The Bulletproof escrita por Terume


Capítulo 3
Capítulo 02 - Trecho


Notas iniciais do capítulo

A história está deixando a desejar?



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Meu coração quase saiu pela boca no momento em que eu percebi que a porta estava sendo aberta por dentro. Não tive tempo para fugir ou sequer sair da posição spy antes que tivesse Oliver parado bem à minha frente, olhando-me com uma expressão séria, usando seus óculos e carregando um livro qualquer na mão esquerda. Pude notar isso por ter o quase prazer de olhá-lo de baixo à cima.

Claro que depois de tudo, eu não poderia ficar sem analisar o ambiente adentro agora que a porta já estava aberta e o quarto havia recebido a pouca claridade da casa. Era Kera, deitada em sua cama, tirando um sossegado cochilo enquanto ele provavelmente lia sentado na poltrona ao seu lado.

Pelo pouco que me lembro, houve apenas uma troca de olhares bem intensa no corredor da faculdade, nada demais pra mim. Muito perspicaz da parte dele consegui-la em tão pouco tempo. Entramos de férias no dia em que me mudei para sua casa e já tivemos esse tipo de visita pelo menos quatro vezes desde então. Nunca a mesma pessoa. Pelo visto eu teria que me acostumar com isso o mais rápido possível. Quem sabe um breve papo entre garotas, já que eu o conheço muito bem. Risos.

– Pois não? – ironizou, lembrando-me do que havia acontecido há alguns minutos na cozinha.

– Então... – tentei pensar em uma desculpa o mais rápido possível – eu estava justamente procurando por este livro que você está segurando! – ufa! Me ergui.

Riu em deboche, olhando de canto.

– Conta outra.

Oliver me conhecia bem, sabia que eu não lia muito. Mirei o chão e de repente estava em transe, provavelmente fazendo alguma careta que representasse “puts, me pegou”. Em seguida e muito rapidamente virei e fugi em direção à cozinha. Notei que estava segurando o ar até estar de costas para ele. Talvez, apenas talvez, eu estivesse um pouco envergonhada por ter sido pega pela segunda vez em uma semana. Não olhei mais para trás, na esperança de que ele entrasse e fechasse a porta.

Essas coisas deveriam ser muito normais para dois jovens que moram juntos. A verdade é que Oliver em casa é totalmente diferente do que ele mostra ser em qualquer outro lugar, e talvez esse tenha sido o problema, se é que me entende.

A porta se fechou atrás de mim. Torci fracassadamente para que ele não estivesse do lado de fora até ouvir seus passos caminhando em minha direção. Esse tipo de situação não seria mais constrangedora se não fosse com Oliver.

Ignorei-o, sentando na banqueta próxima ao balcão, sem me lembrar de que havia uma vazia bem ao lado.

– Muito engraçado – balbuciei, olhando para minhas mãos entrelaçadas sobre o balcão.

Ele soltou um riso singelo.

– Eu vim ler pra você, oras – desviou o olhar do meu, sorrindo maliciosamente – Devo?

– Hum – arqueei a sobrancelha –, o que vai ler?

– Um pequeno trecho apenas – hesitou, preparando-se para ler. – “Não fui, na infância, como os outros e nunca vi como os outros viam” – olhou-me rapidamente e tornou a continuar. – “Minhas paixões eu não podia tirar das fontes igual à deles; e era outro o canto, que acordava o coração de alegria. Tudo o que amei, amei sozinho”.

Um ponto de interrogação imenso surgiu em minha mente. Eu havia entendido, mas não exatamente. Como Oliver é o tipo de pessoa que nunca deixa passar nada batido, esse provavelmente não era apenas um trecho do autor, era o trecho que Oliver queria ler para mim.

– É uma citação muito interessante esta – comentou, fechando e deixando o livro de lado na bancada enquanto virava-se, apoiando o cotovelo na mesma e tombando levemente a cabeça. – O que achou?

Decente. Lembrei-me das palavras e imaginei de imediato que ele estava se apresentando, afinal, esta seria a primeira vez que estivemos conversando seriamente dentro de uma semana – o que me levou a pensar no quão inútil e invisível fui para ele nesta uma semana. Tão Oliver. Estava dizendo para mim que não era como ninguém e deixando claro que nada do que eu pensasse sobre ele, realmente era.

