Capitulo 1 - Ciúmes? A carta de Boa Hancock.

POV Nami

A bordo do Sunny Go naquela tarde ensolarada, incrivelmente calma, pensei que o mar do Novo Mundo seria desafiador, mas até agora não havia tido problemas com o clima louco que tanto nos falavam antes de chegarmos aqui.

Devia ser umas três da tarde julgando pela posição do sol que brilhava num céu limpo, o mais azul que já havia visto, alguns pássaros voavam em círculos envolta de nós e tudo que ouvia eram alguns cantos vindos deles.

Aproveito a calma e o silêncio do momento- que, aliás, eram extremamente raros naquele navio- deitada numa espreguiçadeira lendo um livro e tomando suco de laranja ao lado de Robin.

Olho para as gaivotas que nos rodeavam novamente enquanto dou uma pausa na leitura, uma delas agia estranhamente, parecia vir em minha direção carregando algo e em sequência jogando em mim seguindo seu caminho.

Sinto certa desconfiança em abrir aquilo, poderia ser uma armadilha... Como? Eu realmente não sei, mas depois de tudo que passamos, eu sei que qualquer coisa pode ser uma armadilha.

Fico até feliz de não ver nem sinal de Luffy por ai, ele com certeza iria querer abrir o pacote e se meter em outra confusão, alias, onde poderia estar aquele idiota? Na verdade, onde estava todo mundo?

Mas continuava curiosa “E se fosse importante?”, estava pronta para perguntar a Robin o que devia fazer, mas ela já não estava mais ao meu lado na verdade, já devia ter saído bem antes de ter encontrado aquele pacote, mas eu não tinha percebido.

Talvez fosse melhor consultá-la, mas teria que ter cuidado para não deixar Luffy ver aquilo, afinal, eu conheço meu capitão.

No momento em que me levantei, deixei cair o pacote que estava mais para um objeto enrolado papel de presente com um laço, esse por sua vez se desenrolou deixando a vista seu conteúdo.

Por um segundo me preparei para uma explosão ou algo do tipo, mas logo percebi estar enganada.

Abaixo-me pegando o papel de presente e tirando de lá primeiramente o que parecia ser uma carta.

Começava com uma letra linda e extremamente redonda e caprichada, mas ao longo da carta podia-se perceber várias palavras riscadas, como se não encontrasse algo certo para escrever e então continuou com uma letra diferente, também bonita, mas não era a mesma, noto que a partir dai as rasuras cessavam.

“Olá Luffy,

Estou resolvendo algumas coisas no Novo Mundo e acompanhando os jornais percebi que estão em uma ilha perto da qual estou me dirigindo nesse momento.

Gostaria muito de reencontrá-lo e de finalmente conhecer sua tripulação: Zoro, Sanji, Usopp, Brook, Chopper e Franky...”

Havia algo escrito depois de “Franky”, mas foi riscado várias vezes com força e então a letra muda dando a entender que foi outra pessoa que continuou.

“Deixo um eternal pose indicando minha localização caso queira me encontrar na ilha e um vivre card para ocasiões futuras.”

A primeira letra voltara novamente no final da carta.

“E poderemos nos casar õ/

Ass: Hancock”

Havia uma marca de batom rosa perto de seu nome assinado, que na verdade me era muito familiar.

“Hancock” esse nome ecoava em minha cabeça vindo a tona uma lembrança de nossa saída de Sabaody.

–Flashback on

Chopper chegava com Luffy, Sanji e Zoro finalmente completando a tripulação depois de dois anos de espera, todos queríamos conversar e colocar os assuntos em dia, tantas coisas haviam mudado depois de tanto tempo.

Bem, nem tudo, apesar das novas aparências, todos continuavam os mesmos: Sanji tinha um sangramento nasal ao ter o primeiro contato visual com Robin e eu, Chopper cuidava dele e Luffy descobria as novidades da “versão robô do Franky” com os olhos brilhando, mostrando-me que não tinham amadurecido nada.

Todos estavam muito felizes, alguns já choravam e outros se seguravam, mas por dentro deviam estar explodindo de animação, infelizmente tive que acabar com aquele momento lembrando-os dos navios da marinha que vinham em nossa direção, mas era tarde demais, eles já haviam nos alcançado e começavam a atirar.

—Essa não! Vão acertar! — Dizia Usopp com um binóculo em mãos e uma expressão de medo estampada na cara.

Por um segundo pensei o pior e me preparei para o impacto que nunca chegou, então abro os olhos percebendo que nada havia acontecido.

—Flechas da escravidão! — O ataque que parara as bolas de canhão não vinha do nosso navio, para minha surpresa.

Fiquei confusa, quem havia nos ajudado?

Apareceu então a imperatriz pirata, com longos cabelos negros que brilhavam quase tanto quanto seus olhos mais azuis que o céu hoje, usava brincos dourados de cobra e trajava uma blusa, se é que posso chamar assim, até o umbigo com um grande decote, uma saia longa e salto vermelho.

