Encontro Surpresa escrita por Flor de Cerejeira


Capítulo 1
Coincidências


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, gostaria de pedir mil perdões a todas as leitoras(res) que acompanham minhas fics.
Tive e ainda estou me livrando de um problema pessoal muito grande, uma perda muito dolorosa para mim...

Falando sobre a fic...
Bem ela se passa em uma era totalmente atual, na qual kimonos formais e coisas parecidas são pouco usados, a não ser pelas famílias totalmente tradicionais.

A idéia foi tirada de um livro, um romance que eu li. Este tendo o mesmo nome da fic.
Preservei pelo simples fato da essência do livro estar presente o tempo inteiro na estória.



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Encontro surpresa

 

Capítulo 01 – Coincidências 

 


Rin mal entrou no escritório e já viu o tom de censura do chefe.

- Que horas são no seu relógio?

Respirando fundo, voltou-se para Sesshoumaru, que a examinava.

- Quinze para as dez.

- E qual o seu horário nesse escritório?

O rosto de Rin se avermelhou no mesmo instante. Por que era tão tola? Sentia-se em clara desvantagem em relação à Sesshoumaru. Ele estava sempre tão impecável em seu terno caro e elegante... Parecia estar acima dos mortais. Seus olhos dourados mantinham uma expressão indecifrável, e se comportava como se nada e nem ninguém pudesse surpreendê-lo em algum erro ou leve deslize.

Com ar autoritário, ele fitava Rin insistentemente.

- Sei que estou atrasada e sinto muitíssimo! – ela justificou quase sem poder respirar, irritada consigo mesma por estar tão abalada. - Havia uma velhinha no metrô... não sabia onde ir, e o funcionário foi muito grosseiro com ela... eu não pude deixar de interferir. Ela mal podia andar... enfim, precisei levá-la ate a estação onde pegaria a condução certa... próximo a torre de Tóquio.

- Eu não acredito que você foi na direção oposta ao seu trabalho...

- Eu não podia deixá-la simplesmente perdida.

- Sabia que não teria nenhuma chance de estar aqui no seu horário...

- Tive que fazer isso. - Rin protestou. – Ela estava muito triste. Não havia razão para que o funcionário fosse rude com ela daquela maneira. – ela lembrou-se indignada. – Como se sentiria se estivesse no lugar dela? Perdido e...

Sesshoumaru parecia prestes a explodir.

- Escute não me interessa o funcionário e nem a tal velha. Minha única obrigação é manter a companhia funcionando, e, acredite isso é difícil de acontecer se tiver funcionários que fazem o que querem na hora que bem entendem. Kagura costuma estar no escritório dez minutos antes das nove horas, todos os dias. Nela eu sei que posso confiar.

Rin quase perguntou a ele como a infalível Kagura fora tão irresponsável a ponto de quebrar a perna em uma estação de esqui, que nem faziam parte dos negócios do escritório...

Rin já estava cansada de ouvi-lo falar o tempo todo de sua secretária eficiente, sempre tão discreta, elegante, perfeitinha, que sabia digitar documentos na velocidade da luz.

Com certeza ela também sabia ler a mente dele, antes mesmo que pronunciasse as ordens.

Mas calou-se, pois não seria de bom-tom provocá-lo ainda mais. Já estava conseguindo se manter ali havia três semanas, diferente das outras duas moças que antecederam e que saíram às lágrimas do escritório nos primeiros dias. Ela tinha que se controlar.

- Eu disse que sentia muito – Rin repetiu com firmeza – claro que não me desculpo por ter senso de solidariedade, característica que torna as pessoas confiáveis – ela continuou, incapaz de se mostrar submissa quanto Kagura certamente se mostraria.

Sesshoumaru não parecia impressionado, apenas a examinava, e Rin mentalmente repassava a imagem que ele devia estar vendo: cabelos desarrumados, roupas desalinhadas e sapatos sujos. Será que ele conseguia ver também a meia fina que desfiava?

