Lord's Princess escrita por Brigadeiro


Capítulo 3
2 - Não É Tarde Para Se Sonhar


Notas iniciais do capítulo

Hello, Peoples!
Como prometido, aqui está o post de toda a sexta-feira. Apesar de poucos leitores, estou mais do que satisfeita e feliz!
Quero deixar aqui um muito obrigada a Amora e a Cybella. Obrigada pelos comentários, lindas! Eu realmente amei!

Nome do capí­tulo: inicio da música Não É Tarde, da Fernanda Brum.

Boa leitura,

B♔.



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Aproximadamente 5 anos depois...

BELLA PDV

Eu não sabia se estava sonhando ou não. Eu ouvia gritos, mas eles pareciam distantes e apagados. Os gritos chamavam o meu nome e eu reconhecia a voz, mas minha mente estava entorpecida pelo sono. Pude ouvir a mim mesma resmungar e virei para o lado. Ouvi uma batida forte, parecia como uma porta de abrindo com força e então...

— BELLA! — de repente o grito estava perto demais, bem ao lado do meu ouvido.

Acordei pulando com o susto que tomei. Alice ao pé da minha cama, com as mãos na cintura e uma cara não muito feliz.

— O que você quer, Alice? — perguntei sonolenta, as cortinas pesadas ainda fechavam todas as janelas, de forma que o sol não entrava no quarto. A luz do grande lustre de cristal era o que iluminava o ambiente.

— Você sabe que horas são? — ela perguntou.

— Hum... Não — resmunguei. Irritada com Alice, eu voltei a me cobrir e tapei meu rosto com o travesseiro.

Alice bufou e tentou me descobrir novamente, mas eu resisti. Ela soltou um grito quando viu que não conseguiria nada ali.

— Isabella Cullen, já são onze horas da manhã e a senhorita tem uma entrevista em duas horas — ela gritou e jogou algo pesado em cima de mim. — Então trate de se levantar logo porque eu e Emmett estamos esperando!

A compreensão me invadiu na mesma hora em que eu dei um pulo da cama. O livro que ela tinha usado para me atingir caiu no chão.

— O quê? — perguntei aturdida, minha voz ainda estava grogue. — E como ninguém me avisou antes?

Minha irmã sorriu e apontou para o aparelho celular que piscava em cima da cômoda. Peguei-o e abri com pressa a mensagem que piscava na tela. Era um e-mail de Emmett, avisando-me sobre o compromisso de hoje. O mesmo a qual Alice se referia. Segundo o e-mail, eu deveria ter acordado há duas horas.

— Ah, meu Deus!

Alice começou a rir enquanto eu corria pelo quarto atrás de algo para vestir. Agindo como minha estilista, ela desapareceu dentro do meu imenso closet e voltou carregando um vestido elegante e um par de sapatos de salto. Alice sempre sabia o que cada ocasião pedia. Nem me importei em ver o que era, eu simplesmente vesti confiando em meu chaveirinho.

Alice sempre foi muito baixa, desde que a conhecia. Ela tinha a pele bem branca, cabelos pretos cortados em estilo Chanel e olhos azuis vivos, mas sua maior característica sempre foi a sua altura. Ela sempre sofreu à custa das piadinhas de Emmett por isso... Chaveirinho é o modo carinhoso quando eu me refiro a ela, pelo fato dela ser pequena e estar sempre ao meu lado. Pulga também era muito utilizado. Eu alternava entre os dois.

Eu estava terminando de colocar os brincos e o colar quando Alice fez a pergunta que me lembrou da maior prioridade da minha vida.

— Onde está sua filha? Ainda tenho que arrumá-la.

— Não está dormindo no quarto dela?

— Não. E não me dei ao trabalho de subir ao terceiro andar porque sei que não vou encontra-la facilmente.

Alice estava certa, é claro. A casa, ou melhor, mansão em que morávamos era enorme e impossível de ser revistada rapidamente. Peguei o pequeno rádio walk talk que eu e minha filha sempre mantínhamos perto de nós, para que pudéssemos nos achar mais rápido aqui dentro. Só precisei de uma pequena discagem para ela atender.

— Eden? Cambio, está me ouvindo? — perguntei.

