Já era tarde da sexta feira, eu estava em cima do telhado, deitado no sofá observando o por do sol. Estava de fone ouvindo musica de olhos fechados, o vento estava gelado, porém o resto de sol, batia e me deixava quente. Foi quando minha mente que gosta de me ver sofrer, me lembrou de uma das festas, após termos vencido o jogo.

#Flash back on

Estávamos no ônibus, que nos levaria ao lugar ao St Georges pub onde sempre comemorávamos a vitória, não ficava tão longe da escola. Grande parte da escola estava indo para lá, Thalia estava sentada ao meu lado, um pouco brava.

–Porque está brava Thals? – Ela levantou a sobrancelha.

–Meu pai e Hera, como sempre... – percebi que ela estava para baixo, apertei seu ombro de leve e ela levantou o olhar.

–Não liga, pro que eles falam ok? – ela assentiu – Você é incrível. – Thalia sorriu abertamente e me deu um soco de leve no ombro.

–Guarde palavras bonitas para Calipso. – Ela sorriu maliciosa, revirei os olhos. Fazia um tempo que eu queria ficar com Calipso, ela era muito bonita. Vivíamos trocando olhares na aula, porém tinha Drew. Eu e ela estávamos “ficando” a uma semana e meia, mas eu sabia que não ia para frente. – Você já terminou com a Drew?

–Mais ou menos.

–Percy! – já sentia a bronca que eu levaria. – Tem que terminar com uma, para ficar com a outra, é a regra.

–Eu vou falar com ela, assim que chegarmos no Georges. – thalia balançou a cabeça em negação, porém eu sabia que ela ria por dentro. – E você?

–O que tem eu? – Ela semicerrou os olhos, a lancei um olhar malicioso. – Nem vem, eu estou de boas.

–Tá de boas com o que? – Era Nico, tinha esquecido que ele estava no banco de trás. Ele sorria abertamente, ficando com cabeça apoiada no vão das cadeiras. Thalia revirou os olhos, ele soltou uma risada.

– Você fica shiu.

–Shiu nada. – Nico foi cortado por Calipso, a garota de cabelo castanho claro e olhos mel que apontava um celular com um flash absurdo para nossa cara.

–Digam olá para o meu snap. – Ela disse, e nós três acenamos e logo em seguida gritamos muito alto. – Brigada gente! – Ela deu um sorriso largo e uma piscadela para mim e voltou para seu assento.

–Eee Percy. – Thalia e Nico disseram em uníssono, sorri de orelha a orelha. Olhei para o retrovisor estávamos, já era a rua do George. O ônibus parou na frente do local, uma cambada de gente desceu, fomos os últimos, até porque estávamos no fundo.

–Vamos gente! Hoje é dia de festa. – Gritou Luke, pulando cima de mim e de Nico, Thalia olhava a cena e revirou os olhos. –É dia de beber!

–Não sei, se eles vão nos deixar beber. –Nico disse e Luke pensou um pouco, ri de sua expressão, Thalia fez o mesmo.

–Qual é o meu lema? – Luke perguntou sorrindo, encarou Thalia a mesma revirou os olhos e ajeitou os cabelos escuros.

–Sempre damos um jeito. – Thalia mostrou a língua enquanto falava. Luke tirou o braço do meu ombro e o de Nico, tirou a carteira do bolso e nos entregou identidades falsas. –Meu Deus!

–Sim, eu sei sou demais. – Luke disse convencido, jogando o cabelo loiro para trás. –Não precisa agradecer.

–Como você conseguiu? – Nico, estava de queixo caído, encarando o papel em suas mãos. Apenas sorri, Luke e suas artimanhas.

–Tenho contatos. – Luke deu um sorriso de orelha a orelha, Nico ainda estava completamente chocado.

Saímos do ônibus, só a entrada daquele lugar era lindo, tinha muitas luzes. O pouco que se via da rua fazia qualquer um amar aquele lugar, tinha uma banda tocando e o balcão que servia bebidas era vermelho. Thalia tirou o celular do bolso, entregou ao segurança que estava na porta.