- Espero que meus empregados façam o que são pagos para fazer. Você, no entanto, insiste em fazer seu próprio horário, distrair a todos durante o expediente...

Rin ficou boquiaberta. Ele precisaria de olhos de raio-X para tê-la visto conversando com alguém, pois ficava sempre trancado em sua sala. Ela só queria se entrosar...

- Eu não distraio ninguém! – protestou ela.

- Esta sempre no corredor ou nas outras salas, conversando.

- Isso se chama “viver em sociedade”. É o que os humanos fazem. Claro, não os andróides com os quais você esta acostumado a conviver. – Rin provocou, esquecendo-se por um momento o quanto precisava daquele emprego. – Aqui, sinto que tenho sorte se consigo ouvir um grunhido de “bom-dia”.

Pronto, passara dos limites.

As sobrancelhas de Sesshoumaru se ergueram em um olhar maligno.

- Kagura nunca reclama de nada.

- Talvez Kagura goste de ser tratada apenas como um móvel de seu escritório... mas certamente viveria mais feliz se soubesse que o chefe sabe algo a respeito dela e seus sentimentos...

Sesshoumaru encarou-a, mas Rin não pôde decifrar sua expressão. Não devia estar acostumado a empregados que ousassem discutir.

 – Aqui não é um consultório de psicólogos. - Disse ele secamente.

Rin não pretendia se calar ate dar a ultima palavra, sabia disso. Mesmo se estivesse surpresa consigo mesma por deixar que ele a afastasse tanto.

- Basta dizer “como você esta?” ou “ tenha um bom final de semana”. É simples. E então depois de estar um pouco mais acostumado, poderia arriscar um “obrigado pela ajuda”.

- Não com você por perto. Sei que não teria que agradecer. – Sesshoumaru disse asperamente. – agora se não consegue trabalhar sem que as atenções sejam constantemente voltadas para você, é melhor que me diga já e eu me encarregarei pessoalmente de conseguir uma substituta para segunda-feira.

Aquela frase foi suficiente para trazer Rin de volta a realidade. Não podia perder aquele emprego. A agência já se mostrara bastante relutante em enviá-la e, se criasse qualquer problema, eles não hesitariam em tirá-la de seus arquivos.

- Posso perfeitamente suportar o trabalho aqui. – ela disse rapidamente – Só não gosto desse clima de tensão.

- Não precisa gostar. – Sesshoumaru disse, encerrando a questão. – Podemos trabalhar? Já perdemos tempo demais nessa manha.

Rin mal teve tempo de tirar o casaco e, muito menos beber um copo de água. Sesshoumaru rapidamente disparou a ditar-lhe suas várias tarefas para aquela manhã.

Ela fervia de raiva enquanto sua caneta deslizava pelo papel.

Por sorte, o toque do telefone veio lhe dar um minuto para respirar.

 Segurou seu pulso dolorido com um cuidado exagerado, desejando que Sesshoumaru percebesse que estava passando dos limites. Mas a chance de que isso acontecesse era muito pequena, Rin pensou,

 examinando-o pelo canto dos olhos.

Sesshoumaru respondia apenas com monossílabos à pessoa com quem falava ao telefone, enquanto brincava distraidamente com algumas caixinhas pretas que estavam à sua frente, na mesa.

Pequenos enfeites deveriam revelar algo de sua personalidade. O que significava aquelas caixinhas pretas? Provavelmente indicavam uma pessoa profundamente reprimida. Isso explicaria aquela expressão fechada e o jeito reservado, embora parecesse contrastar com a força que emanava dele. Rin observou-lhe a boca e o queixo bem feitos, que lhe davam um ar de austeridade.

Sem querer, os olhos de Rin pousaram em um porta-retratos que havia em cima da mesa. A foto de uma mulher de cabelos longos e olhos grandes profundamente sentimentais, que segurava um gracioso bebê no colo.

A mulher dele, Rin presumiu, surpresa com o fato de que ele devia ter alguma habilidade social, já que conseguira pedir alguém que se casasse com ele. Ainda mais uma bela mulher como aquela.

