Lord's Princess escrita por Brigadeiro


Capítulo 13
12 - Uma Só Voz, Um Só Coração.


Notas iniciais do capítulo

E aí, pessoinhas?

Sim, eu sei. Me desculpem! Jamais irei abandonar a história, longe disso, apenas peço um tiquinho mais de paciência e o perdão de vocês ^.^


Leiam as notas finais, por favor. Há coisas importantes ali que preciso que vocês entendam.


O nome do capítulo foi retirado da música Uma Só Voz, da Fernanda Brum. Não, o capítulo não tem nada a ver com essa música. E a música que se encontra no fim do capítulo é Pra Sempre, do Thiago Grulha. Sim, ele é um cantor evangélico.


Para quem me pediu mais cenas Edward/Bella/Edeline, vai ficar bem contente com o momento família deste capítulo. Um projeto de vilão vai surgir, mas nada muito ameaçador. Ainda. E para quem estava implorando por romance Beward... Surtem com o final! Muahahahaha


Please, visitem o blog!

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Enfim, boa leitura!



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— Quer suco de amora?                                        

Encarei Edeline, sentadinha na poltrona maior do camarim da Bella. Depois da bagunça que fizemos, a chefe da equipe de limpeza e minha superior me liberou da responsabilidade de secar e organizar tudo dizendo que cuidar de Edeline era mais importante. Aquilo me aborreceu um pouco, mas deixei passar porque ela estava toda molhada e podia se resfriar.

Trouxe a pequena para o camarim da mãe, dei um banho nela e troquei sua roupa. Meu macacão de trabalho ainda estava um pouco úmido, mas eu não tinha roupa no estúdio para me trocar. Tentei pentear os cachinhos dela como pude, mas não fiz um bom trabalho e deixei-os secando soltos mesmo. Agora estávamos ambos sem ter o que fazer, então decidi que era hora de ela ingerir alguma coisa.

— Sim. E bolo!

Peguei duas caixinhas de suco e um pedaço de bolo embrulhado que também havia na geladeira. Sentei-me ao lado dela.

— Quando pedimos algo a alguém, é educado dizer ‘por favor’.

Eu ouvi Bella dizendo por favor e obrigada muitas vezes, mas não acho que ela tenha se preocupado em ensinar para a filha, porque Edeline nunca pronunciou tais palavras na minha presença. Já estava mais do que na hora de aprender.

— O que é ‘por favor’? — ela perguntou, na sua típica inocência infantil.

— Significa que você está pedindo para a pessoa lhe favor um favor e não mandando nela — enquanto Eden abria sua caixinha de suco de amora e segurava seu bolo, puxei um caderno e uma caneta para perto de nós. — Existem várias dessas palavrinhas educadas que toda a princesa usa. Elas se chamam “As Palavrinhas Mágicas”.

— Palavrinhas mágicas? — seus olhinhos brilharam. — E quais são, papai?

— Temos o ‘por favor’, que você usa quando quer pedir algo. Por exemplo: se você for pedir bolo, diga ‘quero bolo, por favor’ ou ‘me dá um pedaço de bolo, por favor’. Entendeu? — ela assentiu e eu toquei a ponta de seu nariz com o dedo antes de continuar — Também tem o ‘obrigado’. Eu digo obrigado porque sou menino, mas você tem que dizer obrigada. Com A. Porque é menina.

— E pra que serve o obrigad-A?! — ela exclamou, tentando pronunciar corretamente.

— Quando algo faz algo para nós, dizemos obrigado. Significa que estamos agradecidos pelo que ela fez. Hum... Me passe aquela caixinha de suco, por favor — pedi, apontando para a caixa do lado dela. Ela pegou a caixa e me deu. — Obrigado pela caixa de suco, Eden.

— Ah, entendi! — ela sorriu, feliz da vida. Era uma graça a maneira como ela se animava com as coisas mais simples.

— Agora, também temos o ‘com licença’...

E assim se passou mais meia hora, comigo ensinando-a todas as “palavrinhas mágicas” que existiam. Ela ficou empolgada e ansiosa para usá-las por serem ‘palavras que as princesas usam’. Um tempo depois, ela disse:

— Papai, vamos ir ver a mamãe, por favor?

