Cold World's Legend escrita por Teud


Capítulo 9
Reprovação


Notas iniciais do capítulo

A fim de terminar logo, irei postar mais um capítulo! Mudei uma coisa: o ano em que se iniciou a história foi modificado de 2028 para 2036 devido as ligações com outras histórias minhas, como Rakuen PROJECT (sim, adoro fazer histórias interligadas!). As coisas começaram a esquentar nesse capítulo, mesmo que o mundo esteja frio! Bem, espero que gostem!



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Saindo da sala presidencial acompanhando de Shizuka Arashi, o marido da presidenta asiático, fomos até outra seção daquele aglomerado em que estávamos, chamado Central da Civilização, na qual eram os dormitórios dos militares de alta patente. Havia uma porta com uma placa escrito o meu nome, Siegfried irst Flügelhart der Fläiheit, e, abaixo, “RANK: ???”. Perguntei o que aquilo significava ao Arashi, que me respondeu:

- Este é seu quarto, Sieg-kun. Abaixo do seu nome fica o seu nível como militar, mas como você ainda não fez o teste de saúde e habilitação, não confirmamos qual é o seu rank.

- Entendo... – confirmei.

- Se quiser, pode dormir por agora. Só o chamaremos amanhã. Está com o dia livre. E, em cima do criado-mudo tem um relógio, que na verdade é um GPS portátil configurado para ser utilizado aqui na Civilização e em suas missões futuras. Nele você pode se guiar por aqui. Além disso, nas estantes têm livros sobre o que você quer saber sobre si mesmo. E no closet há vários uniformes e roupas, tanto de combate, como de treino e do cotidiano.

- OK... – eu já estava levemente entediado.

- Divirta-se com as músicas!

- Tá...

Ele saiu, me deixando sozinho. Entrei no quarto, tranquei a porta com o cartão magnético que eu recebi de antemão e, após colocá-lo no criado-mudo, desabei na cama. Meu corpo nunca estivera tão dolorido. Mesmo que eu não tenha feito um grande esforço, estava cansado. Não só por ter que ouvir mais coisas do que posso absorver, mais também porque eu, provavelmente, desacostumei a andar tanto quanto fiz naquele dia. Já deitado, tirei do bolso de minha nova calça o meu aparelho MP3 que a Civilização, de alguma forma misteriosa, recuperou, além de adicionar novas músicas de Rock e J-Rock, meus gêneros favoritos. Coloquei os fones de ouvido e comecei a ouvir PSI-missing, tema da primeira abertura de To Aru Majutsu no Index, um anime bastante estranho e que eu nem me lembrava mais da estória, de tanto tempo que eu assisti. Enquanto ouvia, pensava no que Arashi e Tsuki, a presidenta daquele lugar estranho, me disseram após as boas-vindas.

[FLASHBACK: ON]

- Bem-vindo à Civilização de verdade – Tsuki declarou com um sorriso terno no rosto que quase me fez babar novamente.

- S-sim, senhora! – tentei manter o formalismo.

- Ah, pare com isso! Assim eu não posso ser sua amiguinha!

- “Amiguinha”?! – repeti sem entender o que ela quis dizer.

- Sim, parceiros de tran—

- Cale-se! – Shizuka interrompeu, claramente constrangido e enciumado. – É melhor parar de brincar com ele. Isso já perdeu a graça, Tsuki-chan...

- OK, OK... Você não é a pessoa certa para ter ciúmes, mas eu sou uma mulher muito legal, então vou parar, tá? – e finalizou com uma piscadela para o marido, que ruborizou mais. Em poucos milésimos ela já me encarava com seu sorriso cativante. – E Siegfried, posso te chamar de Sieg-kun?

- T-tudo bem... – confirmei, sentindo minhas bochechas queimar. – Ah, posso fazer uma pergunta?

- Claro! Eu iria abrir a sessão perguntas-respostas agora! Vamos, pergunte, querido!

