Depois da Escuridão escrita por Lucas Alves Serjento


Capítulo 18
Capítulo 18 - Especial - Treinamento




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/39702/chapter/18

 N/A - 01 - Estou repostando a história para corrigir a gramática e fazer leves alterações com o objetivo de tornar a história mais agradável de ler. Espero que gostem.

N/A - 02 - Esse capítulo especial se passa no fim do treinamento de Naruto com Kakashi e Ino, logo após o término do salto temporal desta história.

 

Capítulo 18 – Especial – Treinamento.

 

Yamanaka Ino

Naruto estava treinando comigo e Kakashi há mais de uma semana, sem pausas para descanso. Nós dois revezávamos para que ele pudesse progredir mais rapidamente e aproveitávamos para treinar também. Eu procurava aprimorar meus métodos básicos de combate enquanto Kakashi melhorava todas as suas habilidades gerais.

Por enquanto, nós nos concentrávamos em combates corpo a corpo. Graças ao treino incessante, estávamos todos no ápice da agilidade. Além disso, já havíamos nos familiarizado com as habilidades físicas um dos outros. Naruto sabia, por exemplo, que eu não tinha a mesma capacidade física que ele. Sabia também que mesmo que não pudesse treinar resistência comigo, Kakashi estava ali para isso.

Naruto se esforçava ao máximo todos os dias. Poucas vezes utilizava aquela estranha força que o ajudava quando sua exaustão atingia o ponto máximo. Ficou claro também que ele tentava ao máximo reprimir esse poder. Eu e Kakashi demos algumas dicas sobre chackra e teorias que ele – obviamente – não havia aprendido durante seu tempo na academia. Ainda assim, sabíamos que, na prática, dependeria dele e sua força de vontade.

Estávamos na rotina de treinamento diário quando um dia, pela manhã, Kakashi acordou decidido:

—Vamos partir. Localizaram as pistas falsas que Ino e eu plantamos. Está na hora de irmos para o país da chuva. – Ele percebeu a pergunta em meu rosto. Ou foi o que eu pensei. – Antes, porém, eu me lembro de ter uma promessa pendente com você. E não acho que seria uma boa ideia deixar de aproveitar o festival que está ocorrendo aqui ao lado, não acham?

Eu sorri abertamente, mas entristeci quase imediatamente, ao ver que Naruto sorria pouco, apenas o bastante para cumprir sua obrigação.

Ele não parara de sofrer desde que saímos de Konoha.

Ainda assim, eu queria que ele fosse ao festival. Desde que esses problemas começaram, o que mais faltava nas nossas vidas era diversão. Não poderíamos deixar de ir a esse evento.

Kakashi se manteve calado. Sabíamos que mesmo durante o festival isso era parte do nosso treinamento. Por isso, a atenção que tínhamos que ter para não perder Kakashi de vista de repente era muito grande. Justamente por saber isso não nos surpreendemos muito quando ele sumiu em um borrão. Acompanhei o movimento e percebi que ele ia para Noroeste de nossa posição. A parti disso, resolvi o seguir.

A velocidade dele era alta o bastante para me fazer suar. Afinal, além de ele estar se esforçando, velocidade não era o meu ponto forte. Naruto, por outro lado, parecia acompanhar com facilidade. E, na época, ainda que eu soubesse que o garoto era o mais rápido dentre os três, não faria ideia da velocidade que ele alcançaria tempos depois.

Peguei-me pensando na força dele. Lembrei-me da folha com os pontos de treinamento que eu e Kakashi elaboramos. Sabia que ele ficaria muito forte se completasse a lista. Por mais impossível que fosse, aos meus olhos, que alguém a completasse.

*

Eu analisava Naruto, a meia distância. Pensava comigo se ele mudara em excesso.

Afinal, aquele jeito era mais sério do que eu me acostumara. Estivera habituada com ele sendo do tipo que faz besteiras e fala muito de um jeito sem noção. Entretanto, ultimamente, ele falava pouco e agia como um dos maiores gênios que eu já conhecera.