— Sim, mamãe — ela respondeu, parecia distraída.

— Onde você está querida?

— Salinha de TV — ela respondeu de forma rápida. Claro, deveria estar assistindo seus desenhos matinais.

— Tia Alice e tio Emmett estão aqui, desça para se arrumar. Tia Alice vai te esperar no seu quarto.

— Tá.

Ela desligou e eu coloquei o walk talk de volta na minha mesinha de cabeceira. Alice foi em direção ao quarto de Edeline e eu desci para o térreo em direção à sala de jantar, onde Emmett já estava ocupando uma cadeira diante de uma mesa enorme de café da manhã. Felicia havia caprichado.

— Bom dia, Bellinha! — ele me saudou.

— Bom dia, grandão. Você já é grande e ainda quer ficar gordo? — perguntei, olhando para o tamanho do prato dele. — O que temos para hoje? Alice disse algo sobre uma entrevista — eu perguntei enquanto me servia com um copo de suco.

Meu grande irmão era chamado de grande porque é o que ele sempre foi... Grande. Emm sempre foi musculoso desde que eu me entendo por gente, mas nada que lhe tirasse a beleza. Seu cabelo cortado bem rente à cabeça e os olhos cinza brilhantes típicos dos Cullen faziam dele uma presença marcante. Emmett também era o meu empresário, assessor, agente... Chame como quiser. Ele e Alice trabalhavam em conjunto pela minha carreira e nós três nos divertíamos fazendo o que gostávamos. E apesar de cada um deles ter sua própria casa, ambos passavam mais tempo aqui na mansão.

— É um bate papo sobre o dia dos pais no programa da Kelly Reed. Você e mais alguns famosos estarão conversando sobre o assunto — ele respondeu enquanto ainda mastigava um pedaço de pão, eu ignorei isso. — E como o set do programa fica no mesmo estúdio das filmagens de “OP”, marquei para você gravar mais algumas cenas ali mesmo.

Eu estava gravando a readaptação de Orgulho e Preconceito dirigida por Carlisle, que Emmett carinhosamente apelidou de “OP”, eu fazia o papel de Elizabeth. Eu não estava preocupada com a entrevista, já havia planejado o que fazer a duas semanas.

Cinco minutos depois o meu pequeno anjo desceu as escadas ao lado de Alice. Seu cabelo estava penteado em duas perfeitas marias-chiquinhas. Ela estava usando um vestidinho rodado vermelho e azul, a cor que Alice sempre colocava nela quando havia possibilidade de ela aparecer na frente de alguma câmera. Isso virou costume desde que a mídia apelidou minha filha de A Princesinha da América. Ela realmente era uma das crianças mais famosas do país e conquistou esse título por minha adoração de mãe e minha regra de vida número um que eu sempre divulgava a quem perguntasse: Se Edeline quer, Edeline tem.

— E a Princesinha da América está pronta! — Alice anunciou orgulhosamente enquanto minha pequena corria em minha direção com os braços abertos para me dar bom dia.

Não havia palavras o suficiente para descrever a emoção que eu sentia sempre que ela corria para os meus braços daquele jeito. Era a ternura que havia em seu olhar que completava a minha vida todos os dias. Não existe satisfação maior do que segurar seu filho no colo sabendo que o que vocês tem será para sempre.

— Você está com cara de sono, mamãe — Eden disse depois de me dar um beijo estalado na bochecha. Eu nunca me cansaria disso, o amor incondicional entre nós. A decisão que tomei para trazê-la ao mundo foi a melhor de toda a minha vida.

— Sua tia me acordou gritando, bebê! Tomei o maior susto!

Ela riu da minha história enquanto Alice fez uma cara feia. Leah entrou na cozinha naquele momento, trazendo um casaco infantil na mão.

— Acho que pode esfriar mais tarde, senhorita — ela disse. Leah era a governanta da casa, mas agia como babá de Eden de vez em quando. Ela não tinha uma babá oficial porque eu não abria mão de cuidar dela.

— Sim, pode colocar o casaco na bolsa dela e traga para baixo antes de sairmos — eu pedi, ela certamente precisaria mais tarde. Eden sempre ia comigo em qualquer compromisso de trabalho que eu tinha. Shows, entrevistas, gravações, premiações... Tudo. Foi assim que ela acabou ficando famosa junto comigo. E se eu voltaria tarde, ela também voltaria tarde.

