Lord's Princess escrita por Brigadeiro


Capítulo 2
1 - Cada Lágrima Derramada Vai Valer a Pena


Notas iniciais do capítulo

Uau... Nenhum leitor. Essa não é primeira vez que isso me acontece. Acho que a história ainda pode ter um futuro e darei mais uma chance pra ela, mesmo que ninguém chegue a ler isto.

Nome do capítulo: inicio da letra da música Essência, do Jotta A.

Mas uma vez eu digo: Boa leitura.

E espero que alguém esteja aqui para recebê-la.

B.



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ISABELLA PDV

Vou começar a história do dia em que tudo começou, quando Alice teve a ideia mirabolante que me colocou em toda a confusão que se seguiria.

O parque em que eu estava era aberto e pouco conhecido, o sorvete de uva que eu segurava em minha mão esquerda estava derretendo. Eu o ignorava, sabendo que o líquido roxo escorrendo era a menor das minhas preocupações.

Eu observava as crianças correndo pelo playground, quase como uma maníaca vidrada que não desviava olhar nunca. Elas corriam, gritavam, sorriam e pulavam alegres. A visão só fazia apertar o buraco em meu peito, aquele vazio que ansiava por ser preenchido.

Escutei meu celular tocando na bolsa de couro marrom ao meu lado, mas não me mexi para atende-lo. Eu estava hipnotizada com as crianças. Uma delas correu para perto de mim, era uma garotinha linda, moreninha e cheia de cachinhos. Sorri para ela. Ela sorriu timidamente de volta e apontou pra minha mão.

— O seu sorvete está derretendo, tia!

Sua voz era fina, uma gracinha. Ela era pequenina, não deveria ter mais do que cinco anos, usava um vestidinho de verão e sapatilhas combinando, havia um laço rosa em seu cabelo. Eu joguei o sorvete na lixeira que repousava ao lado do banco e limpei as mãos em lenços de papel. Ela observou quietinha.

— Eu não estava realmente prestando atenção nele — respondi. — Como é o seu nome, linda?

— Bianca — ela respondeu. — E o seu, tia?

— Meu nome é Isabella, mas todos me chamam de Bella. É um prazer te conhecer, Bianca.

Não, eu nunca parava para pensar o quão errado poderia parecer alguém desconhecido dar tanta atenção para uma criança. Antes disso eu também já havia me metido em confusão por algo parecido, mas eu não conseguia evitar. Crianças eram e ainda são a minha paixão.

— Pode me chamar de Bia, tia! Todos me chamam de Bia, até mesmo a mamãe. Ela não gosta muito do meu apelido, mas o papai fica me chamando assim e agora ela me chama assim também. Eu gosto, é mais bonito — a menina começou a tagarelar como se me conhecesse há anos. Isto era o que mais me encantava, a inocência e espontaneidade das crianças.

— Onde está sua mamãe, Bia? — perguntei. Era estranho que não houvesse ninguém perto dela enquanto ela conversava com uma estranha.

— Eu não sei, eu estava correndo dos meninos grandes na caixa de areia e ela ficou para lá — ela apontou para trás, no emaranhado de mães, pais e filhos correndo. — Agora não vejo mais ela. Cadê a minha mãe, tia?

Ela fez uma cara de choro, realmente assustada. Eu me levantei e peguei minha bolsa.

— Tudo bem, vou te ajudar a achar sua mamãe. Como ela é? — perguntei para a menina, que fungava ao meu lado.

— Ela é igual eu, só que alta. Tem um monte de cachinhos como eu, mas os olhos dela são pretos e não azuis como os meus e os do papai. Ah, e ela está de vestido verde!

Assenti e peguei sua mão e juntas saímos pelo playground atrás de uma mulher com aquela descrição. Bia gritava um fraco “Mamãe!” de vez em quando, que não ajudou muito uma vez que todas as crianças ali gritavam a mesma coisa. Eu só consegui avistar uma mulher parecida com o que imaginei da descrição depois de uns dez minutos, ela estava parada em frente a um guarda e mostrava a ele uma foto que eu apostava ser de Bia. O guarda lançou o olhar em nossa direção e apontou para onde eu e Bia estávamos. A mulher então nos viu.

— Bia! — ela gritou.

— Mamãe! — a garotinha se desprendeu das minhas mãos e correu para o colo da mãe, e tudo no que eu podia pensar enquanto andava em direção as duas era no quanto devia ser bom ter essa recepção todos os dias quando se entrava em casa. — Mamãe, eu me perdi!

— Eu percebi. Fiquei desesperada, querida, não faça mais isso! — ela beijou a filha e me lançou um olhar estranho. — E você é...?