Em uma semana, os poderes dele aumentaram muito. Ele absorveu como uma esponja todos os princípios básicos que tentamos ensinar. Sua velocidade, por exemplo, estava muito superior àquela com a qual ele iniciara. Em três dias superara Kakashi, o que servira para criar uma impressão profunda. Em uma semana, eu e Kakashi tivemos que estudar técnicas que ele poderia trabalhar com as habilidades que tinha. A folha foi o que criamos depois de analisar isso. E, no fim, o objetivo era treiná-lo por algum tempo até que, depois de algum tempo, ele conseguisse treinar sozinho.

—Aonde você quer ir? – Naruto, ao meu lado, servia como acompanhante durante o festival. A festa era impressionante. Kakashi não estava conosco porque disse que procuraria algumas coisas que nos ajudariam.

Olhei para o rosto do meu acompanhante. Ele acabara de mudar seu visual. O rosto estava muito diferente. Eu tinha que fazer o mesmo, se queria me misturar. Além do que, eu tinha o melhor controle de chackra ali e eu me orgulhava por ser melhor naquela técnica. Não tive dificuldades, portanto, em fazer o in e acumular meu chackra em diferentes partes do meu rosto. Transformei cada parte dele, transformando-o em alguém que conhecia. Naruto olhou para meu rosto quando eu havia terminado, soltando um leve riso.

—O que foi?

Ele apontou para o meu rosto.

—Seus olhos. Cada um tem um formato diferente. E suas sobrancelhas estão tortas.

—Droga! – Havia esquecido que precisava fazer alguns membros aos pares.

Ele continuaria falando dos defeitos, mas eu fui mais rápida e arrumei esses problemas, além das orelhas e bochechas.

—Agora sim. – Ele disse. – Você está consertada.

—A-há. – Falei, sorrindo e zombando dele. Naruto não parou de sorrir, mas eu sabia que era somente para eu me sentir mais confortável.

—E então? Acho que temos uma hora antes do sensei terminar o que tem a fazer.

O que era bom ali era o fato de que não precisávamos nos preocupar com pessoas vigiando. O festival lotara o centro do vilarejo com pessoas surgindo de todos os lados, deixando-nos mais à vontade.

—Eu quero só me divertir um pouco.

—E aonde você quer ir? – Ele pareceu inseguro por alguns segundos. – A não ser que você prefira ficar sozinha….

Ele evitou encerrar com o meu nome. Por questão de segurança não falávamos o nome uns dos outros.

Senti meu ouvido coçar um pouco. Era o transmissor de rádio com o qual nos comunicaríamos com Kakashi para nos encontrarmos posteriormente. O trabalho de ficar usando chackra para camuflar o dispositivo incomodava, mas estava se tornando intuitivo.

—Por que não vamos….

Não pude terminar a frase porque Kakashi reapareceu diante de nós.

—Me desculpem.

Naruto se adiantou.

—Por que você não está disfarçado?

—Temos um problema. Eu segui vocês pelo sinal emitido pelo rádio. Mas alguém achou a minha frequência e me seguiu.

—Porque estão nos seguindo? – Perguntei.

—Somos fugitivos de Konoha. Mesmo que Tsunade-sama não faça alarde, duvido que Danzou tenha ficado parado esse tempo todo.

—Acha que o vilarejo está ajudando Danzou? – Naruto desfazia seu sorriso.

—Não sei. Pode ter sido coincidência. Mas precisamos sair logo.

Naruto pareceu triste quando olhou para o meu rosto. Entendi imediatamente seu motivo. Ele não queria me privar da diversão do festival. No fundo eu também estava decepcionada.

—Não se preocupe. – Falei, sorrindo para ele. – Eu não precisava tanto assim de uma festa.

Naruto se contentou com o meu sorriso. Melhorou sua feição também.

—Vamos? – Kakashi estava preocupado.

—Aonde vamos primeiro? – Perguntei, desviando meu olhar de Naruto. Não queria ter que encará-lo por alguns instantes.

