Depois da Escuridão escrita por Lucas Alves Serjento


Capítulo 12
Capítulo 12 - Julgamento




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N/A: Estou repostando a história para corrigir a gramática e fazer leves alterações para tornar a história mais agradável de ler. Espero que gostem.

 

Capítulo 12 – Julgamento

 

Uzumaki Naruto

Apesar de ser extremamente desconfortável, tentei manter a postura confortável na cadeira da sala da Hokage apenas para não deixar Tsunade ainda mais ansiosa do que já parecia. Danzou, ao lado dela, parecia desconfiar da minha atitude. Sentados no sofá restante da sala, os conselheiros pareciam confortáveis em seus assentos.

Estávamos a sós e meus amigos foram dispensados antes de entrarmos. Tsunade suspendera qualquer investigação até o fim do possível confronto com a Kyuubi. Os conselheiros e Danzou concordaram, afinal, a força de ataque fornecida por Kakashi, por exemplo, era algo que eles não poderiam desperdiçar em um momento como esse.

—Devíamos resolver isso agora mesmo. – Danzou se adiantou. – Sabemos qual a pena para ele. E se não estamos em condições de preparar um julgamento agora é por culpa dele mesmo.

Eu sorri.

—Se você me ensinar um jutsu de selamento, eu te ajudo a ser o novo Jinchuuriki dela. Aí vemos quanto tempo você aguenta.

Ele se manteve impassível.

—Tsunade, leve em consideração que ele é o responsável pela libertação da Kyuubi. – Os conselheiros concordaram com acenos de cabeça. Ela não. Limitou-se a apoiar o corpo sobre sua mão e fixar o olhar em meu rosto.

—Por que não falou comigo antes de fugir?

—Achei que você não entenderia.

—Fugir não pareceu ter funcionado muito melhor. Apenas piorou sua situação. – Seu olhar era estranhamente sereno. Uma sensação estranha percorreu minha espinha. Raramente eu senti algum sentimento maternal dirigido a mim.

—Mesmo piorando tudo, Tsunade-sama, consegui pegar algo que não conseguiria se estivesse trancado.

—A espada? Foi confiscada. E é provável que você nunca mais a encontre.

—Não estou falando da espada.

—Então está falando do quê?

Eu hesitei, procurando as palavras certas por alguns instantes.

—Liberdade? Consegui aproveitar alguns últimos instantes. Provei que eu podia sair, ainda que não fosse essa a vontade geral. E o mais importante: Tive oportunidade de esquecer a traição de muitos daqueles que julguei meus amigos. Não estou dizendo que foi culpa disso, mas foi enquanto pensava naquela traição que desejei que a Kyuubi não estivesse presa em mim. E vimos como isso acabou.

—E quando o time liderado por Kakashi conseguiu te capturar? – Eu não queria responder às perguntas de Danzou, mas Tsunade fez um sinal de cabeça e eu achei justo responder.

—Eu estava debilitado pelo esforço necessário para expelir a Kyuubi. Eles me acharam depois de seguir meu rastro e me capturaram enquanto estava fraco.

O conselheiro sorriu.

—Mas você mostrou para quem quisesse ver, ainda há pouco, que mesmo correntes reforçadas não te segurariam, não é?

—Tive tempo para me recuperar dos piores ferimentos. Se alguém me analisasse agora, veria que, enquanto conversamos, meu chackra está trabalhando para me curar. – Eu não sabia se era verdade, mas foi o melhor em que pude pensar. – Quando cheguei eu estava forte o bastante para demonstrar que eu poderia reagir se quisesse.

O conselheiro me encarava. Eu senti em seu olhar que devia me odiar tanto quanto Danzou. Como todos os velhos que viram o ataque da Kyuubi e me odiavam tanto quanto odiavam a ela.

—Você parece ter pensado bastante no que diria para nós.

—Eu não chegaria sem ter ideia sobre o que dizer em minha defesa. Não sou um imbecil.

Pude perceber, pelo olhar no rosto de Danzou, que ele estava intrigado, mesmo antes dele abrir sua boca para voltar a falar.

—Você parece bastante relaxado para alguém prestes a ser julgado à morte.

Sorri. Quatro velhotes em uma sala me julgando não parecia algo tão amedrontador.

—Se esse será o julgamento independente do que eu faço, então não quero ficar lamentando à toa.

—Ainda assim, não devemos executá-lo agora. – Tsunade me olhava com preocupação no olhar.

