Inopino escrita por Roberta Matzenbacher


Capítulo 9
Capítulo nove


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus lindos!
Gentxeeee, eu estou feliz! Feliz, feliz, feliz demaaaaaais da conta!
"Little Lineeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee", minha ex-fantasma favorita, me deixou uma recomendação tão DIVA*. Ai, linda, eu amei demais! Ainda por cima, pois eu sei que foi a tua primeira. Acho que alguém andou lendo meu recado, né? Ai, flor, eu nem estava pensando em nada como uma recomendação quando te escrevi aquilo, eu queria apenas que tu sentisse aquela emoção boa de deixar um review aos autores... Imagina a minha surpresa quando eu abro minhas atualizações e te vejo por lá, toda diva, me dando uma recomendação d-i-v-i-n-a??? CHOQUEI, PERUA!!
Mas, à parte sobre isso... Nem demorei para atualizar, nem economizei nas palavras e nem ousei na imaginação *-* ahshuaashuhahsauhs. Sério, esse capítulo está demais, na minha opinião suspeita, mas pra quem queria ver um pouquinho de Dimitri e Alberta, eu acho que você irão gostar do que eu andei bolando.
Bem, espero que gostem.
E para a gata que recomendou: considere esse capítulo só teu, amoreco!
Boa leitura!



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Capítulo nove

Sem mais delongas, a reunião foi encerrada e as diretrizes, imediatamente, encaminhadas.

Kirova mandou as estudantes diretamente para as salas de aula, sem nem ao menos se importar com seus estados ou instalações. Eu não contrariei suas vontades, no entanto. Estava bastante satisfeito com o rumo que a reunião tomara minutos atrás – passando, drasticamente, de desesperadora à positiva – para questioná-la de forma tão incisiva. Nenhuma das alunas pareceu contente ou ao menos animada com as consequências, mas também não questionaram seu fim. Elas tinham muito com o que compensar e entrar de uma vez nos estudos já seria um bom começo.

Só tivemos de separar as duas quando elas precisaram seguir para uma direção contrária da outra. Como suas primeiras aulas não seriam as mesmas, elas teriam de estudar em prédios diferentes, então, determinadas duplas de guardiões se encarregaram de cada uma delas. Eu e Alberta acabamos ficando com Rose, enquanto Adam e Celeste se distanciavam com Vasilisa. As providências acabaram sendo breves – felizmente, o orientador não pareceu muito interessado em desvendar o passado de Rose e logo lhe entregou seus horários de aula –, e em menos de quinze minutos estávamos no ginásio dos guardiões, despachando-a em sua primeira classe.

A reação geral foi basicamente a mesma de quando atravessamos a área do refeitório, todos os aprendizes pareciam de alguma forma chocados com a presença de Rose, interrompendo suas atividades para encará-la com curiosidade. Ao lançar uma olhadela em sua direção, percebi que ela não se sentia intimidada em ser o centro de toda a atenção, pelo contrário, ela parecia gostar daquilo, girando os olhos pela sala, provavelmente, à procura de alguém conhecido. Logo, seu semblante se iluminou e ela disse em voz animada:

– Ei, Mason, enxugue a baba da cara. Se você vai ficar me imaginando nua, faça isso em um horário apropriado.

Eu me senti paralisar em meu lugar, completamente surpreso e chocado com suas palavras, porém, aparentemente, eu fora o único a demonstrar tais reações. Todos os estudantes riram como se aquela fosse a fala mais natural do mundo, e o rapaz ruivo que Rose chamara primeiramente, cujo nome era Mason Ashford, sorriu maliciosamente para ela. Nem mesmo Alberta pareceu se importar. No mesmo momento, uma estranha compreensão me abateu. Então, não era tão à toa sua fama de “inconsequente”, como eu imaginara. De fato, pelo que eu pude perceber somente em sua primeira socialização, Rose de longe me passaria a mesma imagem destemida que eu vira em Portland. Na verdade, se eu tivesse apenas o relance de comportamento que seus colegas presenciavam, eu não discordaria de quaisquer boatos que me contassem sobre ela.