Era difícil imaginá-lo sorrindo ou beijando... ou mesmo segurando um bebê. E fazendo amor então?

Que pensamento mais bizarro!

Um arrepio estranho serpenteou pelas costas de Rin, e ela balançou suavemente a cabeça. De súbito, percebeu que Sesshoumaru a olhava diretamente nos olhos com seu olhar glacial. Ele havia desligado o telefone enquanto ela estivera distraída, e mostrava uma irritação designada no rosto.

O sangue novamente subiu ao rosto de Rin enquanto ela se endireitava na cadeira e aprontava seu bloco para continuar a escrever.

- Releia o último parágrafo.

Não podia deixar de se sentir irritada com o modo grosseiro dele, mas já bastavam de provocações por um dia. Quando ele finalmente terminou, Rin foi para sua sala e descarregou seu mau humor no computador, digitando raivosamente ate que o telefone tocou.

- Sim? – ela atendeu em tom indelicado, irritada demais para quaisquer cumprimentos.

- Sou eu, Sango.

- Olá, Sango!

- O que esta havendo? Parece tão brava.

- Meu chefe. – Rin desabafou. – ele é tão rude e desagradável. Eu sei que é trabalhar para Naraku é pior, mas pode ter certeza de que ele não é fácil. Rin torceu o nariz quando se lembrou de seu último emprego, do diretor que não quis nem mesmo ouvir sua versão dos fatos e acreditara apenas nas palavras de seu chefe, a palavra de um alto executivo contra a de uma simples secretária.

- Não posso dizer que seja um crápula – ela disse mais ponderada. – mas isso não o torna uma pessoa educada.

- Atraente?

- Bonito – Rin admitiu. – Mas feito aço. Se você gosta do tipo “ minha vida é meu trabalho”.

- Não acredito que possa haver mais alguém como Miroku, não!

Ambas deram risadas, e Rin se sentiu muito melhor. Era muito bom saber que Sango estava feliz de novo, depois que começara a namorar Miroku meses antes.

- Eu liguei para lembrá-la do jantar dessa noite. Você virá, não é?

- Claro!

Mas Sango percebeu seu tom de hesitação.

- O que foi? 

- Bem, estive conversando com Kagome... e fiquei sabendo que pretendem me apresentar alguém...

- Kagome não consegue mesmo ficar de boca fechada. Não vai parecer um “encontro”. Kohako também vai estar lá. Você precisa conhecer pessoas diferentes...

- Por que você não me disse?

- Porque eu queria que fosse uma coisa natural para vocês dois, eu sei que não será se você ficar preocupada se ele vai gostar de você ou não, e tudo mais. 

- Humm – Rin não estava inteiramente convencida. – E o que você disse sobre mim?

- Foi o Miroku quem falou com ele. Ele disse que você era o braço direito de um executivo muito importante, que poderia facilmente ser verdade se você estivesse nisso – disse Sango – Parece que ele tem uma empresa de consultoria. Com exceção disso, dissemos a ele só a verdade. – ela explicou num tom virtuoso.

- Oh sim, eu sei, a verdade... – Rin ironizou. – E qual é a verdade exatamente?

- Que você é uma pessoa afetuosa, divertida, atraente e maravilhosa.

Talvez ela devesse pedir a Sango que conversasse um pouco a seu respeito com Sesshoumaru Daiyoukai... provavelmente ela não incluiria o fato de que era uma tola sonhadora e romântica. As pessoas lhe diziam havia tempos que precisava enxergar o mundo tal como ele era. Mas isso não era tão fácil, Rin pensou, suspirando.

- Ele não perguntou por que eu, sendo tão perfeita, preciso que meus amigos fiquem me arranjando encontros? Não quis saber por que os homens não estão o tempo todo caindo aos meus pés?

- Ainda bem que não, porque eu mesma não sei responder. Porque não estão?

Aquela era uma das qualidades de Sango. Ela realmente acreditava em seus amigos.

