Encontro Surpresa escrita por Flor de Cerejeira


Capítulo 3
Melhorando e piorando




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Rin estava decidida: iria retribuir de algum jeito a gentileza de seu chefe.

Aproximou-se dele em silencio, mas, parecendo sentir a presença dela, Sesshoumaru voltou-se imediatamente.

- Esta melhor? – ele perguntou, rude como sempre.

- Um pouco.

- Bom. – fechando a pasta, ele soltou na mesa com um barulho que fez Rin saltar. – Porque bebe tanto se sabe que passa mal no dia seguinte?

- Não costumo fazer isso – ela disse, tentando se controlar. -  Estava querendo me sentir melhor, apesar de você... Porque concordou em ir, se não se esforçou nem um pouco para relaxar?

Pronto, sua promessa de melhorar a relação entre eles havia sido esquecida.

- Fui porque Miroku me pediu que fosse – Sesshoumaru disse secamente – Ele disse que Sango tinha uma amiga que eu gostaria de conhecer. Eu esperava uma pessoa gentil e educada, não uma mulher com um enorme decote, com sapatos ridículos e disposta a beber tudo que estivesse ao seu alcance e que contivesse álcool.

Ah, então ele percebera seu decote! – nem era tão grande assim como ele havia dito. - , Rin notou uma satisfação perversa.

- Eles obviamente não faziam idéia... – ela concordou com uma voz suave.  – Para mim disseram que você era muito simpático! Acho que não posso mais confiar nas descrições feitas por meus amigos....

- Concordo plenamente com você.

- Oh, pela primeira vez!

Sesshoumaru levantou-se.

- Bem, se já esta boa para discutir, então já pode trabalhar – ele disse, mostrando-se insensível. – Acho que também concordamos que a noite de ontem foi muito desagradável. Francamente  preferia não saber nada sobre sua vida pessoal, pois não quero misturar intimidade com negócios. Entretanto, como expliquei, não tenho tempo para procurar outra pessoa, então sugiro que finjamos a noite passada nunca aconteceu e continuemos como antes. Embora fosse melhor que você chegasse no seu horário e se apresentasse em condições para trabalhar. – ele acrescentou rudemente.

Rin levou a mão na cabeça que ainda doía. Ela só queria estar em posição de dizer a Sesshoumaru exatamente o que fazer com o emprego. Tinha uma idéia de haver comentado algo na noite anterior sobre encontrar uma nova carreira. Parecera uma boa idéia então, e ainda melhor naquela manha.

Algum dia ela teria que fazer algo a respeito, mas naquele exato momento, tinha que sobreviver e pagar suas contas. Nunca tivera o habito de fazer poupança. Teria que continuar no escritório de Sesshoumaru naquele momento.

- Kagura deve voltar em algumas semanas – ele disse como que para se lembrar disso.

- Esta dizendo que não precisara me suportar por um longo tempo?

Apesar de sua própria relutância, Rin sentia-se magoada por perceber que Sesshoumaru mal podia esperar para se ver livre dela.

- Tive a impressão de que esse desejo era mútuo.

- E estava certo.

- Esta me dizendo que quer partir agora?

- Não – Rin disse, sentindo-se encostada à parede – Preciso continuar. Não tenho alternativa.

- Estamos no mesmo barco então. – disse Sesshoumaru, dirigindo-se à sua cadeira. – E se quer continuar a trabalhar, sugiro que comece.

 

Três horas depois, Rin estava atrás de uma pilha de papéis que Sesshoumaru pusera em sua mesa, antes de sair para almoçar com um cliente.

- Quando voltar, espero que os arquivos estejam prontos em minha mesa.

Rin fingiu não ouvi-lo. Será que queria mesmo se manter naquele emprego?

A expressão dele estava indecifrável como sempre, mas ela podia apostar que ele se declinava em vê-la atulhada de trabalho. Acreditava que pelo menos metade daquele serviço poderia esperar e que ele só o exigiria para aquele dia para puni-la.

Era difícil acreditar que, por um ou dois momentos na noite anterior, chegara a julgá-lo atraente.

Correndo os dedos pelo longos cabelos negros e sedosos, Rin pensou que precisaria de um chá antes de enfrentar tudo aquilo.