—Vamos comprar algumas roupas. – Kakashi tomou a frente. – Encontrei uma loja.

Estávamos indo para a loja quando o rosto de Kakashi se alterou. Ele retirou a bandana. Seu olho esquerdo era tapado por um curativo e, debaixo da máscara, estavam várias bandagens.

—Vamos deixar a primeira pista nessa loja. Quando pagarmos, fiquem com seu rosto normal. Só para o atendente nos ver.

—Depois na loja de brinquedos?

Ele sorriu e acenou com a cabeça. Lembrei que estávamos num treinamento, mesmo ali. Pensava isso quando Kakashi se tornou um borrão e eu tive que me apressar para acompanhar os dois.

*

Percebi que não era a única relativamente triste por ali. Afinal, por causa do imprevisto, tínhamos ficado sem a única chance de um passeio durante aquele treinamento.

Compramos as roupas novas e as falsas máscaras ANBU. Fizemos alarde nas lojas em que passamos para deixar nossos rostos gravados nas memórias dos funcionários desses estabelecimentos.

—O que acha? – Naruto perguntou a Kakashi, ambos vestindo suas roupas novas. Kakashi procurava algo em seus bolsos.

—Acho que está bom. Talvez possa te ajudar um pouco.

Então ele puxou um pergaminho do bolso. Foi quando percebi que as roupas do jounin foram as que sofreram menos alterações. O motivo era simples: A roupa de jounin é um uniforme comum. Não tinha nada muito característico que o fizesse facilmente reconhecível. Além do quê, Kakashi sempre foi um mestre em disfarces e seu cheiro estava sempre fraquíssimo, mesmo nas roupas antigas.

Ele abriu o pergaminho e fez o sinal de “in”. Em seguida, a ponta de um tecido surgiu do meio do pergaminho. Sorri ao perceber que era uma peça de roupa.

—Tome cuidado com ele. – Kakashi terminou de retirar a peça e lançou-a para Naruto. – Esse casaco vai te ajudar no treinamento.

Peguei o casaco no ar antes que Naruto pudesse pegá-lo.

—E porque isso ajudaria no treinamento? – Perguntei, analisando a peça.

—É uma roupa especial. O chackra de Naruto servirá como alimento para ela. Quanto mais chackra ele usar, mais a roupa consumirá. Isso vai obrigá-lo a usar a menor quantidade possível para usar seus jutsus.

—Entendi.

—Naruto, se você decidir usar o casaco, eu não quero que você o tire mais. Nem mesmo durante os treinamentos ou batalhas que tenhamos no caminho. É importante, caso contrário seu corpo não acostumará.

Naruto não respondeu de imediato. Era mais um passo para dificultar um treinamento que já era bastante intensivo. Mas eu sabia que ele compreenderia que se pegássemos leve, não voltaríamos a Konoha tão cedo.

Depois de alguns segundos ele simplesmente acenou com a cabeça para Kakashi e estendeu a mão para mim. Olhei para o jounin por um instante, esperando um sinal. Ele não parecia ter nada contra e eu entreguei o casaco. Naruto o recolheu e vestiu-o lentamente. Em seguida, com um pequeno movimento, seus joelhos dobraram. Ele quase caiu de cara no chão.

Coloquei-me ao seu lado e, com a minha ajuda, ele se levantou, primeiro devagar, depois com alguma firmeza. Ficou em pé por alguns segundos, olhando seus braços, analisando o tecido. Percebeu que a roupa tinha uma touca e colocou-a sobre a cabeça. Depois, procurou um dos itens que compramos mais cedo. Encontrou ali a máscara ANBU.

—E então. – Ele disse, dando um pequeno sorriso e, em seguida, colocou a máscara em seu rosto. – O que vamos fazer agora?

—Como assim? – Perguntei, com a sensação de que ele escondera algo mais naquela frase.

—Ainda não perceberam? – Não pude ver seu rosto por causa da máscara, mas sabia, por seu tom, que ele estava incrédulo. – Estamos sendo seguidos.