Engoli em seco antes de começar. Ela era hipnotizante demais. Se Bia souber disso, com certeza puxará minha orelha.

- Primeiro: o que o Floyd e os outros do laboratório esquisito estão fazendo com a Bia?

- Quem é Bia? – Tsuki questionou na mesma hora.

- É a garota que está em um tonel cheio d’água por três meses, segundo Floyd. Eles estão tentando encontrar algo nela, é o que eu sinto. Sabe algo a respeito?

- Hm... – ela ficou pensativa e colocou uma mão no queixo, além de fechar os olhos. Enquanto pensava, começou a forçar a memória, franzindo o cenho. Por fim, suspirou e respondeu. – Não sei o que o Floyd está fazendo, mas me lembrei de que já o questionei sobre ela antes...

- E ele disse algo sobre ela?

- Bem... Ele apenas disse que ele quer “encontrar o potencial escondido nela”. E disse que ela tem habilidades sobre-humanas que vão além do que respirar embaixo d’água.

Fiquei boquiaberto por alguns segundos, porém a ansiedade por respostas me consumia, então inquiri:

- Como o quê?

Ela riu fracamente e depois revelou com um olhar frustrado pela primeira vez:

- Floyd não me disse. Ele guarda alguns segredos macabros...

- Se é assim, por que você não investiga os arquivos e pesquisas dele? Você É a presidenta! Tem poder para isso!

- É verdade, mas... Ele é um membro permanente da cúpula. Não posso espioná-lo, a não ser que ele fosse acusado de algum crime ou algum subordinado meu. Mas... O Arashi já está fazendo isso, na verdade – apontou para o marido nesse momento, que nem ao menos reagiu. – Ele é um agente duplo: enquanto ele trabalha para mim para obter informações sobre Floyd, o desgraçado contratou Arashi para suas experiências malucas, além de pensar que o meu marido está me espionando a seu favor...

- Essa cúpula é bastante descontrolada... – comentei baixinho. – Será que eu devo confiar em vocês?

- Em nós dois sim, Sieg-kun – Arashi respondeu.

- Então, tá... Outra coisa: por que vocês nos salvaram?

- Eu disse antes: você é a reencarnação do herói Siegfried – Arashi interveio.

- Mas como vocês sabem disso?! – eu estava realmente confuso.

- Bem, o Floyd... – Tsuki tentou dizer.

- Pensei que não confiassem nesse cara – interrompi-a.

- Não confiamos, mas ele me esclareceu os objetivos dele com você, além de me dar provas.

Assenti com a cabeça. Ela sorriu em resposta e depois prosseguiu:

- Segundo as pesquisas dele, existem sete deusas que criaram o mundo e os seres vivos, além de manter as condições de vida do planeta até hoje com seus poderes. Entretanto, uma delas foi amaldiçoada ano passado, em 2036. O culpado é desconhecido, mas foi por causa dessa maldição que o mundo sofreu esse Armageddon. A deusa encarnou e caiu na superfície terrestre, criando aquela floresta no Rio de Janeiro.

Um flash veio na minha cabeça naquele momento... Quando eu encontrei Bia, ela estava na mesma floresta que Tsuki citara. Será que ela tem ligação com essa história ou seria apenas uma coincidência ela estar lá?

- Além disso, a deusa Shaitan veio até nós, a fim de ajudar, vendo nossos esforços desesperados e as pesquisas de Floyd. Ela informou que existem sete espadas que sua irmã, Humana, construiu, e que somente sete pessoas poderiam segurá-las. Esses sete são conhecidos como os Heróis da Evolução. E você é um deles, capaz de segurar à lendária Balmung. Encontramos mais dois heróis além de você, e um deles já é um oficial de alto escalão. O outro estava junto com você no quarto quando acordou, o estressadinho...

“O quê?! Eu vou ter que conviver com ele? Droga!”, pensei. Não queria alguém mais problemático que Bia e Tsuki ao meu lado. Então mais uma dúvida estalou em minha mente, e logo a verbalizei:

- Mas como vocês sabem quem são os Heróis?!

