Depois da Escuridão escrita por Lucas Alves Serjento


Capítulo 4
Capítulo 3 - O rei dos problemas




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N/A: Estou repostando a história para corrigir a gramática e fazer leves alterações para tornar a história mais agradável de ler. Espero que gostem.

 

Capítulo 3 – O rei dos problemas.

Naruto vasculhou tudo à sua volta com os olhos, tentando localizar algo que o ajudasse a entender a situação. As árvores ao seu redor pareciam distantes demais e a altura do local onde estava era baixa em relação ao restante. Não demorou para compreender que estava caminhando por uma cratera recém-formada e a nova dúvida era sobre como ela surgira por ali.

A cada minuto passado a chuva caía em maior quantidade. Seus pés chafurdavam fundo na lama e ele precisava andar se não quisesse ser enterrado naquele lamaçal. Por isso, em poucos segundos, mesmo sem ter ideia de onde deveria ir, ele parou no extremo oposto do local onde acordara. Foi quando percebeu que havia algo próximo a ele, um corpo deitado sobre o chão. Ele se agachou e tocou o ombro do corpo com a mão.

—Ei!

Quando seus olhos enfim se acostumaram com a lama sobre o corpo, ele pôde reconhecer a roupa que o cobria. Mesmo de barriga para baixo, aquela vestimenta ainda lhe seria familiar. A camiseta branca e o laço roxo preso à cintura estavam à mostra. Foi então que Naruto se deu conta de que estava tentando acordar Sasuke.

Apesar da surpresa ele não se deixou abalar. Precisava entender o que acontecera por ali. Balançar o ombro dele não foi o bastante, então o Uzumaki resolveu virá-lo de rosto para cima de modo a poder aplicar-lhe primeiros socorros. Ele o virou e, quando o fez, teve de recuar alguns passos diante da visão que se revelou: O peito de Sasuke estava dilacerado, aos pedaços, como se algum animal selvagem tivesse estourado a superfície com golpes de garras.

No chão atrás do corpo ficou visível o sangue que fora abrigado da chuva pelo próprio peso do Uchiha e que, agora, a chuva levava também. Parte desse sangue, embora começasse a desfazer, tinha uma formação estranha. Como se formasse uma palavra. Ou letras soltas. Naruto forçou sua vista e tentou enxergar o que era antes que fosse levado junto com a terra. Do que pôde ver, apenas duas letras maiúsculas estavam legíveis: N. R.

Poderia ser um código ou as iniciais de duas palavras comuns, mas nada mais em torno daquilo pareceu REALMENTE ter sido escrito. E, mesmo que tivesse, não teria ganho alguma atenção maior naquele momento. Toda a atenção de Naruto estava à sua frente, concentrado no fato de Sasuke estar ali, morto, como se tivesse sido morto por…. Um monstro.

O Uzumaki se ergueu, levando o corpo de Sasuke nos braços. Tinha que levá-lo para Konoha. Tsunade ficaria curiosa sobre aquilo. Mas não era a reação ela que Naruto temia. Era a de Sakura.

Ele ainda olhou em volta e constatou que, aparentemente, não havia mais o que fazer por ali. Pegou então impulso e pulou na direção da árvore mais próxima. Precisava achar o caminho para Konoha o quanto antes.

*

—Eu não quero ficar no hospital! Eu estou bem! – Sakura estava muito cansada, por isso Sai não encontrou maiores dificuldades para arrastá-la de volta ao quarto.

Tsunade acompanhava os dois. Estava preocupada e, ao mesmo tempo, consciente de que precisava convencer Sakura.

—Você não deve forçar seu físico agora. Você sabe que nós nunca tivemos um caso parecido com o seu. Eu nem mesmo sei de onde você está tirando forças para protestar agora.

—Eu preciso saber como e onde ele está! – A garota parecia uma criança. Como não tinha forças para resistir às insistências de Sai em levá-la para descansar, decidiu pedir pelas informações ali mesmo.

—Eu não sei! – Era a vigésima vez que ela repetia aquilo para a kunoichi. – Como eu poderia saber? Depois que deixou Ino aqui ele saiu sem nem me dar tempo para contar que tudo o que aconteceu não foi mais do que alguma espécie de trote! Ou engano dos nossos investigadores, eu não sei.