Embora Sesshoumaru afirmasse que seus empregados não tinha tempo para bate-papos, Rin já percebera que  a máquina, onde compraria seu chá gelado (aqueles em lata) era um lugar onde as pessoas se reuniam. Talvez as duas moças do departamento financeiro estivessem conversando sobre o trabalho, mas Rin duvidava disso. Elas pararam quando ela se aproximou, e se afastaram educadamente para abrir-lhe espaço.

- Obrigada! – Rin exclamou com um sorriso. Um sorriso meio amarelo.

- Esta se sentindo mal?

- Terrivelmente – ela admitiu, esforçando-se por lembrar o nome delas. – juro que nunca, nunca mesmo vou beber de novo.

Koume e Ayame, das poucas vezes em que haviam conversado com ela, mostraram-se reservadas. Porem dessa vez pareceram menos rígidas depois de sua franca confissão de que estava com ressaca.

- E então, como vai indo? – a mais velha delas lhe perguntou.

- Acho que vou alcançar o “padrão Kagura” – Rin suspirou, enquanto pegava a latinha na maquina. – Como ela é de verdade? É tão perfeita quanto Sesshoumaru a descreve?

- Com certeza ela é muito eficiente. -  Koume disse, sem parecer muito entusiasmada. – Sesshoumaru confia nela.

Rin tomou um gole de seu chá, ainda amudada ao lembrar-se da quantidade de trabalho que a esperava.

- Deve ser uma santa para conseguir lidar com ele...

Não foi a coisa certa a dizer. As duas moças agiram instantaneamente à critica a Sesshoumaru.

- Se o conhecer melhor, verá que é uma pessoa adorável – Koume disse, e Ayame assentiu em concordância.

- É o melhor chefe que já tive – Ayame acrescentou.

Aquilo era novidade para Rin.

- Ele nos trata como pessoas, não como empregados. Koume disse, abaixando o tom de voz como se confidenciasse algo. – Aqui entre nós, acho que Kagura espera ser mais do que secretária pessoal dele algum dia.

- Ah é? – Rin instantaneamente contraiu os músculos. – Você acha que ele corresponde?

- Não... – Ayame balançou a cabeça. – Ele nunca esqueceu a esposa, e acho que nunca esquecerá...

- Sara era uma pessoa maravilhosa – Ayame concordou – Ela costumava vir ao escritório, e nós gostávamos muito dela. Era linda, doce, sempre interessada pelos problemas das pessoas. Era algo natural nela, fazia com que você se sentisse especial, não era Koume?

Koume assentiu com uma expressão triste.

- Sesshoumaru era diferente naquela época. Ele a adorava e era correspondido. O sorriso dele [?] se iluminava quando ela chegava. Aquele acidente foi realmente uma tragédia.

- O que aconteceu? – Rin perguntou, esperando não parecer muito intrometida.

- Um acidente de carro. Um motorista bêbado se chocou contra o carro de Sara.

As duas pareceram entristecidas ao se lembrarem.

- Ela nunca saiu do coma. Viveu ainda algum tempo por aparelhos, mas não resistiu.

Ayame suspirou.

- Você não pode imaginar o quanto ele sofreu. E ainda tinha que se preocupar com Risa. Ela também estava no carro, também ficou no hospital, mas não teve nenhum ferimento mais grave.

- Era quase um bebê -  Koume continuou. -  Apenas crescida o suficiente para chorar por sua mãe.

Rin levou a mão aos lábios ao ouvir a história.

- Que coisa horrível... – disse, sentindo-se absolutamente inadequada.

- Sim – Koume concordou. -  Sesshoumaru nunca mais foi o mesmo desde então. Ele se fechou depois que a perdeu, e não deixou que ninguém se aproximasse. Manteve a empresa em funcionamento mas acho que fez isso mais pelos empregados do que por si mesmo.

- Espero que queira se casar de novo algum dia – Ayame disse. – ele merece ser feliz, e Risa precisa de uma mãe. Talvez sinta falta de Kagura neste tempo em que esta longe – ela acrescentou como que esperançosa. – sei que ela pode parecer um pouco fria, mas é o jeito dela.. e ela é muito atraente, não acha? – Ela perguntou a koume que concordou novamente, embora relutante.