Leah se foi em busca da bolsa da minha filha e eu me apressei para colocar um prato com o café da manhã para Edeline entes de comer o meu.

— Você ainda não está pronta, dona Isabella — Alice fez uma careta.

Eu nem mesmo tive tempo de colocar um pedaço de pão na boca antes de Alice me puxar para os fundos. Eu ainda precisava fazer cabelo e maquiagem então nos refugiamos no mini salão de beleza que havia em um dos muitos quartos da casa. Fiquei cerca de uma hora ali até ela terminar tudo. Quando tudo estava perfeito, só tive tempo de comer uma fruta antes de sairmos.

Entramos todos no meu Rand Rover, que eu mesma dirigia. Atrás do meu carro vinha sempre um mercedes preto pertencente a Demetri e Felix, meu par de seguranças particular. Eu costumava chamá-los de Sombra 1 e Sombra 2, porque eles quase nunca eram notados. Eu morava em Santa Monica, na costa da praia, mas pela estrada principal não levava muito mais de trinta minutos para chegar ao estúdio, em Hollywood.

— Oi, tio Santiago! — Eden cumprimentou o segurança da entrada com animação. Minha pequena sabia o nome de todos os empregados daquele lugar, desde os diretores até os faxineiros, parecia até a dona do local. Bem, teoricamente ela seria no futuro, junto com os filhos de Emmett e Alice se eles tivessem.

— Olá, Princesa! — ele a respondeu com seu habitual apelido.

Apenas acenei com a cabeça quando passei por ele, indo direto para dentro sem chamar muita atenção. Demetri e Felix ficaram no carro do lado de fora, eles me esperariam até a hora da saída. Passamos direto dos primeiros sets e nos apressamos para o meu camarim. Edeline fugiu direto para a geladeira no canto, onde havia centenas de garrafas de suco de amora estocadas exclusivamente para ela, e retirou uma de lá. Em menos de três minutos sua boca estaria roxa.

— Bella, você sabe o que fazer. Conte a história de sempre, não responda perguntas que não se atenham ao tema e faça todos se derreterem — Emmett repassou o texto da entrevista enquanto Alice me jogava na cadeira reclinável para retocar a minha maquiagem.

— Emmett, por favor... Só vou recontar a história que o mundo todo já conhece — rolei os olhos em tédio.

— Ei, estou tentando retocar um delineador aqui — Alice reclamou. — Não role os olhos!

Eu bufei e Emmett riu. Eden, sem se importar muito com o trabalho da tia, pulou em meu colo com a boca totalmente arroxeada pelo seu suco preferido. Eu dei risada quando Alice soltou um grito de frustração.

— Edeline! — ela gritou — Tanto trabalho na sua maquiagem e você estraga tudo em segundos! Olha a sua boca!

— Ah, tia Alice, mamãe vai limpar e então estarei linda de novo.

Emmett gargalhou com a resposta da minha filha, que lançou um sorriso radiante para a baixinha. Como não poderia deixar de ser, Alice se derreteu toda e parou de insistir em futilidades.

— Vamos, vou te lavar antes de começar o programa — eu puxei Eden pela mão em direção ao banheiro, o programa era ao vivo então teríamos que nos apressar.

— Hey, minhas duas popstars preferidas! — Heidi apareceu toda sorridente, com uma prancheta na mão e um fone minúsculo no ouvido. Como coordenadora de cena, ela estava sempre com bugigangas de contato pelo corpo — Isa, você entra em um minuto!

Eu suspirei pesadamente. Sempre que essa mulher aparecia era para me apressar e me fazer ficar ansiosa.

— Preciso limpar a Eden! — eu respirei fundo, tentando me acalmar — Tudo bem, chame Natalie e ela cuidará de Eden para mim.

— Ah, Isa... — Heidi parecia sem jeito e hesitou, parecia com medo contar algo — Natalie não trabalha mais aqui. Ontem foi o último dia dela.

