P.s.: Eu Te Amo escrita por Dreamy


Capítulo 23
Interrogatório


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo para vocês... Espero que gostem e comentem!!!
Bjoss



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Capítulo 23 – Interrogatório

Eu olhava minhas mãos pensando em quão irônico era isso. Um pouco mais cedo eu estava pedindo a Merlin por um momento sozinha onde pudesse pensar no que tinha feito e agora eu tinha esse momento para pensar nas minhas ações. Estava isolada em uma sala do Ministério da Magia aguardando julgamento. Sorri sem humor algum. O homem que me “prendeu” no hospital era William Colleman e trabalhava na sessão de Regulação do Uso de Magias Negras, uma sessão nova, criada por Harry Potter depois de ter assumido a chefia da sessão de Aurores. Tão nova que quase ninguém sabia de sua existência, e eu certamente não era uma das pessoas que sabia.

Colleman estava acompanhado por dois aurores que me imobilizaram assim que ele terminou de dizer, como se eu fosse jogar uma Maldição na Morte nele a qualquer minuto. Não houve tempo para dizer nada, nem para me defender ou assumir a culpa. Todos que estavam na sala de espera do hospital pararam me olhando, mas eu encarava apenas um rosto. James me olhava confuso, mas a confusão logo se transformou em raiva quando ele assimilou o que estava acontecendo. Ele me olhou com raiva, ele e todos que estavam perto o suficiente para ouvir o que Colleman tinha dito. Por sorte minha apenas a família dele estava mais próximo, acho que as outras pessoas do St. Mungus nem notaram que uma curandeira estava sendo presa por executar uma Imperdoável.

O Srº. Potter começou a interrogar Colleman e eu permaneci em choque, paralisada. Poucos minutos depois os dois aurores que me seguravam aparataram comigo e me deixei levar, o que mais eu podia fazer? Eles me deixaram em uma sala e saíram, ficando os dois na porta como se eu fosse uma louca, ou pior ainda uma Comensal da Morte. A primeira pessoa que veio me interrogar, minutos depois de eu ter chegado foi o próprio senhor Potter.

–Você é Hestia Sammer? – começou ele. Era engraçado que eu tivesse sido amiga de James por vários anos, mas nunca tivesse falado com os pais dele, não mais do que alguns cumprimentos educados.

–Sim. – respondi o analisando. James parecia com ele, não tanto quanto o irmão, mas olhar para o Srº Potter me lembrava dele.

–Você usou uma Maldição Imperdoável na tarde de hoje? – ele perguntou muito profissional.

–Sim. – confirmei.

–Por que você usou? – ele perguntou.

Essa era a pergunta que eu não poderia responder, ainda mais para ele, o pai de James. O que eu podia falar? Como eu podia contar a ele todo o acordo absurdo entre mim e Olívia quando nem eu mesma conseguia acreditar no que tinha feito? Não era uma pergunta que teria uma resposta. Permaneci calada.

–Eu perguntei por que você usou? – ele repetiu.

Dei de ombros. Que atitude mais estupida! Tão estupida quanto essa situação que eu estava metida.

–Muito bem, vamos marcar seu julgamento o mais rápido possível, enquanto isso você fica sobre custodia do Ministério. – ele saiu.

Suspirei me afundando na cadeira. “Era isso que você tinha em mente Olívia Russel?” perguntei mentalmente a ela. “Belo trabalho! Sua filha terá uma ótima mãe se depender de você não é mesmo Liv?” bufei.

As horas passavam lentamente e todas as posições que eu ficava começaram a ficar desconfortáveis, me levantei e comecei a andar de um lado para o outro. A única coisa que eu queria era que tudo isso acabasse de uma vez, mesmo que eu tivesse que passar o resto da vida em Azkaban, qualquer coisa seria melhor do que ficar aqui no escuro. Pelo que sabia, eu já podia ser capa do Profeta Diário, com a legenda que dizia “ Jovem Comensal da Morte presa por matar dois bruxos!” o Profeta não era famoso pela verdade nas notícias.

Eu estava concentrada pensando em o que iria dizer no julgamento quando a porta se abriu mais uma vez, não sei quem eu esperava, mas com toda a certeza não era quem entrou na sala com cara de poucos amigos.

–O que diabo você fez dessa vez? – perguntou Ian me encarando.

–Usei uma Maldição Imperdoável. – respondi.

–Que merda – bufou Ian – eu sabia que isso ia acontecer com você ou com a Amy, com o temperamento que vocês têm... – Ian sacudiu a cabeça – Quem você matou?

–Não seja idiota – ri sem humor nenhum mais uma vez – Não matei ninguém, usei Imperio.

–Imperio!? – Ian riu. – Usou em quem?

–Dois curandeiros do St. Mungus, mas e ai? – me sentei novamente – Como estão as fofocas lá fora?