- Ela esta sempre tão bem vestida.

- Ela deve o conhecer bem depois de trabalhar para ele tanto tempo. Acho que sabe como agradá-lo e seria uma boa esposa.

Para Rin soava como se elas não acreditassem que Kagura  seria mesmo uma boa esposa para Sesshoumaru. Ele já era eficiente e frio o suficiente por ele mesmo. Precisava de uma mulher afetuosa, doce e que o fizesse sorrir, não uma pessoa e empoada.

Rin não pode tirar a história trágica da Sesshoumaru de sua cabeça por toda aquela tarde. Tentou imaginá-lo ao lado da esposa na UTI, esperando que abrisse os olhos, ou tentando explicar ao bebê que não veria mais a mãe.

 

- Não foi sem razão que ele ficou tão incomodado por eu ter bebido ontem – Rin disse a Kagome ao chegar em casa, depois de contar-lhe o desastre que havia sido a noite anterior e sobre o que ouvira de Koume e Ayame.

- Sinto-me horrível. Fui tão dura com ele...

- Não faça isso – Kagome disse,  oferecendo um suco a Rin.

- Não faça o que?

- Não se envolva.

- Não estou envolvida. – Rin disse na defensiva.

Kagome suspirou ao observar à amiga.

- Sabe como você é Rin – ela avisou -  um leve toque em seu coração, e você já esta tentando virar o mundo de cabeça para baixo para melhoraras coisas... e algumas vezes simplesmente não depende de você, Rin. Também teve muita pena de Kouga e sabe bem o que aconteceu...

- Aquilo foi completamente diferente – Rin protestou. -  Sesshoumaru não esta tentando conseguir nada de mim. Nunca me falou nada de Sara, tenho certeza de que nem queria que eu soubesse.

- Apenas não quero que, desejando ajudá-lo, você acabe se apaixonando por ele – Kagome disse preocupada -  você precisa admitir que pode se machucar de novo. E pode ser ainda pior do que foi com  Kouga. Seria sempre a segunda pessoa na vida dele Rin.

- Oh, honestamente Kagome! Rin exclamou com raiva – Se alguém a ouvisse falar, teria certeza que planejo me casar com Sesshoumaru. Tudo que estou dizendo é que eu deveria ter sido mais compreensiva com ele quando foi grosseiro comigo.

- Apenas tome cuidado, esta bem? Você não gostava dele antes de saber de toda essa estória, e ele é exatamente o mesmo homem. Ser viúvo não é desculpa para ser mau-educado. E alem disso, já se passaram seis anos desde que a mulher dele morreu, já devia ter voltado a agir de maneira menos agressiva, não acha? Não deixe que ele tire vantagem de seu coração mole, é tudo.

Rin não disse mais nada, mas pensou sobre o que Kagome dissera. A amiga podia ser prática, mas não entendia muito de relacionamentos

Lógico que não via possibilidades de se apaixonar por Sesshoumaru. Apenas faria algumas concessões quando ele fosse rude. Não  iria enfrentá-lo a todo momento. Seria mais educada, discreta e eficiente. Se tudo que podia fazer para ajudá-lo era manter um clima tranqüilo em seu ambiente de trabalho, isso era o que faria.

Isso não seria se apaixonar por ele, certo?

 

Mudar o clima era mais fácil na teoria que na pratica, mas Rin realmente tentou. Cansada de ouvi-lo falar na elegância de Kagura, ela se esforçou para se vestir de um jeito mais sério. Sabia que nunca se sentiria a vontade em um conjunto de saia e blusa, e que as presilhas não seguravam seus cabelos muito lisos, mas forçou-se a isso. Quando Sesshoumaru a maltratava, ela mordia a língua e não respondia. Apenas fazia seu trabalho e esperava que ele percebesse o quanto a vida se tornara mais fácil. Tinha ate pensado o que diria quando ele lhe dissesse que estava agradecido por isso.

Mas longe de se sentir agradecido, Sesshoumaru ficou desconfiado de sua nova atitude.