— Isabella, prazer — estendi a mão e ela a apertou, agora um pouco mais calma.

— Eu sou Daniela, prazer. Eu acho que conheço você de algum lug... — Ela arregalou os olhos de repente, o reconhecimento vindo a mente. Eu amava o meu trabalho, mas essa era uma parte que nunca deixava de me incomodar. — Isabella... Isa Marie! Oh, meu Deus!

— Mamãe, a tia me ajudou a te encontrar! — Bia lhe informou.

— Ela me disse que não conseguia te achar, estava quase chorando, então me ofereci para ajudar a encontrá-la. Desculpe-me se causei a impressão errada — eu me expliquei, tentando parecer uma pessoa normal e ignorando a expressão no rosto dela.

— Oh, é uma honra te conhecer. E obrigada pela ajuda. Minha irmã mais nova é totalmente sua fã — ela comentou e eu assenti, sorrindo. — Você tem filhos?

— Eu? Não. — respondi tristemente.

Quem me dera poder responder que sim. Chegar em casa sabendo que alguém está esperando para pular no meu pescoço, sair para algum lugar e comprar tudo o que alegrasse a pessoinha que me chamava de mãe, viajar com um filho e ver seu sorriso de felicidade. Eu queria desesperadamente ser mãe. Daniela percebeu minha expressão.

— Eu disse algo errado?

— Não, está tudo bem. Acho que vou indo... Vou um prazer te conhecer, Bia.

— Obrigada por achar minha mamãe, tia.

— Não tem de quê. — Depositei um beijo em sua bochecha e ela riu. — Foi um prazer, Daniela. Até mais.

Antes que ela pudesse pedir um autógrafo, fotografia ou algo do tipo, me virei e marchei em direção ao meu carro, lutando contra as lágrimas que teimavam em cair dos meus olhos. O carro estava encostado no meio fio e na porta do carro estava encostada a pulga que eu chamo de irmã: Alice.

— Por que não estou surpresa em te encontrar aqui? — ela murmurou irritada. — É a quinta vez esta semana, Bella... Você está chorando?

— Estou Alice, eu estou chorando! — gritei, sobressantando-a um pouco. Eu sabia que era errado descontar minhas mágoas e frustrações na minha melhor amiga, mas eu precisava gritar com alguém. — Eu não tenho um namorado, um pretendente ou sequer um candidato a pai! Cada dia que passa estou mais longe de realizar o sonho da minha vida. Não aguento mais ver mães felizes com seus filhos por aí, mas ao mesmo tempo não consigo ficar longe desta imagem...

— Ei, ei! Calma, Bella — ela me abraçou, deixando-me chorar em seu ombro. — Você só tem 22 anos, mulher! Ainda tem muito tempo para ser mãe.

— Não me importo com a minha idade. E você não pode ter certeza disso. E se eu morrer?

Alice suspirou.

— Você tem certeza do que quer, Bella?

— Você ainda duvida?

— Pense por um instante na sua carreira. Só com dois anos de carreira você está prestes a chegar ao topo, sua música está chegando aos quatro cantos do mundo, você acabou de gravar seu primeiro filme e está concorrendo ao seu primeiro VMA! Tem noção do quanto é isso? Estou surpresa por ter conseguido sair sem chamar atenção de alguns paparazzi.

— Eu saí disfarçada — admiti envergonhada. Minhas bochechas coraram — Não queria que me seguissem.

— Exatamente. Agora pense em uma criança vivendo essa vida! Você mal tem tempo para si mesma. Acha que vai conseguir cuidar de uma criança no meio disso tudo?

Alice não entendia. Minha irmã era muito prática. Mas eu não tinha duvidas de que conseguiria conciliar tudo, meu filho sempre viria na frente. Se eu apenas tivesse a chance...

— Se eu conseguisse ser mãe, Alice... Meu filho seria a criança mais feliz do mundo, seria a coisa mais importante da minha vida. Eu nunca o deixaria chorar por tristeza, ele teria tudo o que quisesse ter e seria amado incondicionalmente. Ele sempre viria primeiro — eu suspirei, segurando as novas lagrimas. — Mas as coisas não são assim, e eu provavelmente nunca terei um filho.

— Mas como você é dramática, não? Não é a toa que atua tão bem — Alice me lançou um sorriso estranho. Como se ela tivesse feito algo sem a minha permissão. Jamais me esqueceria daquele sorriso, ele sempre antecedia alguma coisa louca. — Você esqueceu quem é a sua melhor amiga? Eu sou Alice Cullen, meu bem, aquela que resolve qualquer coisa.