–Pouca gente sabe. – respondeu Ian me surpreendendo. – Parece que o Potter não quer mídia nesse caso o que me lembra: O que ele tem haver com isso?

–Usei Imperio para matar a nora dele. – respondi sinceramente.

–O que? – Ian engasgou – Ficou maluca Hestia? Perdeu completamente a noção? Por que você fez isso?

–Longa historia. – passei a mão em meus cabelos nem um pouco disposta a contar o porquê eu tinha feito aquilo.

–Eu tenho tempo. – respondeu ele se sentando na outra cadeira.

–Ian, não vai rolar deu me abrir para você e contar essa historia.

–Você sabe que eu posso te ajudar não é? – disse ele. Sacudi a cabeça negando.

–A não ter uma passagem só de ida para Azkaban? – zombei – Não, obrigada.

–Tudo bem, a vida é sua faça o que bem quiser com ela. – Ian bufou de novo. – Você é tão cabeça dura as vezes, é pior que um hipogrífo.

–Vou levar isso como um elogio. – respondi sorrindo.

–Não é um elogio. – Ian se levantou e me abraçou. – É serio Hestia, por que você fez isso?

–Tchau Ian. – falei me separando dele.

Ian saiu e eu fiquei mais uma vez sozinha, mas dessa vez minha espera não foi tão longa. Em pouco tempo recebi outra visita, dessa vez de Rose. Ela parecia disposta a arrancar de mim a verdade de uma forma ou de outra.

–Hestia. – cumprimentou ela assim que entrou na sala.

–Oi. – respondi.

–O que esta acontecendo? – ela perguntou indo direto ao assunto.

–Isso que você esta vendo. – respondi.

–Errado. – ela sentou na cadeira que há poucos minutos era ocupada por Ian, colocando a bolsa em cima da mesa. Eu conhecia aquela bolsa! – Trouxe comida para você. – ela respondeu ao meu olhar. – Hestia por Merlin! Eu te conheço, você não seria capaz de matar alguém.

–Talvez você não me conheça tão bem quanto pensa. – respondi. Rose tirou da bolsa uma garrafa, dois copos e um bolo.

–Por favor, me conta a verdade. – pediu ela enchendo os dois copos com o que reconheci ser suco de abobora. Bebi avida de sede, não sabia que estava tão seca, mas ficar aqui por horas teve seus efeitos. – Qual o seu nome completo? – perguntou ela.

–Hestia Janet Sammer. – A olhei como se ela fosse maluca, mas tive que responder, foi impulsivo. Depois me toquei do que estava acontecendo. – Você não fez isso!? Sua desgraçada como você teve coragem de colocar Veritaserum no suco?

–Desculpa. – procurei minha varinha, mas me lembrei que ela tinha sido confiscada pelos aurores. – Eu precisei fazer isso. Agora... Você usou Imperio no Clay?

–Sim. – me vi falando.

–Por quê? – ela perguntou olhando em direção à porta.

–Para salvar a bebê. – falei – Para... – gritei – Para com isso.

–Por que você quis salva-la? – ela perguntou. Eu mordi o lábio inferior, estava decidida a não falar nada, mas não consegui me controlar.

–Por que Olívia me pediu. – soltei – Chega Rose, para com isso.

–Como? – ela me olhou confusa.

–Olívia pediu para que eu salvasse a menina. – respondi mais uma vez contra a minha vontade.

–Por que ela pediu?

–Não... – gemi, fechando a boca.

–Por que Olívia pediu a você para salvar a menina?

–Por que ela sabia que ia morrer. – coloquei a mão na boca mesmo sabendo que não adiantava, eu iria responder a tudo que Rose perguntasse ate que o efeito passasse.

–O que você quer dizer? – ela indagou olhando novamente para a porta.

–Ela tinha uma doença chamada Síndrome de Hellps – tentei fechar a boca, mas mais uma vez não consegui.

–Por que ela procurou você? – ela estava chegando perto, mais um pouco e eu iria terminar de me humilhar.

–Ela sabia que iriam força-la a fazer um aborto se ela contasse a alguém, então ela me procurou.

–Mas por que você? – ela insistiu.

Coloquei a mão novamente na boca e mordi o lábio inferior com a maior força que pude, era melhor Rose torcer para que eu fosse presa, caso contrario eu a mataria.

–Hestia por que ela procurou você?

–Por que ela leu meu diário. – falei, mas minha voz saiu estranha abafada pela minha mão, Rose fez a pergunta de novo – Ela leu meu diário. – respondi derrotada.

Eu tinha cortado meu lábio, e estava sentindo gosto de sangue na boca.

–O que ela viu nesse diário e por que você a ajudou? – ela perguntou e eu gemi.

–Rose, por favor – falei entredentes – não me obrigue.