- Qual o problema com você? – ele quis saber.

- Nenhum. – ela respondeu, um pouco abatida.

- Esta muito educada – ele resmungou. – isso me deixa nervoso. E porque esta se vestindo desse jeito? – a expressão dele mudou subitamente. – foi fazer entrevista para outro emprego?

- Não, só estou tentando parecer mais profissional. Pensei que iria aprovar minha nova conduta. -  ela não pode deixar de dizer.

Sesshoumaru olhou para ela. A tentativa de manter seus cabelos presos havia falhado miseravelmente. Dezenas de fios escapavam das presilhas e caiam por seu rosto. O casaco era um tom Acinzentado forte, e a camisa branca tinha  muitos vincos. Era difícil crer  que tais peças haviam saído do mesmo armário onde devia estar o vestido extravagante  que ela usara no jantar oferecido por Miroku e Sango.

- Não tenho certeza de que esse visual combine com você – ele disse secamente.

Não havia como contentar determinadas pessoas, Rin pensou suspirando intimamente.

No dia seguinte, conversando com Sango, Rin confessou a amiga toda a verdade e soubera que Sesshoumaru fizera  a mesma coisa com Miroku no dia seguinte ao jantar, pelo telefone.

- Ele fez algum comentário sobre mim? – Rin estava curiosa.

- Acho que ficou impressionado ao vê-la vestida daquele jeito. – Sango disse, evitando uma resposta direta. -  Acredito que não use esse tipo de roupa no escritório, não é?

- Claro que não – disse Rin ofendida. – o que ele esperava? Que saísse para jantar de terninho? Ele deve ter dito a Miroku que eu não fazia seu tipo... não vou mais me importar de ser simpática com ele. Obviamente ele também não aprecia isso.

Mas por alguma razão queria mostrar para Sesshoumaru que Kagura não era a única profissional competente no mundo. Queria obrigá-lo a reconsiderar sua posição e, por isso, passou a se esforçar por estar sentada em sua mesa antes que ele chegasse.

Fingia estar lendo o jornal calmamente.

Claro que isso significava ter que acordar muito mais cedo e correr como louca pelo metro, mas valia a pena ver o olhar desconcertado que Sesshoumaru lhe dirigia quando chegava ao escritório

Naquela manha o clima estava horrível. Chovera por toda a noite, e o chão liso e escorregadio. Já bem perto do escritório, a chuva foi ficando mais e mais pesada. Ventava forte, em rajadas, e Rin foi obrigada a colocar a sombrinha quase frente ao rosto para se proteger. Era difícil ver por onde andava, mas ela continuou dizendo a si mesma que o escritório estava apenas a um quarteirão dali, e que precisava chegar no horário.

Mas não contava com o escorregão que levou em seguida, a queda amortecida por uma pilha de sacos de lixo que estava ali coletados.

Tentando se colocar em pé percebeu o estrago que fora causado em sua saia pelos sacos de lixo. Suas mãos estavam sujas, assim como suas pernas. E seus cabelos... bem, poderia esquecer deles naquele dia.

Rin tentou pegar novamente a sombrinha, lembrando-se do escorregão o tentando descobrir o que o provocara. Percebeu que havia alguns sacos de lixo abertos, de forma que o conteúdo deles se espalhara pela calçada.

De repente, algo pareceu se mexer no meio deles. Sobressaltada, Rin olhou com mais cuidado, e descobriu, no meio dos sacos, um pequeno cachorrinho, magro e com o olhar amedrontado.

Rin esqueceu-se de toda sua elegância, agachou-se entre os sacos de lixo e estendeu a mão.

- Oh, pobrezinho, eu o machuquei? – ela perguntou gentilmente, mantendo a mão esticada ate que o cãozinho se aproximasse para cheirá-la. Estava molhado e tremulo, e não tinha coleira.

- Você não é mais que um filhote, não é?

Não era com certeza o cachorro mais bonito que já vira. Um observador menos apaixonado diria inclusive que ele era muito feio, com suas pernas muito curtas em relação ao corpo longo e peludo, o focinho bigodudo e as orelhas compridas, uma levantada e outra caída.

