Duas Opções escrita por Bea


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora! Minha família está toda aqui, fica difícil arrumar um tempo para escrever. Enfim, espero que gostem :)



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Antes de qualquer movimento, fui o mais rápido possível em direção a Jared. Ele foi ágil o bastante para me dar a mão e sair. Mesmo machucado, ele ainda corria melhor que eu, favorecido pelas suas pernas longas. Corremos três metros até olharmos para trás: o prédio cinza estava todo no chão. Não sobrou nada.

— Cadê a comida? — perguntou Louise. — Alguém teve a brilhante ideia de salvar a comida que conseguimos pegar em duas horas de caça?

Silêncio.

— Eu peguei. Eu não sou tão estúpido como vocês pensam. Eu presto pra alguma coisa. — respondeu Jared.

— Ninguém disse que você era inútil. — rosnou Stark — Se você continuar com esse comportamento hipócrita, talvez a gente te dê um fim a noite. Se liga. — deu um empurrão de ombros nele e saiu.

Quando os quatro já estavam longe o bastante para não ouvir um sussurro, murmurei para Jared.

— Fique calmo. Quando doze tributos estiverem mortos, a gente se livra deles. Não podemos ameaçar agora nossa parceria, principalmente com você impossibilitado.

— Eu não estou impossibilitado.

— Claro que está. Você já está cansado. Venha, se apoie em mim.

— Eu só preciso de água.

Juntamos-nos a eles, que estavam embaixo de uma árvore. Zoe polia um pedaço de madeira que havia achado, fazendo uma adaga de madeira que estava bem afiada.

— Precisamos de um plano. Não podemos mais depender deles desse jeito.

— Quando estivermos entre os oito finalistas, a gente bola um plano para nos separarmos dele, pode ser assim?

— Eu sei que somente um de nós ficará vivo, e eu quero que seja você, Annie Cresta. E eu não quero que o rosto de algum deles seja o último que eu verei na vida. Quero que seja o seu. — arregalo um dos olhos e arqueio as sobrancelhas — Não, não é o que você está pensando. Sei que você tem um lance com o Finnick e tudo mais.

— Jared!

— Digo, você é como uma irmã mais nova que eu nunca tive, que eu preciso cuidar, não só para não ouvir bronca dos pais, mas para me manter. Entende?

— Sim, entendo. Você é meu irmão mais velho.

Aproximamos-nos e continuamos caminhando junto com meus aliados. Encontramos um garoto corpulento, de olhos claros e cabelos louros. Rapidamente, quem deu o fim a ele foi Louise, com seu poderoso soco inglês. Meu pai costumava dizer que os carreiristas em geral eram muito violentos e brutais, que tinham prazer em ver a morte. Ele não estaria orgulhoso de mim atualmente, andando junto e agindo como uma carreirista. Mas aqui, eu entendo. Eles estão apenas lutando pela sua sobrevivência, assim como todo mundo aqui. Eles não são brutais, eles foram treinados. Não têm culpa se nasceram em um distrito que valoriza isso. Aqui, temos apenas duas opções: matar ou ser morto. Não é uma questão de vaidade, uma questão de maldade. É apenas uma questão de sobrevivência. Continuamos andando até ouvir uma explosão, vinda do lado direito. Exatamente na hora que houve a explosão, o hino de Panem começou, mostrando os tributos mortos hoje. Até o Distrito 4, todos vivos. Ambas as duplas, do Distrito 5 e do 6, o menino do 8, a dupla do 9, a garota do 10 e do 11. Hoje, todos viviam apenas em nossa memória. Andamos até chegar a Cornucópia, nada de água. Resolvemos parar e descansar, já que a nossa escassez não irá ajudar em nada. Paramos sedentos, e decidimos quem iria montar a guarda. Zoe se voluntariou enquanto os outros se acomodavam dentro do chifre dourado. Ficamos nós duas até que eu resolvi buscar água. Dei uma volta na Cornucópia procurando o melhor lugar para conseguir escalá-la. Em movimentos lentos, cheguei até o topo do chifre dourado, procurando ter uma visão total da arena. Era uma cidade com vinte quarteirões. Várias árvores nos lugares que costumavam serem as calçadas. Prédios e casas destruídos, tijolos e pedaços de muros espalhados por toda a arena. Nenhum sinal de água.

— Finnick, se você estiver me ouvindo, não me ignore. Mande-me água, por favor, estou implorando. — sentei, tentando me equilibrar. Em questão de segundos um paraquedas prateado aterrissa ao meu lado. Abrindo-o, tem apenas um bilhete que está escrito "na verde". Mesmo assim, relo meus lábios no papel e o guardo na parte de dentro do meu casaco. — Obrigada.

Desço e vou em direção a Zoe.

— Nada.

Pego minha lança e fico pensando o que pode ser isso. No verde. Nas árvores? Não temos nenhum tubo que nos permita pegar a ceiva da árvore. Vasculho a cornucópia, mas tudo que temos são armas, sacos de dormir e cordas. Nada muito útil. Olho a minha volta, temos dois prédios verdes e várias árvores. Deve ser algum prédio. Mas qual? Qual não vai desmoronar? Qual vai ter água potável. Verde. Um verde como a saia que eu usei na entrevista? Um verde como a cor dos olhos dele. Quando percebo que Zoe já dormiu, chamo Jared. Eu conto tudo para ele. Depois de pegar uma lança, entramos na cidade. Ela está extremamente silenciosa, o que me causa arrepios. Não precisamos andar muito: depois de três quarteirões, achamos o prédio, um verde desbotado, mas da cor de seus olhos.

— É esse. Não me pergunte como sei, mas é esse.

Procuramos um banheiro, uma pia. Somente no quarto andar achamos.

— Jared, volte para a Cornucópia, se acordarem sem ter ninguém vigiando vão nos matar. Eu te levo água ou acordo vocês.

Quando ele desce, acho três garrafas. Antes de enchê-las, tomo direto da torneira. Espalho água pelo meu corpo e rosto, limpando-me. Caio no chão com um estrépito, batendo minha cabeça na ponta da pia de granito. Ao abrir os olhos, tudo na minha cabeça está embaçado e girando. Vejo meus pais juntos, me chamando para me juntar a eles, com um Luke pequeno no colo de minha mãe. Ele sorri para mim e começa a cantar, brincando com minha mãe. Do meu lado, ouço uma respiração com um cheiro leve cítrico. Finnick. Jared chega do lado oposto, me incentivando a levantar para ficar com todos. Isso não é real.

Finnick coloca a mão na minha nuca e se aproxima de mim para me beijar. Eu o beijo por poucos segundos e viro minha cabeça, olhando para minha mãe. Minha mãe, morta, está fazendo o que aqui? Eu tento conversar com eles, mas palavra nenhuma sai de minha boca, com se ela tivesse sido costurada. Olho para o espelho em cima da pia. Eu não sou eu. Tenho um olhar feroz. Meus olhos verdes se tornaram vermelhos, meu cabelo está curto e liso e minha boca com dentes pontudos, como se fosse uma serra, pronta para o ataque. Sangue (de outra pessoa) escorre da minha boca. Viro-me para olhar as pessoas que eu amo. Elas se tornaram zumbis, com olhos de botão. E elas vêm para cima de mim. Para me matar.


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Notas finais do capítulo

Deixem reviews. O último só teve um D:



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