- Shaitan nos deu isso – Tsuki pegou um objeto da mesa e o ergueu. – A bússola dos Heróis!

A agulha da bússola apontou para mim na mesma hora. Engoli em seco. Uma bússola apontava para mim. Mas... não poderia ser apenas um truque? Como eu poderia acreditar em toda essa fantasia? Após uma breve hesitação, consegui encarar os olhos de Tsuki. Eles eram tão verdes que pareciam lançar raios contra mim. Senti um calafrio.

- Mesmo com essa bússola... – comecei trêmulo. – Eu... não posso crer.

- Claro que não! – Tsuki concordou, rindo em seguida. Ergui uma sobrancelha em dúvida. Quando conseguiu se acalmar, prosseguiu. – Nem eu ia acreditar em seu lugar. Bem, Shaitan, entre!

A porta se abriu repentinamente. Dela, saiu uma garota baixinha, de óculos, com uma carinha fofa, bochechas rosadas, um casaco e calças azul bebê, e uma blusa branca com um desenho de um cérebro e um prego fincado com a gravura do escudo da Civilização na cabeça dele. O cabelo dela era comprido, caindo até os quadris e preso em trança única, castanhos escuros e lisos. Quando me viu, ela sorriu gentilmente. Sorri de volta, apaixonado. Ela era muito fofa!

- Para de ficar babando pela minha onee-chan! – Arashi repreendeu-me. Onee-chan... é irmãzinha em japonês!

- Ela é... sua irmã?!

- Sim, minha irmã mais velha... Mas só o corpo, porque a mente está sendo possuída por Shaitan, a deusa do Conhecimento.

- O-o quê? Possuída por quem? – não entendi muito bem.

- Esta jovem se chama Shizuka Nemuru, a irmã mais velha do tolo Shizuka Arashi... – uma voz aveludada ressoou pela sala, oriunda da menina. – Porém, como eu estou dentro dela por muito tempo, ela acabou não crescendo... – ela cruzou os braços e suspirou, olhando para baixo por alguns segundos. Após pensar em algo, fitou meus olhos em análise Enfim, eu sou uma das sete deusas criadoras, Shaitan, a deusa do Conhecimento. Eu sou conhecida no Cristianismo como Satã.

Eu fiquei boquiaberto e de olhos esbugalhados. Satã?! Ela era o famoso Satã, o capeta? Mas espera, antes ela disse que era a “deusa do Conhecimento”... Isso não fazia sentido...

- Espera! Como que a “deusa do Conhecimento” pode ser o capeta?!

- Eu não sou o “capeta”, insolente! – ela ergueu a mão direita, e uma energia densa e esverdeada começou a se condensar nela em forma de esfera. Seus olhos, antes perolados, agora estavam vermelhos na íris e azuis na pupila. O óculos rachou em uma das lentes. Uma aura negra começou a envolvê-la, diminuindo a temperatura do local. Engoli em seco e dei um passo para trás.

- D-desculpe! E-eu... me enganei!

A menina fechou a mão, dissipando a energia acumulada, e depois a abaixou, começando a rir histericamente. Colocou a outra mão na boca para deter o riso, contudo isso só a fez rir mais ainda. Eu senti meu rosto queimar. Após algum tempo, questionei irado:

- Qual é a graça?!

- Você! – ela respondeu, entre risadas – Há, há, há, ha... Sua cara de susto... foi muito hilária!

E voltou a rir sem parar. Quando a garota se cansou, respirou fundo, cessou a gargalhada e explicou:

- Bem, isso de eu ser considerada o diabo é até razoável. Para o Cristianismo, o que vale é a fé, não o conhecimento. Quanto mais conhecimento, mais você se afasta da crença cega de que um Deus único atenderá tudo o que se pede. Por isso, a igreja católica condenou-o, transformando-me em um ser mau. Sim, sou má diante a fé, mas não diante a humanidade. Caso queiram conhecimento, recebo-os de braços abertos. Bem, é isso.