Antes mesmo que Heidi terminasse a frase, Edeline já estava gritando. Um gritinho fino, cortante, que ela fazia sempre que acontecia algo que ela não gostava e que antecedia seus pedidos mais especiais. E desta vez eu já sabia o que ela queria.

— Mamãe! — sua voz estava fina e manhosa.

Natalie era a faxineira do set principal e minha melhor quebra galhos. Ela sempre passava horas brincando e entretendo Eden enquanto eu filmava ou gravava algo. Eden gostava de sua companhia e não iria querer ficar sem ela.

— Quem a demitiu? — questionei Heidi.

— Ninguém a demitiu, ela se casou e se mudou com o marido para outro estado — Heidi informou, sua voz tinha uma pitada de medo — Hoje mesmo contratei um rapaz que me pareceu confiável, ele começará amanhã.

Antes que Edeline voltasse a gritar, eu me abaixei em sua frente, acariciei sua bochecha e disse: — Calma querida, tio Emmett vai entrar em contato com ela e logo Natalie irá nos visitar, tudo bem assim?

— Mas quem vai brincar comigo? — ela cruzou os braços e fez um biquinho tão fofo que eu não resisti a puxá-la para os meus braços enquanto andávamos até o set.

— Você vai ficar sentadinha e quietinha assistindo a mamãe, porque hoje seremos rápidos — eu a sentei do lado de Alice na parte de fora do set, onde as câmeras não alcançavam. A apresentadora já fazia sinal para que eu me sentasse na cadeira vermelha à sua frente — Quando acabar aqui vamos tomar sorvete, tudo bem?

— Sim! — ela abriu o meu sorriso preferido.

Entrei em cena e me ajeitei no sofá de veludo vermelho exatamente cinco segundos antes de a câmera iniciar a gravação. A música de fundo tocou, eu ajeitei a barra do meu vestido e sorri.

— Boa tarde, América! Estamos de volta com especial de entrevistas: dia dos pais. Depois de Luigi Preston e Danny Wood, teremos a honra de bater um papo rápido com Isa Marie, cantora, empresária e atriz internacionalmente famosa — a apresentadora anunciou a volta dos comerciais e sorriu para mim, que retribui. — Como vai, Isa?

— Estou ótima, Kelly. Feliz com esta oportunidade maravilhosa — eu respondi, me referindo ao programa. Sons de palmas foram ouvidos e Kelly prosseguiu com a entrevista.

— Estamos felizes em tê-la conosco também. Como andam as gravações do seu novo filme?

— Ele está perfeito. Estamos progredindo a um ritmo imenso e creio que logo o filme estará em cartaz. Meu pai está se esforçando muito nesta produção.

Apesar de pensar nele pelo nome, eu o chamava de pai há anos. Foi uma coisa natural que veio com o tempo.

— E por falar nele... Hoje estamos comemorando o dia dos pais! Diga-nos: o que a palavra pai significa para você?

Eu dei um leve suspiro, sem nunca deixar de sorrir. A imagem de Charlie Swan, meu pai biológico, apareceu em minha mente por um momento... O alcoólatra que me batia, me humilhava, que nunca se importou comigo, o homem que me fez ter vergonha de exibir o sobrenome Swan. A imagem foi rapidamente substituída por Carlisle, o pai que me mostrou o que a palavra pai significava bem depois de crescida, que me amou e me incentivou de verdade.

— Na verdade, Kelly, existem dois significados para a palavra pai. Existe o mais usado pelos cientistas e o que consta no dicionário: progenitor, aquele que dá a vida a um ou mais indivíduos — eu citei o pequeno discurso que já estava preparado há semanas — Mas na realidade, ser pai envolve muito mais do que uma noite com uma mulher ou ter o mesmo tipo sanguíneo. Ser pai significa amar, significa se preocupar, incentivar, ajudar... Não tem nada a ver com sangue, tem a ver com o coração. Qualquer um pode ser pai, mas agir como um é para poucos.

Novamente a salva de palmas veio de alguma gravação previamente posicionada. Eu podia sentir os olhos da minha filha sobre mim, eu não sabia se era uma boa ideia deixá-la assistir justo a essa entrevista, mas agora era tarde demais.