—E qual o motivo para isso? – Indagou Danzou. Disfarcei minha expiração aliviada. Eu não queria iniciar uma luta imediatamente se pudesse evitar.

—Porque se a vila souber que o Jinchuuriki da Kyuubi está morto, as pessoas entrarão em pânico. Agora, se provarmos que ele está preso, podemos deixar todos calmos. Isso vai manter o trânsito de pessoas estável e passa segurança que, se você não sabia, é o que nos mantém ativos. Economia, comércio, evitar guerras…. Preocupações que uma Hokage deve ter com seu vilarejo shinobi.

Danzou hesitou. Os conselheiros também. Achei estranho que não insistiram na minha morte nem sugeriram em me executar em segredo para evitar complicações. Isso somente sugeriu que eles não acreditavam de verdade na discrição de possíveis testemunhas.

Depois de alguns momentos os três pediram para se retirar e conversar a sós em outra sala, ressaltando, antes de sair, que Anbu’s estavam de guarda para intimidar uma possível fuga minha. Era apenas uma maneira ridícula de disfarçar que apenas conversariam com Danzou para saber a decisão dele e não o contradizerem sem querer.

Quando percebi que estávamos sozinhos, sorri para Tsunade. Ela não retribuiu.

—Naruto, você percebeu que assim que a Kyuubi não for mais um problema você será morto? Eu não posso permitir uma pena apenas de prisão depois do que você fez. Independente da minha opinião, eles três têm direito ao voto e eu vou perder. Você me deixou de mãos atadas.

Desfiz meu sorriso antes de falar.

—Eu sei disso. Também sei que existe a possibilidade de eu mesmo parar a raposa.

Ela ergueu uma sobrancelha.

—Não é possível que você acredite mesmo que vai conseguir fazer isso. Vai estar preso. Você sabe que não é simples fugir de uma prisão shinobi.

—Não importa.

Ela parecia prestes a continuar quando eles voltaram. Eu ia fazer um comentário para disfarçar, mas Danzou não deixou.

—Nós chegamos a uma decisão.

Dentre as três pessoas que entraram, Danzou era o único sem direito de voto. Mas como eu pensava, os conselheiros permitiam que ele falasse por todos. E inclusive votasse por eles. Tsunade virou os olhos, contrariada e todos voltaram aos seus lugares para o anuncia de Danzou.

—Naruto deve ser imediatamente escoltado à prisão de segurança máxima do País do Fogo para aguardar sua execução. Gostaríamos isso se fizesse imediatamente para evitar problemas. Existe algum problema com isso, Godaime?

Eu estava feliz com aquela resolução. Conseguira o que queria. E Tsunade, mesmo contrariada, não tinha argumentos para manter-me ali.

Até então, tudo corria de acordo com meus planos.

 

Yamanaka Ino

—Kakashi?

—Sim?

—Tem certeza de que aquele idiota é capaz de criar a distração necessária?

—Ino, Naruto está sendo escoltado para a prisão. Eu acho que ele não vai esquecer o passo mais importante do plano que ele próprio bolou.

Não questionei aquele raciocínio, mas sabia que até mesmo Kakashi não duvidaria da possibilidade do imbecil esquecer isso. Ele balançou a cabeça levemente, como se quisesse afastar o pensamento.

—Ino, eu vou à frente, para que ninguém suspeite de nós dois.

—Eu devo sair em quanto tempo?

Ele estendeu a palma de sua mão, oferecendo um comunicador via rádio.

—Eu aviso na hora certa. Eu vou chamar quando estiver na frente do escritório dela. No mesmo lugar que te mostrei quando Naruto distraiu os guardas com aquele truque da Corrente.

Naruto. Apesar de tudo eu me preocupava com o plano. Sabia que existia a possibilidade de o plano não dar errado. Voltei a passar os próximos passos na minha cabeça enquanto Kakashi saía. Tinha de me certificar de que tudo daria certo. Eu não sabia o que faria se algo acontecesse com Naruto por causa de uma ineficiência minha. Não poderia acontecer algo ruim a ele. Eu não queria. Não permitiria.

Estava há um minuto com o rádio no ouvido quando escutei a voz de Kakashi.

—Se apresse Ino. Estão levando ele.

Levantei. Estivera esperando dentro do apartamento de Naruto até então. Na pressa, saí pela janela. Até onde percebi, tinha que me apressar. Provaria que podia ajudar a protegê-lo.

