P.s.: Eu Te Amo escrita por Dreamy


Capítulo 26
Encontros


Notas iniciais do capítulo

Olá!!!
Hoje não vou enrolar, só quero agradecer a todas que comentaram e espero que aproveitem o capítulo!!!
Bjoss



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Capitulo 26 - Encontros

Eu me olhava no espelho do meu quarto pela ultima vez, apreciando o decaimento do tecido negro sobre meu corpo. Deslizei a mão pelo meu quadril ficando satisfeita com o resultado. Prendi os cabelos o máximo que consegui, o que foi difícil estando eles da altura dos ombros, calcei a sandália e no momento em que passava o perfume a campainha tocou. Suspirando em desamino, olhei no relógio verificando que ele estava extremamente pontual.

Bem que eu queria uma desculpa para cancelar o encontro, pensei, uma desculpa como um atraso. Mas Clay Jensen não estava atrasado, então pegando minha bolsa e guardando a varinha fui em direção a porta. Quando abri Clay me esperava com um sorriso estupido no rosto e um buque de rosas vermelhas na mão. Eu não pude acreditar no que vi.

–Para a mais bela de todas as rosas. – ele disse me entregando o buque. Sinceramente, eu quis atirar o buque na cara dele, como faria com qualquer outro que ousasse fazer isso.

–Você esta tentando me comprar com um buque de rosas Jensen? – perguntei arqueando uma sobrancelha.

–Absolutamente. – ele respondeu sorrindo. Essa era a merda em estar na companhia de Clay, ele estava sempre sorrindo, sempre fazendo o possível para me fazer sorrir, e como consequência eu me sentia culpada por sentir raiva dele. – Mas já que estamos negociando, pode dar seu lance que eu arremato.

–Vamos embora. – respondi ignorando seu ultimo comentário.

Clay guiou a aparatação e me levou a um restaurante trouxa em uma área nobre de Londres. O restaurante era adorável, não que eu fosse admitir isso a ele.

–Você me trouxe a um restaurante trouxa? – perguntei incrédula assim que chegamos.

–Bem... sim, achei que seria ideal, por que a comida é maravilhosa e o ambiente é bem legal, você vai gostar. – antes que eu pudesse fazer alguma coisa Clay pegou minha mão e me puxou para dentro do covil trouxa.

Não posso negar a mim mesma que realmente a comida era muito boa, o ambiente era muito agradável e eu realmente tinha gostado. Apesar de quase sempre sentir raiva dele, a conversa com Clay fluía, era algo fácil. “Quase tão fácil quando era conversar com James.” Uma voz irritante disse na minha cabeça, mas a calei imediatamente, eu não queria pensar em James naquela noite.

Desde meu encontro com Ginny e Harry Potter eu já tinha visto Helena duas vezes, duas vezes em uma semana. Em ambas as vezes eu fui escondida do James, o que era meio humilhante, mas eu era covarde demais para aceitar um confronto frente a frente com ele. Por mim, esse arranjo estava ótimo. É claro que eu não poderia esconder isso por muito tempo, mas enquanto eu pudesse permanecer assim eu permaneceria.

– Terra chamando. – Clay estava estalando os dedos na minha frente.

–Sim, eu estou escutando. – respondi automaticamente.

–Ora, claro que você não estava me escutando Hestia, - ele sorriu – a conversa comigo esta tão chata assim? – ele fez uma cara de cachorro sem dono.

–Não seja bobo Clay, claro que eu estava escutando. – assegurei apesar de na verdade não ter ideia do que ele falava. Eu esperava que fosse alguma coisa fútil, como geralmente ele falava. Não que a conversa dele fosse inútil, mas muitas vezes era... fútil. Desnecessária melhor dizendo. Quer dizer, fazer piadas era bom, mas não acho que seja útil em todas as conversas. O que não queria dizer que não me divertia, nem que fosse difícil.

–Você passou a noite inteira dispersa – de repente ele estava serio, então o bobo da corte sabe falar serio!? – eu sei que tem alguma coisa que você não vai contar acontecendo na sua vida, mas poxa Hestia deixa eu me aproximar de você. – ele colocou a mão sobre a minha na mesa – Do que você tem medo?

–Do que você esta falando? – perguntei na defensiva.

–Você parece ter medo de sentir, tem medo de gostar. – ele apertou a minha mão.

–E você pelo visto não tem medo de morrer. – retruquei pegando minha varinha e colocando em cima da mesa em um lugar bem visível para ele.

