Depois da Escuridão escrita por Lucas Alves Serjento


Capítulo 5
Capítulo 4 - Prisão




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N/A: Estou repostando a história para corrigir a gramática e fazer leves alterações para tornar a história mais agradável de ler. Espero que gostem.

 

Capítulo 4 – Prisão.

 

“Porque comigo?” Era o que ele pensava. “Porque eu?”

Naruto estava em casa. Mais precisamente, estava preso em sua casa. Dois Anbus vigiavam a entrada. Dois Anbus vigiavam o telhado. Dois Anbus vigiavam o andar de baixo. E dez Anbus vigiavam faziam ronda nas ruas vizinhas. Escolheram mantê-lo em sua casa para não correr o risco de criar tumulto na prisão, considerando o número de presos que estavam lá por sua culpa. Em sua mente, ele imaginava como uma vítima daqueles que o colocaram ali. Se o fizeram foi porque queriam se livrar dele. Talvez estivessem esperando para matá-lo pela primeira coisa de ruim que fizesse. Talvez o matassem e depois tentassem descobrir uma desculpa, apenas para se livrar mais rapidamente.

“Porque eu tenho que ser um Jinchuuriki?” Ele andava em círculos. Não sabia o que fazer. Sua mente se confundia novamente em pensamentos revoltados. Foi quando a porta abriu. Era a vigésima vez naquele dia, mais ou menos. Todos que entravam faziam a mesma coisa.

Geralmente eram amigos. Primeiro foi Shikamaru. Depois Chouji. Tentem. Rock Lee. Neji. Sai. Yamato. Gai. Kiba. Kurenai grávida veio dar algum consolo ao garoto nesse momento de tristeza. Tsunade viera e parecia mudar de opinião também sobre a inocência dele. Hinata viera com Neji. Não parecia estar mais olhando com vergonha para Naruto. Era estranho. Como se ela tivesse medo e, ao mesmo tempo, receio e um pouco de raiva dele.

Quem entrava agora era alguém mais próximo. Que podia dizer que o conhecia melhor do que todos os outros que vieram antes dele.

—Naruto? - Ele parou à porta, demonstrando que queria permissão para entrar.

—Entre, Kakashi-sensei. – Ele jamais impediria Kakashi em um momento como aquele.

O Jounin entrou devagar, observando bem o dormitório. Pela primeira, desde que conhecera o Uzumaki, seu quarto podia ser encontrado em ordem. Afinal, quem fica trancado vinte e quatro horas por dia têm muito pouco a fazer em um lugar tão pequeno. E três dias assim pareceria uma eternidade para alguém hiperativo.

Naruto sentou em sua cama. Suspirou e encostou-se à cabeceira.

 –O que você quer? Já tive duas visitas hoje. Não foram animadoras. Aliás, com Shino todo calado e depois com Kiba falando como se eu fosse o mais assustador dos monstros existentes, estou satisfeito por não ter caído em depressão profunda.

O jounin foi à janela. Ao olhar para fora pôde enxergar metade de Konoha. Nunca tinha reparado naquilo, mas agora se lembrava de uma vez que o velho Sarutobi lhe contara sobre o Yondaime ter escolhido aquele apartamento para quando Naruto fosse morar sozinho pela primeira vez. Escolhera por causa da boa visão dos rostos dos Hokages.

—Eu não vim aqui para isso. Vim porque pensei que você talvez estivesse com vontade de conversar.

Naruto se colocou ao lado de Kakashi. A luz que o sol fazia entrar pela janela não permitia que Uzumaki visse o rosto de seu mestre. Talvez por isso tenha ficado mais confortável para falar.

—Não acho que vou aguentar muito tempo essa prisão, Kakashi-sensei. – Ele estava ciente de que os Anbus escutariam. Mas não se importava. Estava ali apenas para não prejudicar ninguém que acreditava nele, mas o sacrifício estava ficando grande demais.

—Esse não é você, Naruto. – Kakashi fechou os olhos por um segundo. Quando os abriu, olhou para o aluno. – O que aconteceu na floresta?

