P.s.: Eu Te Amo escrita por Dreamy


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Primeiro de tudo: um super obrigada as meninas que comentaram, sempre fico feliz ao saber que alguém leu e gostou da minha fic...
As coisas estão só o começo para Hestia e James, ainda tem muita água pra rolar embaixo dessa ponte... kk



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Capitulo 2 – O primeiro beijo.

05/06/2022                                                                    

Eu fui dormir muito mais cansada que o normal e lembrei que o motivo é que não tinha me alimentado naquele dia. Sem café de manha por ter acordado atrasada, sem almoço por ter brigado com Amy e sem jantar por ter ido me desculpar com ela.

Porem mal fechei os olhos, Amy me acordou com um empurrão que me fez cair da cama.

-Anda Hestia, acorda.- ela disse, ou melhor gritou, pois estava descendo as escadas.

Levantei meio grogue, me vesti o mais decente possível e desci as escadas para o salão comunal.

-O que esta acontecendo aqui?- perguntei mal humorada, mas antes que alguém respondesse eu vi o Ian deitado no sofá, ensanguentado e aparentemente desacordado. – O que aconteceu com ele?- perguntei me aproximando.

-Briga. - respondeu Tom, um grandalhão do sétimo ano.

-Que novidade. – comentei. – E por que ele não esta na ala hospitalar?

-Perguntas de mais. – respondeu Ian meio rouco.

-Que horas são? – perguntei.

-Quase duas da manha eu acho. – respondeu Ian. – Mas então vai fazer alguma coisa ou vou ter que me arrastar ate a ala hospitalar e perder pontos para a Slytherin?

Eu peguei minha varinha e comecei a fazer os feitiços curativos que eu conhecia, sem nem me dar ao trabalho de responder. Depois de uma meia hora eu tinha feito tudo que eu podia e Ian estava um pouquinho melhor.

-Quem fez isso com você?- perguntei depois de concertar o nariz dele.

-Um idiota. - ele disse sorrindo, o que pareceu mais uma careta. - James Potter. E não se preocupe que ele também não esta nada bem.

A mão que eu segurava a varinha a apertou ainda mais e eu apontei para o rosto do trasgo que estava na minha frente.

-Tá preocupada com ele é Sammer?- perguntou ele.

-Epsckey. - eu disse e o nariz dele voltou a ficar torto. - Da próxima vez que quiser arrumar briga, faça o favor de perder com decência.

-Quem disse que eu perdi?- perguntou Ian segurando o nariz.

-Eu já duelei com ele e ele é um ótimo duelista. Muito melhor que você Zabine.

Depois disso eu subi para o quarto fervendo de raiva e ódio. E para variar fui escrever no diário.

§§§

05/06/2022                                             02h46min

Como eu estou com raiva. Mas esse é o meu normal. Porem agora tenho um bom motivo: o idiota do Ian.

Ian sempre foi uma espécie de trasgo super  protetor e, acredite se quiser ele às vezes é ate e legal; mas hoje aquele estupido resolveu brigar – ate aqui nenhuma novidade – brigar com você.

Eu sinceramente tive vontade de bater nele por tocar no seu nome perto de mim. Meu consolo é que você pelo menos lhe deu uma boa lição, afinal você é um dos melhores duelistas que conheço.

Me lembro que foi você que me ensinou a duelar e eu sinto falta daquela época. Éramos quase ingênuos, quase.  Na verdade você nunca foi ingênuo, mas naquele tempo ainda não tínhamos descoberto qual a força de uma paixão.

Lembra da nossa primeira aula? Eu me lembro James, me lembro muito bem...

Parece que tem tanto tempo não e mesmo?  Às vezes eu queria poder voltar no tempo assim poderia mudar tudo em minha vida.

P.S.: Espero que esteja bem.

§§§

“29/01/2017          Segundo ano.

-Hei Hestia, chega. – James disse com um sorriso exausto. – eu tô cansado.

