Lord's Princess escrita por Brigadeiro


Capítulo 21
20 - Out of Hiding


Notas iniciais do capítulo

Quem é que cumpriu a palavra dessa vez e postou antes do dia 7? Quem? Quem? Euzinha! o/

Sei que não está no tamanho dos capítulos anteriores, mas eu tô tentando filtrar o que é importante e parar de enrolar em coisas desnecessárias.

Quero agradecer a cada um dos comentários maravilhosos, cada virgula deles. Eu amo saber todos os detalhes sobre o que vocês gostam ou desgostam, quando percebem coisas e comentam os acontecimentos e contam o que acham que vai acontecer. Cada coisa dessas me dá mais vontade de continuar escrevendo. Obrigada mesmo por se fazerem presentes!

A música que dá nome a esse capítulo é Out of Hiding - Steffany Gretzinger
POR FAVOR, procurem a música e principalmente leiam a tradução dela. É de perder o fôlego.

Boa leitura,

B ♥



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O carro parou.

Levou alguns minutos para que eu percebesse aquele fato, porque meu coração estava a um passo de saltar pela minha garganta e a minha visão estava completamente embasada pelas lágrimas.

A primeira coisa que fiz foi olhar para Edeline. De alguma forma, inacreditavelmente, ela ainda estava dormindo, nem um pouco abalada pelo quase acidente fatal que ocorrera. Eu abri a porta em um ímpeto, me atirando ao chão, e percebi que o carro estava parado debaixo de uma árvore, com o assento do motorista há poucos centímetros do tronco onde deveria ter batido. A chuva me ensopou automaticamente, aumentando o frio que me fez tremer, mas não me importei. Caí de joelho no asfalto, impotente, a água parecendo lavar todas as minhas defesas.

Pela primeira vez em muito tempo, curvei a minha cabeça parar orar. Não havia mais como fugir daquilo. Os soluços desesperados, que ainda se misturavam com o choque e o medo do que acontecera a pouco, se intensificavam quando eu pensava na minha filha, segura e intocada, ainda dormindo como uma rocha no banco de trás. Um milagre. Uma graça imensurável.

— Me desculpe — eu tentei dizer, com a cabeça encostada no chão de vergonha, pesar, alívio e gratidão, todos se misturando dentro de mim, tornando tudo mais surreal do que já era. — Me desculpe pela maneira como tenho vivido a minha vida. Eu sei... Eu sei que preciso mudar. Me ajuda — forcei as palavras através das lágrimas que, misturadas com a chuva, me fizeram quase engasgar. — Pegue a direção — voltei a pedir após alguns minutos. — Pegue o controle disso tudo de mim, eu não consigo fazer isso sozinha, por favor. Me dê aquela chance, eu a quero. Por favor.

Não sei quanto tempo passei ajoelhada ali, chorando, orando e balbuciando por favor a Deus. Eden não acordou e eu não parei de chorar, nem tão pouco me levantei. Eu precisava daquilo eu precisava dizer a Ele, dizer como estava reconhecendo, pela primeira vez na vida, o quão inútil, egoísta e miserável eu era, e o quanto estava arrependida daquilo. Era um peso enorme, uma culpa enorme, ainda mais comparada com a bondade ilimitada que eu tinha acabado de vivenciar.

Me senti suja, por tudo o que já tinha vivido. Cenas de tantas e tantas lembranças de momentos ruins, de momentos de erros, de momentos em que eu rejeitei tudo o que Ele tentou me entregar, vieram à minha mente e eu chorei amargamente por cada uma delas. Mas, então, algo engraçado começou a acontecer. Quanto mais eu chorava e quanto mais eu falava, confessando e pedindo perdão por tudo aquilo, mais leve eu me sentia. Como se cada confissão mandasse embora o peso, e isso me incentivou a continuar.

A chuva já tinha formado uma poça ao meu redor quando eu voltei a me dar conta do mundo exterior novamente. Um grito, de longe, chamando o meu nome. Levantei a cabeça e olhei em volta, pensando estar tendo alucinações.

Bella!

— Edward? — murmurei confusa, tentando focar minha visão através das gostas de água caindo e das lágrimas, para tentar ter certeza do que eu via.

De um carro que tinha acabado de encostar no meio fio, Edward saía correndo em direção a mim. Ele se jogou de joelhos no chão ao meu lado, um olhar desesperado dominando seu rosto enquanto ele me tomava nos braços, passando a mão pelo meu corpo com pressa, provavelmente para se certificar de que eu não estava machucada.