Mas Rin via apenas o quanto estava magro e machucado, e ficou entristecida.

Não havia razão em procurar por seu dono. Aquela era uma rua comercial, só havia escritórios, e ninguém andaria por ali com um cachorro. Aquele filhote não estava perdido, havia sido abandonado se é que algum dia tivera uma casa. Mas alguma coisa no modo como ele movia a cauda em resposta a um agrado a cativou.

- Venha querido, vou levá-lo comigo.

Claro que não poderia deixá-lo ali, para morrer de frio e fome ou ate mesmo ser atropelado.

Com todo cuidado, puxou-o em sua direção. Ele gemeu, mas não se debateu quando ela o ergueu. Quando Rin o examinou melhor, não pareceu ferido.

- Acho que o maior problema é a fome. – Ela decidiu.

Havia um mercado próximo a estação de metro. Com a sombrinha agora inútil em um dos braços e o cachorro no outro, Rin mudou de direção para comprar pão, leite, e jornais para o caso de algum acidente. Mais tarde compraria uma coleira. Aquela altura estava quase tão suja e desarrumada quanto o pequeno cachorro, e já passava meia hora das nove. Para quem queria manter sua imagem, Rin estava perdida.

Bem, mas não pudera evitar.

Ignorando a expressão de espanto da recepcionista, ela seguiu para o elevador com o precioso embrulho em baixo dos braços.

Podia sentir o coração do animal batendo contra seu braço. E o dela também na expectativa de enfrentar a fúria de Sesshoumaru. Mas estava fortalecida pela raiva que sentia da crueldade de quem abandonara um animal indefeso na tempestade.

A porta do escritório estava aberta. Rin inspirou profundamente e entrou, parando só ao perceber que havia alguém mexendo em seu computador. Por um momento pensou que havia sido substiuída, mas ao olhar novamente percebeu que o digitador parecia mais interessado em brincar do que conseguir um emprego. A garotinha parou de digitar quando percebeu que Rin entrava, e olhou-a com um ar de poucos amigos. Ela usava óculos, e podia-se ver um rostinho pequeno e fechado por trás das lentes. Tinha um ar de autoconfiança incomum para alguém de tão pouca idade. E os olhos... dourados não deixava enganar...

- Quem é você?

- Sou Rin, e você? – respondeu Rin, embora percebesse o olhar mal-humorado.

Tal pai, tal filha.

- Risa – ela falou por fim. – Meu pai esta muito bravo com você.

- Acho que esta mesmo. – Rin colocou o pequeno cachorro no chão, e ele se sacudiu todo.

- Ele disse uma palavra feia.

Estava mesmo falando de Sesshoumaru?

- Onde ele esta agora?

- Ele vai encontrar alguém para ficar comigo e depois vai acabar com você! O que acha que ele quis dizer com isso?

- Acho que seu pai pensa que eu me atrasei de propósito. – Rin disse suspirando.

Tirou o casaco e pendurou-o, enquanto pensava o que faria a seguir. Teria que encontrar Sesshoumaru e explicar o que acontecera, mas o cachorrinho ainda tremia de frio e medo.

Ela sabia como se sentia.

Risa a examinava criticamente.

- Porque esta tão suja?

- Caí em um monte de lixo.

- Argh!! – Risa torceu o nariz. – Você esta com um cheiro ruim também. – ela informou a Rin, que levantou o braço e sentiu o cheiro de lixo podre. Devia ser sobra de comida.

Ótimo. Era tudo de que ela precisava. Risa havia dado a volta na mesa e olhava para o cachorrinho preocupada.

- Esse cachorro é seu?

- Agora é.

- Qual o nome dele?

- Não sei. Como acha que devo chamá-lo?

- É menino ou menina?

Boa pergunta. Rin levantou o cachorro gentilmente.

- É um menino...

- Que tal Raito!

Raito? Rin esperava que ela sugerisse outros nomes, e começou a rir. Risa pareceu ofendida.

- Não acha que é  um bom nome?

- É um nome ótimo! – Rin se controlou rapidamente. – Raito, o cão. Adoro isso. Raito! – ela chamou o cachorro, estralando  os dedos para que ele  a atendesse.

