As Quatro Estações 2 - Romione escrita por Verônica Souza


Capítulo 2
Primavera 2




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– Rony, por favor... Por favor, Rony, me ajuda! – Hermione estava deitada em sua cama. Olhou para os lados, os lençóis estavam manchados de sangue. A dor era insuportável, e ela não tinha mais forças para pedir ajuda.

Rony estava parado na porta de braços cruzados, apenas observando. Não parecia abalado, muito menos parecia que estava se importando com o fato de Hermione estar aos prantos e sangrando em sua cama.

– RONY! – Hermione gritava enquanto chorava. – POR FAVOR, RONY, FAÇA ALGUMA COISA! NÃO PODEMOS PERDÊ-LO!

– Já perdemos.

Foi a única coisa que ele disse.




Hermione sentou-se no sofá assustada. A televisão estava ligada, e a sala estava vazia. Passou as mãos em sua barriga, e suspirou ofegante. As lágrimas molhavam o seu rosto, mas a sensação era de alívio. Foi apenas um pesadelo, e um dos piores que ela teve aquela semana.

Os pesadelos estavam ficando frequentes. Antes Hermione tinha uma vez ou outra, e somente durante a noite. Agora todas as vezes que Hermione tirava apenas um cochilo, eles apareciam, e eram sempre piores do que o anterior.

Estava sozinha em casa, como ficava todas as tardes. Rony estava na loja, e Rose estava na escola. Algumas vezes Gina passava a tarde com ela, mas ultimamente estava por conta dos filhos, que davam mais trabalho a cada dia.

Hermione se levantou e foi até a cozinha tomar um pouco de água. A campainha tocou, e ela foi até a porta.

– Oi Mi! – Gina abriu um largo sorriso.

– Oi Gina! – Hermione a abraçou. - Estava começando a me sentir angustiada por estar sozinha.

– É que eu vim com uma ótima notícia! – Gina entrou em casa e Hermione fechou a porta. – Adivinha só?

– Hum... Sua matéria foi publicada pela quinta vez essa semana?

– Bom... Também, mas é uma notícia ainda melhor!

– Então qual é?

– Estou grávida!

Hermione abriu um largo sorriso e as duas se abraçaram.

– Isso é demais Gina! Meus parabéns! – Hermione disse enquanto a abraçava.

– Obrigada! Ah estou tão feliz... Tomara que dessa vez seja uma menina. Os meninos iam adorar! – Ela disse animada.

– E Harry? O que ele disse?

– Ele chorou, acredita? Não diz isso pra ele. Bom, não foi chorar sabe? Mas ele ficou bastante emocionado.

– Claro que ficou... Os homens dessa família são sensíveis, só não admitem isso. – Hermione sorriu. – Mas eu quero que me conte tudo! Como foi que descobriu?

As duas entraram para a cozinha enquanto conversavam sem parar. Pelo menos por instantes Hermione se esqueceu do pesadelo que teve.



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Coloquei a pasta em cima da minha mesa e olhei o porta retratos em cima da mesa. Hermione, Rose e o nosso bebê. Como eu estava ansioso para a chegada dele. Quando tivemos Rose foi a coisa mais emocionante da minha vida.

– Terminou de olhar as contas? – Harry perguntou entrando em minha sala.

– Terminei, estão todas em ordem. – Me levantei entregando os papéis para ele.

– Estava admirando o porta retratos de novo? – Ele sorriu.

– Sempre, não é? – Olhei para a minha mesa.

– Está ficando um pai muito bobão com a chegada do bebe.

– Você ficará assim também daqui a alguns meses. – Eu sorri.

– Com certeza. Mas acho que não ganharia de você.

– Estava querendo ir tomar um café. Quer vir comigo?

– Acho que estou precisando também.

Nós sorrimos e saímos da minha sala. Era sempre bom tomar um café com o meu melhor amigo.


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– Pronto. Finalmente em casa. – Fechei a porta e Rose correu direto para a televisão. – Ah-ah. Rose!

– Ah papai, só um pouquinho.

– Não...

– Papai, por favor... Só um pouquinho.

– Filha, não.

– Só um pouquinho...

Ela olhava para mim com tanta doçura.

– Não adianta fazer essa carinha. – Eu sorri. – Você sabe que tem que tomar um banho e fazer a lição.

– Tudo bem papai. – Ela abaixou a cabeça desapontada. Hermione apareceu na sala, sempre conseguindo fazer o meu coração disparar.

– O que foi? – Ela perguntou olhando para Rose.

– O papai disse que tenho que tomar banho e fazer a lição antes de assistir televisão.

– E me dar um beijo também. – Hermione se abaixou. Rose a abraçou pelo pescoço e a beijou. – E seu pai já disse que não gosta que você assista televisão antes de fazer suas tarefas.

– Eu sei mamãe... Já vou tomar banho.

– Quer ajuda?

– Não mamãe, já sou grande.

Hermione riu.

– Desculpe, tinha esquecido que minha menininha está crescendo.

Rose sorriu e subiu as escadas.

– Você também não vai me dar um beijo não é? Estão perdendo os costumes? – Ela sorriu. Me aproximei e a puxei pela cintura, lhe dando um beijo demorado.