Mas eu não estava. Eu estava o exato oposto daquilo

— Bella! — ele repetiu meu nome como se ele fosse um bote salva-vidas. — Céus, graças a Deus você está bem. Cadê a Eden? Eu ouvi um carro e buzinas... O que aconteceu?!

— Ele me salvou, Edward — balbuciei, ainda completamente desnorteada. Como ele tinha chegado até ali tão rápido? — Ele existe e Ele me salvou.

A água acumulada no chão encharcava nossas pernas até os joelhos, mas eu não podia me importar menos. Tocando Edward, uma pessoa em carne e osso, eu começava a me dar conta da realidade das coisas.

Dentro de mim algo começava a crescer, uma inquietação gigantesca se alastrava tomando espaço, fazendo eu me dar conta da verdade mais explícita e bela de todas.

Como pude ser tão burra? Como pude ter ignorado aquilo por tanto tempo? Foi como se uma venda tivesse caído dos meus olhos, me relevando a luz pela primeira vez. Me senti como alguém que era cega sem saber.

— O quê? — a mão dele levantou o meu queixo para cima, firme apesar dos meus soluços constantes. — Bella, o que está dizendo? Você está machucada? E a nossa filha?

Me agarrei subitamente a ele, sem perceber o que estava fazendo, fechei meus braços em torno do seu pescoço e me permiti chorar como não chorava há anos. Como estava chorando naquela já há sabe-se lá quanto tempo. A diferença era que daquela vez as lágrimas não vinham pela dor, pela decepção e pela solidão. Era alívio. Alívio puro e genuíno, tingido de esperança.

Edward, entretanto, ainda não sabia daquilo. Ele me apertou contra ele em resposta ao abraço, sua mão afagando as minhas costas enquanto ele murmurava o que parecia ser uma oração ao pé do meu ouvido.

— Eden está bem, está dormindo — eu o tranquilizei, buscando as palavras. — Eu estou dizendo... — me afastei dele para poder olhá-lo ao responder a pergunta que tinha me feito, um sorriso se abrindo em meus lábios. — Que eu abri mão do controle da minha vida. E eu pedi pra Ele tomar a direção.

Ele piscou algumas vezes, tentando juntar as peças de tudo o que eu tinha dito.

— Bela... Você está me dizendo que... Você... Aceitou Jesus?

Acenei furiosamente que sim, nunca antes tão certa de algo. Eu não sabia se aquele era o nome para o que eu tinha feito, mas aceitaria quantas vezes fosse necessário.

— Eu não sei o que eu fiz, mas se não aceitei, aceito agora. Eu aceito tudo que vier dEle e tudo o que Ele quiser que eu aceite. Minha vida é dEle agora.

Edward, naquele momento, em um dos gestos mais espontâneos que já o presenciei ou presenciaria fazer, jogou a cabeça para trás e gargalhou, a risada mais pura e mais gostosa que eu já tinha ouvido. Em instantes, minhas lágrimas tinham se transformado em riso também, e rimos juntos.

Não sei exatamente por quanto tempo ficamos ali, jogados numa poça de chuva em uma estrada deserta nas primeiras horas da manhã, ao lado do carro fora da pista dentro de onde nossa filha dormia, rindo na mais pura felicidade.

Aquele momento se tornou uma das lembranças mais felizes que eu tenho. Eu posso afirmar com certeza de que nem mesmo no dia em que a Edeline nasceu eu senti tanto alívio, leveza e alegria de uma vez só.

— Hoje está em festa — Edward me disse, ainda rindo, suas mãos apoiadas no meu ombro.

— Festa no céu?

— Sim. Por sua casa.

— Mas eu não fiz nada — informei. Não conseguia imaginar o céu, aquela imagem de santidade e luz e perfeição que contam a história, em festa, ainda mais por minha causa.

— Você se arrependeu. Você se rendeu, finalmente parou de lutar para Ele fazer o que quer: te amar — ele pigarreou, então recitou: — Haverá mais alegria no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não precisam arrepender-se. Lucas 15:7.

Minha boca se cursou em um sozinho involuntário enquanto eu me encostava no táxi. Passei a mão pelo cabelo, tirando-o do meu rosto. Estava completamente encharcado. Edward sentou ao meu lado, ombro a combo, e escoramos a cabeça na lataria olhando um para o outro.