-Mas eu preciso treinar. – eu respondi. – eu preciso ser ótima em feitiços. Ótima!

-Mas você não quer ser medibruxa? – perguntou mesmo sabendo a resposta.

-É claro que sim. Por isso preciso ser ótima em feitiços.

-Mas então nesse caso, você não precisa ser ótima em feitiços defensivos, só em feitiços curativos.

-James se você não quer me ajudar tudo bem. – eu disse finalmente guardando a varinha. - pode ir embora, mas você prometeu me ajudar em feitiços se eu te ajudasse em transfiguração e não se esqueça de que foi de mim que você copiou o trabalho de transfiguração.

-Você esta me chantageando? – dessa vez James falou como se não tivesse acreditando que eu tinha a capacidade de fazer isso.

-É claro que não. - disse firmemente. – Estou apenas te lembrando.

-Você é realmente uma cobra. – antes de terminar de falar você James já tinha sacado a varinha e tentava me atingir.

§§§

-Ok, ok. Acho que por hoje já deu – disse depois de mais de três horas de duelo seguido. – Próxima sexta continuamos.

-Tudo bem então Hex.

-Do que você me chamou?- perguntei achando graça no apelido.

-Hex de Hestia, entendeu?- perguntou ele rindo.

-Tudo bem então Jimie. - eu disse rindo também.

-Hei, Jimie é golpe baixo.

-E Hex também.

Naquela noite eu dormi exausta por ter ficado tanto tempo treinando, com fome por ter perdido o jantar, mas feliz, muito feliz.”

§§§

05/06/2022

Acordei no horário certo graças a Amy, cheguei ao salão comunal com tempo e encontrei Ian deitado no sofá, quando passei por ele o idiota me chamou.

-Hestia...

Eu me virei lentamente e o encarei.

-O que você quer Zabine?

-Você não vai me deixar com esse nariz torto vai?- ele perguntou rindo.

Eu não respondi, apenas continuei olhando-o.

-Vem aqui. – ele me chamou se sentando no sofá para dar espaço para mim.

Eu respirei fundo e fui ate ele. Amy que estava me esperando na porta resolveu ir embora. Eu fiquei sentada vários minutos ao lado dele, ate o salão esvaziar, e a essa altura adeus café da manha e olá mais uma aula atrasada.

- O que você quer Ian? – perguntei quando estávamos sozinhos.

Ele em vez de responder, se aproximou de mim e me beijou; não foi como se ele nunca tivesse feito isso, e na realidade ele sempre fazia. Para alguém de fora isso provavelmente era estranho, mas ao contrario, isso era bem normal. O que não queria dizer que as garotas Slytherin eram umas vadias que saiam beijando ou transando com os colegas de sala. É claro que algumas eram.  Eu e Ian, contudo éramos apenas amigos, apesar de tudo. Ele sempre foi lindo, mesmo se comportando como um trasgo.

-Eu sei que você não esta bem, mas eu não vou pedir desculpas por ter brigado com o Potter, e... Olha você sabe que eu vou com a cara daquele idiota, mas se você o quer eu não posso fazer nada, posso? – ele terminou se aproximando de mim novamente.

-Vai para o inferno Zabine. – eu disse pegando a varinha e consertando o nariz dele, o que pareceu ter doído bastante. – Da próxima vez que quiser que eu conserte a porra do seu nariz, não precisa me beijar pra isso.  Ah, e encoste em mim de novo e sou eu que vou quebrar seu nariz.

Eu já estava no corredor, quando o ouvi falar.

-Quebrar pra que se depois e você que vai arrumar? – sempre o mesmo idiota.

§§§

Sem café da manha eu fui para a primeira aula, eu já estava quase comendo os pergaminhos quando a aula acabou e fui para o grande salão almoçar.  Enchi meu prato com as delicias que os elfos prepararam. Eu estava com tanta fome que eu comeria ate o prato.  Duas garfadas depois o professor Deere me interrompeu.