- Entendi... – respondi após alguns segundos enquanto processava a informação boquiaberto. – Bem, acho que agora acredito, há, há!

Depois daquela demonstração, que foi mais uma “brincadeira”, vi a diferença entre nós, humanos, e elas, deusas. Eu, que tinha achado a irmã de Arashi linda, agora tinha medo dela. Mesmo assim, ela continuava uma fofa!

- Só me chamou para isso, Tsuki-san? – Shaitan questionou, encarando-a desafiadora.

- Sim... – Tsuki confessou praticamente suspirando. – Queria fazê-lo acreditar no que está acontecendo e que ele é um dos sete heróis de Humana...

- Ah, então ele é um dos sete... Bem que eu senti uma aura diferente nele... Você é a reencarnação de Siegfried?

- Como descobriu tão rápido? – inquiri.

- Ora, você parece ter algo diferente, como os Heróis da Evolução... Uma aura diferenciada dos humanos normais. Porém, para eu descobrir qual dos sete você é, analisei a intensidade da aura. Como é muito fraca, concluí que é de Siegfried.

- Como assim?! O que quer dizer com isso?!

- Isso significa simplesmente que você é o mais fraco dos sete Heróis da Evolução.

Eu cerrei os punhos e os apertei. Eu era fraco, mesmo após ter sobrevivido a tudo aquilo? Não consegui mais encarar ninguém, e meu olhar repousou no chão coberto pelo carpete azul escuro.

- Mas não se preocupe. Por mais que seja a reencarnação do “Herói da Derrota”, você parece ser diferente de todos os outros quatro que conheci... No caso, você é a quinta reencarnação. Não sei qual é a diferença, mas eu sinto que, por mais que seja amaldiçoado, você é capaz de triunfar.

- Obrigado... – agradeci após um longo silêncio.

Não sei como poucas palavras acabaram com meu ânimo, todavia elas fizeram isso. Eu não consegui reagir. Minha mente finalmente havia reconhecido a superioridade dela, e eu apenas aceitei o que a deusa disse, sem questionar e fechando meu coração...

[FLASHBACK: OFF]

Fechei os olhos. Aquele dia havia sido mais cansativo do que eu esperava. Levantei rapidamente e troquei de roupa, usando um pijama novo que estava no closet. Antes de uma lágrima escorrer o meu rosto, entreguei-me para o mundo dos sonhos, dormindo profundamente. A música parou alguma hora, no entanto, nem me importei. Já estava relaxando mesmo...

Em algum momento, ouvi uma respiração suave e angelical. Em seguida, senti mãos e corpo quentes e macios se envolvendo em mim, apertando-me em um abraço aconchegante. Ao abrir os olhos levemente por causa da surpresa calorosa, vi que uma boca fina estava próxima a minha. Após alguns segundos, afastei-a um pouco com as mãos e quase gritei quando percebi quem era: Bia. Ela estava dormindo... abraçada em mim?! Como assim?!?! Senti minhas bochechas formigarem. Minha respiração estava pesada, e eu sentia falta de ar. Ela se aproximava cada vez mais, parecendo querer um beijo. Só naquele momento descobri o quanto sonâmbulos são perigosos. Meu coração batia descompassado. Eu não sabia o que fazer. Então, no momento em que achei que ela iria me beijar, a mesma desviou o caminho para meu ouvido e perguntou em sussurros:

- Você já acorodou, Sieg? Eu... tô preocupada...

Fiquei boquiaberto. Ela estava preocupada comigo? Quando caiu a ficha, sorri em triunfo. Estava feliz por ela se preocupar comigo. Finalmente meus esforços em protegê-la davam frutos.

- Sim, já acordei. Você pode parar de me tentar agora... – sussurrei de volta com tom ligeiramente sarcástico.

