Cold World's Legend escrita por Teud


Capítulo 4
Loura Teimosa (parte 2)


Notas iniciais do capítulo

Desculpa, gente, mas tive que sair correndo do computador para ir a igreja (sou obrigado a ir...). Agora que estou de volta, aproveitem o resto do capítulo...



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Um dia se passou desde que Bia partiu. Após eu comer meu almoço, que foi um macarrão instantâneo com um bife de cachorro, saí de casa para repor meu estoque de suprimentos. Por causa der Bia, gastei muita coisa. Realmente garotas são exigentes!

Enfim, em meu caminho no meio do intenso frio e chuva, ouvi um estranho barulho. Mesmo que a chuva nos deixasse quase surdos, eu consegui ouvir alguém sendo arrastado. Ignorei o fato e caminhei até uma casa. Usando um maçarico, arrombei um portão rapidamente. A casa era grande, então presumi que a casa pertencia a uma família rica, porém no momento estava deserta.

"Ótimo!", comemorei mentalmente. "Deve ter muita coisa para se usar daqui!".

– Seria uma pena se alguém não deixasse você fazer o que quer... - um homem disse atrás de mim.

– O quê?! - estranhei, sacando a faca.

Quando eu iria me virar para trás, ele apertou minha jugular e meu corpo começou a ficar mole.

"Merda...", reclamei enquanto caía.

Antes de cair no chão gelado, minha visão se escureceu.

***

Acordei lentamente, pois ainda estava cansado daquele dia em que salvei Bia. Percebi que estava sentado no canto do chão do cômodo, com as mãos algemadas a parede atrás de mim, além de ter uma porta ao meu lado. Não sei quantas horas fiquei desacordado, mas sabia que estava dentro da mansão que planejava invadir. Eu estava em um andar acima do térreo, pois havia uma sacada a minha frente, e só de esticar um pouco o pescoço, vi o portão que arrombei. Logo após vê-lo, desabei de novo no chão e suspirei.

"Estou preso. Puta que pariu", pensei.

Algum tempo depois, um homem chegou com um saco e entrou na minha frente. Com um largo sorriso no rosto, jogou o saco no piso simplesmente soltando-o, causando um grande barulho. Uma pessoa, que provavelmente estava dentro do saco, gritou abafadamente. Eu conhecia aquela voz...

– Cara, eu não sei o que eu faço com ela. Você pode me ajudar a decidir? - o homem questionou, ainda sorrindo.

Ergui uma sobrancelha.

– Como assim? Você me capturou só para isso?!

– Claro que não! - ele bufou, soltando uma risada freada depois - Eu quero saber onde você tá escondido, idiota! Me diga onde você tá guardando suas coisas. Vou pegar tudo, mas vou te deixar vivo.

– Mas nem...--

– Se não colaborar, eu mato você e a moça.

– Moça? Que moça?

– Achei que conhecesse... - ele abriu e desceu o saco, revelando uma Bia com lágrimas no rosto, suja, molhada e amordaçada.

Arregalei os olhos com o susto.

– Você não quer que ela morra, né? - o homem continuou. - Bem, a gente pode mudar o trato...

Franzi o cenho. O sorriso dele aumentou.

– Eu posso te soltar, você fica em paz com suas coisas e eu fico com a garota. Que tal?

Ela tentou protestar, mas como estava amordaçada, não deu muito certo.

– Nada feito - respondi na mesma hora. - Quem me garante que você não fez a ela?

– Isso...

Ele rasgou as calças e a calcinha que ela usava, e abriu os lábios da vagina com os dedos. Ela corou na mesma hora.

– Consegue ver o hímen? E está limpinho lá dentro... - ele soltou o órgão após eu assentir com a cabeça e em seguida jogou o saco por cima dela para cobrir as vergonhas - Acredita agora em mim? Eu só farei algo com ela se você permitir.

– Por que jogar com regras tão triviais? Estamos em um mundo pós-apocalíptico. Não precisamos disso.

O rosto de Bia estava apavorante. Ela estava totalmente apavorada, e minhas palavras provavelmente a deixaram mais nervosa. Não que eu me importasse de verdade com isso.

– Isso significa... - ele começou - que eu posso fazer qualquer coisa com ela?!

– Sim, eu não me importo.

– Então... - ele começou a descer o zíper da calça.

– Mas... eu tenho dois pedidos a fazer antes de você comer ela.

– Fale.

– Primeiro: me liberte. Não farei nada com você.

– Óbvio! Eu peguei suas armas!

Mexi levemente a perna direita.