Rin resolveu mudar de assunto.

- E como é esse rapaz?

- Eu nunca o vi. – Sango admitiu. -  ele é  um velho amigo do Miroku.

- Quão velho ele é, só para ter uma idéia?

- Acho que perto dos trinta anos... 

- Em plena crise da meia-idade então.

- E não é sua primeira crise... - Sango disse seriamente. – Ele é viúvo. A mulher dele morreu quando a filha deles nasceu, ele criou sozinho desde então.

- Deve ter sido bastante difícil para ele. – Rin já se sentia culpada pelo comentário maldoso.

- Bem, suponho que sim. Miroku disse que ele adorava a esposa, mas já faz nove anos que ela faleceu, e ele nunca mais namorou. E já que você reclama por não conhecer nenhum homem interessante, Miroku sugeriu um pequeno jantar para que os apresentássemos. Nada demais, apenas para que se conheçam.

- Oh, não sei se conseguiria ser madrasta, Sango. – Rin hesitou. – não sei nada sobre crianças.

- Crianças só precisam de sinceridade, e isso você tem de sobra.

- Sim, mas não quero ser apenas uma boa senhora casada. Quero um homem charmoso, excitante... sexy!

- Não, você não quer. Você quer um homem gentil, cuidadoso...

- Por que não posso ter um homem gentil, sexy, excitante e tudo mais?

- Porque já estou namorando com ele – Sango disse convencida. – Mas escute, esse rapaz já passou por maus bocados, por isso seja legal com ele.

- Esta bem, estarei lá. Qual o nome dele afinal?

Rin perguntou, mas não pôde ouvir a resposta. Sesshoumaru abrira a porta de sua sala.

- Oh, vem aí vem o Sr. Rabugento.. é melhor eu desligar, não posso usar o telefone para chamadas pessoais. Vejo-a mais tarde. – ela colocou o telefone no gancho rapidamente.

Sesshoumaru olhou para ela desconfiado.

- Quem era?

Bastava ficar nervosa para que a capacidade de Rin de inventar histórias manifestasse. Começou assim com uma longa narrativa sobre um rapaz que Kagura conhecera no esqui, e que soubera que ela sofrera um acidente, que se lembrara que ela trabalhava ali então resolvera telefonar para ter notícias, e queria saber como poderia mandar-lhe um cartão e...

- Eu lhe disse que enviasse para cá que teríamos prazer em entregá-lo para ela. -  Rin terminou por fim emendado tantos detalhes à historia que quase acreditou em si mesma.

Sesshoumaru olhou para ela desconsolado.

- Perdi mais quinze minutos de meu tempo hoje. Preferia não ter perguntado.

- Não somos neurocirurgiões. Não sei que diferença quinze minutos a mais ou menos pode fazer.

- Bem, nesse caso não se importará em pagar o atraso dessa manha no final do expediente. Temos um projeto muito importante para enviar, o mais rápido possível.

- Receio não poder ficar esta noite – ela disse, tentando não se desculpar. – Vou sair...

Sesshoumaru franziu o cenho.

- Não pode telefonar e dizer que vai se atrasar um pouco?

Para qualquer outra pessoa ela seria a primeira a se oferecer para ajudar, mas algo em Sesshoumaru Daiyoukai a enervava, afinal ele não fazia o menor esforço para agradá-la. Porque deveria ser gentil?

- Meu namorado iria odiar. – Ela disse, tentando negar o tom afetado ao dizer “meu namorado”.

- Você tem namorado?

Sesshoumaru parecia surpreso, e Rin teve que se controlar para não ser mal-educada. Alem de ser grosseiro o dia todo, ainda insinuava que ela não era atraente o suficiente para ter um namorado?

- Tenho sim – disse, determinada a convencê-lo de que, embora não fosse uma grande secretária, alguém no mundo gostava dela.

- Na verdade – ela continuou a voz firme. - ele vai me levar a um lugar especial essa noite... estamos comemorando, estamos noivos.