 

Haruno Sakura

Eu estava quase dormindo quando senti que algo estava para acontecer.

Eu não sabia o que era, mas sabia que estava acontecendo.

Levantei da cama e comecei a pensar em como sair do hospital. Tentei sentir a presença de alguém, mas percebi que o andar estava quase vazio. Estava fácil para mim. Fui então à janela e olhei para fora. Não vi ninguém.

Apesar de ter medo que meu corpo não aguentasse muito esforço, pulei para fora. E, assim que toquei o chão, o nervo em meu tornozelo cedendo à pressão foi uma resposta à pergunta que não fiz. A dor me fez cambalear. Somada à dor constante que dominava meu corpo inteiro, isso fazia com que eu quase não conseguisse ficar em pé.

Algo me chamou a atenção. Estava quase caindo por falta de sustentação quando uma mão me apoiou pelo ombro. Assustada e, quando virei, dei de cara com Shikamaru.

—Mas o que-

Eu elevaria minha voz se ele não fizesse um sinal pedindo silêncio. Quando percebeu que eu obedeci, ele ainda olhou em redor para se certificar de que estávamos sozinhos antes de se manifestar.

—Você precisa vir comigo. É sobre Naruto.

Ele me guiou para a estrada na direção das árvores.

 

Uzumaki Naruto

Minhas mãos estavam acorrentadas. Eu olhava para elas, conformando-me com a minha condição e tentando dizer a mim mesmo que tudo ficaria bem. Olhei para trás e vi o vulto de Tsunade longe, em uma das janelas do escritório.

Cinco guardas me escoltavam em um ritmo bastante lento. Pelo que pude perceber, levaríamos mais de dois dias para chegar à prisão do país do fogo.

—Sabe…. A minha vontade é de matar vocês cinco. – Eu ria enquanto falava.

Percebi pelas feições de dois ou três deles que acreditaram na minha palavra. Resolvi continuar.

—Sabem por que eu não fiz isso?

Silêncio. Ninguém respondeu, mas não me mandaram calar a boca. Pareciam interessados. Eu precisava continuar falando.

—Eu não matei Sasuke, então eu não posso matar vocês, porque não poderia afirmar a minha inocência. – Um deles riu. – É verdade. É sério.

Estávamos andando cada vez mais rápido. A cada par de passos eu precisava dar um pulo porque não conseguia manter a velocidade deles com as mãos acorrentadas. A cada momento estávamos mais próximos da fronteira da vila.

—Não precisam perguntar o que aconteceu. Afinal, eu não lembro nada sobre o que aconteceu.

Passávamos agora pela fronteira. Estávamos correndo. Um dos guardas olhou para mim.

—E do que você lembra?

Sorri. Era a pergunta que eu queria.

—A última coisa que vi foi Danzou, pedindo que eu não me arriscasse. – Passamos a fronteira. – Sasuke estava ao lado dele e…. – Hesitei. Minha cabeça doeu por um instante, talvez por causa da tentativa de recordar. – Eu não consigo lembrar.

—Quer dizer que a última coisa da qual você lembra é Danzou no mesmo lugar que você e Sasuke. Danzou pediu para você não se arriscar, Sasuke vai até você e-.

—Sasuke não me atacou. Pelo que percebi, Danzou queria que eu ficasse longe.

—E você não lembra mais nada.

Eu queria lembrar. Mesmo naquele momento. Se lembrasse, não poderia demonstrar, mas queria lembrar.

Uma sensação estranha preencheu meu interior e minha cabeça se encheu de algo. Algo que eu nunca presenciara antes. A imagem da floresta e dos guardas sumiu da minha mente e eu não estava mais ali. Estava em outro lugar. Na floresta. Perto das fontes termais.

Meu corpo estava paralisado contra a minha vontade e uma cena se passava à minha frente.

Sasuke estava ali. Eu parecia estar naquele dia em que ele invadira Konoha. Danzou estava pouco à frente, com a mão ainda apontada para o meu rosto.

—O que você fez? – Sasuke perguntava a ele.

—Você sabe que independente da situação eu responderia que não fiz nada.

O olhar de Sasuke para ele era feroz.

—Não se equivoque. – Danzou sorria.

—O que isso quer dizer?

—Você presume que eu fiz algo. Eu não fiz nada. O que não quer dizer que alguma outra pessoa não tenha feito.

