - Falei querendo ser justo. - Eu não saio por ai resgatando todas as garotas loucas e mimadas que eu conheço, das furadas em que elas se metem. - Não resisti.

- Ah seu... - ela já ia me xingando, o dedo em riste.

Segurei sua mão e olhei fundo em seus olhos, me lamentando por ela usar aquela lente que escondia a verdadeira natureza de suas íris. Aquilo fez com que ela não completasse o pensamento e olhasse pra mim de volta, com a mesma intensidade.

- Posso? - eu acariciei seu rosto e me aproximei, pedindo pela primeira vez.

- Ahan. - ela afirmou meio boba.

E então eu a beijei, não da maneira como sempre a beijava tentando provar a ela que ela também me queria, ou mesmo com a calma de nosso ultimo beijo. Ela havia dito que gostava de mim. Ela admitira isso para si mesma com segurança suficiente para me contar.

Eu a beijava agora, não só de uma maneira terna e completamente nova entre nos, porque aquele beijo não tinha calma como não tinha agonia, nele havia o desejo queimando na superfície, um desejo claro, instigante e promissor que parecia unir seu coração ao meu enquanto os dois voavam ao som abafado das galopadas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Notas finais do capítulo

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Mil desculpas pela demora, como sempre, não foi minha intenção. Agora que estou de ferias a fic acaba em janeiro, com certeza!!!!!! esperem posts com mais frequencia!!! não me abandonem, pleaseeee, e mandem reviews que eu respondo sempre, antes tarde do que nunca bjinhoooooooooooooooo