Sakura parecia cansada demais para insistir com as perguntas. Por isso, houve um minuto de silêncio no espaço de tempo compreendido pela caminhada da recepção até seu quarto. Quando ela deitou, Sai olhou para Tsunade. O pedido estava estampado em sua testa. Um minuto depois, os dois conversavam no corredor.

—Ela vai ficar bem?

Tsunade suspirou longamente. Apesar de não ter acontecido a guerra que previram, ela passou a manhã inteira organizando uma guarda, chamando reforços, montando esquemas e, depois que descobriu que estavam todos errados, tivera de desfazer tudo completamente. Além disso, não entendera ainda porque o único a se deparar com o inimigo fora Naruto.

—Não sei. – Ela balançava a cabeça em desolação. – Sinceramente, nunca presenciei nada parecido. Realmente foi muita falta de sorte ela ter encontrado com ele sem você por perto.

Sai baixou o rosto. Realmente, tinha sido imprudente. Mesmo estando com Kakashi, deveria imaginar que Sakura correria perigo ficando escondida na última missão. O que ele não sabia era que ela seria o alvo. Tsunade percebeu o sentimento de culpa no rosto dele.

—Não adianta pensar na missão agora. Tudo o que podemos fazer é esperar e tentar entender as reações que surgirão no corpo dela.

—Você pensou no meu pedido? – Sai se referia a uma conversa que tivera com a Godaime depois que Naruto e Ino saíram do escritório para a missão e Sakura fora mandada para o hospital.

—Eu não sei ainda o que te dizer. – Ela hesitara desde o momento em que fizera a sugestão. – Tem certeza de que vai querer deixá-la sozinha agora? Não acho que esse seja o momento para você procurar vingança.

—Talvez você tenha razão. – Ele suspirou. Aquela era uma sensação nova. Toda a vez em que suspirava, seja por sentir insegurança ou porque estava sobrecarregado, sentia um dos sentimentos que lhe foram ensinados. Calma. Ele se sentia relaxar um pouco. E era o que precisava naquele momento. – Vou esperar que ela fique melhor. Depois, acho que posso deixá-la por aqui sozinha cuidando disso.

—Disso? – Tsunade franziu sua sobrancelha, indignada. - Não é “Disso”! Não é tão simples assim!

—Me desculpe! – Sai recuou ao sentir a hostilidade. – Eu ainda não sei como agir nesse caso!

—Será mesmo que é tão difícil se dirigir a “isso” como uma pessoa? – Ela se virou, não dando a Sai outra chance de se desculpar. Parou por cerca de cinco segundos antes de continuar. – Quer saber? - Ela se voltou novamente para ele. Parecia mais calma. – Não tem a minha permissão para sair da vila. Vai tirar férias por…. – Ela olhou pelo vidro do quarto. Quando conseguiu enxergar Sakura, se lembrou de que não tinha noção do quanto demoraria. - Sei lá quanto tempo. Talvez por muito. Até eu achar que está pronto novamente.

—Mas…. – Sai olhou pelo vidro e viu Sakura acordar. Ele tentou olhar para Tsunade depois de conferir novamente se estava tudo bem com a garota, mas já não havia mais ninguém no lugar onde estivera a Hokage momentos antes.

Então ele entrou no quarto de…. Ele achava que era sua namorada. O que quer que ela fosse, precisava dele ao seu lado agora. Depois ele se preocuparia com as pendências que tinha de acertar.

*

Naruto avistou o escritório da Hokage. Geralmente ele estaria fechado a essa hora, mas dados os problemas tidos durante a manhã, ele sabia que estaria aberto. Apesar de estar ansioso em chegar, não conseguiu apressar o ritmo por causa do peso de Sasuke em seus braços. Estava o sobrecarregando e o cansaço se começou a se abater sobre ele. Muito cansaço.

Ele desacelerou e reiniciou a caminhada lentamente. Sentiu suas pálpebras teimando em querer fechar, apesar de seus esforços. Vinte minutos depois teria dormido em pé se não estivesse na entrada do prédio do escritório da Godaime.