"Ótimo, ainda está aqui...", comemorei mentalmente.

– Tudo bem... Segundo: após me libertar, pode fazer o que bem entender com ela, mas primeiro a beije.

Bia franziu o cenho, zangada comigo. Ela iria é me agradecer depois. Com certeza.

– Faremos assim: - ele enumerou - primeiro eu te liberto, dou um beijo nela, você sai, pega as suas coisas e nunca mais volta aqui.

– Onde está minha mochila? - questionei.

– Atrás de você, do outro lado da parede.

"Perfeito", pensei.

– OK... Dá pra me soltar agora?

– Com todo o prazer! - ele respondeu, correndo em minha direção e pegando a chave dos grilhões do bolso.

"Ele não tá muito animado para libertar um prisioneiro?", inquiri logicamente.

Após ele destrancar as algemas e me ajudar a tirá-las, me ergueu e disse:

– Agora vá... PARA O INFERNO!

Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, ele me atacou com a minha faca. "Exatamente como minha segunda previsão...", pensei.

Puxei minha adaga escondida em um remendo da calça em milésimos de segundo e defendi-me do ataque. Ele sorriu e admitiu:

– Até que você é rápido...

– E você um cara interessante, porém...

Desvencilhei-me da lâmina onde minha adaga estava trincada e antes dele reagir, perfurei o coração do sujeito de uma vez só. Sangue jorrou da chaga mortal, sujando uma bochecha dele e minha, além de formar uma breve cachoeira rubra antes dele desabar no chão. Aproveitei que o corpo ainda estava quente e mole e peguei a faca e outros pertences meus roubados. Limpei a adaga na roupa do cadáver e em seguida libertei Bia. Ela estava muda de tanta perplexidade, entretanto aquilo não me interessava. Virei as costas e disse:

– Adeus.

– Espera, Sieg! - ela chamou. - Eu não vou com você?

– Não. Você queria viver sozinha, agora aguenta o tranco.

– Mas eu tava errada! Eu... - ela pausou, e em seguida diminuiu o tom para sussurro - não consigo... viver sozinha...

– O quê?! - fingi que não escutei.

– Eu não consigo viver sozinha! - ela repetiu, dessa vez gritando.

– Tudo bem. Então procure alguém para te ajudar, porque eu não tô mais afim.

– Por favor, me ajude! Nem que seja só com as roupas!

– Não.

– Por favor!! - ela já estava implorando de joelhos.

– Hm... Por que eu deveria fazer isso?

– Por que... não sei. Não há motivo. Mas... eu não posso viver sem você! - as lágrimas voltaram a rolar.

Dava para ver nitidamente o quanto ela sofreu. A solidão é mais traiçoeira do que as pessoas acham, e eu a entendia completamente.

[FLASHBACK: ON]

– Filho, sai desse quarto! - minha mãe gritou mais uma vez. Eu já estava perdendo a paciência. - Desce aqui e fique junto com sua família!

– Mãe, ME DEIXA EM PAZ!! - gritei em resposta. - Se você continuar me enchendo o saco, vou perder a fase!

– Mas Sieg, você...

– Eu nada! Tenho que ganhar EXP! Depois, quem sabe, a gente tem esse "maravilhoso" momento em família.

Minha mãe bufou e resmungou algo.

***

Quando descobri que toda a minha família morreu, me arrependi não só do tratamento ruim que eu dava com toda a minha família, mas também por não ter lhes dado a devida atenção.

[FLASHBACK: OFF]

Lembrando-me daquilo, me dei conta de que já passei quase o mesmo que ela. Perdi todo o meu ponto de apoio por pura negligência inconsciente. Eu não devia julgá-la daquele jeito, pois eu também já fiz isso e me dei mal. Queria confortá-la, mas somente para me confortar. Abracei-a e sussurrei em seu delicado ouvido:

– Não chore mais. Eu cuidarei de você.

Ela completou o abraço, trocando calor comigo. Realmente foi reconfortante aquele reencontro. Logo ela relaxou e dormiu. Cobri-a com o saco e voltei para casa.

***

Deitei-a na cama e escrevi um bilhete, colocando-o ao lado dela e em cima da cômoda para que ela lesse ao acordar. Dizia o seguinte:

Bia, você pode até viver junto comigo, mas assim que você se recuperar, vai ter que me ajudar EM TUDO! Seja útil e aumente as chances de sobrevivência de nós dois. Pare de ser tão teimosa.

Depois de colocar o bilhete no lugar devido, desabei na cama e dormi por um longo, mas muito longo tempo.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Deixem comentários!