—Droga. Baixei minha guarda.

Enquanto eu resmungava, Naruto sacou uma kunai e jogou-a para trás, acima do seu ombro. Ouvi o som de algo rachando e, em seguida, uma árvore no meio da floresta rachou e caiu com estrondo.

—O que você fez?

—Não fui eu. – Ele me respondeu. – Apenas atingi a árvore com a ponta da kunai. Ele fez o resto para nos distrair.

Percebi uma kunai lançada em minha direção, direcionada para me atingir entre os olhos. Fiz um movimento mínimo, desviando dela no último momento, mas sua ponta arranhou levemente a superfície da minha pele. Uma gota espirrou da ponta dela no meio do caminho. Veneno.

—Droga. – Naruto pegava a kunai no chão. – Você não foi atingida. Foi?

Não respondi. Apenas me virei. Não seria atingida tão facilmente. Por sorte o arranhão não foi profundo o bastante para permitir a entrada do veneno.

Escutamos um som cortando o ar e então dois shinobis pularam na frente do nosso caminho. Não estava clara a intenção deles, mas não tivemos tempo de perguntar antes que lançassem uma bomba de fumaça em nossa direção.

—Quem são vocês? – Naruto perguntou.

Percebi então que a bomba não era de fumaça. Era gás. Naruto e eu saímos, com ele me guiando pelo braço. Vi Kakashi fazendo a mesma coisa a alguma distância. Separei-me de Naruto e pulei para cima de uma árvore. Percebi outra kunai me tendo por alvo. Inclinei meu corpo para trás, sacando uma kunai e percebendo aquela passar por cima de mim, com pequenos raios de chackra saltando do metal.

Recompus-me e esperei novo ataque. Não demorou a chegar. O shinobi inimigo tinha o rosto e corpo totalmente enfaixados e veio para cima de mim. Com os olhos vendados como ele os mantinha, não saberia dizer como se movimentava. Mas o fato era que ele vinha na minha direção.

E, naquele momento, não sei dizer com exatidão o que foi que senti. No fundo, deve ter sido alguma espécie de decepção. Afinal, eu esperara muito por aquela batalha. Mesmo que temesse seu resultado, o fato era que não via um confronto de verdade há algum tempo. Então, inconscientemente, criara alguma expectativa para o primeiro inimigo. E ele estava vindo para cima de mim.

Com uma velocidade ridícula.

Abaixei-me, deixando sua kunai passar acima da minha cabeça. Em seguida, dei-lhe um soco na altura do estômago, usando uma versão mais fraca que o jutsu de Tsunade. Infelizmente, ainda não conseguia imprimir tanto poder quanto ela ao golpe.

Foi o bastante para que ele desse um passo para trás, com a dor impressa em seu rosto. Eu ainda não tinha usado toda a minha força. Vi Naruto lançando o inimigo dele na direção do meu, pelas costas. Senti, de onde estava, a força de seu golpe. Saí da frente do meu oponente, que estranhou o gesto e olhou para trás, com tempo de ver o “projétil” que lhe atingiria.

Os dois, juntos, foram jogados com força para colidir com diversas árvores colocadas a alguma distância. Virei-me para Kakashi, procurando saber o que acontecera com ele. Não fiquei surpresa ao encontrá-lo olhando para nós, sentado sobre uma pedra e com um pé nas costas do inimigo que estava desmaiado no chão.

Naruto, empolgado, lançou outro inimigo para cima dos outros dois. Sorri com algum orgulho para ele. Era nítida a diferença de poder. Fomos então amarrar os inimigos. Não trocamos nenhuma palavra enquanto fazíamos isso. Não tomamos muito cuidado, até porque não era o objetivo. Amarramos os três em árvores para que não conseguissem recuperar a vantagem na corrida que começaríamos.

Até certo ponto, foi um pouco estranho. Apesar de ser a nossa primeira batalha como um grupo desde a fuga de Konoha, eu senti como se estivéssemos fazendo isso diariamente há muito tempo.