— Você tem todos os versículos desse livro decorados, é?

— Não todos, só alguns — ele sorriu. — Mas acredite, estão todos felizes lá em cima. E aqui embaixo também — ele piscou.

— Se você está dizendo...

— Não parece muito convencida.

Dei de ombros.

— Existem pessoas por ai que vivem vidas perfeitas, que são boas, honestas, humildes e tudo o mais. Você, por exemplo. Eu sou só um fiapo de pessoa que entendeu um pouco de coisas e chorou por ser assim. Não sou nada. Não represento nada para o céu.

— Não tem nenhuma palavra que você disse ai que seja verdade. Pra começo de conversa eu não sou nada disso, eu estou absurdamente longe de ser perfeito, eu dependo da graça de Deus todos os dias pra não ser pior — ele suspirou ao falar, só não sabia se era por minha causa, ou por sua própria. — E segundo, você representa muito. Ouça, haviam dois homens, um pecador e um conhecedor da Bíblia, e ambos foram orar. O conhecedor da bíblia orava dizendo: “Ó Deus, graças te dou que não sou como os demais homens, que são ladrões, injustos, adúlteros; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho”. Enquanto isso, o pecador não tinha coragem nem de olhar para o céu e dizia: “Deus, tem misericórdia de mim, porque sou pecador”. Adivinha quem foi que Jesus disse que voltou para casa justificado?

Eu abaixei os olhos, batendo os dedos numa poça de água para evitar a resposta. Eu entendia o que Edward estava dizendo. Eu me sentia justificada. Sentia algo diferente em mim só pelas palavras que tinha dito a pouco. Ainda assim, a razão brigava com aquele sentimento sublime. Algo infiltrado na minha mente continuava me dizendo ‘isso não adiantou nada, você nunca vai conseguir se redimir, errou demais, não há volta, não há perdão’. Mas, se não havia perdão, então porque eu tinha sido salva? Porque o carro, do qual eu soltei o volante enquanto estava girando de encontro à uma árvore, não bateu?

Eu era nova naquilo tudo, e Edward já O conhecia há mais tempo. Decidiu acreditar ao invés de dar ouvidos aos meus pensamentos novamente. Eles já tinham me colocado em enrascadas demais por uma só vida.

O vento começou a ficar mais gelado, por isso achamos por bem sairmos dali. Eu não estava em condições de dirigir, portanto abandonamos meu carro por ali mesmo, eu ligaria para seguradora assim que chegasse em casa. Edward transferiu a cadeirinha onde Eden estava para o carro de Emmett, que era o que o tinha levado até ali e, após dar um beijo na ainda adormecida Edeline, acomodou-se no banco do motorista e deu partida. Eu me encolhi no banco do passageiro, coberta pelo casaco dele que ele tinha insistido em me dar, tremendo até a raiz dos cabelos enquanto esperava o aquecedor do carro fazer efeito. Os bancos ficaram rapidamente tão molhados quanto nós, é claro, e eu tentei ignorar isso enquanto contava para Edward em detalhes o que havia realmente acontecido.

Ele ouviu com atenção, dirigindo devagar, mas sorriu quando cheguei à parte onde eu levantava as mãos do volante e pedia pra ser salva.

— Ele salvou a minha vida — eu concluí, e a esse ponto já estávamos os dois sorrindo novamente.

— Ele não salvou a sua vida só hoje. Ele salvou a sua vida há muito tempo atrás, quando morreu por você.

Eu podia sentir o peso das palavras agora que acreditava nelas, o que significava entender aquilo. Foi como se eu pudesse ouvir as algemas se abrindo, as correntes caindo no chão, e me senti livre. Eu poderia flutuar se tentasse, tenho certeza.

— Quero fazer isso valer a pena — eu disse, determinada. — Preciso de ajuda com isso.

— Você vai ter — ele prometeu, e esticou a mão esquerda para alcançar a minha. Apertei a mão dele, sentindo o calor passar através delas. — Quero te apresentar algumas pessoas no domingo que vão ficar felizes em te ajudar nessa missão.

Assenti, surpreendentemente disposta àquilo. Qual fora a última vez em que eu fiquei sob a perspectiva de conhecer gente nova, mesmo? Eu nem me lembrava.

— Como foi que você chegou aqui? — eu finalmente perguntei ao me dar conta daquele fato. Edward tinha aparecido na cena do quase acidente quase como mágica.