Ela certamente fazia jus a seu titulo de ‘A mulher mais bonita do mundo’, mas estava ficando cada vez mais confusa, o que ela fazia ali? E por que nos ajudou?

—Oh! É a Hancock e as outras! — Luffy dizia no tom mais inocente do mundo, enquanto os outros babavam por ela.

—Você a conhece? — Pergunto por impulso.

—Sim, fui enviado para a ilha das mulheres e me tornei amigo de todas elas. — Ele continuava dizendo isso inocentemente, mas algo me incomodava naquela frase”

–Flashback off-

Não sei ao certo o porquê, mas sinto raiva ao lembrar daquilo, então releio a carta mais uma vez tentando ler as palavras riscadas e percebendo que eu e a Robin tivemos nossos nomes excluídos, na verdade, nossos nomes foram riscados várias vezes com força, como se sentisse raiva de nós.

“E poderemos nos casar õ/” reli essa frase varias vezes, não conseguindo compreender, até ter um ataque repentino de raiva amassando o papel e o jogando e volta na sacola de presente com um laço rosa.

Volto para os aposentos femininos tomando cuidado para não ser vista por ninguém.

—Que pena, né querida? Seria ótimo te encontrar, pena que sua carta nunca chegou... Bleh! — Escondi tudo entre minhas coisas nas quais ninguém nem ousava mexer mostrando a língua como se estivesse diante da própria Hancock.

—Com quem está falando, navegadora-san? — Ouço a voz de Robin vinda de trás.

Assusto-me com a arqueóloga que parecia ter saído do meio do nada, mas me seguro para não tremer e deixar na cara que escondia algo.

—R-Robin, ufa, que susto. — Enrolava pensando na melhor desculpa possível, afinal, se tinha alguém que não poderia ser enganado facilmente nesse navio, era Nico Robin. — Eu falava comigo mesma, estou procurando o último mapa que fiz, pergunto-me onde o deixei. — Estava tentando agir o mais normal possível, mas aquele sorriso enigmático da mulher que parecia saber de tudo tirava minha confiança.

Robin me encara por alguns segundos sem dizer nada, como se soubesse exatamente o que estava acontecendo ali e estivesse apenas jogando comigo.

—-Hum... Você parece nervosa, tem certeza que está tudo bem, navegadora-san? — Com tantas pessoas para entrarem, porque logo a Robin? Poderia resolver a situação facilmente com qualquer outro.

—Não precisa se preocupar. — Prego um largo e amarelo sorriso em meu rosto.

—Entendo. — Ela ainda me parecia desconfiada, mas a meu ver, preferiu se fingir de boba e deixar por isso mesmo. — De qualquer forma, o almoço já está na mesa, vim te chamar já que o cozinheiro-san parece meio... Ocupado.

Conseguia ouvir os gritos de Sanji-kun daqui já imaginando o que poderia ter acontecido.

—VOLTEM AQUI SEUS MALDITOS!

Seguidos por alguma reclamação de Zoro que provavelmente estava dormindo ali por perto.

—Cala boca, ero-cook.

—O que você disse, Marimo de merda?

Sigo Robin até a cozinha conseguindo ouvir as risadas de Luffy e Usopp de longe seguidas pelas cantorias de Brook.

Ouço a arqueóloga de cabelos negros dando algumas leves e baixas risadinhas ao meu lado a medida que nos aproximávamos de onde estavam todos, ela segurava um livro verde, mas não consegui ler o titulo, no entanto, era bastante grande e conhecendo-a sabia que leria durante o almoço. Afinal, essa é Robin.

Sento-me em meu lugar de sempre ignorando as brigas de Zoro e Sanji - que às vezes se virava para Robin e eu gritando os clássicos “NAMI-SWAAAAAAAAAN! ROBIN-CHAAAAAAAAAAAN!” e então retomando a briga com o espadachim dorminhoco, mas dessa vez com um novo motivo- e as risadas exageradas e de Usopp, Luffy e Chopper.

Quando os pratos são colocados na mesa, antes mesmo que qualquer um pudesse se servir, Luffy enfia toneladas de comida em seu prato comendo tudo como um animal e consequentemente terminando antes mesmo que todos terminassem de se servir e repetindo novamente o prato várias vezes até se ver sem mais comida e começar a tentar roubar do prato dos companheiros.

Pego-me pensando na carta de Hancock por um segundo, “Por que não entreguei ao Luffy de uma vez?” isso ecoava em minha cabeça, “Eu apenas fiquei brava por ser completamente excluída? Ou será... Não, que ideia ridícula, Nami”.

Não me sentia culpada, não me passava pela cabeça entregar a carta para ele, na verdade, minha vontade era de deixar aquilo escondido e fingir que não sabia de nada, apenas me perguntava o porquê...