Ele subiu os andares pensando em sua situação atual e, ao bater à porta, já suava frio. Sabia que não era um covarde ou traidor, mas também tinha certeza de que se não lembrasse o que aconteceu, seria considerado aquele que matou um traidor da vila. Em sua mente, isso seria aceitável, não fosse o morto aquele que já fora o seu melhor amigo, parte de sua infância e quase um irmão. Alguém que esperara salvar durante sua vida inteira, não matar.

Ele teria ficado ali, preso em reflexões, por horas, mas então a porta se abriu e ninguém parecia ter estado atrás dela. Ele não se surpreendeu com isso, mas sim com a presença de Danzou ali, sem nenhum dano aparente, conversando em tom de discussão com uma Hokage nervosa.

Danzou estava com uma expressão meio selvagem em seu rosto velho, mas essa suavizou no momento em que viu a cena desenhada à porta do escritório: Naruto todo sujo, manchado pelo que restara do sangue do Uchiha morto aos seus braços e com o peito estraçalhado.

Os olhos de Tsunade arregalaram imediatamente. Ela não acreditava no que estava vendo. Agora que estava ali, a mente do Uzumaki se abriu e ele desejou se punir pela ignorância extrema. Deveria ter ido ao hospital, pedir que fizessem o necessário, não para o escritório da Godaime, sem qualquer justificativa para tê-lo feito.

—Eu…. - Ele não fazia ideia do que devia fazer ou falar. Ao perceber sua hesitação, Danzou decidiu retomar a discussão que tivera até então.

—Acho que essa cena é suficiente para quebrar qualquer argumento que você tinha. - Ele parecia trinta anos mais jovem do que sua aparência indicava. Sua vitalidade crescera junto com seu ânimo.

—Danzou, Naruto sempre foi confiável, nunca nos traiu ou questionou as minhas ordens ao ponto de termos que tomar medidas drásticas. - Tsunade tentava ser diplomática na frente de Naruto, mas aparentemente não conseguiria nada daquele jeito.

O chefe da Anbu Raiz não pareceu ter consciência das palavras dela enquanto olhava para Naruto com satisfação. Ninguém parecia se importar com o fato dele estar cansado e com um corpo nas mãos ou pelo fato dele estar claramente sendo suspeito de algo errado. Quando o garoto piscou, a porta se fechou sozinha e Danzou estava ao lado dela. Obviamente queria uma conversa privada.

—Acha mesmo que os conselheiros cairão em qualquer conversa fiada que você inventar? – Perguntou ele. – Não se esqueça de que uma decisão importante como essa só pode ser feita com os três votos. O seu e o dos conselheiros. Então, não adianta tentar me convencer a desistir.

—Danzou. – Ela tentava se controlar, apesar das dificuldades que encontrava em si própria para tal. – Acho que devemos perguntar qual é a história dele.

Ele olhou para Naruto, como se fosse a primeira vez que fizesse isso. Olhou para o corpo em seus braços e, por fim, decidiu sentar-se.

—Eu tenho a noite toda.

Ele estalou os dedos. Em alguns segundos, um Anbu Raiz bateu à porta.

—Leve este corpo para o hospital. Diga que a Hokage autorizará a autópsia quando for o tempo.

O Anbu pegou Sasuke dos braços do Uzumaki. O mesmo se largou em cima de uma poltrona ali perto. Seus músculos ardiam. Ele sentia como se tivesse corrido por dias antes de chegar ali. Queria comer alguma coisa, beber uma água, dormir um pouco. Porém, sabia que antes de sair teria que contar sua versão da história. Ele ia abrir sua boca quando ouviu a porta ranger. Ao se virar, viu os dois conselheiros entrarem.

—Muito conveniente, não acha? – Tsunade continha sua raiva com sarcasmo. – Foi para isso que mandou seu Anbu sair pouco antes de Naruto entrar?

O Chefe da Anbu Raiz apenas confirmou com um aceno de cabeça.

—Acho…. – Começou a conselheira. – Que podemos começar uma conversa oficial a partir de agora.