— Estávamos no celular, lembra? Eu ouvi o barulho dos pneus e você gritando. Você tinha dito onde estava, então eu só peguei o carro do Emmett e corri para cá. Ele ficou na sua casa extremamente preocupado, se quer saber.

— Mas você chegou tão rápido.

— Bella, eu levei mais de uma hora — ele ergueu uma sobrancelha. — E isso dirigindo como um louco, eu estava alucinado pensando que encontraria vocês mortas. Orei o caminho inteiro.

Fiquei surpresa com aquilo. Para mim tinham se passado poucos minutos, mas eu provavelmente tinha perdido a noção do tempo no meio das lágrimas e do desespero. Eu ia comentar sobre sua preocupação fofa, mas me dei conta de outra coisa que ele tinha dito.

— Você estava na minha casa?

Ele ficou subitamente muito mais atento ao caminho. Já tínhamos saído da estrada, agora serpenteávamos pelas ruas de Los Angeles, que tinha sido poupada da chuva mais grossa. Agora só respingos de garoa caiam do céu.

— Hum... Sim.

— Por que? — estranhei. — Eden não estava lá.

— Emmett saiu com Rose e Nick de novo e eu, bem, não queria ficar sozinho. Então fui fazer companhia à Cici.

— E a minha cozinheira era a única disponível na sua lista de amigos? — eu ri.

— Eu não tenho uma grande lista e amigos se quer saber — ele se mexeu no banco, desconfortável. — Está brava? Fiz mal?

Ele parecia verdadeiramente preocupado. Eu lhe dei um soquinho no braço, deixando clara a brincadeira.

— Claro que não, minha casa sempre estará aberta pra você.

— Obrigado.

Já estávamos chegando na minha casa agora. Aproveitei para ligar para a seguradora e pedir que buscassem o meu veículo abandonado na estrada. Quando passamos pelos portões de entrada da mansão foi quando Edeline finalmente acordou.

— Papai? — a primeira coisa que ela mirou foi Edward no volante.

— Bom dia, princesa — ele sorriu pra ela pelo espelho retrovisor. — Um minuto e já vamos te tirar daí.

Ele estacionou e deu a volta no carro, primeiro abrindo a porta pra mim; me ajudou a sair de lá e apertou mais seu casaco nos meus ombros antes de finalmente abrir a porta do passageiro e desprender Edeline da cadeira de segurança, e saiu de dentro do carro com ela agarrada em seu colo.

Fui até eles e passei a mão pelo rostinho macio dela, mais uma vez agradecendo a Deus por sua vida. Eu tremi só de pensar o que poderia ter acontecido a ela.

— Bom dia, meu amor.

— Bom dia, mamãe — ela sorriu, e seu dente mole se mexeu. Eu precisava leva-la em um dentista o quanto antes. — O papai está aqui!

— Eu sei. Ele foi buscar a gente.

Ela deitou a cabeça no ombro dele, ainda sonolenta do despertar, e entramos na mansão.

Eu tinha uma ideia do que encontraria, porque os carros dos meus pais também estavam ali. Quando a porta abriu, vi de relance um Emmett desalentado sendo desajeitadamente abraço por Rosalie, que mantinha os outros fechados, provavelmente em uma oração, com Nick sentada no pé deles montando um lego. Alice no sofá de mãos dadas com aquele rapaz loiro, minha mão andando de um lado para o outro quase fazendo um buraco no chão e meu pai atrás dela tentando fazê-la parar. Quando entramos, uma avalanche desmoronou em cima de nós.

— BELLA!

— Oh, graças a Deus!

— Vocês estão bem?

— O que aconteceu?

— Nunca mais me assuste desse jeito!

Abracei a minha mãe de volta, que fora que se pendurou no meu pescoço, tentando tomar ar em meio àquela multidão de pessoas que me amavam. Estava grata mais uma vez, mas precisava de ar.

— Está tudo bem, pessoal. Estamos bem — eu disse o mais alto que pude.

— Edward quase me matou do coração! — Emmett ralhou conosco. — Ele saiu correndo daqui com meu carro dizendo que tinha ouvido você sofrer um acidente! Tive ligar para mamãe e ela buscou Rosalie, e ligou pra Alice, e estávamos todos aqui pensando que a qualquer minuto receberíamos más noticias!

— Vocês teriam recebido, se não fosse por Deus — afirmei.