Ela deu um pulo da cama na mesma hora. Eu arregalei os olhos. Ao ficar de pé para mim, consegui ver que ela usava apenas lingerie. Meu nariz ardeu. Segurei-o para que nada estranho acontecesse. Ela ergueu uma sobrancelha. E, depois olhei novamente, contudo dessa vez para a testa. Ela estava sem o pano preto, e... não havia nada. A testa estava lisinha, sem nenhuma imperfeição.

- Como você percebeu que eu estava acordada?! – ela questionou enrubescida.

Por algum motivo, vê-la de lingerie era mais constrangedor do que nua. Lembrem-se de que eu já a vi assim, no momento em que a salvei. Mesmo assim, eu pensei o quanto idiota isso era, já que eu já vi tudo. Então, fazendo esse pequeno jogo mental, encarei-a com um sorriso e respondi:

- Eu não descobri. Estava apenas brincando. Mas parece que eu acabei acertando – e dei uma pequena gargalhada fraca em seguida.

- Pare de fingir que está tudo bem – ela ordenou, franzindo o cenho e cruzando os braços. – Sinto que você está surpreso.

- Sim... – confessei logo. – Você dormindo ao meu lado na cama já seria estranho, mas você consciente, apenas deitada e fingindo dormir... É pior...

Bia fez cara de decepcionada, desviando o olhar e ficando ainda mais vermelha. Senti que ela não gostou do comentário.

- Espera, calma! – tentei reverter – Eu apenas fiquei surpreso! Não é algo que você faria normalmente. Mas... Por que fez isso?

- Eu estava preocupada com você, pois eu tentei te acordar de várias maneiras e não consegui. Então tentei deitar do seu lado, só para ver se acordava... E, bem, essa é a única roupa que aquele cientista pervertido deixou para eu vestir quando eu fui liberada daquilo.

- Eu acho que entendi... – confirmei inseguro. – O cientista você diz... É o Floyd? – ela assentiu com a cabeça. – Você que desligou o meu MP3? – ela assentiu novamente com a cabeça. – E por que você tava dentro daquele tonel de água por três meses?

Esperei que ela fosse negar que tinha ficado aquele tempo todo, todavia não o fez. A loura simplesmente respondeu:

- Eu... precisava passar por aquilo porque... eu estava doente.

- Hã?! – estranhei, contorcendo a cara. – Por três meses?! Sem respirar?!

- É... – ela hesitava em responder. Estava trêmula e insegura. Com certeza guardava um grande segredo, por mais que parecesse frágil. – Eu... sim, eu fiquei lá, sem sair, por três meses... Mas... eu tenho uma habilidade incomum de respirar por baixo d’água! – ela praticamente cuspiu em gritos as últimas palavras.

- Como assim?! Ninguém faz isso! Você é um peixe ou uma sereia, por acaso?

- Não, mas... – ela não conseguia mais me encarar no olho.

- Então como? – gritei já impaciente.

Eu a estava pressionando contra a parede e sabia disso. Entretanto eu ansiava por respostas. Um silêncio se instalou no quarto. Eu sentia a pressão entre nós aumentar cada vez mais, até que Bia não agüentou mais e tentou confessar:

- Eu... Eu...! Eu na verdade sou a... a... cul—

Abracei-a nesse momento, dando um salto da cama e a alcançando em segundos. Ela não reagiu na hora, mas logo completou o abraço, afundando sua face em meu tórax. Logo senti lágrimas silenciosas e quentes escorrerem pela camisa do pijama.

- Fique calma – sussurrei em seu delicado ouvido esquerdo. – Eu errei ao pressioná-la. Me perdoe...

Bia não respondeu, apenas aumentou o volume do choro, e, após algum tempo, tentou se afastar. Usei uma mão e a aproximei novamente.

- Não fuja de minha presença novamente. Eu estou aqui para confortá-la.

Ela parecia surpresa, e, depois de um breve momento, pude ouvir as incontroláveis, ardidas e intensas batidas cardíacas amorosas, e aposto que a cara dela estava corada enquanto se escondia em meu peito. Ficamos assim por alguns minutos. Dessa maneira, eu a confortava enquanto eu continuava cheio de dúvidas sobre mim mesmo e sobre este lugar, sobre ela e sobre o que estava acontecendo.