– Como foi a tarde?

– Gina foi embora agora a pouco. Pelo menos não fiquei sozinha... – Ela me olhou triste. – Tive outro pesadelo.

– Mais um?

– Sim...

– Do mesmo jeito que os outros?

– Esse foi pior.

– Amor são apenas pesadelos...

– Mas estão tão frequentes Ron... Tenho medo.

– Não precisa ter medo. Olha só... Você já está no oitavo mês. Íamos saber se tivesse alguma coisa errada. Falta menos de um mês para o nosso bebe estar aqui com a gente... – Eu sorri tranquilizando-a. – Não precisa se preocupar.

– É... Acho que tem razão. – Ela sorriu e me abraçou. – Senti sua falta.

– Eu sempre sinto a sua.

– Porque não assistimos a um filme depois do jantar? Rose vai gostar.

– Acho uma ótima ideia. – Eu sorri e a beijei. – Mas antes vou tomar um banho, pra ficar bem cheiroso para minha esposa maravilhosa, que a cada dia está mais linda. – Eu beijei o rosto dela e subi as escadas.



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– Podemos assistir Procurando Nemo? – Rose perguntou olhando os DVDs.

– Podemos assistir o que você quiser. – Sorri abraçado com Hermione no sofá.

– Então vamos assistir esse! – Ela correu até o DVD e colocou o filme. – Vou sentar ao lado da mamãe porque o abraço da mamãe é quentinho. – Ela correu até Hermione e sentou-se ao lado ela.

– Poxa, obrigado viu? – Fingi estar desapontado.

– Ah papai, o seu também é quentinho... Mas o abraço da mamãe é abraço de mãe.

Nós dois rimos e nos ajeitamos no sofá.

– Não vamos comer pipoca? – Rose olhou para Hermione.

– Já que você disse que meu abraço é quentinho, eu vou fazer pipoca pra gente. – Hermione riu e se levantou.

– Quer ajuda? – Perguntei.

– Não precisa, pode ir esquentando Rose para o meu abraço. – Ela sorriu e foi para a cozinha.

– Está bem papai, mas quando a mamãe voltar eu quero o abraço dela. – Ela se aproximou de mim e eu sorri, aninhando-a em meus braços.



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Hermione pegou o saco de pipocas e o colocou no microondas. Ouvia as risadas de Rose e Rony da sala, e aquilo alegrava o seu coração. Passar a tarde inteira sozinha para chegar a noite e ver as duas pessoas mais importantes da sua vida fazia tudo valer a pena.

O microondas apitou, alertando que a pipoca estava pronta. Hermione o abriu e colocou a pipoca em cima da mesa. Pegou uma vasilha e derramou a pipoca dentro. Colocou um pouco de sal, e pegou a vasilha, indo em direção a sala.

Seu caminho foi interrompido quando sentiu uma forte dor em sua barriga. Foi como em seus pesadelos, mas a diferença é que ela sabia que não era uma imaginação daquela vez. Decidiu respirar fundo, talvez fosse um mal estar, mas as dores não passaram. Só aumentaram mais. Ela deixou a vasilha de pipoca cair no chão, fazendo um grande barulho.

– RON! – Ela gritou, se inclinando e segurando em sua barriga.



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Senti o meu coração parar por alguns segundos quando ouvi os barulhos vindos da cozinha. Deixei Rose no sofá e me levantei rapidamente, correndo até Hermione. Quando cheguei a porta, não consegui acreditar no que via. Corri até Hermione e segurei em sua cintura.

– Meu Deus o que aconteceu?

– Dói Ron... Dói muito... – Ela chorava enquanto se abaixava. Não consegui pensar em mais nada a não ser pegá-la no colo. Fui para a sala totalmente pálido e Rose olhou assustada para mim.

– Filha, liga pra sua tia Gina. Fala para ela vir aqui o mais rápido possível porque preciso levar a mamãe no hospital.

Por sorte Rose não fez perguntas. Correu para o telefone, ligando para a Gina. Subi as escadas com Hermione e fui para o nosso quarto. Deitei-a na cama e olhei para ela, totalmente desesperando.

– Amor, calma... Gina vai chegar e nós vamos ao hospital. Respira fundo.

– Rony, por favor... Não quero perder nosso bebê Rony.

– Não meu amor, você não vai. – Eu tentei controlar a minha voz. – Fica tranquila... Respire fundo.

Hermione respirava, enquanto alisava sua barriga. Passei a mão no rosto dela, sem saber o que fazer. Se eu pudesse pegar toda aquela dor e aflição dela e passar para mim, eu faria imediatamente.

– Papai, a tia Ginny disse que já está vindo. – Rose disse parada na porta. – Mamãe você está bem?

– Ela só está com algumas dores, princesa. Fica lá em baixo assistindo o filme, que a sua tia vai chegar logo está bem?

Ela concordou e por sorte aceitou ficar lá em baixo. Eu não queria que ela ficasse vendo tudo aquilo.

– Está passando as dores? – Perguntei ainda com esperança.

– Não Ron... – Ela suspirou. – Ainda está doendo.