-Senhorita Sammer, eu preciso que me acompanhe. – ele disse, a primeira coisa que pensei foi o que eu tinha feito. Mas nesses últimos meses eu estava sendo um exemplo de aluna.

-Será que eu poderia passar na sua sala depois do almoço? – perguntei, por que eu acho que conseguiria passar mais um dia sem me alimentar.

-Eu sei que esta no seu horário de almoço, mas é importante que me acompanhe. – ele falou sem me dar chance de argumentar.

Já que eu não tinha escolha. Deixei meu prato tão bem feito e delicioso e acompanhei Deere ate a sala dele. Me sentei e aguardei ele falar.

-A senhorita sabe que a formatura se aproxima não é mesmo? – perguntou.

-Naturalmente.

-E sabe também que é comum que os monitores chefes de cada casa façam um discurso?

-É claro. Mas o senhor, sendo o diretor da Slytherin deve saber que eu não sou monitora chefe? – retruquei sem saber aonde aquele louco queria chegar. Eu não iria fazer discurso nenhum, não era minha obrigação.

-A senhorita Quennt teve uma crise de nervos essa manha. A senhorita não sabe por que chegou à sua aula atrasada como sempre.

-Eu tive problemas pessoais. – eu disse.

-A senhorita sempre tem.

-O senhor por acaso me chamou aqui para falar das minhas faltas? – perguntei me levantando.

-Acalme-se senhorita Sammer. – disse ele. – Na verdade eu a trouxe aqui por que ficou na sua responsabilidade o discurso da Slytherin da turma de 2022.

-Eu não vou fazer discurso nenhum, não sou monitora chefe e não é minha obrigação. – disse me dirigindo a porta.

-Nesse caso peça ao Tom para vir aqui. – ele disse calmo.

-Tom? Tom Goyle? O senhor vai pedir para o Goyle fazer o discurso? – perguntei incrédula parando perto da porta. – Ele é mais burro que um trasgo montanhês.

-Creio não ter opção. – o desgraçado disse.

-É claro que tem opção: Ammelyne Woop, Luck Nott, Bonnie Frozen, Ian Zabine...

-Ou é o senhor Goyle ou a senhorita. – ele sorriu vitorioso, pois sabia que eu não iria deixar um tapado fazer o discurso.

 -Ok. – disse me rendendo. – Farei o discurso.

§§§

05/06/2022                                                13:43

Estou no meio da aula de DCAT, mas não tenho cabeça para rever minhas anotações. Estou sem tempo para nada e agora ainda tenho que fazer um discurso que era responsabilidade da Quennt. Aquela vadia em vez de fazer o discurso, ficou agarrando metade dos alunos de primeiro a sétimo ano nos corredores, isso para não falar coisa pior.

Se antes eu não gostava daquela vaca, agora eu simplesmente a detesto. Sem comida ta ficando realmente difícil de me concentrar em muitas coisas...

Ian me beijou essa manha e eu não senti nada. Foi como se ele estivesse apenas apertando minha mão ou algo assim. Não é a mesma coisa quando eu estou te beijando. Nesses momentos eu sinto meu corpo reagir institivamente, lentamente. E como os ingredientes de uma poção que cozinham lentamente se misturando formando algo novo, diferente e melhor.

Eu sinto qu

§§§

06/06/2022

Como eu tinha previsto necas de comida para mim. Deere com autorização da diretora me dispensou das aulas de feitiços – em que ele era o professor - portanto mais tempo livre pra quebrar a cabeça e fazer um discurso. Pelas barbas de Merlin, como eu iria fazer um discurso em pouco mais de duas semanas?

Se a Quennt não conseguiu em um ano, por que eu iria conseguir em duas semanas?

Finalmente a falta de alimentação estava fazendo efeito porque minha vista estava turva e eu estava muito tonta. Minha cabeça rodava e eu encostei na parede e deslizei ate o chão. Isso com certeza deixou marcas nas minhas costas, pois aqueles paredes eram muito ásperas.