– Esse é o meu horário apropriado, Hathaway. – O rapaz respondeu. – Eu vou liderar a sessão de hoje. – O sorriso de Rose não se alterou com o comentário.

– Ah, vai? – Ela replicou. – Hum, bem, acho que esse é um bom momento para me imaginar nua, então.

Como se não bastasse, logo, outra voz masculina interrompeu a conversa.

– Sempre é um bom momento imaginar você nua. – Disse um aprendiz chamado Edison Castile, enquanto saía de trás da multidão e exibia um sorriso a Rose.

Ela parecia tão à vontade com a situação, mas eu mal podia acreditar no nível de palavras que eles trocavam. Será que era tão simples para ela rebaixar a si mesma, degradando sua própria imagem, a troco de qualquer socialização imediata? Não seria mais fácil reconquistar cada um deles de uma forma menos... Insinuante? Infelizmente, da mesma forma que a pergunta veio, a resposta se fez presente. “Não”, eu pensei, “com certeza, não seria mais fácil”. Estupefato, balancei a cabeça em desaprovação, virando-me em seguida para fora do ginásio, enquanto murmurava em russo: “seria ainda mais fácil deixá-la por sua própria sorte lá fora. Talvez Kirova estivesse certa, afinal”.

Minha mente estava confusa. Duas forças contrárias travavam uma batalha acirrada em meu interior, cada qual querendo se sobressair sobre a outra, mas eu, particularmente, não sabia mais em que pensar, estava confuso demais para prestar atenção a qualquer uma delas. Porém, a imagem de Rose e suas palavras baixas insistiam em voltar, causando um sério impasse contra aquelas outras que eu mantivera até o momento. Para mim, todos erraram ao julgá-la de uma forma tão repulsiva, sendo que suas atitudes em Portland jamais fariam juiz a toda à cena que eu presenciei poucos segundos atrás, porém, vendo-a assim, tão aparentemente fácil e irônica, pude perceber que, afinal, eles não estavam tão enganados assim.

Tentei pensar na hipótese de ser um exagero da minha cabeça; tentei analisar a situação com outros olhos. Existiam tantos palpites menos rígidos, não precisaria, substancialmente, ser algo tão negativo. Poderia não ser mais do que uma simples brincadeira entre adolescentes. Talvez, não houvesse necessidade de tamanho colapso de minha parte, afinal, eu ainda não a tinha visto entre os seus até aquele momento. Mesmo Alberta, que era ligada aos costumes e normas com afinco, agiu como se aquilo fosse natural. E para que isso fosse possível, era necessária uma série de acontecimentos repetidos com frequência. Eles, inclusive, deveriam ser amigos antes de Rose partir da Academia. E acabaram fazendo tais piadas, ou rido da situação, para mostrar uns aos outros que nada havia mudado.

Eu estava tentando me convencer de que havia muitas circunstâncias mais simples e fáceis, mas, de uma estranha forma, todas me incomodaram. E eu não conseguia entender quais os motivos de tamanho descontentamento. Eu não deveria estar tão abalado por causa de uma piada infantil vinda de minha aluna, deveria? E se a resposta, por um acaso, fosse sim, por quê? Não havia razões para me decepcionar tanto com Rose como eu insistia em sentir! Suspirei. Ou eu estava louco de vez, ou tudo era bem mais sério do que eu imaginara.

De repente, algo me ocorreu.

Percebi que não fora a brincadeira entre Rose e seus amigos ou sua atitude imprudente a responsável por meu colapso, mas sim a quebra brusca daquela imagem imaculada, forte e perfeita que eu criara dela. Fora tão decepcionante, justamente, pois eu não esperava nada como aquilo. Eu não estava pronto para conhecê-la. “Bem... Agora, eu estou”, pensei com amargor. Se antes eu sentia como se precisasse protegê-la e interceptar por seu futuro, no momento, era meu dever descobrir o que fosse preciso sobre ela. Mas o problema era: o que eu faria, exatamente?