— Mas que belas palavras, Isa! Tenho certeza de que há muitos telespectadores emocionados agora — Kelly aprovou minha performance com a cabeça, mas só eu percebi o breve aceno. A entrevista continuou: — Muitos fãs já sabem de cor a história da pequena menininha talentosa que foi adotada por um grande diretor de cinema, mas nos diga: você se lembra de algo sobre seu pai biológico?

Quando eu iniciei minha carreira e me perguntaram como eu havia chegado até ali, eu disse que havia sido adotada por Carlisle e que ele me ajudou a chegar a Julliard. Apesar de todos terem ficado cientes quando o casal nos adotou, nunca divulgamos a idade exata com a qual fomos morar com os Cullen. A grande maioria simplesmente assume que foi no inicio da infância... Eu não desmenti e a história continua assim até hoje.

— O único pai que eu conheço é e sempre será Carlisle Cullen. Não tenho e não desejo ter outro — eu respondi de forma ambígua, pois detestava mentir para meus fãs.

— Eu lhe diria que sinto muito por não ter memórias do homem que te trouxe ao mundo, mas sinto que você não se importa...

— Não me importo nem um pouco. Eu amo meu pai e estou realmente satisfeita por ser uma Cullen. Não pela fama, pelo dinheiro ou qualquer coisa dessas, mas porque Esme e Carlisle são as melhores pessoas que conheço e qualquer um teria muita sorte em ser filho deles. Eu tive muita sorte.

— E já que se sente assim... Que tal dizer tais palavras diretamente para ele? — as palmas soaram novamente e Kelly apontou para o canto do estúdio, onde Carlisle Cullen em pessoa entrava na frente das câmeras.

Confesso que tive que segurar as lágrimas. Eu não via Carlisle e Esme há mais de um mês, eles estavam viajando em férias antecipadas e só voltariam na semana que vem. Era uma bela surpresa não ter que passar o dia dos pais longe dele.

— Olá, Kelly! — ele deu um beijo na bochecha da apresentadora e veio me abraçar. — Como vai, docinho?

— Pai! O que você está fazendo aqui?!

Eu o apertei forte contra o peito, a saudades me consumindo. Ele me chamava assim desde que eu e Alice fomos visitar sua casa pela primeira vez, ainda na condição de amigas de Emmett.

— Acha mesmo que eu iria passar o dia dos pais longe dos meus pimpolhos? — ele perguntou e Kelly riu da maneira infantil como ele nos chamava. — Sua mãe está ali atrás.

Ele apontou para onde Alice e Emmett assistiam tudo, atrás das câmeras. Esme estava sentada em um banquinho acenando para mim e Eden estava aninhada em seu colo. Eu acenei de volta.

— Mas que grande surpresa! — eu disse sorrindo, voltando para o modo automático das câmeras. Carlisle se sentou ao meu lado.

— Sabíamos que gostaria da surpresa e agora temos não só uma como duas celebridades para entrevistar — Kelly fingiu uma risada divertida e se voltou para Carlisle — Como um grande diretor de cinema você deve ter milhares de histórias para contar, Carlisle... Mas sem dúvida a adoção de duas meninas órfãs é a maior delas, não é? Além de Isa, a estilista Alice Cullen também está no pacote. Eu imploro para que nos conte como foi a chegada delas em sua vida.

Carlisle sorriu para a câmera e iniciou um breve relato.

— Sempre que minha esposa chegava das visitas ao orfanato, tanto ela quanto meu filho falava sobre as duas, mas eu só realmente as conheci na primeira visita delas em um feriado. Bem, foi amor à primeira vista, se assim posso dizer... Elas causaram uma impressão e tanto e foi impossível não me apaixonar. Alice era, e ainda é espoleta e hiperativa, um pequeno furação — uma pausa foi feita para as risadas, escutei o riso de Alice ao longe. — Isabella já era mais calma, quieta, sempre no canto dela, mas desde cedo tinha um talento notável. A primeira vez em que a ouvi cantar sabia que tinha que apresentar este talento ao mundo.

— Todos são gratos por isso, Carlisle! O que faríamos sem a voz de Isa para embalar o país?

— É muita gentileza sua, Kelly.