 Ele levantou as orelhas e sentou-se, olhando para ela atentamente, o que fez com que Risa sorrisse pela primeira vez desde que a vira. Porem rapidamente seu rosto ficou sério de novo. E Rin se perguntou se um sorriso teria efeito similar a expressão de Sesshoumaru.

Risa agachou-se ao lado dela.

- Olá Raito!

- Deixe que ele cheire seus dedos antes de tocar nele. – disse Rin, sorrindo quando Raito abanou a cauda e se aproximou da mão de Risa.

- Ele é bonitinho. – Risa comentou.

- Não acho que seu pai vai concordar com você.

Mal pronunciou aquelas palavras e Sesshoumaru irrompeu  na sala.

- Ah! Aí esta você! – ele exclamou ao ver Rin. – Que bom que tenha se juntado à nós.

Rin se levantou consciente de seu estado.

- Sinto muito por estar atrasada – ela começou a explicar, mas logo foi interrompida por Sesshoumaru que percebera seu estado.

-Pelo amor de Kami, Rin, o que andou fazendo?

- Por favor, não grite... – ela pediu, mas já era tarde. Assustado com o volume da voz de Sesshoumaru, o cachorrinho fez xixi no carpete.

- Veja o que fez! – Rin acusou Sesshoumaru, enquanto rapidamente espalhava os jornais por cima da mancha e pisava nela – Esta tudo bem querido... – ela disse acariciando a animal trêmulo. – Não vou deixar esse homem gritar com você... – ela disse acariciando o animal trêmulo.

Ela olhou  para Sesshoumaru, ainda agachada no chão.

- Você esta perturbando Raito.

- Perturbando...? – Sesshoumaru balançou a cabeça em frustração muda. – Quem?

- É o nome dele papai – Risa disse.

- Raito?

- Risa escolheu o nome – Rin disse rapidamente antes que ele pudesse dizer algo que entristecesse a filha. – Combina bem com ele, não acha?

Sesshoumaru ignorou o comentário. Parecia estar contando ate dez antes de explodir.

- Rin... – ele disse num tom de voz mais baixo e controlado, quase sussurrando. – O que este cachorro esta fazendo aqui?

- Encontrei-o no caminho...

- Então é melhor que o perca de novo e bem rápido! Escritório não é lugar para cachorros.

- Bem... também não é lugar para crianças...

Ele mordeu o lábio inferior.

- Isso é muito diferente. Minha empregada precisou ir ver sua irmã doente e hoje é dia de recesso na escola. Não tive alternativa a não ser trazer Risa comigo. Não podia deixá-la em casa sozinha.

- Também não podia deixar Raito largado na rua – Rin argumentou. – Ele seria atropelado!

Sesshoumaru cerrou os punhos furioso.

- Rin isso é um escritório, não uma casa de cachorros abandonados. Pensei que estava tentando ser mais profissional!

- Algumas coisas são mais importantes que ser profissional. – ela respondeu prontamente, abaixando-se para pegar o cachorrinho no colo.

- Aonde vai? – ele perguntou rudemente. -  Ainda não acabei!

- Vou enxugá-lo e lhe dar algo para beber. – ela respondeu pacientemente. – E quando eu acabar voltarei aqui, e você poderá ser grosseiro comigo o quanto quiser.

- Posso ir com você para ajudá-la? – Risa perguntou, enquanto o pai estava a beira de um ataque.

- Claro – Rin respondeu. – você poderá segurar Raito enquanto eu o seco.

- Espere um minuto! – Sesshoumaru começou sem poder acreditar que perdera tão facilmente o controle da situação.

Risa revirou os olhos, como se fosse uma adolescente.

- Papai, esta tudo bem – disse em tom monótono, seguindo Rin para fora da sala antes que ele pudesse fazer valer sua autoridade.

No banheiro das mulheres, elas encontraram toalhas de papel, e com elas tiraram um pouco da sujeira de Raito e da própria Rin, que também não estava em bom estado.

- Acho que não vou ganhar nenhum concurso de limpeza hoje. – Rin comentou ao ver seu reflexo no espelho.

Risa estava acariciando o cachorrinho, conversando com ele para diminuir seu medo por estar naquele ambiente estranho.