— Desculpe, o que disse? — Alice deu um passo a frente, surpresa. — Eu ouvi direito?

— Sim — eu ri, genuinamente feliz, olhando para cada rosto à minha frente. — Vou explicar, mas antes, obrigada por estarem aqui. Depois do que acabei de viver, é bom entrar em casa e ver todas as pessoas que eu amo esperando por mim. Meus pais, irmãos, cunhados e... Jasper? O que está fazendo na minha casa…? — eu franzi o cenho quando interrompi a lista, percebendo que Jasper não fazia parte dela, mas rapidamente me dei conta das palavras redes e balancei a cabeça, me corrigindo. — Desculpe, força do hábito. Só estou surpresa em te ver aqui.

— Me desculpe a invasão — ele sorriu sem graça. — Mas eu estava com a Alice e ela ficou muito agitada quando recebeu a ligação, eu não podia deixa-la vir sozinha.

Eu assenti.

— Fez muito bem. Seja bem vindo — eu disse, fazendo minha irmã sorrir. Percebi que a minha mãe mantinha sobre ele um olhar desconfiada, nada amistoso.

— Menina Bella! — Felícia surgiu na sala, correndo para me abraçar. Eu retribui com gosto, feliz por vê-la também. — Oh, você está bem, graças a Deus! O que foi que aconteceu?

— É uma ótima história que eu quero compartilhar com o máximo de pessoa que eu puder, senta aí, todo mundo.

— Eu vou fazer um chá para todos se acalmarem enquanto você conta.

Eu a impedi de ir, puxando-a pelo pulso.

— Nada disso, vai ouvir com todo mundo — conduzi a confusa Cici para a poltrona mais próxima, fazendo-a se sentar. — Depois a gente toma seu chá da paz.

Ela de ombros, mas ainda me olhava como se eu tivesse sido substituída por um robô.

— Se você está dizendo...

{...}

Eu demorei cerca de uma hora para contar tudo, mesmo com os detalhes. Por sorte, assim que viu a prima, Eden quis subir para o terceiro andar e arrastou Nick com ela, de forma que nunca das duas ouviu o relato angustiante. Quando terminei a história, finalizando com o modo como eu e Edward nos levantamos daquele chão prontos para voltar para casa com uma nova Bella dentro de mim, minha mãe e Rosalie estavam chorando, e todos os demais sorriam como se nunca tivessem sorrido antes.

— Eu estou tão feliz agora — Rose fungou. — Finalmente.

— Você parece tão leve como nunca vi, irmã — Emmett brilhou seu solhos para mim e eu sabia que ele sabia como eu estava me sentindo, pois tinha toado a mesma decisão há pouco tempo.

— Eu me sinto leve.

— E achei que nunca veria você se rendendo — minha mãe comentou.

— Era quase uma ideia impossível, de tão teimosa que essa sua cabeça dura era — Alice suspirou.

— Não tem nada impossível pra Deus — Jasper foi quem afirmou aqui, e eu concordei. — Agora só permaneça nEle e se sentirá assim pra sempre, Bella. Nunca duvide do cuidado dEle com seus filhos.

Eu concordei com Jasper. Depois do que eu tinha vivido, nunca mais duvidaria de Sua capacidade divina para me guiar.

— O Deus que me tirou da mira de uma bala e guiou meu carro para fora de um acidente fatal, pode cuidar de qualquer coisa na minha vida — afirmei.

Cici não tinha se esquecido do chá, e fez questão de ir preparar uma boa quantidade enquanto continuávamos conversando. Ela também queria avisa Seth e Leah de que eu estava bem. Os dois estavam preocupados, mas não quiseram ir até a sala. Eu iria conversar com os dois pessoalmente mais tarde.

Aquela tarde foi uma das melhores que já vivi. Parecia que eu estava vendo o mundo com novas lentes, que me permitiam enxergar beleza onde antes não havia. Nunca antes tinha percebido o amor que eu tinha pela minha família tão palpável, e nunca antes uma mera manhã gasta tomando chá com todos reunidos tinha parecido tão preciosa.

Não pude deixar de notar, porém, a implicância da minha mãe com Jasper. Uma vez que eu estava bem, ela desviou seus esforços a sondar o acompanhante da minha irmã. Eu não via nada de errado com o rapaz, muito pelo contrário. Ele olhava para Alice com um brilho diferente, isso era notável. Estava sempre a frente fazendo as coisas por ela, como encher sua xícara, passar-lhe as coisas da mesa ou até mesmo um guardanapo. Suas mãos tremiam quando ocava nela, e os sorrisos dos dois eram iguais quando se olhavam.