Continuei pensando. O treinamento para Naruto também me ajudara a fortalecer bastante os aspectos básicos. Agora eu estava certa que, durante os treinos, eu ficara mais forte. Entretanto, antes da batalha, não fazia ideia do quanto. Eu estava muito mais forte. O que não apagava os outros problemas que tínhamos.

—O que vamos fazer com eles? – Perguntei para Kakashi, retirando meus olhos dos inimigos pela primeira vez.

Ele também estava pensativo. Naruto, que não esperava ordens, começou a imobilizá-los, prendendo-os contra diferentes árvores, afastadas umas das outras.

—Acho…. Que basta apagarmos as memórias. – Kakashi piscou para mim e eu entendi o recado. – Não tem necessidade de plantar pistas neles. As que já deixamos para trás são suficientes.

Não questionei. Apenas sorri e fui até o ninja mais próximo. Coincidentemente, era o mesmo shinobi enfaixado dos pés à cabeça, que me atacara antes.

Finalmente poderia testar a minha habilidade. Afinal, era o que eu realmente treinara até então.

Cheguei perto dele e coloquei minha mão sobre sua cabeça. Escutei Kakashi e Naruto conversando enquanto eu realizava o jutsu.

—Como funciona esse jutsu? Até agora ainda não entendi. – Era a terceira vez que Naruto perguntava.

—Ela invade a mente do oponente, como no jutsu de troca de mente. Então ela controla a parte do cérebro que armazena as memórias. Inserindo chackra na quantidade certa, no local certo e com o controle necessário, ela pode eliminar os espaços específicos onde estão armazenadas aquelas lembranças.

—Está corretíssimo. – Confirmei ao me levantar, balançando a cabeça e olhando em volta. Terminara de realizar o jutsu no primeiro. Fui até a outra árvore, acariciando meu pescoço. Aquele jutsu me deixava muito tensa.

—Vamos deixá-los por aqui. – Kakashi falava a Naruto. – Reforce as cordas com chackra. Quero que eles saibam que foram derrubados.

—Por quê? – Naruto perguntava e caminhava até um dos shinobis. Comecei a realizar o jutsu no segundo. Kakashi ajudava Naruto.

—Porque se Konoha vier até aqui, a vila poderá se proteger. Mesmo que seja contra as pessoas erradas.

—Kakashi. – Naruto estava triste, como se pedisse desculpas. – Não sabemos se realmente tem alguém além de Danzou causando esses problemas.

—Mas estamos progredindo, não é? – Kakashi sorria e eu caminhava para o segundo shinobi para realizar o jutsu.

—Pois é. – O tom de Naruto não tinha muita esperança.

Eu caminhei para o último inimigo.

Um minuto depois estávamos indo embora.

*

Outro dia de treino. Estávamos na montanha dos Hokages. Não tínhamos muitas opções de destino depois que plantamos as pistas para Shikamaru. Então estávamos o mais próximo possível da vila há um mês e meio, treinando Naruto.

Ele estava indo para cima de Kakashi. Mais uma vez. Eu, satisfeita, observava os avanços feitos por Naruto.

Enquanto Kakashi avançava, o loiro tentava colocar dois dos seus novos jutsus em prática de modo simultâneo. Vi o movimento de Kakashi em uma tentativa de acertar Naruto com um chute, mas ele estivera esperando o movimento. Outra vez fiquei impressionada com a velocidade de reação dele. Antes que Kakashi terminasse o movimento do chute, Naruto fez um “in”, desviou do golpe e foi parar às costas do jounin.

Encontrei-me ansiosa para ver o resultado. Há algum tempo ele estava tentando realizar aquele golpe em um movimento veloz.

Ele então ergueu os dois punhos e juntou-os no alto. Chackra recobriu suas mãos. Ele baixou-as e golpeou Kakashi. Uma luz clareou todo o campo de treinamento. Aproveitei o segundo de oportunidade que tive para criar um pequeno escudo de chackra ao meu redor, evitando ser atingida pelos grandes blocos de terra que foram jogados contra mim.