– Achei bom.

Notei a decepção, fazendo-o pensar que eu não havia entendido. Eu não sabia muito bem o que fazer a seguir, optei por mudar de assunto e sem pensar, piorei sua feição.

– Quer ir comigo hoje?

Bufou, arqueando as sobrancelhas e cruzando os braços sobre o livro fechado em cima do balcão.

– Eu vou deixar você adivinhar – quase não mexeu a boca para que as palavras saíssem.

– E por que não? – ousei questionar.

– Não gosto dos seus amigos – seco –, e se quer motivos, é porque isso é recíproco, nem Sebastian, nem James, nem August gostam de mim, não tenho qualquer razão para me dar ao trabalho de socializar com eles. Carrie é a única que ainda troca uma ideia, mas mesmo assim, poupe-me. Tenho visita.

– O que? Eles também são seus amigos e essas suas conclusões são totalmente sem fundamento – tentei manter a expressão séria e tornar mútuo o sentimento de revolta. – Quero ver o dia em que eles não fizerem mais questão da sua presença, aí sim você vai ter motivos pra mamar os peitos da Kera.

– O que tem meus peitos?

Para finalizar com chave de ouro nossa pseudo-discussão, Henderson aparece no fim do corredor, utilizando apenas uma calcinha de algodão preta. Sua pele era morena e suas curvas bem acentuadas, era magra e possuía seios cheios e redondos, cabelos compridos e castanhos, com cachos naturais. Bonita. Uma beleza natural merecedora de ser invejada.

Mas não.

O inevitável sentimento de repulsa ao vê-la naquela situação e Oliver com os olhos provavelmente brilhando com a paisagem era algo que eu não conseguia entender, mas também não fazia muita questão.

Ambos havíamos parado de falar para observá-la se aproximando, com um mínimo de boa auto-estima para balançar os peitos com tanta confiança. Quando perto, Oliver me lançou um olhar que parecia, de certo modo, preocupado. E ter pensado isso foi de total engano meu, já que ela se aproximou e ele caminhou com a mão por sua cintura, abraçando-a.

Bacana.

Levantei-me, encarando-os com um sorriso sarcástico e preenchido por todo o desprezo que eu tinha por estar vendo aquela cena. Como eu disse, algo que eu ainda não havia entendido. A única coisa que sei, é que meu pavio é curto demais para aguentar certas atitudes das pessoas, então eu lanço meu famoso sorriso de “quero que vocês se fodam” e saio.

Tirei o celular do bolso enquanto caminhava até o meu quarto e digitei uma mensagem para Sebastian, perguntando se poderíamos nos encontrar mais cedo. Não tive que entrar no quarto para que a mensagem já tivesse sido respondida. “Claro, eu e os meninos vamos estar na West Coach daqui meia hora. Aparece por lá (:”, é o que dizia.

Antes numa loja de ternos masculinos no que assistindo a transa de Oliver. Peguei minha bolsa e saí. Na mesma posição, se encontravam os amantes temporários, só que desta vez estavam de frente, cochichando. Ele provavelmente explicando o que ela gostaria de saber, que na verdade não lhe dizia respeito.

Calcei rapidamente os sapatos, esforçando-me para ignorá-los e caminhei em direção à porta, não me preocupando em batê-la, nem fazendo questão de ver se Oliver tinha um pouco de compaixão para me observar sair.

Na verdade, eu não queria me enganar, era um pouco chateante ser a garota que mora com o amigo e é ignorada. Não lembro muito bem do pouco que convivi com meu irmão mais velho, mas não sei bem se é assim que deveria ser. Levando em consideração que tenho lavado suas roupas e a maioria das louças, um pouco de gratidão ele deveria ter. Pensando nisso, alguns maus pressentimentos dos próximos meses convivendo juntos me ocorreram brevemente. Eu só esperava estar enganada.


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Notas finais do capítulo

A história está deixando a desejar? (2) ksjdghsj



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