–Você tem medo que eu te faça sentir amor, prazer. – ele apertou mais ainda minha mão, me encarando.

–Eu já matei uma pessoa Clay Jensen, não se esqueça disso. – ameacei – Para matar outra é mais fácil ainda.

–Você tem medo de se entregar a mim e gostar. É isso.

Eu respirei fundo. A única coisa que me impediu de estupora-lo, mata-lo ou sair daquele maldito restaurante trouxa foi o fato de que ele estava coberto de razão. Clay estava completa e absurdamente certo. Ele perguntou do que eu tinha medo, e a resposta era simples. Eu tinha medo de esquecer o James e me apaixonar por outra pessoa, por isso nunca permiti que ninguém transpusesse meus limites, por isso Clay me irritava e mesmo que eu negasse, me intimidava, por que ele, apesar das minhas ameaças, transpunha todos os limites que eu erguia para mim mesma.

–Estou certo? – ele perguntou presunçoso.

Eu bufei e levantei da mesa. Aquela era minha reação natural, se a pessoa me encurralava eu fugia, simples e fácil. Mas é claro, nem tão simples, nem tão fácil com Clay.

Ele me seguiu para fora do restaurante, segurando meu pulso para me impedir de aparatar sem levar ele junto. Enquanto saímos Clay pagou a conta a um garçom, o que deve ter deixado o garçom muito feliz porque a quantidade de notas trouxas que ele entregou era suficiente para dois ou três jantares como esse.

–Você não vai fugir. – ele sussurrou no meu ouvido quando já estávamos fora do restaurante caminhando em direção ao mesmo beco que tínhamos aparatado. Eu tentava soltar meu braço, mas a força que ele colocava provavelmente deixaria um hematoma no meu punho. – Você não vai fugir de mim Hestia. – a droga de um arrepio cruzou minha espinha me fazendo me amaldiçoar por sentir aquilo.

Eu queria brigar comigo mesma por estar sentindo aquilo quando na verdade eu deveria estar odiando ele. Era exatamente esse tipo de reação que eu tentava desesperadamente evitar.

–Solta o meu braço agora, ou eu estuporo você aqui mesmo. – ameacei no mesmo tom que falava com meus pacientes, calmo, tranquilo, decidido e sem chances para argumentos, apontando a varinha para o peito dele.

–Não dessa vez. – seu tom era bem mais definitivo que o meu. Ele segurou o pulso da mão que eu impunha a varinha, não me deixando escolha a não ser abaixar a mão, ele colou seu corpo ao meu, me encostando em uma parede. Sua respiração estava no meu ouvido, descompassada e mesmo me odiando mortalmente eu não podia deixar de notar que eu já estava ofegante. – Dessa vez você não tem querer.

Seu beijo não devia ter sido uma surpresa, pela forma como ele me pressionava contra a parede, mas acontece que eu nunca tinha imaginado que ele fosse capaz de um ato como tal. Sua língua invadiu minha boca com violência, seus lábios machucaram os meus, ele segurou minhas mãos apenas com uma mão e a outra voou para minha nuca, desmanchando o penteado e puxando meus cabelos.

Foi isso que me trouxe a tona novamente. Sua mão nos meus cabelos puxando era de uma forma meio masoquista para me trazer prazer, mas talvez, devido a forma como tinha começado tudo isso, ou talvez devido a força que ele estava usando para me conter, em vez de prazer eu sentir dor. Me senti inútil, por que eu queria manda-lo parar, mas não conseguia me mover por que seu corpo estava colado ao meu, não conseguia falar por que sua língua ainda explorava minha boca. Só então me lembrei de um detalhe tolo que meu pai um dia me falara e o chute entre suas pernas lhe acertou com a maior força que eu consegui.

Clay cambaleou para trás, meus dedos latejaram de dor ao receberem sangue novamente e eu sentia um misto de excitação e repugnância que jamais tinha sentido em toda a minha vida. Uma parte de mim queria desesperadamente que Clay continuasse com esse jogo agressivo, outra parte me gritava para sair dali, mas antes nocauteá-lo e cortar seu brinquedinho para ele nunca mais se atrever a me forçar a nada.

–Hestia... – Clay estendeu a mão para me tocar, mas apontei a varinha pra ele e dessa vez, felizmente, ele viu que eu não estava brincando. A merda é que por um ou dois segundos eu quis desesperadamente que ele arrancasse a varinha daminha mão e recomeçasse a me beijar, mas mantive a varinha firme.