—Eu não sei. – A frase doeu. Naruto queria ter algo para falar. Qualquer coisa que evitasse que Kakashi o desacreditasse. Ele era um de seus melhores amigos a ideia de perdê-lo era muito ruim.

—Sakura provavelmente vai vir hoje. Na verdade, esse foi o principal motivo de eu vir. Achei que você precisaria de um aviso para se preparar.

Eles ficaram em silêncio por alguns momentos. Nenhum dos dois sabia o que dizer.

—O que você acha sobre eu estar preso aqui? - Perguntou o garoto.

Kakashi já avançara para a moldura da janela. Estava pronto para sair. Virou seu rosto para o Uzumaki, com um sorriso animador antes de dizer:

—Acho que os conselheiros erraram ao tentar prender um pássaro acostumado a ser livre.

Então ele foi embora e Naruto permaneceu na janela, olhando um horizonte. Alguns segundos ali foram suficientes para que um Anbu passasse à vista na frente da luz do sol, apenas para deixar o lembrete de que ele ainda estava sendo vigiado. Foi o bastante para sua mente começar a concluir coisas.

E a primeira conclusão a que ele chegou foi a de que não era mais querido ali. Mesmo sem ninguém dizer nada, era fácil saber o que acontecia. A movimentação da rua em que ficava o apartamento era quase nula. As pessoas temiam a passagem por ali. Como se um monstro fosse os atacar a qualquer momento. Como se ELE fosse os atacar a qualquer momento.

Às suas costas, a porta rangeu. Ele virou de um salto assim que escutou o barulho. Estava nervoso de uma maneira que nunca estivera antes. Suas mãos tremiam. Uma esperança que restava em sua mente foi apagada no momento em que viu os olhos dela. Afinal, o olhar que Sakura lhe lançou ao entrar o fez querer morrer. Era um olhar…. Como o que lhe lançavam sempre, quando era pequeno. O olhar que misturava ódio, desprezo e medo ao mesmo tempo.

Já recebera aquele olhar vezes demais para não o reconhecer agora. O tinha recebido mais vezes do que poderia contar. Mas…. Aquele olhar de Sakura o afetou de um modo diferente. O rasgou por dentro. Foi quando ele se lembrou da frase. Aquela que ela tinha lhe dito há pouco tempo e se misturava a toda a situação de uma só vez. A memória dela com aquele olhar, dizendo: Naruto, eu não te amo.

Ele sentiu a dor. Como se ele tivesse perdido totalmente a esperança em algo. Pior. Agora ele tinha certeza de uma coisa: Sakura não o queria ali. E essa poderia ser considerada uma das três piores notícias que tivera em toda a sua vida.

—Naruto. – A voz dela saiu firme. Como sempre saía. – Como você pode?

O olhar dela agora brilhava. Eram as lágrimas. O garoto, meio apoiado na janela, sentia-se ferir mais ainda com a acusação.

—Sakura…. – Ele disse, tentando evitar olhar nos olhos dela. – Não fui eu quem matou Sasuke.

—Isso é tudo o que tem a dizer? - Ela perguntou. Seu rosto exibia a raiva. Ela deu um passo para mais perto dele. - Eu mesma analisei os relatórios do corpo! Existiam resíduos do seu chackra nele!

—Nós nos encontramos antes dele encontrar Danzou! Ele pode ter ficado afetado por algum jutsu meu!

—O problema foi onde encontraram parte de seu chackra. – O olhar dela era de desgosto. – Foi dentro da ferida. Lembra? Aquela grande, feita por um monstro? Bem no meio do peito dele?

—Sakura! - Naruto nem percebeu que estava quase gritando. Queria provar para Sakura que era inocente. Mas não sabia como. – Eu não sei o que aconteceu enquanto eu estava desmaiado, mas sei que, se fiz algo com Sasuke, não era eu!

Sakura colocou a mão sobre a testa. Parecia exausta. Mas qualquer que fosse o cansaço que sentia, não a impediu de expressar sua raiva em momento algum.