***

Bia dormiu novamente, e eu fui tomar um banho. No banheiro do meu quarto havia uma grande banheira, e logo que a vi, meus olhos brilharam de felicidade. Após prepará-la com uma relaxante água quente, resolvi me banhar. Enquanto relaxava sentado na banheira, ouvi passos lentos e furtivos se aproximando. Eles eram baixos a princípio, entretanto logo ficavam cada vez mais altos, até que alguém abriu a porta do banheiro e a fechou atrás de si. Olhei para o lado e só não soltei um grito de espanto para não acordar Bia.

- Olá, Si-e-g-kun! ♥

- Tsuki... – reconheci totalmente constrangido. Ela estava nua. – O-o-o-o-o-o q-q-q-q-q-que e-e-e-e-está fazendo AQUI?!

O corpo dela era muito melhor do que eu pensava. Belas curvas, uma pele lisa e pálida, bustos modelados, com mamilos com uma perfeição extrema. Seu quadril também não ficava para trás, e sua cintura era bastante fina. O corpo dela era, literalmente, um violão. E seu púbis... raspado! Era mais constrangedor observar uma mulher adulta do que uma adolescente pelada, descobri naquele momento. Meu nariz formigava. Eu estava começando a fica desesperado.

- Ora, eu apenas vim lhe falar algumas coisas que acabo de descobrir... – Tsuki respondeu como se NADA estivesse acontecendo. – E, bem, já que meu Sieg-kun está tomando banho, resolvi me juntar a ele... Hi hi!

O sorriso dela, assim como o resto de seu magnífico corpo, estava me enfeitiçando, só que mil vezes mais eficientemente do que na primeira vez que a vi. O nervosismo continuava, porém eu já estava quase inconsciente, deixando meu lado pervertido, que todo homem têm, assumir... Tsuki, sem pedir, entrou na banheira, ficando de frente para mim. Entrou devagar, só para eu ver o interior dela. Eu até tremi um pouquinho com a coragem dela.

- Bem, o que você quer que eu faça primeiro? Que eu dê as informações ou que te faça se sentir bem?

“... que te faça se sentir bem?”, “... que te faça se sentir bem?”, “... que te faça se sentir bem?”, “... que te faça se sentir bem?”... Aquela última parte da pergunta dela se repetia infinitamente em minha mente enquanto eu estava em total transe. Após hesitar em puras divagações fantasiosas, avancei no seios dela em um salto. Parte da água e sabão da banheira voaram para fora. Apertei um, e o outro eu já iria chupar.

- Oh! Como você é proativo! Mas... É melhor tomar cuidado...

- O quê? – voltei à consciência.

Eu estava em pé, nu, com ele em pé e com as duas mãos nos seios da presidenta, e... Bia estava de toalha na porta do banheiro.

- O que... significa isso?!

- E-e-eu posso explicar! – gaguejei!

- Não quero explicação nenhuma, mentiroso! – Bia arquejou em resposta, saindo correndo e largando a toalha, ficando igualmente nua. Ela saiu do quarto assim mesmo, sem pensar nas consequências.

- Ei, espera! – gritei, indo correr atrás dela e saindo da banheira com um salto.

- Calma, garoto – Tsuki segurou meu pulso, ainda sentada na banheira. – Vamos continuar aqui! Ela vai ficar bem...

- Não vai não! Me solta! – gritei, tentando me desvencilhar dela.

- Então tá, depois eu te digo o que eu descobri... Mas... é melhor você se secar e vestir uma roupa, não?

Um vento gelado passou repentinamente, e, como eu estava pelado, tremi todo. Depois disso, assenti com a cabeça e fui logo me arrumar. Quando consegui me vestir, abri a porta do quarto para ir atrás de Bia, porém quem estava nela era a própria, coberta por uma toalha azul, e Arashi, que estava cheio de papéis enrolados no nariz...