–Tira uma foto para nós? – O homem de terno preto assentiu nos ajeitamos Nico ficou na ponta, seguido Thalia, eu e Luke. Nunca era uma foto normal, tratando de nos quatro, saí de olhos fechados para variar, rindo igual uma hiena, Nico fez chifre em Thalia e saiu dando risada do olhar dela, a mesma sorria sem mostrar os dentes. Já Luke, saiu mostrando a língua. Um flash absurdo novamente é hoje eu vou ficar bem cego.

Entramos no lugar, era bem mais bonito de dentro, as luzes faziam um contraste com o balcão vermelho, as paredes eram pretas e tinha uma mesa de sinuca no fundo. Os garotos do time estavam na bancada, já o resto do pessoal estava espalhado, dançando, conversando. Luke foi o primeiro a entrar, foi até o balcão e sussurrou alguma coisa no ouvido da atendente e tirou alguma coisa do bolso e a entregou. Ele viu que eu prestava atenção no que ele fazia e lançou um positivo com um sorriso maroto e seguiu até onde Thalia estava.

–Percy, posso falar com você? – Nico me chamou, o encarei sem entender, porém fui até o canto do balcão com ele.

–Pode falar. – Nico abriu a boca para falar alguma coisa, porém a cena que ocorria no meio da pista de dança fez todos abrirem a boca, num perfeito “O”. Luke e Thalia estavam se beijando no meio da pista. –AEEEEEEEEEEE. – Fui acompanhado de gritos altos, batidas na mesa. – Pode falar, Nico. – Disse sorrindo abertamente, encarei quem estava do lado de Thalia, Calipso sorria abertamente para mim enquanto dançava.

–Deixa para lá... – Levantei minha sobrancelha, enquanto ele tinha um olhar vazio e ia para fora do bar, estranho.

Virei para o balcão, tinha uma mulher extremamente bonita fazendo os pedidos, sorri para ela. Pedi uma bebida chamada Lagoa Azul, acho que tinha vodka, alguma coisa azul e licor de laranja, era muito boa. Depois de beber e trocar mais olhares com Calipso levantei da cadeira que estava sentado. Ajeitei a jaqueta do time, arrumei o cabelo que estava jogado para lado direito e fui em direção a Drew, ela estava com cinco garotas ao seu redor.

–Posso falar com você? – ela encarou as amigas, logo em seguida a mim. Levantou-se e foi comigo até o final do bar. –Acho que você já sabe. – Ela assentiu, sem mostrar nenhum sentimento.

–Eu sabia que uma semana já era demais para Percy Jackson. – Ela revirou os olhos, fiquei sem ter o que dizer. – Pode ficar com ela agora, sem ter a consciência pesada. – Drew se aproximou o bastante e me deu um beijo na bochecha estalado. Fiquei sem reação enquanto ela saia, foi bem mais fácil do que eu pensei que seria, sem clima chato. Vi Nico entrando pela porta, se sentando no balcão bem afastado dos jogadores, pedindo alguma coisa e em seguida a bebendo. Eu ia falar com ele.

–Não vai tomar atitude, Jackson? – sussurrou Calipso, me fazendo arrepiar. Vi pelo canto do olho novamente, Thals e Luke.

–Então quer que eu tome atitude? – perguntei divertido, me virando e ficando de frente com ela, pude notar seu sorriso malicioso. –Nem notei seu olhar nas aulas. – Ela revirou os olhos.

–Para de se fingir de lerdo. – aí, essa doeu.

Ela abriu a boca para falar alguma coisa, mas eu a puxei pela bunda e a beijei pedindo rapidamente passagem com a língua, coisa que ela cedeu rápido, suas mãos foram para minha nuca. Nos separamos for falta de folego, pude notar seu sorriso bem mais malicioso. Foi quando ela me puxou para o banheiro, e logo em seguida trancou a porta, geralmente eu tomo atitude de tudo, mas sabendo o pouco que eu sabia sobre Calipso, ela era bem louca e muito bonita, foi com esse pensamento que a coloquei em cima da pia e tirei a sua blusa de líder de torcida.