- É mesmo? – Sesshoumaru ergueu as sobrancelhas, sem nem tentar disfarçar sua incredulidade.

Era mesmo um bruto, Rin pensou indignada. Deixava claro que ela não era o tipo de mulher que poderia atrair um homem, que não havia alguém que pudesse querer casar com ela.

Olhou friamente nos olhos dele, disfarçando a raiva com uma cena.

- É só por isso por isso que estou nesse emprego temporário. Quando conheci...

Ela esforçou-se por lembrar do nome do namorado de Kagome. Ela com certeza não se importaria de emprestá-lo mentalmente por apenas alguns segundos.

- Inu-Yasha, nos descobrimos que fomos feitos um para o outro. Ele é analista financeiro... – ela se divertia com suas invenções. - ...e pode ser transferido para Nova York ou Londres a qualquer momento. Lógico que ele sempre diz que não preciso trabalhar, mas é bom manter alguma independência financeira, não acha?

- Na verdade não acho que seu salário faça muita diferença, já que logo vai viver com um analista financeiro. – disse Sesshoumaru.

- É uma questão de princípios. – ela disse, gostando da idéia de trabalhar por esporte.

Sesshoumaru voltou a sua sala.

- Talvez amanhã você possa chegar em seu horário, por uma questão de princípios.

Era uma pena que não fosse tão bem-sucedida na vida real quanto nas histórias que inventava, Rin refletiu divertida, enquanto chacoalhava no ônibus lotado de volta do trabalho. Não seria ótimo voltar para casa e encontrar seu marido adorado, que lhe diria que nunca mais precisava trabalhar para Sesshoumaru Daiyoukai?

Rin observou da janela a multidão que se apressava na chuva. Pareciam saber exatamente para onde estavam indo. Por que ela era a única que se metia em uma confusão atrás da outra?

Tinha vinte e sete anos e o que conseguira? Não tinha carreira, não tinha casa própria, nem mesmo um relacionamento sério.

Nos últimos anos só tinha ganho três quilos a mais. Nem a dieta havia feito diferença para ela. Também, chocolate era seu único conforto depois que seu ultimo relacionamento se extinguiu. E o emprego ao mesmo tempo. Claro que os amigos tinham ajudado demais, sem eles não teria sobrevivido. Fora graças a Sango, Kagome e o champanhe, que Rin decidira que coisas mudariam no Ano-Novo. Seria mais fria e objetiva, conseguiria um emprego melhor e um namorado bonito. Perderia peso, faria ginástica e teria sua vida sob controle.

O único problema era que as coisas pareciam mais fáceis sob o efeito do champanhe . já estava em março e suas decisões de ano-novo  tardavam a se tornar realidade.

Tinha um emprego temporário, mas ainda não conseguira as contas que haviam ficado do final do ano no cartão de credito. Precisava continuar procurando um bom emprego, começar a fazer ginástica e cozinhar apenas alimentos saudáveis para o jantar.

Faria tudo isso no dia seguinte. No dia seguinte surgiria uma nova Rin.

Quando chegou em casa, Kagome foi logo perguntando:

- Você vai ao jantar não é?

Kagome, sim, era uma mulher de sorte. Sairia com o seu maravilhoso namorado, enquanto ela conheceria um pobre viúvo com o qual deveria ser leal, Rin suspirou.

- Vou sim...

E passou contar a amiga a história que inventara para o chefe, incluindo o empréstimo de Inu-Yasha.

- Não ia dizer que ia jantar com um pobre viúvo, não é?

- Viúvo?

Rin contou a ela um pouco que soubera de Sango.

- Esse encontro não promete ser dos mais festivos...

- Ora vamos!! Ele pode ser bonito, charmoso...

- Não com a minha sorte...

Apesar disso, Rin se esforçou ao máximo por pensar positivamente em relação ao encontro, enquanto se arrumava. Talvez Kagome estivesse certa. Talvez um fabuloso exemplar de homem estivesse prestes a entrar em sua vida naquela noite e levantar seu ânimo. Algum dia teria que ser a vez dela, certo?