- Você não é como a Kagura –  a menina apenas comentou.

Rin suspirou enquanto procurava desesperadamente prender os cabelos desarrumados.

- Seu pai diz isso todos os dias.

- Eu não gosto da Kagura. – Risa disse em voz baixa, como se fizesse uma confidencia. – Ela fala de um jeito tolo como se eu fosse um bebê. Fica se insinuando para meu pai o tempo todo.

- E o seu pai? Corresponde? – Rin não pode deixar de perguntar, embora soubesse que devia se mostrar menos interessada.

Risa deu nos ombros.

- Eu não sei. Espero que não. Não quero outra mãe. Kaede é muito chata, mas prefiro ficar apenas com uma empregada.

Pobre Kagura, pensou Rin. Risa falava com o queixo erguido e um ar de teimosia, herdados de seu pai, sem dúvidas. Rin não apostaria um níquel nas chances de Kagura ganhar aquela rodada.

Sentindo-se, por alguma razão, mais contente, Rin pediu a Risa que procurasse por duas tigelas. Faria uma pequena caminha de jornal para Raito atrás de sua mesa e colocaria um pouco de água  e pão por perto, para que ele se sentisse mais seguro.

Ele parecia bem feliz por estar ali, e quando Risa apareceu com a tigela de leite, aproximou-se e abanou a cauda alegremente.

- Ele é tão simpático! – exclamou Risa, olhando-o com fascinação. – Queria poder ficar com ele... você acha que papai permitiria?

- Você precisa perguntar a ele, mas eu esperaria ate que o humor dele melhorasse. -  aquele pareceu um bom conselho quando Sesshoumaru apareceu, vindo de sua sala.

- Risa, você pode ficar na recepção com as meninas, você gosta delas, não é?

- Só quando Kagura esta aqui – Risa disse em voz baixa. – Vou ficar cuidando de Raito. Rin disse que posso.

- Esta bem, mas fique aqui, porque quero falar com Rin.

- Não vou perturbá-los – Risa assegurou, e depois acrescentou: - Ela vai poder trabalhar melhor, já que não vai precisar se preocupar com Raito o tempo todo. Não se importa, não é Rin?

- A questão aqui não é com o que Rin se importa. – Sesshoumaru rosnou, no limite de sua paciência. – Venha para minha sala – ele ordenou voltando-se para Rin. – Isto é, se já terminou a ação de caridade. – ele acrescentou fazendo um gesto de falsa cortesia enquanto ela passava ao seu lado.

 Na sala...

- Será que pode me explicar o que esta acontecendo? – ele perguntou furiosamente quando se sentou atrás da mesa.

Rin pensou se devia estender a palma das mãos para ele, como na frente de um diretor de escola para que aplicasse a palmatória. Optou-se por sentar-se também. Sesshoumaru estava tão bravo que certamente não poderia ser ainda mais rude.

- Não esta acontecendo nada, não me atrasei de propósito., mas não podia deixar o cachorro lá. Você viu o estado dele? Não sei como as pessoas podem ser tão cruéis ao ponto de passar por ele e não se importar. – havia emoção na voz dela. – Deviam ser açoitadas em praça pública – continuou como se fizesse uma manifestação política contra todas as formas de violência. – Isso lhes ensinaria o mal que a crueldade pode causar. Uma vez eu vi...

- Rin, não estou interessado. Tenho negócios para tratar. Já é péssimo ter que ficar com Risa por aqui, e você ainda perde metade da manhã com um vira-lata!

- Risa esta muito contente por poder cuidar dele, então isso resolve seu problema. Na verdade, tudo esta dando muito certo -  ela disse. – Estou pronta para começar a trabalhar. Assim que você também estiver, claro.

 

 

Continua...

 

 

 

 No próximo capítulo...

 

Na manha seguinte foi a vez de Sesshoumaru chegar atrasado. Entrou no escritório com Raito pulando e latindo ao seu lado. Rin estava em sua mesa e olhou inocentemente para seu relógio.

- Não diga nada... – ele avisou, irritado.

Rin deu um pequeno sorriso.

- Eu não ia fazer isso.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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