Contei ate dez... vinte...cinquenta...cem.

Tentei me levantar, mas o mal estar parecia que só tinha aumentado. Escutei movimento e agradeci a Merlin por isso. Alguém para me levar à ala hospitalar.

Meu cérebro parecia ser feito de geleia, eu não conseguia pensar coerentemente. Me forcei a ficar consciente ate que alguém me visse.  Eu já estava prestes a gritar quando escutei vozes mais perto.

-Eu só preciso da capa por um tempo. - disse uma voz feminina. - Depois eu devolvo.

-Nem que fosse por cinco minutos. - escutei a voz de James responder e tive vontade de me fundir com a parede. – Eu já dei o mapa para o Albus, a capa fica comigo.

Eu tinha pensado em me encontrar com ele em outras circunstancias, não estando prestes a desmaiar, pálida como um fantasma e sem um pingo de maquiagem. Na minha fantasia eu estava linda e deslumbrante.

-Eu já disse que devolvo. – insistiu a voz que eu reconheci sendo a de Rose Weasley, prima do James.

-Ah claro, e papai Noel existe né?

Eu tentei me levantar de novo, talvez eu conseguisse chegar a alguma sala e eles não me vissem.  Só que dessa vez a tontura foi mais forte e eu fui direto para o chão. Senti minha cabeça bater com força nas pedras ao mesmo tempo em que a Weasley falava.

-Você só quer a capa pra ficar atrás da... – escutei grito dela e deduzi que devia ter sido por causa do sangue que eu sentia molhar meu rosto.

Eu queria o mandar ir embora, mas eu estava nas ultimas, não tinha força suficiente para dar uma de independente.  Só o que consegui foi ficar em uma posição menos constrangedora: sentada e com muito esforço.

-O que aconteceu com você? – perguntou Rose Weasley se aproximando.

Eu por nem um momento olhei diretamente para ela. A parte do meu cérebro que ainda estava consciente só conseguia pensar que James estava perto de mim e eu me amaldiçoei por isso.

-Não foi nada. Mas se você puder me... me levar para a ala hospitalar seria muito bom. – eu disse a Weasley.

-É claro. – disse ela. – James me ajuda aqui, eu não consigo sustentar o peso dela sozinha.

Ele porem continuou parado, olhando a cena e eu por um momento tive raiva dele. Eu ali toda ensanguentada e ele não fazia nada. Ora essa, ele era o meu herói, por isso tinha aparecido ali, para me salvar.

-James, anda. –disse Rose. – Hei acorda! – gritou a menina e James pareceu despertar.

-Ah... Rose pode deixar que eu levo ela. Pode ir para sua aula.

-Ah qual é? – disse a Weasley.

-Some daqui Rose. – ele disse de forma seca para a prima.

Rose levantou, parecendo muito ofendida, disse que depois iria me ver na enfermaria lançou um olhar mortal para James e saiu.

James não falou comigo, sustentou meu peso com facilidade, mas em vez de me levar em direção à ala hospitalar, no andar de baixo ele começou a andar. Ficamos os dois em silencio ate que a curiosidade me venceu.

-Pra onde você vai me levar?- perguntei sentindo o cheiro dele tão perto e consciente da mão dele tão forte na minha cintura e, eu só não o agarrei ali mesmo porque eu estava fraca demais.

Ele não respondeu, continuou andando.  Uns dois ou três passos depois ele me pegou no colo de vez, pois eu estava tropeçando muito. Tive raiva de mim mesma por estar no colo dele, sem estar em condições de aproveitar a situação.

Somente quando já estávamos quase chegando me dei conta de onde ele estava me levando.  O quarto dos monitores chefes ficava no quinto andar e era amplo e bastante confortável.

James abriu a porta com um aceno na varinha e entrou comigo. Ele me colocou gentilmente no sofá ao lado da lareira, pegou uma toalha no banheiro e começou a limpar o sangue do meu rosto. Depois pegou a varinha, realizou um feitiço mudo e eu senti o corte se fechar.