—Eu não sei mais se posso confiar em você. E, quando vir o mesmo relatório médico que eu, Tsunade-sama irá lhe dar uma punição um pouco pior do que somente a prisão.

Naruto ficou paralisado. Estava assustado. Aquela não era a Sakura que conhecia.

—Por que está falando assim? – Ele perguntou. – Você sabe o que eu estou sentindo? Sabe o que estou passando? – Ele estava ficando desesperado. – Estou sendo acusado de matar meu melhor amigo, fui maltratado e alvo de medo, desconfiança e olhares de desprezo dos meus amigos, como se eu estivesse prestes a matar alguém! Aí chega você e me olha e me trata como lixo! – Ele não conseguia expressar seus sentimentos com palavras. Também não conseguia ficar nervoso. Sua voz era de pura tristeza. - Você não é como eu. Nunca sentiu um olhar como esse – Ele apontou para o rosto dela. – virado para você.

Uma lágrima correu pela face do Uzumaki. Sakura, por sua vez, se virou e fez a pior coisa que poderia ter feito. Não disse nada. Não gritou. Não bateu nele. Apenas…. Abriu a porta. E, antes de sair, parou para ouvir Naruto dizer:

—Eu só tenho certeza de uma coisa: - Ele olhava as costas da garota. No fundo ele esperava que ela se virasse caso ele falasse. – Você não me ama. Mas eu te amo, Sakura. Muito. Mas, se você for embora agora, vou enterrar esse amor no meu coração para sempre. E nunca ele sairá de lá. Nunca mais. Porque vai significar que você desistiu de mim.

A garota ficou imóvel por alguns segundos. O Uzumaki sentia uma exaustão que quase o fez cair no chão. Sentia suas pernas tremerem.

—Não quero que vá…. - Ele sussurrou.

Por um momento, ele achou que ela viria novamente para ele e ficaria ali. Que entenderia tudo e voltaria para ele. Mas isso não aconteceu. Ela não se virou. Ela não fechou a porta, ficou ao seu lado e disse que o amava.

Foram necessários cinco segundos para ela tomar sua decisão. Depois de cinco segundos, ela deu dois passos e fechou a porta às suas costas. Naruto então caiu de joelhos. Ele não sabia, mas seus amigos estavam no corredor, esperando Sakura sair para leva-la de volta ao hospital. Eles escutaram tudo. E estavam todos sem palavras. Com pena daquele pobre garoto, aprisionado naquele apartamento, talvez muito próximo de se perder para sempre. O que ninguém notou foi a lágrima que escorria pelo rosto de Sakura.

Assim que se viu cercada de amigos, ela se deixou carregar para o hospital. Sai foi o escolhido para a tarefa. A garota estava exausta e o cansaço a fez dormir ainda no caminho. Um sono com a mesma cena no quarto de Naruto infinitas vezes, num pesadelo que a faria chorar ainda dormindo.

 

10 MINUTOS DEPOIS

Naruto continuava ajoelhado. Sentiu que poderia ficar daquele jeito o resto de sua vida. Não sentia nenhuma vontade de se levantar. E teria mesmo ficado assim por muito tempo se não sentisse uma mão tocar seu ombro. O toque era delicado, sensível.

—Naruto. – Ino tentava achar palavras para consolá-lo. - Não precisa ficar tão pra baixo. Sakura pode estar brava agora, mas é só por que….

Ela ia explicar o estado da saúde da amiga, mas Naruto ergueu a mão, pedindo silêncio.

—Ela nem ao menos pareceu pensar sobre o assunto, Ino. E o que mais dói é que ela pode estar certa.

—O que? Não. Não me diga que vai pegar a culpa pra você.

—Você deveria estar como eles. – Naruto levantou devagar. Conversar com alguém lhe dava alguma força. – Deveria estar me olhando torto e sentindo medo de chegar perto.

—Não acho que você esteja fora de controle. – A Yamanaka sorriu encorajando-o. – Nem que tenha matado Sasuke. – Ela ergueu uma sobrancelha. – Não acho que você deveria deixar de acreditar em si mesmo com tanta facilidade.