Apenas para o caso disso acontecer naquela noite, ela se vestiu cuidadosamente. Gostava muito do vestido estampado, cujo,  não muito pequeno decote realçava seus atributos: a pele alva e os seios bem desenhados. Ao colocar as sandálias de salto alto, instantaneamente se sentiu mais alta e elegante. Sempre pensara que a vida seria mais fácil se tivesse pernas mais compridas e a cintura mais fina, mas estudando sua imagem no espelho começava a pensar que, na verdade, gostava de se arrumar.

Será que pareceria jovem demais para o viúvo? Pensou se deveria se apresentar de um jeito mais reservado e sério, mas também pensou em seguida que todos precisavam de alegria. O pobre viúvo já devia estar cansado de lamúrias.

Perdida em pensamentos, Rin só percebeu seu atraso quando Inu-Yasha chegou para apanhar Kagome. Quando olhou no relógio, teve um calafrio. Como podia já ser oito horas?

Assim ficaria realmente atrasada...

 Pontualidade era uma de suas promessas para o ano-novo, mas essa realmente era muito difícil de ser cumprida.

- Oh, desculpem-me!!! – Rin foi logo dizendo quando finalmente chegou à casa de Sango. – Sei que estou atrasada, mas não queria estar... foi um dia daqueles...

- É sempre um dia daqueles para você Rin... – disse Sango tentando parecer severa enquanto abraçava afetuosamente a amiga.

Rin balançou a cabeça.

- Eu sei, eu sei... mas estou tentando melhorar. – ela baixou a voz como se conspirasse. – Ele já chegou? Como ele é?

- Um tanto formal... não. Reservado seria uma definição melhor – Sango se corrigiu. – Mas o sorriso é maravilhoso quando você consegue um. Ele é muito atraente.

- De verdade?

Quem diria, será que estava mesmo prestes a conhecer um viúvo excitante?

- Tem barba?

- Não...

- Barrigudo?

- Nem de longe...

As palavras de Sango pareciam promissoras.

- Dentadura?

Sango estava quase gargalhando.

- Vá ver você mesma...

Talvez sua sorte houvesse mudado. Endireitando os ombros e respirando fundo, Rin seguiu a amiga em direção a sala de estar.

- Ela chegou!

Rin ouviu-a dizer, já paralisada ao ver o homem que estava entre Miroku e Kohako.

Ele se virara ante as palavras de Sango, e Rin teve a estranha sensação de que sua expressão horrorizada apenas espelhava a dela.

Era Sesshoumaru Daiyoukai.

E então ele ficou temporariamente fora de sua vista, encoberto por Miroku que se aproximava dela sorrindo.

- Rin! – ele chamou abraçando-a. – Atrasada como sempre.

- Já me ajoelhei aos pés de Sango – ela brincou, alimentando a esperança de que estivesse errada, e de que Sesshoumaru não estivesse por detrás de Miroku afinal. Seria apenas alguém parecido com ele. Mas não. Miroku se moveu, ainda com o braço em seus ombros, voltando-se para os demais... e não houve dúvidas.

Lá estava Sesshoumaru, transformado em pedra. Claramente odiando o fato de participar de um encontro com sua própria secretária.

Rin considerou suas opções. Desejar nunca haver nascido encabeçava a lista, seguida pelo velho desejo de que um buraco se abrisse no chão para engoli-la.

Se fingisse desmaiar tudo acabaria? Provavelmente não. E aquilo não fazia seu estilo, sempre fora um pouco mais atrevida.

 

Continua...

  

 


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Notas finais do capítulo

Ele um homem seco, bastante sério, ela uma moça cheia de sonhos e esperança...
Será o que vai acontecer nesse encontro na casa de Sango?

Não percam no próximo capítulo...

“- Olá – Rin abriu um sorriso brilhante para cumprimentar Sesshoumaru, olhando diretamente em seus olhos. Em resposta, recebeu um olhar glacial.”



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