— O que está querendo dizer?

Ela tirou um papel de dentro da sua bolsa e o estendeu para mim. Eu o peguei com as mãos trêmulas. Parecia um formulário, havia várias questões como nome, idade, data de nascimento, entre outros. Mas apenas a assinatura no final da folha fez sentido. Vita In Vitro. Aquela era uma clínica de fertilização artificial.

— O que é isso, Alice? — perguntei.

— A solução dos seus problemas. Você terá seu tão sonhado herdeiro e não precisa de um homem para isso! — Ela soltou um gritinho de alegria, empolgada com a ideia.

— Mas... Alice, eu... Será como uma produção independente, sem pai? E quando meu filho crescer e perguntar pelo pai, e se eu não for o suficiente para ele, e se... — eu estava entrando em desespero, já havia considerado essa opção algumas vezes, mas descartado por ser muito assustadora. Alice me deu um beliscão — Ai!

— Dá pra se acalmar? — ela perguntou — Não vai acontecer nada disso, seu filho não vai sentir falta de nada. Eu serei o pai, Emmett será o pai! Não digo que Carlisle e Esme serão os pais porque Esme já me disse que vai adorar ser chamada de vovó...

— Espera... Esme e Carlisle já sabem?

— Claro que sim! Quem você acha que me ajudou a conseguir os formulários da melhor clinica de fertilização do país?

Eu pensei no assunto com seriedade. Se Esme e Carlisle eram a favor da inseminação aquela não era uma ideia irresponsável. E eu teria a minha família do meu lado! Com o que mais eu teria que me preocupar?

— Obrigada, Alice! — eu a abracei emocionada. Finalmente realizaria o meu sonho!

— Isso quer dizer um sim para a proposta?

— Sim!

EDWARD PDV

Bella não conseguiria contar esta história sozinha nem se quisesse. Sou uma parte importante dela, sou o Edward que é citado no inicio, lembram? Bem, eu não me considero o anjo que minha linda esposa descreveu, mas me considero um bom homem. Sou o cara que levou Bella a conhecer o caminho certo e sou feliz em dizer que fui presenteado com ela, também. Bella mudou a minha vida em 360 graus.

Minha versão da história começará no mesmo dia em que Bella começou. Naquela tarde, enquanto Bella recebia a proposta da fertilização artificial, eu voltava para a minha casa simples no subúrbio. A pergunta central da minha mente naquela dia era:

O que eu ia fazer da minha vida agora?

Eu nunca fui bom em manter um emprego. Eu era jovem, não tinha formação algumas e minhas experiências anteriores não eram grande coisa. A agência de advocacia em que eu fui contratado como secretário há alguns meses foi o melhor e mais duradouro emprego que já tive, depois de dez ótimos meses fui demitido por corte nas despesas. O que eu ia dizer a Rose? Como conseguiríamos pagar as contas e comprar os remédios de Dominique ao mesmo tempo apenas com o salário de garçonete da minha irmã?

Embora preocupado, não estava desesperado. A palavra certa era triste. Aquele emprego era o nosso sustento e eu o perdera, mas confiava em Deus e sabia que ele não me deixaria desamparado. Mal sabia eu que aquela demissão era apenas o começo de um propósito muito maior.

Ainda abatido, passei pelo portão de madeira da construção humilde que chamávamos de casa. O tapete felpudo com a inscrição “bem vindo” em frente a porta não me animou naquele dia. Quando coloquei a chave na fechadura tive uma pequena surpresa.

— Rose? — chamei ao entrar em casa.

A porta da frente estava aberta, o que me fez ficar em alerta. Minha irmã nunca deixava a porta aberta, pois Nick tinha começado a andar agora e o bairro era um pouco perigoso. Quando ninguém me respondeu, comecei a entrar em pânico.

— Rosalie?! Dominique?! — gritei enquanto corria escada acima atrás da minha irmã e da minha sobrinha. Rosalie deveria estar em casa cuidando de Dominique, ela só saía para trabalhar depois que eu chegava porque Dominique não podia ficar sozinha.

Havia apenas dois quartos no imóvel em que morávamos: o meu quarto e o quarto que Rose dividia com a filha. Nem entrei no meu quarto, sabendo que elas quase nunca ficavam ali, e corri direto para o de Rose. A cama em que Dominique deveria estar deitada estava desarrumada, a coberta repousava no chão e havia roupas infantis e adultas espalhadas por todo o quarto.