-O que aconteceu com você? – perguntou ele sem olhar para mim.

- Eu fiquei tonta e cai. – respondi.

-Humm.  – ele começou a andar de um lado para outro no quarto.  – Tonta?

-É.

-Por quê?

-Eu não me alimentei direito esses dias.

Ele me olhou finalmente, depois tirou a camisa e eu por um milésimo de segundo pensei que ele fosse me agarrar ali, não que eu achasse ruim, mas eu não iria fazer muita coisa. James infelizmente só percebeu que a camisa estava suja com meu sangue. Ele trocou por uma limpa e saiu dizendo um “não saia daqui” e me deixando sozinha.

Passei os primeiros cinco minutos olhando em volta, então percebi minha bolsa ao lado da cama dele, peguei o diário e recomecei a escrever...

§§§

06/06/2022                                                           16h00min

Ontem Amy quase me tomou o diário, não consegui terminar de escrever, pois tentei começar o discurso durante o jantar.

Estou no quarto seu quarto James. Seu cheiro ainda esta nas minhas vestes. Não sei aonde você foi, mas pelo menos você esta cuidando de mim, já é uma evolução.

Ontem eu estava falando dos efeitos dos seus beijos, dos efeitos do seu corpo no meu, dos efeitos da simples menção do seu nome na minha frente. O que você faz comigo deveria ser proibido por lei. O que seus lábios provocam em mim, me faz perder a razão...

Eu não sei mais o que fazer para parar de pensar em você. Já não adianta mais tentar ocupar cada pedaço do meu cérebro com assuntos banais, não quando meu coração insiste em não te deixar ir.

Do que adianta o que eu fiz se isso não serviu para te esquecer?

Pelo menos já esta acabando. Depois de Hogwarts não nos veremos mais. Eu vou fazer meu curso de medibruxa e você vai ser um jogador famoso de Quittich. Você vai conhecer beldades, mulheres lindas que vão ser loucas por você.

Por que então eu sinto ciúmes só de pensar?

Ah, James. Eu queria tanto conseguir te odiar de verdade, pelo menos assim eu não sofreria tanto.

P.S: Volte logo!”

§§§

Meia hora depois James apareceu com uma bolsinha de contas. Eu já tinha visto aquela bolsa, pertencia a Rose Weasley e era enfeitiçada, cabia muito mais coisas que parecia.

-Como você esta? – ele perguntou se sentando na outra ponta do sofá.

Eu não consegui responder, parece que escrever no diário levou minhas ultimas forças, ou talvez tenha sido o fato deu ter levantado e pegado o diário do outro lado do quarto.

-Eu...

-Pega. – ele disse me passando comida que estava dentro da bolsa.

Eu peguei sem falar nada e comecei a comer imediatamente. James ficou só me observando, sem comer nem falar nada. Cada vez que eu terminava de comer alguma coisa ele tirava outra da bolsinha.  Quando eu já estava mais que satisfeita ele me deu uma poção e eu tomei sem reclamar, apesar do gosto ruim.

-Obrigada James. – eu agradeci e me levantei. Só o que eu não esperava era que mesmo depois de alimentada eu continuasse com tontura. James porem parecia esperar por isso, pois foi bem rápido ao me pegar, ou vai ver foi só os reflexos de quadribol.

-Hei, vai com calma. – ele disse tão gentil, tão carinhoso...

Ele me fez sentar novamente no sofá. Ficamos os dois em um silencio constrangedor, James me encarando e eu fingido não perceber.

-Eu já vou. – disse por fim. – Obrigada por tudo.

James não falou nada enquanto eu me levantava com cuidado, pegava minha bolsa e saia. Não disse absolutamente nada, não se ofereceu para me acompanhar nem nada.  Conforme eu ia me distanciando do quarto dos monitores uma vontade louca de chorar tomou conta de mim.