Naruto olhou em volta depois que todos se acomodaram e lhe encararam. O som de nada. O vazio que o silêncio preencheu e indicava que ele poderia começar sua história.

*Depois de Naruto contar sua versão da história*

Ele encostou suas costas na poltrona depois que terminou de falar. Por um segundo, os presentes se limitaram a olhar uns para os outros, refletindo sobre suas palavras. Danzou foi o primeiro a se recompor.

—Acho que agora já posso continuar por Naruto os fatos que seguiram esses acontecimentos? – Ninguém contestou. – Pois bem. Quando Naruto chegou, percebi por sua feição que estava estressado com algo. E agora, pelo que posso perceber, ele foi para as fontes termais esfriar sua mente.

“Continuando. Eu estava ganhando de Sasuke quando ele apareceu. Pedi que não entrasse na luta. Mas Sasuke não queria o mesmo que eu. No momento em que ele deu um passo à frente, prendeu Naruto em um genjutsu.”

“E então ele desmaiou. Pelo que sei de genjutsus, o Uchiha usou um do tipo que causa alucinações. Não faço ideia do motivo pelo qual Naruto não tem lembranças do genjutsu, mas tenho uma explicação bem simples do porque ele não se lembra do restante.”

—E será que pode nos contar? – Perguntou o conselheiro.

—Mas é claro que posso. – O sorriso dele era de um vencedor. – Naruto deve ter visto coisas sombrias durante o genjutsu, por isso, antes mesmo de acordar da ilusão ele liberou o poder da raposa. A força que ele emanou foi tão grande, mas ao mesmo tempo tão bem escondida, que quando dei por mim, estava a quilômetros de distância e, em seguida, colidi com uma árvore. Quando finalmente acordei, vim direto para cá.

“Depois disso, o garoto chegou e os conselheiros atenderam ao pedido de um Anbu que chamei enquanto conversava com Tsunade e vieram até aqui.”

Ninguém esperava que ele acabasse tão rápido de contar sua versão. Por isso, foram necessários alguns segundos antes que a conselheira começasse a falar.

—Me desculpe, mas acho que não entendi o motivo de ter me chamado.

—Permita que eu esclareça: – Ele apontou para Naruto. – Esse garoto está perdendo o controle sobre o selo. – Tsunade tentou interromper, mas em vão. – Faz algumas semanas que avisamos os amigos dele sobre isso. Tivemos o cuidado de somente deixá-lo de realizar missões com uma Yamanaka pelo fato dela poder controlar a mente dele antes de uma transformação como a de hoje!

Ele parou para respirar e Tsunade aproveitou para interrompê-lo.

—Não tivemos nenhuma prova real durante esse mês inteiro, desde que Danzou solicitou essa cautela excessiva. Não podemos dizer que ele está fazendo coisas ruins.

—Tsunade…. – Danzou sabia que estava com a situação sob controle. – Você viu como estava o garoto Uchiha. É óbvio que Naruto foi quem fez aquilo. Ele tinha sido um amigo do garoto. Se ele fez algo assim com ele, quem garante que não faria isso com outras pessoas com quem nunca teve nenhum laço de amizade?

—Mas…. – Começou Tsunade.

—Tsunade! – O conselheiro se irritou. – Não temos motivos para continuar discutindo! Sabemos de seus sentimentos maternais pelo garoto. Mas essa é uma vila militar, talvez a maior que existe e nós três estamos no comando dela. Precisamos levar assuntos assim a sério. Temos um Jinchuuriki que já perdeu o controle durante missões e com a maior concentração de chackra que conhecemos presa em seu interior. Eu já tomei minha decisão. O mínimo que podemos fazer é mantê-lo em prisão domiciliar até sabermos como lidar melhor com essa situação!

—Concordo. – A conselheira disse imediatamente. – Assim, são dois votos de três. – Ela estalou os dedos. Dez Anbus apareceram e cercaram o garoto.

—Vão me prender? – Naruto olhava para os rostos mascarados. Não obteve nenhuma resposta. Apenas o pânico invadindo sua cabeça. Não sabia o que fazer.

Fim do Capítulo 3

*


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