Um breve toque em meu ombro me despertou de meus pensamentos, e me virei a tempo de encarar o rosto de Alberta, que me olhava com uma expressão enigmática. Em um ato imperdoável a qualquer guardião, eu esquecera sua presença completamente.

– Belikov, me permite uma palavrinha com você, em particular? – Perguntou. Eu a olhei atentamente por um momento, tentando descobrir os motivos que a levariam a querer tratar qualquer assunto privadamente, porém, não havia nada em suas feições sérias.

– Claro. – Respondi por fim.

Caminhamos até o prédio dos guardiões e, rapidamente, seguimos para a sala de Alberta, que se localizava logo no primeiro andar. Ao contrário do escritório de Kirova, que era luxuoso e adornado por quadros e mobílias trabalhadas, a guardiã Petrov mantinha um padrão muito mais simples e prático. As paredes eram brancas e a iluminação, forte, somente um armário e uma estante com livros decoravam o ambiente. Ela se sentou na cadeira atrás de uma mesa simples de madeira, que estava abarrotada de papéis, e logo apontou a outra que se localizava a sua frente.

– Sente-se. – Ordenou.

Eu poderia ter ficado em pé e tratado o assunto com mais casualidade, mas algo na expressão de Alberta me fez compreender que o que debateríamos seria muito mais sério do que eu esperava. Sentei-me sem piscar.

– Sobre o que gostaria de falar com tamanha urgência, Alberta? – Perguntei diretamente, mal contendo minha curiosidade.

– Sobre o que mais seria? – Ela questionou. – Sua mais nova aluna, Rose Hathaway.

Hesitei, sem compreender. Eu poderia pensar em inúmeros tópicos que poderiam ser debatidos naquele momento, mas nenhum em particular clareou minha mente. Eu estava confuso sobre sua atitude, afinal, Alberta jamais demonstrou qualquer interesse particular em tratar de assuntos discentes com os professores. Para ela, a única coisa que importava era o andamento das aulas – mais precisamente, as fiscalizações de cada equipe – ou a segurança da Academia de um modo geral.

Repentinamente, ocorreu-me que ela poderia querer me repreender pela minha intromissão indevida na reunião de mais cedo. Por isso, logo tratei de me explicar.

– Bem. – Eu disse. – Se você acha que não foi uma boa ideia eu ter aceitado ser o mentor de Rose e interceptado por ela, eu...

– Muito pelo contrário. – Ela me cortou. – Essa foi uma atitude bastante sensata de sua parte, Belikov, mas que me deixou bastante impressionada, admito. Eu realmente não esperava uma reação tão drástica vinda de alguém como você, que sempre foi focado em seu trabalho e nunca se envolveu em assuntos que não diziam respeito ao seu patamar. Fiquei um pouco surpresa a princípio, porém, compreendi seu ponto.

Eu a encarei surpreso.

– Então, você concordou com minha atitude, é isso o que está dizendo?

– Bem, considerando-se as circunstâncias... Sim. E é exatamente sobre isso que eu queria lhe falar. Seu gesto foi memorável, exemplar, mas mais do que isso, você viu algo que poucos são capazes – algo que nem mesmo Ellen percebeu –, e isso foi o que me deixou mais impressionada. Eu não o conheço há muito tempo, admito, mas creio que em quase dois anos de trabalho, pude notar que sou capaz de confiar em seu trabalho como guardião.

– Obrigado. – Eu disse. Incapaz de compreender qual o ponto da questão que debatíamos. – Fico satisfeito por isso, acredite, mas não entendo aonde exatamente você quer chegar com esta conversa.

– Simples: você foi o único que viu em Rose a determinação, a devoção e a compreensão fora do comum em seus deveres, capazes de fazê-la uma jovem tão prodigiosa. Você percebeu nela um talento bruto que precisa apenas de uma atenção especial. Eu diria que você foi a melhor escolha para assumir o papel daquele que iria guiá-la pelo seu caminho da glória. Ela será uma excelente guardiã quando se formar, mas só se tiver sua chance para isso.