O Uzumaki sentou na beira da cama. Estava cansado de pensar positivamente. Queria morrer. Mas queria brigar. Queria quebrar algo. Queria chorar e se esconder. Queria socar algo. Então se lembrou de uma coisa. Mas não sabia se seria certo usá-la.

—O que eu posso fazer trancado aqui dentro? Não tenho paz e as saídas do apartamento são mais vigiadas do que a entrada do escritório de Tsunade. E mesmo que eu continue aqui, daqui a pouco arrumarão uma desculpa para me prender. – Ele demorou um pouco para terminar. Sua mente ainda estava se acostumando ao raciocínio. – É apenas uma questão de tempo para que me julguem como monstro e me exilem, ou me matem.

—E é exatamente por isso, - Ino apontou para Naruto, enquanto encostou os lábios ao lado do ouvido dele para que nem o melhor dos Anbus pudesse escutá-la. - Que você não pretende ficar preso por muito tempo, não é?

Quando ela se afastou, Naruto sabia exatamente o que precisava fazer. Ela, ainda sorrindo, levantou. Enquanto Naruto pensava na ideia, Ino se aproximava da porta. Quando a abriu, voltou o rosto outra vez.

—Boa sorte. – Desejou ela. – E não se esqueça: Enquanto você confiar em si mesmo, sempre terá alguém confiando em você.

Ela piscou para ele, saindo e fechando a porta atrás de si. Ino tinha falara daquela maneira com o Uzumaki. Geralmente ela era bastante hostil. A mudança repentina tinha feito o garoto entrar num estado de reflexos. De repente ele sentiu uma sensação rebelde, como se precisasse sair imediatamente. Sem desculpas ou sem vontade de ouvir a razão. Ao menos enquanto pudesse, queria continuar sentindo o perigo. Queria correr um risco. Era como se quisesse aliviar a mente. Por isso ele não pensou antes de tirar a cama do lugar.

Até onde sabia, seu apartamento fora revistado várias vezes. Mas duvidava que alguém tivesse revistado ali. Enquanto pensava se tinha alguma chance de acharem, ele procurava o lugar exato. Era exatamente embaixo do lugar em que ficava o meio da cama.

Ele tocou o local em que se encontravam dois tacos meio soltos. Arrancou-os e viu a maçaneta de um grande alçapão camuflado por tacos. Embaixo, apenas um objeto merecera ser escondido. A espada que tinha pertencido à Zabuza.

—O que eu estou fazendo? – O garoto perguntou a si mesmo, enquanto pegava a bainha da espada. E ao tocar ele entendeu o porquê de Zabuza conseguir manipular tão facilmente aquela espada. Em contato com sua mão, ela respondia como se quisesse ser usada. Parecia inclusive leve demais para o seu tamanho. Ao perceber isso o Uzumaki agradeceu interiormente ao clone que tivera a ideia de esconder a espada ali antes.

Ele fechou o esconderijo e pôs a cama de volta ao seu lugar. Foi ao guarda-roupa e escolheu uma capa para o caso de fazer frio. Sabia que uma viagem poderia render momentos desagradáveis e o frio não seria um deles.

—Bem…. – Ele pôs a capa no corpo e a espada nas costas. Encontrara um prendedor jogado em sua parte para poder prender a espada. – Acho que agora é pra valer.

Ele foi à janela ver como estava a situação. Imediatamente sentiu a presença dos vinte Anbus que cercaram imediatamente todas as saídas.

—Acho que vai ser do jeito difícil com vocês, não é? – Ele encenou um sorriso de confiança. Empoleirou na janela, sabendo que não demoraria para o número de oponentes aumentar. Não havia tempo para hesitar.

Ele pulou do alto de sua varanda para a rua, vários andares abaixo. Queria lutar no chão. Em sua mente, uma luta no térreo poderia ser menos difícil. E ele precisaria de toda a estratégia em que pudesse pensar.

Fim do Capítulo 4

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