–Melhore seus métodos de conquista Jensen. – falei o encarando.

Então um pânico tomou conta de mim e eu quis sair correndo de lá. Um sentimento louco cresceu dentro de mim e a única coisa que eu consegui pensar era que eu estava traindo o James. Com a traição me consumindo desaparatei de lá deixando Clay me encarando como se não pudesse acreditar no que via.

Cheguei em casa e fui direto para o banho. Eu me sentia suja e pior que isso, me sentia invadida. Eu era uma bruxa, mas tive que usar a força bruta para me livrar dele, como uma trouxa qualquer. A agua escorria pelo meu corpo e eu esfregava com a maior força, tanto que depois do banho estava toda vermelha, mas não me incomodei. Olhei no relógio e vi que era quase meia noite, suspirando e querendo esquecer tudo deitei na minha cama. Infelizmente Clay Jensen não me abandonou nem em meus sonhos e eu acordei com raiva no dia seguinte. Quem ele pensava que era para invadir meu sonho? Ainda mais “daquela” forma? Estupido, estupido, estupido.

Engraçado, por que por mais que eu não quisesse as palavras de Clay não saiam da minha cabeça, e volta e meia eu me pegava pensando no que ele tinha me falado. Nem mesmo ocupando minha cabeça com os piores casos do St. Mungus eu conseguia esquecer e Clay olhando para mim inquisitivamente o dia todo não ajudou a colocar a cabeça em ordem. Não que minha vida tivesse alguma coisa em ordem nos últimos meses, mas...

Enfim, eu queria apenas viver minha vida em paz, mas não, tudo tinha que virar de cabeça para baixo no momento em que James Potter entrou no hospital desacordado por culpa de um maldito jogo de quadribol. Por que a culpa de tudo era dele e exclusivamente dele. Porem no momento eu estava disposta a culpar Clay Jensen também. Quem ele pensava que era?

–Tenho a impressão que você esta pensando em mim. – Clay sentou na cadeira vazia a minha frente.

Fingi que não o tinha escutado.

–Desculpe pelo que eu fiz ontem, eu não queria te agarrar daquela maneira, quer dizer eu queria, mas não sem o seu consentimento. – ele falou, mantive meu olhar em algum lugar da parede a frente. – Hestia me desculpe, mas eu quero tanto você que não consegui me controlar ao te ver tão perto de mim.

Olhei para ele, o tom de sua voz me chamou atenção. A forma como ele disse que me queria foi intenso.

–Pouco me importa se você me quer. – o fuzilei com o olhar – Eu. Não. Te. Quero. – falei cada palavra devagar o olhando com mais raiva do que eu realmente sentia.

–Eu sei. – ele sorriu sem humor algum. – Me da uma chance de fazer você me querer. – ele pediu.

Eu sorri debochada.

–Você não tem orgulho? Não tem brio? – balancei a cabeça – Ah claro, você não honra nem mesmo o sangue mágico que corre em suas veias.

–O que isso tem haver com nos dois? – ele perguntou confuso.

–Primeiro de tudo: não existe nós. Segundo: não importa o quanto eu pise em você, você sempre vai esta no meu pé não é? – perguntei divertida.

–Eu não desisto de você. – ele falou. – O que eu sinto por você é maior que qualquer orgulho. Eu sou apaixonado por você Hestia. – ele sussurrou.

–Eu não me importo. – murmurei.

–Me da uma chance? – ele pediu de novo.

– Para de se humilhar. – critiquei.

–Você não pode negar que sentiu alguma coisa ontem, que eu te afetei de alguma forma, que eu fiz você sentir desejo por mim. – ele segurou minha mão por cima da mesa, mania irritante – Você vai negar Hestia?

–Não estou negando nada Ja... – calei abruptamente ofegando. – Clay. – completei sentindo meu rosto esquentar.

Maldição!

Clay tomou minha reação como uma confirmação da sua teoria e se tornou mais confiante. Se aproximou de mim, de repente, nossos rostos próximos, ele me olhou nos olhos e começou a se aproximar mais ainda, ate que seus lábios quase encostaram nos meus, mas não antes que eu me afastasse bruscamente.

–Namora comigo? – ele perguntou sorrindo.

–Eu preferia namorar um dementador. – falei me levantando.