Então, era isso o que Alberta queria dizer? Que ela também via em Rose uma imensa capacidade e que concordava em dar apoio necessário a ela em sua jornada de aprendizado? Eu pensava, até aquele momento, que era o único a enxergar por trás das atitudes impulsivas de Rose, mas percebi que estava enganado, mais uma vez. Alberta, aparentemente, já notara isso muito antes de eu sequer tê-la encontrado. Talvez por conhecê-la há mais tempo.

Entretanto, algo inesperado tomou conta de mim – possivelmente, por causa daquelas simples palavras no ginásio dos guardiões, ou o que quer que fosse; não me importava –, uma sensação repentina de receio, de arrependimento. Eu não sabia dizer ao certo como me sentia a esse respeito, apenas cogitei a hipótese de que eu não conseguiria cumprir meu dever de forma eficiente, acabando por decepcionar as expectativas de todos, mas, principalmente, as esperanças de Rose. Ela esperava algo de mim, assim como eu dela. Repreendi-me por esquecer que já conhecia sua fama muito antes de aceitar a responsabilidade por ela, não havia desculpas a meu favor agora. Apenas minha ineficiência caso eu falhasse nesta nova aposta.

– Eu confesso que estou um pouco inseguro sobre isso. – Soltei repentinamente.

Alberta me olhou intrigada.

– Ora, onde está aquele guardião que enfrentou a tudo e a todos para defender uma estudante Dhampir qualquer, que, aparentemente, não oferecia nenhum motivo para permanecer na escola? – Ela perguntou descrente. – Está dizendo que se arrepende disso?

– Eu não sei ao certo. – Respondi com receio. Eu sentia que estava entrando em uma zona desconhecida, duvidoso sobre revelar meus pensamentos ou não. Mas, por fim, decidi que seria mais simples pedir ajuda a alguém tão experiente como Alberta. – Não foi exatamente a isso que eu me referi. Eu percebi, sim, as capacidades de Rose desde o primeiro momento. Desperdiçar um talento como o dela é inviável, lamentável até. Eu apenas interceptei por ela porque sentia ser o mais correto.

– Então, ao que se refere? – Alberta questionou quando parei de falar.

– Há muitas coisas ao seu redor, muitas perguntas e poucas respostas. Eu não tenho ideia das proporções que isso pode atingir se eu começar a investigar mais a fundo. Sinto que posso falhar de alguma maneira.

– Está falando da ligação psíquica?

– Sim. Rose e a princesa mantém esse segredo fielmente guardado. Eu acho que nem elas mesmas entendam muito sobre ele. Isso tudo é muito recente, aconteceu há apenas dois anos, afinal, sem contar que nenhuma delas possuía qualquer meio para pesquisar sobre a ligação. Elas apenas conhecem o que passaram; e sabem sobre o que acontece na ligação, pois é o que vivenciam todos os dias, mas não sabemos nada mais do que elas nos revelam. E, além disso, ainda há um problema que me aflige desde o momento que eu iniciei minhas investigações.

– Não sabemos o motivo que as levou a fugir. – Alberta completou.

– Exatamente. – Concluí. – Temo ser algo mais sério do que apenas regalias adolescentes ou depredação de patrimônio escolar, como Ellen e metade do conselho estudantil pensam.

– Concordo inteiramente com você. De fato, isso ainda é um mistério, mas que eu pretendo descobrir o mais rapidamente possível. E aí que está o ponto, Belikov, eu estou dando início a uma investigação. E você irá me ajudar; mas só se quiser, é claro.

– Investigação? – Perguntei descrente. – Está dizendo que você também quer descobrir o que aconteceu de tão grave antes da fuga? Desculpe por parecer cético, mas todos parecem tão convencidos de que não aconteceu nada de mais entre as estudantes, que eu fico surpreso com esta proposta. Kirova ao menos está inteirada sobre isso?