Sasuke olhava para Danzou com incredulidade. Parecia prestes a fazer algo quando eu voltei. Foi como se tivesse voltando à consciência depois de me afogar. Meu corpo estava coberto de suor e alguém dava leves tapas em meu rosto. Abri meus olhos e vi o rosto de Ino. Minha respiração estava pesada e eu arfava muito, meu corpo parecia ter passado por um tremendo esforço.

—O que acabou de acontecer? – Perguntei entre uma arfada e outra. Vi o céu acima da minha cabeça menos claro do que eu me lembrava. Ela abria as algemas em meus braços com uma chave que devia ter roubado há pouco.

—Eu não sei. Kakashi e eu esperávamos que você nos dissesse. – Ela ria. Parecia contente. – No começo cheguei a pensar que você estava fazendo a distração que combinamos, então ataquei. Kakashi me seguiu. Depois que os derrubamos, descobrimos que você tinha desmaiado de verdade.

Eu sorri. Ino permaneceu agachada ao meu lado, me observando enquanto eu tentava levantar e jogava as algemas para longe.

—Está sentindo alguma dor? Se for dor física eu posso ajudar.

—Podemos ir? – Kakashi perguntou. Parecia com pressa. – Temos que ir logo. Pelo menos, se o plano continua sendo fugir para treinar.

—Eu estou bem Ino. Só fiquei fora de sintonia por um instante.

—Então vamos. – Kakashi olhava em redor, preocupado.

—Está tudo bem mesmo? – Ino ainda estava preocupada. Olhei para ela e sorri. Ela parecia aliviada com o sucesso da fuga, mas em seus olhos eu percebi alguma incerteza.

—Eu não vou desmaiar de novo. No caminho eu conto o que aconteceu. Agora vamos. Tentem não ficar para trás.

Estávamos prontos para sair quando lembrei que queria dizer ainda outra coisa antes de continuarmos.

—O que foi? – Kakashi perguntou ao me perceber parado.

—Eu só queria agradecer. – Eles pareceram confusos. – Assim como eu, vocês estão deixando toda a vida em Konoha para trás por tempo indeterminado.

Pude perceber que Kakashi sorria, apesar da máscara cobrindo a maior parte de seu rosto. Ino veio até meu lado e deu um soco de repreensão em meu ombro. Estava séria quando abriu sua boca.

—Algumas pessoas não percebem mesmo o quanto são importantes para as outras. – Olhei para ela com a sobrancelha franzida. Não entendi o que ela queria dizer com aquilo. Por algum motivo os olhos dela abriram um pouco mais e ela desviou o olhar. – Eu quero dizer que você está subestimando os sentimentos de Kakashi. É óbvio que ele te considera um aluno precioso.

Olhei para Kakashi e vi que ele sorria. Ino continuou.

—O meu caso é desconhecido por enquanto. Afinal, você é só um idiota para mim. – Ela sorria quando pulava até uma árvore que contornava a trilha. Eu a segui e Kakashi veio logo depois.

O caminho que minha vida tomara até então estava acabado. Sem perceber eu começara a trilhar um caminho inesperado. Um caminho novo.

Minha visão do sol era interrompida às vezes porque Ino ou Kakashi passavam na minha frente. Eu os via sorrindo e, apesar de tudo o que podíamos passar, eu sabia que os dois acreditavam em mim.

Ino me olhou e eu olhei para ela. Vi novamente aquela hesitação em seu olhar, como se uma dúvida se insinuasse em sua mente.

—Você está certa sobre isso, Ino? – Perguntei.

—Eu sei o que eu quero fazer. Mas não consigo deixar de ficar com um pouco de medo.

—Você tem certeza que-

—Não me pergunte isso. Eu quero ir com vocês. É a única certeza que eu tenho. O meu medo é que nós não consigamos ter o sucesso necessário. Que vocês se machuquem.

Kakashi se afastara por um momento. Eu olhei para o rosto dela outra vez. O sol brilhava e iluminava o seu rosto. Seus olhos azuis com uma pequena oscilação.

—Vai ficar tudo bem, Ino.

Ela me encarou.

—Você acha?

—Eu vou fazer tudo o que eu puder. Você vai ver. Vai ficar tudo bem.

Por um momento ela pareceu pensar. Depois voltou a me encarar. A oscilação sumira de seus olhos. Ela sorriu e repetiu:

—Vai ficar tudo bem.

Foi a primeira vez, desde aquele dia em que invadiram Konoha, que eu consegui acreditar de verdade que as coisas, dali em diante, poderiam ficar bem.

Fim do Capítulo 12

*


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