O pior é que uma parte de mim queria dizer sim, por que pensar em Clay não doía como pensar em James. Por que Clay me queria enquanto James parecia me odiar. E por que eu estava tão machucada pelos últimos acontecimentos que a única coisa que eu queria era alguém que falasse que sim, eu valia a pena. Não que isso fosse razão para aceitar começar um relacionamento com uma pessoa, mas eu não estava em posição de escolher demais.

Na fim do dia me encontrei com Amy em um pub bruxo, no meio da Londres trouxa. Ela tinha me mandado uma carta praticamente me intimando a comparecer a esse encontro e a coruja que entregou nem mesmo esperou uma resposta. Não que eu fosse me recusar a ir, eu precisava desesperadamente conversar com uma pessoa que me entendesse e Amy era a pessoa certa para isso. Eu acho.

–Ian me pediu em namoro. – ela disse assim que me viu, eu nem tinha tirado minha capa ainda.

–Muito bom te ver também. – respondi.

–Você escutou o que eu disse? – ela perguntou me lançando um olhar assassino – Ian Zabine me pediu em namoro.

–Qual a novidade? – retruquei. – Vocês dois tem um rolo desde Hogwarts, vivem brigando e reatando e brigando novamente. Não é como se isso fosse a primeira vez.

–Mas dessa vez ele pediu mesmo. – ela esclareceu impaciente – Com todas as palavras.

–E você aceitou? – perguntei.

–Não.

–Porque não? – pedi uma cerveja amanteigada. – Pelo que eu sei você gosta dele.

–Não é como se eu fosse apaixonada por ele, é só que ele é atraente e ele sabe fazer as coisas. – o olhar dela por um momento se tornou devasso.

–Poupe-me dos detalhes. – argumentei fazendo uma careta a imagem que se formou em minha mente. – O que te impede de aceitar?

–O simples fato de que Ian não sabe manter um relacionamento. Ele nunca é fiel com as namoradas, tem um monte de amantes. Ele sempre pensa em si mesmo em primeiro lugar. Ele é estupido e arrogante, não dá o braço a torcer nunca, ele...

–Clay me pediu em namoro. – interrompi. Eu precisava falar se não enlouqueceria.

–Que Clay? – ele me olhou feio por ter interrompido seu monologo.

–Trabalha comigo. – respondi encolhendo os ombros – Ele era um aluno da Corvinal, mas você não deve se lembrar dele. – completei por que nem mesmo eu me lembrava dele em Hogwarts.

–Não lembro. – ela admitiu. – Aceitou?

–Não.

–Por que não? – ela tomou um gole da sua bebida que identifiquei ser Whisky de Fogo.

–Por que eu não gosto dele. – respondi.

–Então por que esta me contando isso? – perguntou como se não tivesse importância nenhuma.

–Por que eu estou pensando em aceitar.

–Por quê?

–Por que eu estou cansada de correr atrás de quem não me quer. – respondi dando de ombros.

–Ah claro! Tinha que ter o Potter no meio. – ela revirou os olhos e eu esvaziei minha cerveja amanteigada. – Por que esta bebendo só isso?

–Vou ver Helena. – respondi olhando o relógio.

–Então você esta vendo a filha do Potter e quer namorar com um Corvinal? – ela sorriu terminando a própria bebida. – Não sei por que eu te peço conselhos, você não consegue resolver nem a sua vida.

–Obrigada. – ironizei. –Vai aceitar o pedido do Ian?

–Provavelmente sim. – ela sorriu travessa – E você, vai aceitar o pedido do... como é mesmo o nome dele? Clay?

–Sim. –respondi.

–Sim, esse é o nome dele ou sim você vai aceitar?

Olhei novamente no meu relógio protelando o máximo, mas então vi que estava atrasada. Me levantei colocando minha capa e só então enfrentando o olhar sarcástico de Amy.

–Estou atrasada, depois nos falamos.

–Hestia... – ela chamou e eu me virei para ela devagar – não tente se enganar, tanto você quanto eu sabemos que isso não pode dar certo.

Fuzilei ela com o olhar e sai de lá, me lembrando mais tarde que não tinha pagado minha bebida, mas Amy tinha dinheiro de sobra. E quem ela pensava que era para dizer se uma coisa podia ou não dar certo para mim? Eu podia muito bem fazer dar certo, eu ia fazer dar certo. Amy ia engolir o que tinha dito. Com uma decisão já tomada eu aparatei na porta da casa dos Potter.


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Notas finais do capítulo

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