– A situação ainda não está clara e isso me incomoda. Se o conselho ou a corte não demonstram interesse no caso, isso não se aplica a mim; e nem a você, pelo que vejo. Há uma ameaça desconhecida na Academia e eu não posso deixar que ela se alastre novamente. A minha função é manter a organização dessa escola e é isso o que eu farei. Ellen não está a par de nada disso, ao menos por enquanto. Ela nem ao menos queria a presença de Rose pelos corredores, como bem sabemos. O que diria se eu comunicasse meu desejo de investigar o caso?

Acenei em concordância.

– Justamente por isso perguntei, – Eu disse. – mas você tem certeza de que quer começar algo pelas suas costas? Parece-me um pouco arriscado.

– Sim, é arriscado, mas eu prefiro deixar as coisas voltarem a sua normalidade antes de iniciar com uma petição formal. Estou ciente de que ponho em risco meu cargo, mas considero a segurança da Academia mais importante do que isso. Além do mais, Kirova terá de autorizar a investigação mais cedo ou mais tarde, portanto, prefiro iniciá-la de uma vez para poder influenciar sua decisão para o quanto antes.

– Me parece um bom plano. – Minha mente já girava através das probabilidades de fazê-lo funcionar, e uma estranha animação tomava meus sentidos. – Quanto mais restringirmos os conhecedores de nossa pesquisa, maiores as chances de a completarmos com sucesso. – Completei.

– Então, estamos de acordo. – Ela balançou a cabeça positivamente em aprovação. – Eu tomei a liberdade de montar um esquema de cronogramas. Começaremos com algo simples: eu vou estudar os relatórios da fuga novamente, mas, desta vez, aprofundando-me em detalhes específicos, como desentendimentos entre as estudantes ou quaisquer outros motivos relevantes que as fariam sair da Academia; você irá investigar, especificamente, sobre a ligação. Como estará perto de Rose durante uma grande quantidade de tempo, poderia sondar informações, ou mesmo pesquisar em materiais escritos. Temos vários livros bastante interessantes na biblioteca e outros arquivados em uma das salas deste prédio. Eu disponibilizarei o material necessário em qualquer horário livre que tiver. – Ela me olhou seriamente. – Você aceita?

Pensei em sua proposta por um momento. Durante dias seguidos, eu peguei-me rolando na cama em busca de respostas praticamente impossíveis de serem encontradas. Sempre intrigado com a maneira pela qual duas estudantes, sozinhas, conseguiram driblar a fiscalização da Academia e passaram dois anos inteiros ilesas. Elas foram pegas, apenas, por causa de um pequeno deslize, algo que me intrigava ainda mais. Eu ficara extremamente dividido entre acatar a ficha de infrações de Rose ou me admirar com o fato de ela manter sua protegida a salvo durante tanto tempo; sempre buscando compreender que razões as levaram a fugir e, depois de, finalmente, tê-las encontrado, chocado com o modo como uma Dhampir poderia ser tão destemida e ciente de seu papel como guardiã sem nem ao menos ter qualquer formação. A oportunidade de desvendar todos esses mistérios estava diante de meus olhos, eu só precisava ser um pouco persistente para que tudo fosse resolvido.

A decisão estava tomada bem antes desta conversa, eu percebi.

– Sim. – Respondi. – Eu aceito.

– Ótimo. – Ela parecia satisfeita. – Poderemos começar quando você estiver disponível. Creio que, por agora, seja melhor que você se concentre em seu papel de mentor e estude as habilidades de Rose. A prioridade máxima é fazê-la recuperar o tempo perdido da melhor maneira. Não há pressa nenhuma para iniciarmos a investigação.

– É claro. – Concordei. – Eu preciso me inteirar de seus conhecimentos para montar um esquema de treinamentos eficiente. Acho que em poucos dias serei capaz de estudar a ligação psíquica por meio da própria Rose. Vou lhe entregar um relatório assim que puder descobrir alguma coisa.

– Perfeito. – Ela exclamou. – Precisaremos de qualquer informação relevante. Eu também lhe manterei informado caso eu descubra algo.

– Tudo bem. – Respondi com um aceno.

