Capitulo 10 – Discurso.

Eu acordei sonolenta, virei na cama e então a realidade foi como uma bomba... hoje era o dia. O baile, a ultima noite, o ultimo dia em Hogwarts. Parecia irreal, mas pela primeira vez desde que eu comecei a pensar nesse dia, eu não me senti realmente triste. Teve aquela sensação de vazio no estômago, mas eu senti que e pensei em uma coisa que me fez sorri:

Progresso.

Eu estava progredindo e era bom.

Tomei café na mesa da Slytherin com meus companheiros, passeei pelos jardins e perto do lago. Eu não era a única que estava me despedindo, vários colegas do sétimo anos estavam fazendo essa despedida silenciosa também. O almoço foi um evento mais silencioso que o normal, cada um estava imerso nos próprios pensamentos. Todas as mesas estavam anormalmente silenciosas, ate mesmo os professores pareciam mais quietos.

Ás cinco horas Amy me arrastou para o dormitório para começar os preparativos. Às seis horas eu estava no banho. Depois veio a sequencia: secar e arrumar o cabelo, fazer a maquiagem, colocar o vestido, calçar a sandália, colocar os acessórios, olhar no espelho, olhar de novo e enfim pronta para o baile.

As oito em ponto eu estava em frente ao grande salão, Luke já estava lá, disse que eu estava linda, e como cortesia agradeci e disse o mesmo. Depois que todos estavam em fila, seguimos para o grande salão, sob as palmas de todos. Primeiro a diretora McGonagal fez um breve discurso e então os representantes das casas.

Gryffindor, Lufa-lufa, Corvinal e por ultimo Slytherin.

Subi no palco nervosa, olhei em volta e vi meus colegas, minha família, conhecidos e ate mesmo quem eu nunca tinha reparado no castelo. Respirei fundo seguidas vezes e então comecei:

“Boa noite,

Em primeiro lugar eu gostaria de agradecer a duas pessoas que fizeram com que eu viesse aqui nesse palco esta noite. E com muita felicidade que eu agradeço ao nosso professor de feitiços Senhor Deere por ter gentilmente me convidado a fazer esse discurso e peço que ele se jogue no lago negro e conte ate quinhentos sem ajuda de feitiços, em companhia da lula gigante é claro. Depois meus agradecimentos a nossa colega, senhorita Nancy Quennt por ter estado muito ocupada com assuntos mais importantes e me conceder essa grandiosa oportunidade. Peço-lhe querida que faça companhia ao professor Deere e jogue no lago.

Agora sim posso começar meu discurso:

Desde que recebi essa honrosa missão venho me perguntando o que é ser Slytherin.

Mas percebi que estava fazendo a pergunta errada. A pergunta certa é:

Ser? O que eu sou? O que nós somos caríssimos colegas? – e que fique bem claro que falo diretamente com meus colegas sonserinos, mas se alguém de outra casa se sentir tocado não se ofenda.

Somos um bando de cabeças-ocas que passaram todo esse ano se achando superior a qualquer aluno que passasse na nossa frente. E por quê? Ora esse é o nosso ano, não é?

Depois de passar noites em claro estudando e horas a fio na biblioteca, depois de abrirmos mão de uma volta no castelo, para ficar trancado no salão comunal estudando, nos merecemos não é mesmo?

Mentira.

Posso contar nos dedos quantos de nos fomos a biblioteca estudar em um domingo particularmente ensolarado. E cá entre nos: não foram muitos.

A grande maioria sempre preferiu copiar os 40 cm de deveres de poções na ultima hora e de uma alma caridosa que nos emprestava seu trabalho. Mas isso não vem ao caso.

O que realmente importa é que chegamos ao fim. Foi nos corredores desse castelo que descobrimos mais coisas do que em todo o tempo que passamos em sala de aula; tenho certeza que alguns de nos agradecem a Merlin por pelo menos as paredes não terem bocas – apesar dos quadros terem. Foi aqui, em meio a conflitos, desentendimentos, amizades, paixões, provas, revisões e tantas outras coisas que descobrimos o que é ser Sonserinos, Grifinórios, Lufanos, e Corvinals.

Nossos maiores duelos não foram contra o aluno da outra casa, foi contra nossas próprias decisões, nossas maiores derrotas não foram ao errar uma poção foi ao tomar a decisão certa no momento errado, nossa maior lição aqui não foi dada em sala de aula, mas sim nos jardins, nos salões comunais, na salas vazias e na sala precisa.

Hogwarts pode ate ter sido minha casa, mas meu lar foi Slytherin

O que quero dizer é que nós somos orgulhosos, astutos, amigos, companheiros. Somos encrenqueiros e ate idiotas, mas acima de tudo somos seres humanos, somos bruxos, certo ou errado as nossas decisões nos levaram a ser quem somos.

Obrigada aos professores, aos colegas, aos funcionários, aos fantasmas... Ninguém nunca esquecera o que é estar em Hogwarts.

E não fiquem tristes, por que estão ficando os bons, mas os melhores... os melhores estão indo embora esta noite.”

Quando as palmas começaram, foram aos poucos, primeiro meus colegas, minha família em seguida os professores e então todos no salão acompanharam. Sorri um pouco e desci do palco. A entrega do Pergaminho de Ouro acorreu logo depois. Depois que peguei o meu, fui em direção a minha família, abracei todos e disse que ia me despedir dos meus colegas.

Nunca em toda minha vida em Hogwarts vi tantos Sonserinos se desmanchando em lágrimas. Amy me abraçou e ficou quicando no mesmo lugar por vários minutos.

-Acabou! – exclamou ela em meio às lágrimas – Dá pra acreditar que amanhã vamos embora?

Ian chegou perto da gente, e começou a me rodar assim que Amy me largou. Eu me permiti algumas lagrimas, algumas palavras de tristeza e um momento sendo apenas Hestia.

Sorrindo eu me afastei para pegar uma cerveja amanteigada para mim. James Sirius estava vindo para perto de mim.

-Oi – gritou ele por causa do som. – Tudo bem?

-Oi – respondi – Tudo e você?

Ele me puxou pelo braço e me levou para um canto mais afastado, onde o som não atrapalhasse.

-Você esta bem? – perguntei desconfiando que ele estivesse bêbado.

-Estou. – ele estava sóbrio.

Sem que eu pudesse saber mais nada, estávamos nos braços um do outro. A caminhada para a sala precisa nunca pareceu tão curta...