No segundo andar, não consegui me controlar. Entrei no banheiro da Murta-Que-Geme, me tranquei em um dos boxes e comecei a chorar como se tivesse cinco anos de idade.  Como era estupido chorar no banheiro da Murta, pensei, e então o choro só aumentou.

Comecei a me lembrar de tantas coisas, e de repente estava de volta no terceiro ano em Hogwarts...

§§§

23/03/2018                          Terceiro ano                                 17h30min

“Era sexta-feira e eu estava como sempre no corredor do sétimo andar esperando o James; era rotina desde o nosso segundo ano que treinássemos na sala precisa. Na verdade na maioria das vezes nós só jogávamos conversa fora e revisávamos alguma matéria que estivéssemos com dificuldade.

James estava atrasado como sempre, então eu entrei na sala precisa sozinha. Uns vinte minutos depois – ou talvez tenha sido mais – James chegou com uma bolsinha feminina na mão e sorridente.

-Você esta atrasado. – eu disse assim que o vi.

-Você vai gostar do que vai ver. – James disse me mostrando a bolsinha de contas.

-Uma bolsa! – disse irônica. – Uau James, obrigada.

-Não é apenas uma bolsa. – James falou – É a bolsa da Rose.

-Humm. Olha James eu não sabia que você gostava de pegar as coisas da sua prima. – eu disse rindo. – Ainda mais uma bolsinha de contas.

-Vai à merda Hex. – ele disse se sentando no sofá. – Olha dentro.

Eu peguei a bolsa e olhei. Minha cara de surpresa deve ter sido impagável, por que James começou a rir na mesma hora. A bolsa era enorme e estava cheia de comida. Tinha de tudo ali dentro: coxinhas de frango, suco de abobora, pastelão de rins, peixe defumado, chocobolas, cerveja amanteigada...

-O que?

-É enfeitiçada. – explicou James. – Pelo que eu sei era da minha madrinha, mas Rose deve ter afanado.

James pegou a bolsa da minha mão e tirou a comida que tinha lá dentro, colocando-as no carpete. Começamos a comer e depois que não tinha sobrado quase nada pra contar a historia eu deitei no sofá enquanto James se virava no chão mesmo.

De repente James se levantou e começou a andar de um lado para o outro.

-Hei o que foi? – perguntei. – Desse jeito você vai ficar tonto.

-Hestia...

-O que foi Jimie? – perguntei novamente me sentando.

-Quero te perguntar uma coisa. – James disse apreensivo.

Eu achei estranho, afinal James nunca era apreensivo sobre nada.

-Então pergunta, oras.

-Hestia-você-já-beijou-alguém? – James perguntou de uma vez.

-Humm, é... Eu... Que tipo de pergunta é essa James?- retruquei sem graça.

-Só responde.

-Olha, eu não sou uma garota muito afetuosa.

-Então não?

-Pode ser.

-E se a gente se beijasse, só para saber como é? – James perguntou.

-Tipo um teste?

-É. – respondeu James e eu reparei que ele estava mais vermelho que um pimentão.

-Ah, sei lá. – eu disse constrangida. – pode ser.

James se sentou ao meu lado e se aproximou de mim. Rápido demais, pois nossas testas bateram com tudo.

-Eu acho melhor você ir mais devagar. – eu disse.

Dessa vez, James se aproximou devagar e então selou seus lábios nos meus. Foi um beijo cálido, suave, infantil, meigo...

-Acho que é assim. – disse James.

Eu apenas confirmei com a cabeça. Depois disso conversamos sobre outras coisas, sem nem lembrar da pericia do beijo.

Quando estávamos saindo eu não resisti e perguntei:

-James você nunca tinha beijado ninguém?

James apenas sorriu. E eu fiquei com aquela duvida por muito tempo.”


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Notas finais do capítulo

Ah, se alguém estiver achando meio confuso essas passagem todas do diário para o presente,para o passado, é só falar que eu penso em alguma coisa.
Não deixe de comentar, por que é o seu comentário que faz eu postar o próximo capítulo...
Beijos, Annie.