— Nem tanto, essa é a opinião dos fãs, também! — Kelly sorriu e leu algo em um dos cartões em sua mão — E alguns deles mandaram perguntas sobre a Princesinha da América. Como anda Edeline? Não temos visto ela ultimamente.

— Estamos em uma fase reservada, estou tentando afastar um pouco a exposição da mídia da vida dela — contei.

— Acho que isso é um pouco tarde para isso, não? Alguns fãs estão ansiosos para o próximo concurso dela.

— Sem mais concursos por enquanto, eu acho. Quando ela quiser voltar, voltaremos — afirmei.

— Levando em conta o tema de hoje, eu não posso deixar de perguntar, Isa... Como é para Eden não comemorar o dia dos pais com o pai dela hoje?

Eu fiquei tensa. Minha mente piscava para me lembrar do fato que minha filha estava assistindo aquilo e eu queria matar a Kelly ali mesmo. A mídia sempre foi muito dura comigo pela escolha que eu fiz. Fizemos de tudo para manter sigilo na época, mas foi impossível esconder minha decisão de ser mãe solteira e iniciar uma produção independente. Eu olhei rapidamente para Emmett, que acenava com as mãos para que eu não respondesse.

— Acho que prefiro não envolver avida pessoal dela nisto, Kelly. Me desculpe.

Uma campainha fina tocou, anunciando que estava na hora do encerramento do programa. Ainda bem, eu queria muito abraçar Esme.

— Eu entendo perfeitamente. Estamos sem tempo, pessoal. Foi um programa realmente maravilhoso, parabéns pela linda família de vocês e obrigada pela presença. Este foi o nosso especial de dia dos pais, fiquem com a nova série do canal! Boa noite e até amanhã.

A música de fundo tocou e logo em seguida as câmeras foram desligadas. Era isso, mais uma entrevista concluída.

— Muito obrigado por tudo, Kelly — Carlisle agradeceu a entrevistadora.

— Imagine, foi um prazer. Se me derem licença, tenho que correr para a casa dos meus pais. Até mais!

Nos despedimos dela e corri para abraçar a minha mãe que já estava quase chorando nos bastidores. Como prometi a Eden, fomos comemorar com Carlisle em uma sorveteria. Mesmo com Demetri e Felix na mesa ao lado vigiando qualquer perigo, foi uma tarde deliciosa. Ou quase, Eden estava estranha, muito quieta e não falou quase nada.

Fomos para casa depois de anoitecer, Alice e Emmett retornaram conosco para a mansão. Edeline adormeceu no meu colo então Emmett assumiu o volante para que ela pudesse permanecer em meus braços até que eu a colocasse na cama.

— Não quer que eu a leve para cima? São muitas escadas e essa mocinha está ficando pesada — Emmett se ofereceu assim que descemos do carro.

— Não, Emm. Eu ainda aguento, pode deixar — sorri para meu irmão urso e entrei com minha filha. As luzes da casa estavam apagadas em sua maioria e os empregados estavam dormindo.

Subi a escadaria com Eden no colo e ao invés de levá-la para o quarto dela coloquei-a no meu, do lado esquerdo da minha cama. Eu precisava tê-la comigo esta noite. Deixei ela deitada e fui trocar de roupa para dormir, mas quando saí do meu closet com o pijama Edeline estava sentadinha em meio as cobertas coçando os olhos.

— Mamãe... — ela me chamou. Sua voz estava manhosa.

— O que foi, bebê? — eu corri para o seu lado. Sentei na cama e puxei-a para mim, mas ela me afastou com as mãos e ficou me olhando com a expressão tristonha.

— Onde está o meu papai? Por que ele nunca vem passar o dia dos pais comigo?

Droga! Eu sabia que não tinha sido uma boa ideia ela assistir à entrevista, já tinham tentado descobrir sobre o pai dela antes, certa vez tive até que tomar precauções para que não descobrissem a identidade do doador. Paguei uma boa quantia pelo sigilo da clínica e mantenho a ficha do individuo bem guardada comigo. Mas ela nunca estava prestando atenção para ouvir quando o assunto era mencionado. No fundo eu sabia que este era o motivo para ela ter agido estranho o dia todo.

Tive que pensar em uma solução rápida que ela entedesse e não ficasse chateada.