- Eu achei ela correndo e chorando pelos corredores, então a trouxe de volta – Arashi informou. Bia segurou o choro com um gemido. – Não sei o que aconteceu, mas vocês têm que se dar bem, até porque dormirão juntos nesse quarto a partir de hoje. São ordens da... O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AÍ NA BANHEIRA DELES?!

- Ahahaha! – Tsuki riu, olhando para o marido. – Desculpa, foi culpa minha. Ela fugiu porque me viu junto do Sieg-kun.

- Você e suas brincadeiras... – Arashi comentou após um suspiro profundo.

Tsuki riu um pouco e depois voltou o olhar para Bia.

- Menina, fique calma. Eu seduzi o Sieg-kun, e ele acabou se empolgando. A culpa foi minha. Era para ser só uma brincadeira, mas eu passei dos limites. Então não o culpe, e sim a mim.

Bia lentamente moveu a cabeça, que estava baixa, até a altura suficiente para ver Tsuki sentada na banheira de onde estava. Após encará-la sem expressão por alguns segundos, simplesmente respondeu com a voz embargada e carregada de ódio:

- Mesmo assim não posso perdoá-lo. Ele... poderia ter se segurado, como ele fez comigo... Como... várias vezes ele...

- Eu já disse, garota. Eu o seduzi – Tsuki assumiu uma expressão séria, saindo da banheira e logo se cobrindo com uma toalha branca que estava próxima. – Ele acabou sendo pego pela maldição do amor que está sobre o meu corpo. Entendeu agora?

- Você está com a maldição?! – Bia estranhou. Por algum motivo ela entendia o que Tsuki estava falando.

- Sim, em parte. Arashi me passou após nós... você sabe.

- Ah, entendo... – ela suspirou aliviada. – Ainda bem! Pensei que ele tivesse me traído! Mas vejo que foi apenas um golpe sujo seu...

Espera, o que Bia está dizendo? Ela pesou que eu a traí?! Como assim?! Não... estamos namorando nem nada...”, pensei confuso.

Tsuki gargalhou histericamente por um tempo. Depois pediu que eu e Bia esperássemos um pouco enquanto ela se vestia para nos explicar a nova informação que ela obteve, e Arashi voltou para suas funções, saindo do quarto rapidamente. Após se vestir, o que demorou um tempo, Bia entrou no banheiro e foi a vez dela se vestir. No meu closet havia roupas para ela também, então a mesma pegou uma comum, para se usar em um ambiente social. Enquanto ela se vestia, Tsuki sentou junto comigo na cama. Ela me cutucou e inquiriu:

- Quer saber quem ela realmente é?

- Ela quem? – rebati a pergunta sem entender.

- Essa garota, a sua namorada.

- E-e-ela não é... minha...

- Ah, pare de esconder. Sei que vocês se amam. Dá para sentir de longe! Enfim... você quer saber o que ela realmente é?

- E você sabe?

- Não, mas eu tenho uma forma de descobrir. Amanhã serão seus testes físicos. Se conseguir uma nota razoável, já posso te encaminhar uma missão sobre minhas absolutas ordens para descobrir sobre isso. Segundo Arashi, há um documento perdido de Floyd na superfície, onde as mais importantes missões ocorrem. Ele mandará alguém a seu comando em uma missão depois de amanhã para resgatá-los. Sua missão será roubá-los para mim antes dele. Topa ou não topa?

Um silêncio se instalou naquele momento. Comecei a pensar como seria a superfície destruída e abandonada do Japão, além de que, como dito antes, os monstros...

- É lá em cima que aquelas criaturas ficam? – questionei.

- Sim – ela respondeu automaticamente. – Lá é extremamente perigoso. Muitos soldados não voltaram. Além disso, não posso confiar a ninguém essa missão que não seja você, meu soldado exclusivo. Como Arashi é meu espião, não posso colocá-lo na linha de frente. Só sobrou você, pois os outros podem estar sendo usados por Floyd...