Elas também não estavam no banheiro, então desci e revirei o primeiro andar. A sala estava quase inutilizada, apenas alguns brinquedos espalhados pelo chão. Já a cozinha estava desarrumada, louças jaziam na pia e o café da manhã permanecia na mesa desde a hora em que saí de manhã. Isso estava errado, não era do feitio da Rose deixar a casa bagunçada.

Peguei meu celular no bolso torcendo para que ainda tivesse crédito e liguei para o número da minha irmã. Depois de cinco toques ela atendeu, sua voz estava fraca e embargada.

— Rosalie? Está chorando? — perguntei preocupado. — Onde você está? Dominique está bem?

— Oh, Edward! Estamos no hospital — ela soluçou, parecia quase desesperada. — Nick ficou com aquela febre alta novamente e aquele caroço nas costas dela começou a doer. Eu corri com ela para o hospital.

— Onde ela está? Vocês já falaram com o médico?

— Ficamos horas esperando, mas quando ela teve uma convulsão nos passaram na frente e agora estão medicando para febre. O doutor examinou o caroço... Edward, eles estão suspeitando de que seja um tumor.

Seu choro recomeçou e eu estanquei no lugar. A palavra reverberou pelo meu cérebro como um gongo, piscando e evidenciando a gravidade da situação. Dominique era tudo para nós, se perdêssemos nossa pequena pepita de ouro... Nem sequer podia pensar na possibilidade. Controlei minha voz embargada para não piorar o estado de Rosalie.

— É só uma suspeita? — perguntei, a esperança se esforçando para aparecer.

— Sim. Eles precisam fazer um exame chamado biópsia para terem certeza, mas o sistema público tem uma fila gigantesca e o exame é muito caro, Edward. Nem nossos salários juntos podem pagar e o médico disse que se a suspeita for correta eles precisam tratar rápido — sua voz era quase um sussurro pelo celular, eu imaginava o quanto ela já deveria ter chorado.

Nem poderíamos considerar esperar pelo sistema público, demoraria anos até que ela fosse atendida. Meu peito se apertou e o desespero começou a tomar conta de mim, mas eu me recusei a deixá-lo transparecer.

— Estou indo para aí, Rose. Se acalme, Deus é fiel e você só precisa confiar. Tudo dará certo — desliguei a ligação sem dar a chance de ela me responder.

Corri porta a fora, tentando chegar o mais rápido possível ao hospital. Eu não tinha dinheiro para o ônibus, o que me fez ter que caminhar por quase uma hora. Não me dei conta de quando as lágrimas começaram, mas quando percebi estava soluçando pelas ruas e todos me olhavam. O desespero e o medo de perder minha sobrinha eram devastadores. Eu havia perdido meu emprego na pior hora possível, onde encontraria outro? Somente um verdadeiro milagre de Deus poderia nos salvar agora.

— Senhor, por favor, eu te peço... Me ajude a salvar a minha sobrinha. Nós já perdemos tanto, ela é tudo para mim e para minha irmã agora, meu Pai — eu orei enquanto chorava. Desde pequeno aprendi que nada era mais forte do que o poder da oração.

— Boa tarde — depois de um bom tempo andando um senhor parado em frente a um prédio enorme e bem apessoado me parou e me entregou um papel. Peguei automaticamente e continuei andando.

O hospital não ficava tão longe assim de South L.A., o bairro em que residíamos, e era bem perto do centro de Los Angeles, não muito longe do distrito de Hollywood. Eu já estava quase no centro quando abaixei os olhos para o papel que havia recebido.

Vita In Vitro.

O nome gravado em letras grandes no papel parecia pular para cima de mim. O papel anunciava uma das maiores clinicas de fertilização artificial do país e eles estavam procurando homens com certo nível de beleza e com características específicas para serem doadores de sêmen. O pagamento por uma doação era superior a 10 mil dólares, dependendo da saúde e do porte físico do doador.

Eu já fui distribuidor de panfletos sabia que eles orientavam os empregados a entregar os panfletos para as pessoas certas. Se aquele homem me entregou um, era porque acreditava que eu tinha o perfil desejado pela empresa. Eu senti esperança, aquela poderia ser a chance que eu pedi para salvar a minha sobrinha, ou pelo menos para conseguirmos fazer os exames.

Na hora não pensei nas consequências do que estava fazendo. Não pensei que aquilo era errado, nem que a minha doação geraria uma criança em algum lugar do mundo, não pensei que essa criança seria minha filha e cresceria e nem pensei se um dia ela poderia precisar de mim ou não. Não pensei em Deus. Pensei apenas em Dominique.

 


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Notas finais do capítulo

Só para constar: postei antes de sexta feira. Não consegui me segurar :D

http://jornada-de-amor.blogspot.com/

B♔.