— Bebê, seu papai não sabe que você existe — decidi contar a verdade técnica, seria mais fácil. Ela apenas continuou me olhando e esperando por mais. Eu não estava segura sobre o que mais poderia dizer. O quanto uma criança de 4 anos e meio poderia compreender? — Eu nunca conheci o seu papai direito, sei poucas coisas sobre ele e por isso eu não pude contar a ele que você nasceu, mas sei que se ele te conhecesse te amaria muitão assim como eu.

Isso não a animou.

— Como meu papai é?

Tentei me lembrar do que a ficha de doação dizia. Não havia nome, apenas a descrição físicas, psicológicas e histórico de saúde. Eu me lembro de passar horas e horas escolhendo o homem perfeito e calculando o que cada detalhe influenciaria na formação do meu bebê.

— Ele é alto, bem mais alto que a mamãe. Os olhos dele são verdinhos como o seu e o cabelo dele tem essa cor estranha que eu amo. Na verdade, foi por causa dos olhos e da cor incomum do cabelo que eu... Gostei dele — confessei. O tom do cabelo de Eden era algo que eu chamava de castanho/loiro/ruivo, um tom raro e especial. Porém o que eu mais amava nela eram os olhos verdes, minhas pedras preciosas.

Não sei se era sorte ou azar o fato de ela não ter muito de mim.

— O papai deve ser lindo! — ela se admirou.

— Com uma filha maravilhosa como você, claro que ele é lindo! — eu sorri e beijei a ponta do seu nariz. — Pronta para dormir?

Sua boca formou um biquinho trêmulo, um soluço saiu de sua boca e seus olhos, as esmeraldas preciosas que eu tanto amava, se encheram de lágrimas. Aquilo cortou meu coração porque eu prometi a mim mesma que nunca a deixaria se magoar.

— Mamãe, acha o meu papai pra mim?

Eu fiquei quieta olhando para seu rostinho. Se aquele fosse um dos seus pedidos normais, com o grito e o bater de pés, eu certamente diria a ela que era impossível e amanhã a compensaria com uma bicicleta ou algo do tipo. Mas aquela era minha filha pedindo por seu pai, ela estava realmente triste e prestes a chorar. E ela nunca pedia algo daquela maneira sentida. Não era seu normal e eu não suportava vê-la daquele jeito.

Isso provavelmente era loucura, mas eu não consegui negar.

— Claro que sim, querida. Tudo por você.

Ela sorriu de leve e me abraçou. Aquele era meu mundo inteiro em meus braços e por isso a apertei forte. Ela saiu do abraço e meu olhou nos olhos, estava séria.

— Boa noite, bebê.

— Boa noite, mamãe.

EDWARD PDV

Cheguei em casa naquela noite com um sorriso no rosto. Eu havia conseguido o emprego e na minha mão estava uma pizza que Dominique estava pedindo para comer há mais de um mês. Era bem mais do que eu havia esperado quando acordei e agradeci a Deus por isso.

— Olá, família! — eu gritei enquanto entrava e fechava a porta atrás de mim. — Olha só o que eu trouxe!

— PIZZA! — Dominique e veio direto para cima de mim, agarrando a minha perna com os bracinhos. — OBRIGADA TIO ED!

— Como conseguiu isso? — Rose perguntou enquanto puxava a caixa da minha mão e levava para a cozinha pequena.

— Liam inventou uma dor de cabeça e me pediu para fazer uma entrega em seu lugar, em troca me pagou com uma pizza — dei de ombros, meu amigo vivia fazendo aquele tipo de coisa por nós.

Rose depositou a pizza na mesa enquanto eu abria a geladeira para pegar a caixa do suco de amora que eu amava desde sempre. O conteúdo estava no fim e logo eu teria que providenciar outra.

— Liam é um bom rapaz — Rose suspirou. — E a entrevista?

Eu fiquei alguns minutos em silêncio para criar um suspense básico, Rose estava quase roendo as unhas em ansiedade. Ela, tanto quanto eu, sabia que esse emprego seria a nossa salvação. Mas aquela não era a primeira vez em que um milagre caía dos céus para nos ajudar.