- Está dizendo que Floyd está dominando a Civilização? – arqueei uma sobrancelha.

- É, quase isso. Ele tem até mais influência do que eu aqui dentro, devido aos seus engenhosos argumentos...

Eu acho que ele ganha muito mais de você do que só em argumentos... Quem sabe no profissionalismo, na postura, no comportamento...”, pensei indignado.

- E eu acredito que ele tenha algum plano secreto, algo perigoso... Tenho que impedi-lo rápido. Caso consigamos recuperar o arquivo, poderemos estar um passo a frente dele. Mas... essa missão será extremamente perigosa, pois você pode acabar tendo que enfrentar poderosas criaturas da superfície, além do soldado de Floyd. Mesmo assim, você topa?

- Eu nem tinha dito se topava antes! – arquejei. – Deixa eu pensar...

Realmente os riscos eram muito altos. Minha vida estava por um fio. Contudo... eu tinha que tentar. A humanidade poderia estar em minhas mãos naquele momento. Eu preferia confiar em uma pervertida estranha, porém séria nas horas certas, do que em um cientista louco que só deu lingerie para... a Bia vestir. Após pensar por bastante tempo, acabei respondendo:

- Pode contar comigo.

Eu ignorava os riscos. Eu tinha que conseguir. Tinha.

- Sieg, o que ela te disse? – Bia questionou ao sair do banheiro com um olhar inquisitivo e ligeiramente ciumento.

- Ela me deu uma missão – respondi simplesmente, levantando-me da cama.

- O quê?! – Bia espantou-se. – Mas já?

- Sim... Espera! Você não está nem um pouco confusa com o que está acontecendo?

- Não, já me deixaram a par de tudo.

- Hm... Por que você não me explica depois?

- Você já sabe – ela rebateu.

Engoli em seco e abaixei levemente a cabeça, analisando a expressão de Bia. Com certeza ela não me falaria nada. Após alguns segundos encarando-a seriamente, suspirei, declarando derrota.

- Bem, agora é só esperar por amanhã, para os tais testes... – declarei.

- Sim... Desejo sorte! – Tsuki desejou, saindo do quarto logo em seguida.

- Sieg... – Bia chamou com a voz embargada novamente.

- O quê?

- Por que ela te chama de Sieg-kun? Desde quando vocês são tão íntimos?

- Não somos íntimos! – respondi levemente nervoso com a acusação. – Eu sou inocente! Desde o início ela vem me atacado desse jeito pervertido dela! Eu...

Ela suspirou novamente.

Eu também suspirei.

Desabamos na cama.

Dormimos juntos, um ao lado do outro, do jeito que caímos.

***

- O quê?! COMO ASSIM?! – Tsuki berrava irada contra o técnico dos militares, Shinrasei Tekki.

- Me desculpa, Tsuki-chan, mas essas são os rank e notas dele – Tekki respondeu tenso, já suando. – Já refiz os testes cinco vezes! Todos eles deram isso!

- Mas... não é possível...

- Qual é a nota, Tsuki? – questionei.

Uma lágrima ameaçava cair dos olhos de Tsuki. Após um longo vácuo, ela me entregou o papel com os resultados sem dizer uma única palavra, retirando-se do local em seguida. Depois de vê-la partir, olhei para a folha, e, ao ver meu resultado, arregalei os olhos em espanto.

F+

Aquela era a minha nota final/rank. Mesmo que no quesito “tática” eu seja “S”, que é dois ranks acima de “A”, nas outras eu fui mal. Esquiva também fui bem, “A+”. Mas minhas outras habilidades de batalha eram péssimas. E, decepcionado, além de ser reprovado, ainda tive que concordar com Shaitan/Nemuru sobre o que ela disse sobre mim: eu sou o mais fraco dos Heróis da Evolução.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo! Eu demorei mais para postar e ficou mais longo por causa das explicações e do fan service, me perdoem... Enfim, espero que continuem a ler!