Eu estava prestes a me levantar quando Alberta disse:

– Belikov, eu não confiaria este caso a mais ninguém além de você. Não duvido de suas capacidades e acho que você fará um ótimo trabalho com Rose. Ela pode ser imprudente e desrespeitosa, mas adjetivos como esses não fazem uma pessoa em sua completude. – Ela me lançou um olhar complacente. – Mantenha isso em mente.

Eu a encarei um pouco surpreso por alguns segundos, completamente sem fala. Alberta não costumava revelar muito de seus sentimentos quando tratava de assuntos relacionados ao trabalho. Suas atitudes eram sempre profissionais e racionais, mas pude perceber, com o tempo, que ela sentia certa liberdade em me confessar seus pensamentos sobre mim. Por isso, eu sempre me sentia exposto diante a esses momentos, sem saber o que dizer ou fazer. No entanto, antes que eu pudesse pensar muito sobre isso, tão logo como surgira, a expressão de cordialidade deu lugar a sua característica máscara imparcial.

– Creio que estejamos resolvidos por hora. – Ela disse simplesmente. – Está dispensado.

Fui em direção à porta em silêncio, mas quando meus dedos atingiram a maçaneta, eu virei-me para ela e disse:

– Obrigado, Alberta. – Ela apenas acenou com a cabeça em concordância antes de se focar em qualquer papel que estava sobre sua mesa.

Saí do prédio dos guardiões com uma sensação pura de alívio. Eu pensava que depois de uma noite tão agitada, estaria esgotado e querendo nada menos do que dormir, mas me surpreendi ao me sentir revigorado. Eu estava tão empolgado com a ideia de poder descobrir qualquer coisa que me ajudasse a desvendar os mistérios escondidos por Rose e a princesa, que mal pensava em descansar. Eu queria entrar em ação de uma vez, pôr em prática o que fosse preciso para atingir meus objetivos e ajudá-las com o que precisassem. Pude perceber na reunião que Rose não confiava em mim o suficiente para revelar seus segredos, mas eu daria um jeito de mudar isso.

Eu era o guardião de Vasilisa e, como tal, precisava estar consciente de tudo o que acontecesse a ela; mas, antes disso, Rose teria em mim a imagem de seu mentor, aquele que guiaria seus caminhos e a ensinaria tudo o que precisasse saber para enfrentar os Strigoi – o que era fácil em comparação com a própria vida. E se a nossa relação evoluísse a esse ponto, eu tinha certeza de que ela não hesitaria em revelar a mim o que estivesse escondendo dos demais, pois Rose finalmente teria alguém em quem confiar. E eu estava disposto a assumir este papel. Só que, primeiramente, eu precisava descobrir com quem lidaria.

Felizmente, eu já sabia como.


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Notas finais do capítulo

Pimpolhinhos, vocês não amam conflito interno??
Eu adoro fazer o Dimka quebrar a cabeça pensando nas controvérsias da Rose e recebendo conselhos de gente foda. Velho, primeiro a Yeva, agora a Alberta?? Por que tu não desconfia de algo, meu chuchu? (sim, o Dimi é o meu chuchu, hum!). Pois é, Dimitri é meio cabeça dura e não entende que só o amor dele será capaz de mudar a Rose e... Ahn, *suspiros*.
Espero que tenham gostado e, AAH, já viram minha nova fanfic?? Pois é, estou postando uma história completamente diferente das que eu estou acostumada. Completamente UA e completamente Romitri, mas muitas coisas acontecerão antes disso, muahaha.

Aqui o link pra quem quiser: http://fanfiction.com.br/historia/475622/Insolito/

E, yeah, só postei o prólogo, mas acho que irão gostar.

Só espero agora que vocês sigam o exemplo da minha linda ex-fantasma e façam o mesmo!! Eu não mordo, cabeças, pelo contrário, eu PUXO O SACO DE VOCÊS pra caramba, huuhasuhsauhsuhssa. Aiai, eu já disse que amo reviews, né?? *Só afirmo*

Enfim... Até a próxima!

Roberta Matzenbacher.