Minha mãe, porém, não parecia ter achado a mesma coisa. Quando Jasper se levantou, anunciando que precisava ir, Alice o seguiu até a porta e quando voltou, perguntou à dona Esme:

— E então?

Ela fechou a cara e suspirou.

— Não quero você com ele, Alice.

Nosso queixo caiu. O meu, de Emmett, papai, Rose e Edward. Mas Alice foi a única que bateu o pé no chão.

— O quê? Por quê?

— Não confio nele. Ele está escondendo alguma coisa.

— Não está, é coisa da sua cabeça. Ele gosta de mim.

— Não nego isso, mas não é só isso. Tem algo nele que eu não gostei. Não pode namorá-lo.

Ela olhou desesperada para nosso pai, sabendo que não adiantaria argumentar com Esme Cullen.

— Papai!

— Esme, seja razoável — ele interveio em favor da filha. — Você mesma admitiu que ele gosta dela.

— Claro que ele gosta, todo mundo gosta dela, Alice é encantadora — ela sorriu de leve para minha irmã, mas ainda impassível. — Mas há algo sorrateiro nele, ele está com segundas intenções ao se aproximar dela.

— Mamãe, por favor, dê-lhe uma segunda chance. Você estava nervosa hoje, preocupada com Bella e Eden, não deve ter visto as coisas direito.

— Eu não sei, Alice...

— Esme, se me permite — Edward levantou um dedo, entrando respeitosamente na conversa. Eu nem me atrevi a falar nada, a última coisa que queria naquele momento era confrontar a minha mãe. Ela nunca tinha errado antes, e se ela estava dizendo que não confiava em Jasper, então eu também não confiaria. Mas Edward pensava de outra maneira. — Eu conheço Jasper desde criança, e ele é um ótimo rapaz. Tenho certeza que pode mudar de opinião se conhece-lo melhor.

Alice olhou pra nossa mãe, as mãos juntas implorando. Esme olhava de Edward para Alice, indecisa.

— Não sei...

— Por favor — Alice implorou.

Esme rolou os olhos e abanou as mãos, dando-se por vencida.

— Tudo bem! — ela cedeu, sendo esmagada por Alice em um abraço. — Mas apenas mais uma. Se eu continuar achando que ele está nos escondendo algo, Alice, você vai ficar longe dele. Prometa.

Alice assentiu, sem vacilar no sorriso. Ela provavelmente tinha certeza de que nossa mãe mudaria de ideia. Eu, por outro lado, a olhei com preocupação.

Esme Cullen nunca tinha se enganado antes e se ela estivesse certa mais uma vez, do jeito como Alice parecia ter se apaixonado por aquele loiro, minha irmã poderia acabar saindo machucada daquela história.

{...}

A família permaneceu junta até o fim da noite, mesmo após a partida de Jasper. Conversamos, rimos, até assistimos a um filme, e eu nunca tinha me sentido tão bem.

Meus pais foram os primeiros a irem, alegando ter deixado tudo o que estavam fazendo quando saíram de casa correndo. Alice ficou mais um pouco, para poder reclamar da nossa mãe sem ela por perto, o que por alguma motivo foi apenas engraçado.

Emmett, Rose e Edward só perceberam que estava ficando tarde quando as meninas foram encontradas dormindo no tapete, caídas de sono. Ofereci apara que eles dormissem por ali mesmo, mas Rose estava tentando criar uma nova rotina para Dominique e achou melhor ir para casa, de forma que Emmett iria leva-la e depois voltaria. Edward os fez esperar, porque queria colocar Eden na cama.

Ele subiu com ela no colo e eu fui atrás, os olhos presos nos dois. Ele a deitou na cama e a cobriu, ajoelhando-se próximo a ela em seguida.

— Tenha bons sonhos, princesa.

Ela já estava com os olhos pesados, mas se esforçou para erguer-se e beijar a bochecha de nós dois.

— Obrigada, papai — ela ronronou ao encostar a cabeça no travesseiro novamente, e eu me dei conta subitamente do quanto ele tinha feito diferença na vida dela. No quanto eu tinha visto ela dizer aquelas palavras nos últimos tempos, e eu mal tinha percebido — Pode fazer aquele pão crocante de manhã?

