Duas Opções escrita por Bea


Capítulo 6
Capítulo 6




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Desde ontem, meu cotidiano tem sido fazer musculação, aprender a acender fogueiras (que é bem difícil, por sinal), dar uma olhadinha na estação de plantas comestíveis, considerando que meus conhecimentos sobre isso é desprezível e andar em salto alto durante o tempo que eu fico no apartamento. Mags é ótima, o que realmente me ajudou e me fez querer aprender. Ela me contava suas histórias do Distrito 4 e me contava sobre como sua mãe era bonita e feliz. Me contou sobre seus namorados na infância e também sobre como é ser mentora e ajudar tantos tributos nos Jogos, o que me fez gostar mais dela. A única coisa que me preocupava é que faltam quatro dias para a arena. E meu pai não saía dos meus pensamentos. Nem o meu irmão, nem em Isabelle. Que terei que matar Jared uma hora ou outra. Essa noite, tive pesadelos com isso. Quando eu gritava, ninguém vinha e eu acordava suada, ia direto para o banheiro tomar um banho e não dormia mais. Eu sei que Jared não dormia,pois suas olheiras no outro dia eram imensas e sabia que Finnick não havia superado os Jogos dele, que foi há somente cinco anos. Ele me disse uma vez que nunca mais dormiu de luz apagada, pois na arena dele nunca ficava a noite. Eu precisava me acalmar, independente do que irá acontecer. Não preciso que ninguém me acalme pois são pesadelos e não a minha realidade. Eu sei que, independente de qualquer coisa, eu estarei na arena, então eu precisava parecer estável. Dallas era o responsável pelos meus momentos de desconcentração. Descobri uma certa paixão em maquiagem e foi ele quem me ajudou a manusear pincéis e sombras e batons. Não olhava nos olhos verdes de Jared, que poderá estar morto em questão de segundos por algum tributo. Não olhava para Finnick Odair, já que ele não passa de uma mortífera peça da Capital. Para minha surpresa, Dallas era ótimo e divertido. Nós andávamos durante o dia pelo prédio, —muitas vezes barrados pelos pacificadores — dançávamos no apartamento, víamos revistas e criticávamos os tributos dessa edição.

Após mais uma noite com pesadelos, acordei com um céu azul e um sol grande. A luz batia em meus olhos que, por serem claros, ficaram bem irritados. Meu único movimento contra foi resmungar e colocar o travesseiro na cara. Consegui dormir por alguns minutos que não pareceram nada quando não só Dallas, mas também Kauine entraram dando gritinhos de satisfação porque hoje era a tão sonhada entrevista com Caesar. Ainda bocejando, esbocei um sorriso olhei para a janela. Levantei-me e eles me acompanharam até o café da manhã com os últimos babados da Capital e eu não ouvia nada, só afirmava. A mesa, como sempre, estava cheia. Frutas de todos os tipos, sucos coloridos e gelados. Bacon e waffles de diversas cores estavam banhados em mel. Ovos mexidos, pães de vários sabores, muitos queijos e frios, além, é claro, do leite e de sucos naturais de vários sabores. Maravilhada, aproveitei que essa pode ser uma das minhas últimas refeições decentes. Terminando o café da manhã, fui levada para o meu quarto onde minha equipe de preparação tirou minhas roupas e me jogou em uma banheira quente. Lá, depilaram-me de novo (sem necessidades) e fizeram uma hidratação no meu cabelo para que eles fiquem ondulados e sedosos. Saindo do banho, preparam minha pele com areia que depois fiquei sabendo que se chamava esfoliante. Kauine fez minhas unhas dos pés e das mãos, pintando-as de azul florescente com purpurina prata enquanto Dallas cortava meu cabelo. Isso durou até a hora do almoço, onde eles me acompanharam até a sala tagarelando sobre como eu estava linda e de como a plateia iria me adorar. Chegando lá, quem deu a primeira palavra foi Mags:

— Não há razões para vocês estarem assim. Hoje é a entrevista com Caesar e vocês devem se mostrar os mais juntos na medida do possível para se mostrarem poderosos. — disse ela, esperançosa.

Assenti e olhei para a mesa, que hoje estava mais bonita que anteriormente. Cozidos de carneiro nadando em um molho picante, asas de frangos e legumes dançando na manteiga, acompanhados com uma bebida que dava calafrios na barriga e era doce. Além de tudo isso, a sobremesa foi uma calda de chocolate acompanhada de várias frutas coloridas com uma torta de sorvete de morango, que estava maravilhosa. Finnick tem que pedir uma nova travessa com a calda de chocolate pois a que tinha eu já havia terminado de raspar. Minha equipe de preparação me liberou para passar umas horas livres e eu decidi que eu iria no centro de treinamento treinar manuseamento com outras armas sem ser a lança. Descendo com Mags, avistei Louise, a tributo do Distrito 2. Ela parecia menos ameaçadora enquanto pintava seu próprio braço com uma espécie de camuflagem. Ela parecia feliz. Não posso negar do quanto ela era bonita. Seus olhos escuros penetrantes me atingiam em cheio em uma tentativa claramente falha de observa-la melhor. O cabelo ruivo tinha um caimento perfeito diante do seu rosto, que tinha a pele muito branca. Mesmo assim, tinha uma certa aparência de louca, perturbada. Quando eu cheguei perto, fui flagrada e ela rapidamente tirou a tinta e saiu da sala, apressada. Mesmo após esse imprevisto, continuei no centro com alguns outros tributos, agora mais calmos do que no primeiro dia. Conversei com Zoe sobre clima e logo já pulei para a parte que me ensinava a como manusear um arco e flecha, que percebi ser um fracasso. Olhei para o relógio próximo ao lugar que se encontravam os Idealizadores de Jogos: hora de voltar para o apartamento.

Entrei junto com Mags onde havia uma mesa cheia de delícias e não pude resistir em pegar um pedacinho de bolo de mandioca que estava coberto por coco ralado. Quando percebi que a equipe não havia chegado ainda, resolvi dar um pulinho na TV. Passava as reprises dos tributos entrevistados anteriormente, narrados pelo próprio Caesar e também por Louis, em uma conversa risonha e saudável. Passou de uma pequena garota do Distrito 6, contente e sociável. Um menino boa-pinta que tinha por volta de dezesseis anos do Distrito 7. Uma tributo doida do Distrito 11. Então passou sobre o Distrito 4. Um menino que tinha os olhos verdes como esmeralda e cabelos castanhos claros. Ele se chamava Oliver Cresta. E era o irmão do meu pai.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
{a partir deste capítulo, os próximos serão maiores (:}