Vinte segundos depois, a luz diminuiu e a poeira assentou. Naruto estava parado no mesmo lugar e Kakashi estava tranquilo, sentado e lendo seu livro na frente do garoto. Levei um segundo para entender que o clone de Kakashi fora destruído. Não costumávamos lidar pessoalmente com um jutsu tão perigoso.

—Outra etapa de treinamento concluída. – Kakashi parecia satisfeito.

—Sério? – A voz de Naruto externava incredulidade. – Pensei que demoraria mais.

—Deveria. Mas você está evoluindo mais rápido. Esse novo poder está dando uma mão.

Naruto se calou, permanecendo pensativo. Kakashi desviou o olhar para mim por um segundo e, sem aviso, sacou uma kunai e lançou-a na minha direção. Repentino, mas sem força. Antes que eu percebesse, tinha voltado a utilizar o meu controle de chackra, criando um braço com minha energia e agarrando a kunai.

Antes mesmo que eu pudesse me orgulhar, Kakashi estendeu o braço e correu na minha direção. Pensei ter escutado pássaros, mas, na verdade, era o Chidori na sua mão. Por alguns instantes, senti medo. Mas, quando ele chegou perto de mim, uma proteção de chackra o bloqueou. Ele jogou seu jutsu contra a parede invisível. O vidro rachou e, depois de alguns instantes, se partir. Mas foi o suficiente para dissipar o Chidori.

—Muito bom. – Ele sorriu um pouco. – Você também passou nessa etapa do treinamento.

Atrás dele, Naruto nos observava, calado. Tive a sensação de que, por baixo da máscara ANBU, ele estava sorrindo.

De nós três, apenas Kakashi não usava a máscara como disfarce. Não havia necessidade para alguém que se habituara a esconder o rosto nos momentos certos. Eu e Naruto, por precaução, quase não tirávamos as nossas.

Kakashi se recompôs e fechou o livro, que permanecera aberto em sua mão.

—Agora podemos começar a última fase do treinamento.

 

1 semana antes do retorno

—Vai mesmo fazer esse selo aí? – Eu olhava para a altura do ombro de Naruto, um pouco receosa.

—Já que preciso fazer uma marca, tem que ser em um lugar onde as pessoas vejam, não é?

Ele usava o tom de riso e eu percebi que ele estava interessado em deixar a marca do selo como um símbolo reconhecível. Mas eu me preocupava. Uma marca nem sempre é algo bom. O Jinchuuriki da Kyuubi deveria saber de algo assim.

—Isso não é o mais importante. – Kakashi não tinha as mesmas preocupações que eu quanto ao local, mas tinha interesse no selo em si. – Precisamos nos preocupar com o momento da realização do jutsu. Afinal, se Naruto liberar o poder desse selo em uma batalha, poderá realizar o terceiro e último jutsu original.

—Por enquanto. – Falei.

—Sim. O último por enquanto.

—É uma pena eu não poder usar mais vezes. – Ele se abatia com essa notícia.

—Não é absoluta a ideia de que não poderá usá-lo mais. Só que se usar, a doença se espalhará.

Eu não gostava de pensar na doença. Era bastante ruim ter que lembrar da descoberta. Eu realmente não gostava de pensar na doença ou no dia que descobrimos. Nem mesmo naquele jutsu.

Eu havia bloqueado essas lembranças e não deveria lembrar de nada. Usei meu chackra para selá-las, impedindo que outras pessoas pudessem obter essas informações. Não só aquelas lembranças. Eu bloqueei tudo sobre o meu treinamento com Kakashi e Naruto. Não deveria lembrar. Ninguém poderia saber dos avanços. Daquela curva acelerada de aprendizado que Naruto tinha. Ninguém podia saber o que aconteceu ou onde nós nos escondemos. Ninguém. Ninguém.

Então porque eu estava recordando?