– O que ela viu nesse diário e por que você a ajudou? – repetiu ela.

Consegui manter a boca fechada apesar do impulso que eu tinha de contar tudo, eu sabia que não ia conseguir ficar calada, mas protelei o máximo que pude. Seri tão humilhante admitir para quem quer que fosse o motivo de eu ter ajudado Olívia!

–O que ela viu nesse diário? – perguntou Rose lentamente. Eu não tinha escapatória.

–O que eu escrevi. – encontrei uma saída no desespero, eu não menti, mas evitei a pergunta.

–Tudo bem, - Rose levantou ficando da minha altura, e eu nem tinha percebido que tinha levantado – Por que você a ajudou?

–Por que eu ainda amo o James. – sussurrei sentindo minhas forças acabarem.

–Hestia... – sussurrou Rose compassiva, mas não pude ouvir o que ela falou. Atrás de mim, outra voz me surpreendeu. Eu quis morrer, ser torturada, qualquer coisa teria sido melhor do que ter passado pelos minutos seguintes.

–Por que você a ajudou? – gritou James surgindo de trás da porta completamente transtornado.

–Por que eu te amo. – gritei de volta contra minha vontade.

Eu e James ficamos nos encarando pelo que pareceu horas, mas acho que não passou de alguns poucos segundos, eu queria sumir, tamanha era vergonha que eu sentia. Era tão humilhante você não poder controlar o que fala, não poder mentir, esconder ou apenas calar a droga da boca. Mas eu não tinha nenhuma dessas opções, não com o efeito da Veritaserum no meu organismo.

–O que você disse? – perguntou James me olhando aturdiu.

–Ah droga parem com isso! – gemi sentindo de novo a ansiedade de falar tudo, falar a verdade em cada frase.

–Rose sai daqui. – falou James virando para a prima. – Sai Rose. – repetiu ele depois de ver que ela não tinha se movido um centímetro.

Fiquei olhando ela sair, sem encarar James. Eu queria poder sair também, apenas para não ter que conversar com ele sob efeito de uma poção da verdade.

–O que você quis dizer quando falou que Olívia pediu ajuda a você? – perguntou ele voltando-se para mim. Eu sentei novamente e o encarei.

–Quis dizer que ela me procurou com meu diário nas mãos dizendo que tinha lido tudo e que precisava da minha ajuda para salvar a criança e que iria morrer. – respondi.

–Por que ela procurou você? – ele sentou também de frente para mim.

– Por que eu sou curandeira. – respondi como se fosse obvio – Por que ela leu meu diário. Nunca entendi de verdade por que ela me procurou.

–Que doença ela tinha? - ele me fuzilou com o olhar – Por que ela não me contou?

–Chama Síndrome de Hellps , mata a mãe se não for diagnosticada no começo. Se o tratamento for feito corretamente a mãe não corre risco nenhum de vida.

–Então por que ela esta morta? – rosnou ele.

–Por que o tratamento consiste em interromper a gravidez seja lá qual for o estágio e Olívia não queria isso. Ela não te contou por que sabia que você a obrigaria a fazer o aborto.

–Eu podia ter ficado do lado dela... – ele murmurou tão baixo que duvidei que quisesse que eu escutasse. – Por que você a ajudou?

–Eu já disse. – respondi pela milésima vez.

Ele calou perdido em pensamentos da mesma forma que eu estava perdida nos meus. Senti o efeito da poção passar aos poucos quando a ânsia de responder a qualquer coisa que me perguntassem começava a passar, pelo menos uma boa noticia no meio do caos que estava minha vida.

–Esse diário que você fala é...?

–Aquele que você me deu, sim é ele. – respondi sentindo meu rosto esquentar.

–O que você escreveu nele? – ele perguntou e eu estranhei a pergunta.

–Acha mesmo que eu vou te falar? – era tão bom ter o controle do que dizer outra vez.

–O efeito passou não é mesmo? – ele se levantou.

–Ao que parece sim.

Ele passou a mão pelos cabelos e eu encarava o rosto dele, deslumbrada que ainda estivesse do mesmo jeito de anos atrás, mesmo contorcido pela dor, mesmo me olhando com raiva, ele ainda era lindo. Não importava a situação em que eu me encontrava, nem perto de ser presa e implorando por um momento de luto só meu, ainda assim eu iria olhar para ele e sentir meu estomago afundar.

–Vou conversar com meu pai a respeito de tudo que você falou, mesmo contra vontade, se você tiver sorte não vai passar o resto da vida em Azkaban. – ele disse se virando para ir embora – Ah, só mais uma coisa... – ele virou para mim de novo, novamente com um ódio desconhecido em seus olhos – Fique longe da minha filha.

–Helena... – sussurrei em choque – O nome dela é Helena.


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Notas finais do capítulo

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