Há mais de cinco anos eu havia doado sêmen para uma clinica de fertilização artificial e ganhei sete mil dólares com aquilo. O dinheiro deu para pagar o exame da Nick e mais alguns remédios necessários para o inicio do tratamento e quando acabou voltamos para a fase do desespero e da necessidade. Como o exame descobrimos que o que Dominique tem é um tumor benigno chamado lipoma, mas que precisa de tratamento para se manter sob controle. Tratamento este que não tínhamos mais como bancar. E desde que Rosalie perdera o seu último emprego estávamos passando por algumas necessidades.

— Bem, era uma vaga como faxineiro de um set de filmagens no período da manhã e tarde. Dois salários mínimos por mês e benefícios... — eu fiz uma pausa dramática para depois concluir com um sorriso. — A vaga é minha. Começo amanhã.

— Ah, Edward! — Rose pulou em meu pescoço, eu comecei a rir. — Isso é ótimo!

— Sim, eu sei. A moça que me entrevistou foi muito simpática.

— Como Deus é bom... Esse emprego veio mesmo do céu! — Rose estava quase tão radiante quanto Nick com a pizza. — Se não fosse por Natalie, nem sei o que faríamos.

— Sim, se Natalie não tivesse me recomendado não sei se conseguiria a vaga... Espero que ela esteja feliz em Nova York.

— Pizza, pizza, pizza, pizza, PIZZA! — Dominique gritava puxando a aba da saia da mãe. Rose riu enquanto pegava um prato para servi-la.

Eu a observei enquanto pegava a pizza da mão de Rose e corria de volta para o sofá da sala.

— Não se esqueça da oração, Nick! — eu lembrei-a. Nenhuma refeição era feita naquela casa sem uma breve oração antes.

Dominique assentiu e observei-a fechando os olhinhos antes de comer. O caroço nas suas costas estava mais do que perceptível e se crescesse mais ela ficaria com uma corcunda. Ela estava com sorte por não estar com dor hoje.

— Todo mês vou guardar metade do salário para a cirurgia. Vamos nos virar com o que sobrar — eu disse.

Eu olhei novamente para Dominique, que estava sentada no sofá com um prato cheio de pizza no colo, ela tentava engolir o alimento e rir da programação da TV ao mesmo tempo. Mas quando eu olhava para Dominique assim, feliz e brincando...

— Está pensando nele, não é? — Rosalie adivinhou meus pensamentos. Eu assenti com a cabeça e minha irmã suspirou. — Vamos encontrar essa criança, Edward. Um dia, eu prometo.

Mesmo que o dinheiro tenha nos ajudado a descobrir o que minha sobrinha tinha, eu me arrependi profundamente de ter feito aquilo. Tecnicamente eu vendi um filho meu por sete mil dólares! Que tipo de pessoa eu era? Agora, mais de cinco anos depois, eu nunca deixava de imaginar como ele seria.

Eu sabia que ele existia, pois no mês seguinte eu voltara à clinica, arrependido do que fiz, apenas para descobrir que minha doação já havia sido escolhida para fertilização e que a mulher que o comprara provavelmente já estava grávida naquela altura. Apenas me disseram que meu material fora vendido para um casal de multibilionários sul-americanos cujo marido era estéril e se parecia comigo. Não quiseram me dar informação nenhuma, todos os dados eram sigilosos. Depois de muita insistência da minha parte, tudo o que consegui saber foi que o casal tinha encomendado um menino. Mas eu nunca esqueci a criança que, embora desconhecida, eu amava. Meu sonho, desde aquele dia, era encontrá-la.

Eu sorri para Rose. Minha irmã era demais, depois de tudo o que ela passou eu só queria que ela fosse feliz.

— Eu confio em Deus, Rose. Ele sabe o que faz. Não no nosso tempo, mas no tempo d’Ele e da maneira que Ele desejar.


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Notas finais do capítulo

Os créditos são da Amora, uma leitora dedicada e uma benção! Obrigada por tudo, linda!

Ah, e as celebridades citadas aqui, se não forem personagens da Stephenie Meyer, serão inventadas. Não estou a fim de quebrar as regras colocando na fanfic gente que existe de verdade.

Até a próxima sexta!

Beijos,

B♔.