Onde eu estava fazendo antes de lembrar?

O telhado. Eu e Kakashi. Nós…. Conseguimos voltar. Naruto conseguiu uma nova chance com Tsunade.

O telhado. Naruto disse que me amava. Eu caí. Depois acordei. Eu e Kakashi.

Nós poderíamos voltar para Konoha se ajudássemos.

Então um vulto. Alguém conhecido. Parou ao meu lado. Tive a impressão de que era Rock Lee. Ele falou uma frase para justificar algo que ainda não tinha feito. Eu não entendi direito, então ele repetiu.

—São ordens do mestre.

Eu não esperava um golpe de um amigo. E, quando o levei, foi para desmaiar. A segunda vez no mesmo dia.

E depois?

Para onde eu fui? Onde eu estou agora?

Alguém….

Alguém quer as lembranças.

Alguém quer desfazer o selo. Alguém quer as informações.

Não.

Não.

Não!

 

FLASHBACK OFF

Foi como acordar repentinamente de um pesadelo depois de lutar intensamente contra a vontade de continuar sonhando. Foi assim que eu acordei.

Primeiro tive que dar uma longa inspirada e, em seguida, lutar contra o bater acelerado do meu coração. Pisquei rápido e intermitentemente por alguns segundos, tentando passar do choque inicial. Não tive tempo de entender onde estava antes de ouvir a voz de um homem.

—Você ativou suas defesas. Pensei que conseguiria descobrir mais.

Eu não vi seu rosto, apenas sua silhueta, coberta de todos os tipos de tecidos. Ao lado dele, para minha surpresa, Sakura estava em pé. Confusa, eu olhei para os lados, olhei para mim. Meu corpo estava amarrado a uma cadeira. De algum modo, enquanto eu estava desacordada, estiveram usando algum jutsu para extração de lembranças.

Ao meu redor, o cômodo se estendia em todas as direções como um saguão, preenchido também por Temari, Rock Lee e Gai, postos de guarda em diferentes pontos.

—Sakura, você pode nos deixar. – O homem ordenou. Eu não sabia, com certeza, quem ele era, mas desconfiava fortemente. – Tem outros afazeres mais importantes. Mas vá devagar, para que seu corpo não canse antes da hora mais apropriada.

Enquanto saía, Sakura sorriu um sorriso maldoso. Percebi que a “hora apropriada” tinha relação com Naruto e isso me queimou o interior. Tentei me desvencilhar das cordas, mas meu corpo estava pesado. Eu não conseguia nem mesmo abrir minha boca para falar algo. E com a pouca força que pus nos braços, senti o ardume de chackra que protegia as cordas que me mantinha amarrada. Não só isso. Elas estavam se protegendo com o meu próprio chackra. Algo nelas estava sugando meu poder, me enfraquecendo até mesmo quando eu tentava usar minha força.

Sakura saiu e eu tentava pensar numa maneira de reagir àquilo tudo quando o homem se voltou para mim. Ele me olhou nos olhos e imediatamente eu só conseguia pensar que tinha que fazer algo para correr dali. Imediatamente.

—O que está escondido no selo de Naruto? Diga-me.

Eu poderia jurar que o sharingan estava tentando controlar meu cérebro.

—Eu não sei. – Falei, dissimulando. Admito que, mesmo com o meu controle de chackra impedindo que invadisse minha mente, ainda assim estava difícil de mentir. – Essa lembrança foi apagada. – Tentei forjar um choro para me fazer de vítima, mas não consegui.

—Verdade? - Eu não via sua boca, mas percebi o riso em sua voz. – Sendo assim, você não vai conseguir falar nada enquanto eu testo essa verdade. Em você. Ou nele.

Olhei para o lado da sala que ele apontou. Às costas de Gai, Kakashi estava desacordado, largado sobre uma cadeira e amarrado da mesma maneira que eu estava.

—Veremos quão bem essas memórias foram apagadas.

Fim do Capítulo 18

*


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Depois da Escuridão" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.