— Não vou dormir aqui hoje, princesa.

— Por que não?

— Porque eu não moro aqui.

— Ah, é. Só quando casar com a mamãe, não é?

Edward não respondeu e eu evitei olhá-lo. Ela não esperou por um, de qualquer jeito, fechou os olhos logo em seguida. Ele permaneceu passando o dedo pela bochecha dela suavemente até ela realmente dormir.

Eu andei até a cômoda do outro lado do quarto. Um desenho tinha sido emoldurado e posto ali a pedido da própria Eden, e eu vinha ignorando ele desde então. Deixei Edward velando o sono da pequena sonhadora e caminhei até meu próprio quarto, apertando o desenho em mãos. Era aquele desenho, o que Edeline tinha feito na igreja em nossa primeira visita lá, em que suas mãos infantis tinham tentado retratar ela, eu e Edward abaixo da palavras família previamente impressa, e onde ela tinha feito questão de acrescentar uma cruz, porque éramos “pessoas de Jesus agora”.

Apoiei a moldura na minha mesa de cabeceira, sentindo que aquilo poderia me dar forças todas as manhãs para ir em frente com a decisão que eu tinha tomado.

— Bella? — Edward apareceu na porta do quarto, surpreendendo-me. Tirei os olhos do desenho para olhá-lo. — Vim me despedir. Já estou indo, Rose está com pressa.

— Ah, é claro. Boa noite.

— Boa noite.

— Espera! — exclamou assim que ele se virou, fazendo-o voltar. Ele me olhou. — Eu aceito.

Ele ergueu uma sobrancelha, confuso.

— Aceita o quê?

— Registrá-lo como pai da Eden.

Ele levou alguns segundo para registrar as palavras, e sua feição foi lentamente mudando da confusão para incredulidade até chegar à fascinação. Ele se aproximou de mim.

— Isso é sério? Bella, não brinca comigo.

— Muito sério — sorri. — Vou atrás dos procedimentos amanhã mesmo.

Sem aviso, ele avançou pra cima de mim, segurando-me pela cintura, e me girou. Eu gritei, e segurei em seu pescoço para não cair.

— Isso é incrível! Obrigado.

Ele me colocou no chão, mas sem soltar a minha cintura. Eu não soltei seus ombros.

— Obrigada você, por ter entrado em nossas vidas. Você é o pai dela, ninguém mais pode negar isso. Nem eu — meu nariz encostou no dele nas últimas palavras, e eu podia sentir seu hálito batendo na minha bochecha.

Ele pigarreou e deu um passo para trás, me soltando. Respirei fundo, tentando manter a cabeça no lugar.

— Não vou te decepcionar — ele disse.

— Sei que não — sorri de canto e passei por ele, andando em direção à porta para descer as escadas. — Vou me despedir da Rose.

Algo me impediu de prosseguir, entretanto. A mão de Edward tinham segurado meu pulso, me segurando à distância de um braço dele. Eu parei, encarando-o.

— O quê?

— Quero te fazer uma pergunta — ele sorriu de lado, me fazendo sorrir de voltar. As covinhas em seu rosto eram fofas.

— Pergunte, então.

Ele mordeu os lábios e olhou para o chão antes de levantar o olhar de novo para mim e dizer:

— Quer sair comigo?


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Notas finais do capítulo

Quero pedir desculpas por alguns erros no último capítulo. Eu escrevi ele correndo. Entre os erros, estava o nome da Felícia errado. Eu escrevi Felicity em todas as vezes porque eu tô terminando a sexta temporada de Arrow e estava com a Felicity na cabeça porque ela é a melhor personagem e quem concorda respira.

Não vou dar uma data certa para o próximo porque acabo escrevendo correndo e não quero isso. Mas não pretendo mais deixar passar mais de um mês.

Obrigada por cada uma de vocês que chegou até aqui. Prontas pra ver Beward acontecer?

AH, me contem o que acharam! O que mais querem ver acontecer? Pelo que mais estão ansiosas? O que gostariam de acontecesse, também? E o que acham que o Jasper está escondendo? Ou é só paranoia da Esme? Minha série favorita (matando a curiosidade da nação) é How I Met Your Mother, e a de vocês? Falem mais gente, amo ler e responder.

Ah, eu tenho um twitter agora, se quiserem interagir. @BrigadeiroHd, se quiserem curiar.

Até o próximo e me digam o que acharam!

B ♥



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