#Flash Back off

Pensando bem, acho que o inicio dos problemas aparentes foi ali, naquela festa. Eu gostava daquele bar, porém as memorias que rondeavam ali eram terríveis, tá não tãaaao terríveis. Só as pessoas que estavam ali, a tornavam ruins. Respirei fundo com esse pensamento, era difícil lidar com tantas coisas, com tantos pensamentos. Abri os olhos por alguns segundos e vi um tufo loiro subindo pela portinha, sorri ao ver Annie ali, meus pensamentos não ficavam tão perturbados quando ela estava perto de mim, só a parte de eu não saber quem é meu pai, o que se torna uma parte bem grande.

–Annie. – Seu sorriso de brincalhão diminuiu. – O que foi?

–Eu ia te assustar. – passei a mão pelo cabelo, enquanto ela vinha a minha direção e sentava ao meu lado no sofá.

–Já te falei que eu sou cárdico! – Annie soltou uma risada um tanto escandalosa, foi inevitável não rir junto com a loira.

–Como o maior medalhista da escola pode ser cárdico? – Ela levantou a sobrancelha, arregalei os olhos, ela ainda não tinha parado de procurar, eu estou muito fodido, nossa meu Deus. Ela ia descobri, não ia mais querer falar comigo, me trataria como lixo, TAP é esse foi o barulho de eu me batendo mentalmente, acorda Percy! Ela ainda está te encarando, com um sorriso nos lábios.

–Não desistiu ainda de saber não? – Ela abriu mais um sorriso. – Sua stalker! – percebi que ela se sentiu ofendida, dei risada.

–Ei! – um tapa fraco no meu braço. - Eu sou apenas uma pessoa que nunca esquece as coisas. – Ela respondeu orgulhosa, revirei os olhos.

–Sabe tudo. – murmurei e ela me encarou incrédula, sorri abertamente.

– Como é?

–Sabidinha. – sorri de orelha a orelha, colocando uma mecha do seu cabelo atrás da orelha. – É sabidinha combina com você. – Ela revirou os olhos, a puxei pela nuca e ficamos alguns segundos se encarando. Seus olhos cinza, eu nunca cansaria de olhar para eles. Eram extremamente misteriosos e tempestuosos.

–Porque está me encarando assim? – Ela perguntou envergonhada, logicamente eu também fiquei um pouco vermelho. Porém fingi, ou pelo menos tentei que não estava parecendo uma pimenta malagueta.

–É que você é tão linda. – Dei um selinho um pouco demorado nela, porém nada dura muito tempo quando estamos falando de Annabeth, que é irritada e totalmente apressada. Que em questão de milésimos aprofundou o beijo, ela mexia em meu cabelo enquanto travamos uma batalha por espaço. Para mim e a sabidinha não existia, essa de “pedir passagem” era vai ou racha, por isso nossos beijos sempre eram profundos. Tá eu realmente não presto, por falar em uma coisa dessas (N#A aí gente desculpa, KKKKKKKKKKKKK precisei escrever isso).

–Para quem é cárdico você tem um folego sensacional. – Annie disse sorrindo maliciosa, sorri de volta.

–Acho que você me curou. – Sorri de lado, ela me deu um beijo na bochecha e deitou a cabeça no meu ombro, a abracei e encostei minha cabeça no seu cabelo, que era muito macio e tinha cheiro de morango. –Poderíamos ficar assim, para sempre não acha?

–Tenho certeza.

Senti uma culpa, passando pelo meu corpo como um vento gelado. Era como se escondendo a verdade de Annabeth eu estivesse a traindo, eu era um covarde. Tinha medo de falar a verdade a ela, tinha medo de ser deixado, medo que ela me odiasse, fingisse que não me conhecesse. Naquele momento, meu maior medo era perder a garota que fez eu me reerguer das cinzas, Annie podia nem notar, mas tinha um poder imenso sobre, se ela quisesse eu estaria lá de novo, perdido, sem chão e confuso. Eu estava sendo egoísta, por esconder a verdade, porém talvez todo esse medo seja porque eu estava com ela nos meus braços, estava segurando talvez o meu mundo.

Então percebi, que fazia semanas que eu não puxava o sofá e marcava dias, que me sentia sozinho. Meu passado era algo que me trazia desespero, o presente era tranquilizante, com Annie e o futuro? Ainda tinha muita coisa para acontecer, disso eu tinha certeza.

“My past has tasted bitter for years”

–I’ll be good, James Young