Graças a Deus Gina e Harry não moravam muito longe da nossa casa. Quando a campainha tocou, respirei aliviado. Ouvi Rose contar o que tinha acontecido para Gina, e eu olhei para Hermione.

– Vamos amor. – Peguei ela no colo e saí do quarto. Desci as escadas e Gina olhou assustada para nós dois.

– Meu Deus! Como ela está?

– Está ficando fraca. – Olhei para Hermione, estava fechando os olhos aos poucos. – Eu te dou notícias assim que souber. Leve Rose para a sua casa, por favor.

– Claro... Me ligue assim que receber alguma notícia.

– Filha, mamãe e papai vão voltar logo para te buscar está bem?

– Cuida da mamãe, papai. – Ela disse chorosa abraçando a cintura de Gina.

Não consegui dizer mais nada. Apenas peguei as chaves do carro em cima da estante e fui até a garagem. Não sei como consegui dirigir tão nervoso e com tanta pressa, mas em poucos minutos já estávamos no hospital.



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Esperar é uma das piores coisas que um ser humano consegue fazer. Desde pequeno odiava esperar. Não conseguia esperar o almoço ficar pronto, não conseguia esperar meus irmãos terminarem de se arrumar para sairmos em um passeio. Não consegui esperar Hermione no altar no dia do nosso casamento, não consegui esperar notícias do médico quando Rose nasceu, e não consegui esperar notícias dessa vez.

– Eu não posso entrar lá pra saber o que está acontecendo? – Perguntei para a recepcionista, a mesma que me viu várias vezes naquele hospital, decorando até o meu nome.

– Rony, eu já te disse... Se a Iara e o Doutor Victor ainda não vieram dar notícias, é porque ainda estão examinando ela. Por que não se senta e tente relaxar?

– Relaxar... – Murmurei irritado andando de um lado para o outro.

Iara e o médico saíram da sala, e vinham em minha direção. Um flashback passou em minha cabeça, lembrando-me da pior notícia que já recebi na vida. Eu não queria pensar naquilo, mas era inevitável. Como se viessem em câmera lenta, senti meu coração disparar, e rezei.

– E então? – Perguntei com a voz falhada.

– As dores já passaram agora ela está dormindo. – Iara me disse sorrindo. Senti um alívio tomar conta de todo o meu corpo, e caí sentado na cadeira. – Tudo bem Rony, ela está bem...

– Mas o que ela tinha? – Olhei para o médico.

– Ainda não sabemos, precisamos fazer alguns exames para descobrir. Não quero ser pessimista, e muito menos te deixar preocupado, mas dores nesse estágio da gravidez não é uma coisa muito boa.

Respirei fundo e passei a mão nos meus cabelos.

– Eles vão ficar bem?

– Por enquanto sim. Fizemos um ultrassom e o bebê também está bem.

– E quando vou poder entrar no quarto?

– Não deve demorar muito para acordar, não demos um medicamento muito forte por causa da gravidez. Talvez daqui a meia hora ela já tenha acordado. Enquanto isso vou adiantar nos exames. – Ele sorriu para mim, colocando a prancheta debaixo do braço. – Com licença.

Ele saiu e Iara sentou-se ao meu lado.

– Sei que você deve ter morrido de preocupação...

– Ainda estou. – Disse sincero. – Acha que pode ser algo muito grave?

– Eu não sei Rony, mas eu espero que não.

– Queria poder fazer alguma coisa.

– E eu também. Se eu pudesse fazer algo para ajuda-los eu faria imediatamente.

– Já fico mais tranquilo em saber que você está cuidando dela.

– Você está precisando descansar um pouco, está péssimo.

– Não vou descansar enquanto não souber o que está acontecendo...

– Eu sei que não vai... Só digo por precaução mesmo.

– Iara, tente fazer o possível para que isso se resolva está bem?

– Com certeza farei Rony.

– Ela anda tendo uns pesadelos muito estranhos, e com certeza depois do que aconteceu hoje ela vai ficar ainda mais tensa.

– Vou tentar tranquilizá-la. A gravidez já está quase no fim, falta pouco para o bebe nascer.

– É disso que tenho medo... Estamos empolgados demais com a chegada do bebê. O quarto está todo pronto, e já compramos várias coisas.

– Não se preocupe, não vai acontecer nada com nenhum dos dois. – Ela sorriu para mim, e de certo modo me senti mais calmo. – Agora vou ajudar o Doutor Victor, e daqui a pouco volto para te dar notícias está bem?

– Certo, preciso avisar a Gina também... Ela precisa tranquilizar Rose, ela estava bem assustada.

– Não é pra menos não é? Com apenas cinco anos ela já passou por tanto sofrimento... Mande lembranças para elas.

Sorri agradecido, e então ela se retirou. Peguei o meu celular e liguei para Gina. Contei que Hermione estava bem e que ainda não sabíamos o que tinha acontecido e ela se sentiu menos preocupada, e com certeza Rose se sentiria melhor. Pedi para que ela não entrasse em detalhes quando fosse contar à Rose. Uma criança não precisa de tantos problemas. Na verdade, ninguém precisa de tantos problemas.


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