Eu sorri e pegue-a no colo, todo orgulhoso.

— Acho isso uma ótima ideia!

Assim, Edeline foi me indicando o caminho até set de filmagem correto. Emmett estava ali, sentado em uma cadeira do lado do pai, havia mais alguns atores entre os bastidores, esperando suas cenas e umas dez câmeras em torno de todo o cenário decorado como uma sala rústica com paredes de madeira. No centro desta sala estava Bella, com os cabelos semi presos e um vestido de época delicado. Ela estava contracenando com outro ator muito famoso, Jacob Black.

— Em vão tenho lutado comigo mesmo; nada consegui. Meus sentimentos não podem ser reprimidos e preciso que me permita dizer-lhe que eu a admiro e amo ardentemente — disse o ator.

Emmett nos viu e acenou, nos chamando para perto. Aproximei-me do set e Emmett indicou que me sentasse em uma cadeira ao seu lado. Edeline, no meu colo, parecia saber que tínhamos de ficar em silêncio naquele momento. Estranhei não ver Alice ali, junto com Emmett e assistindo a Bella. Para mim eles eram como que um trio inseparável.

— Onde está Alice? — sussurrei o mais baixo que pude, quase movendo os lábios apenas.

— Escolhendo a roupa com que Bella irá para o estúdio de gravação. Sempre há diversos paparazzi lá, ela precisa estar bem vestida — o grandão me respondeu no mesmo tom. Ele sorriu e indiciou Bella atuando. — Ela é ótima, não?

Observei a cena... Jacob Black estava apoiado na lareira, o rosto desolado. Bella estava com uma expressão tão irada que realmente acreditei que ela estava morrendo de raiva de Jacob.

— Nada me poderia ter persuadido a aceitar a sua mão. — Bella pronunciou as palavras formais tão naturalmente como se vivesse naquele século. Jacob olhou para Bella com incredulidade e mortificação. Ela continuou:

— Posso dizer que desde o princípio, desde o primeiro instante quase em que o conheci, as suas maneiras me convenceram de que era um homem arrogante, pretensioso, e de que tinha a maior indiferença pelos sentimentos dos outros. Esta impressão foi tão profunda que constituiu, por assim dizer, o alicerce sobre o qual os acontecimentos subsequentes elevaram uma indestrutível antipatia; e talvez menos de um mês depois de conhecê-lo estava convencida de que o senhor seria o último homem no mundo com o qual eu me casaria.

Ela olhava fixamente nos olhos dele. O rosto sério, a mandíbula travada. Jacob parecia com raiva também, além de decepcionado.

— Não precisa acrescentar mais nada — disse ele. — Compreendo perfeitamente os seus sentimentos, e nada me resta senão me envergonhar dos meus. Perdoe-me ter tomado o seu precioso tempo, e aceite os meus mais sinceros votos de felicidade.

Jacob se virou, esvoaçando sua capa antiga, e saiu completamente de cena. Bella continuou olhando-o duramente até que Carlisle gritasse:

— Corta!

Instantaneamente Bella sorriu e correu em nossa direção, ao mesmo tempo em que Carlisle me cumprimentava e saía para o outro lado do set. Era diferente ver Bella correndo com aquele vestido, segurando a barra para não tropeçar. O cenário, o estilo conservador, a inocência em seu olhar, seu sorriso... Toda a cena naquele breve segundo em que ela vinha até nós a fez parecer alguém não tão inalcançável, ela capturou minha especial atenção. Ela chegou até nós e pegou Eden no colo.

— Se divertiu hoje, querida?

— Sim!

— Uau, Bella... Como consegue mudar de humor tão rápido? — perguntei. — Pensei que iria arrancar a cabeça de Jacob Black ali em cena.

Assim que pronunciei as palavras, o próprio apareceu atrás da Bella, abraçando-a pelos ombros e beijando o topo da cabeça de Eden. De alguma forma aquilo me incomodou.

— Bella é a melhor atriz que este mundo já conheceu. Essa regravação de Orgulho e Preconceito é esperada há anos e tenho certeza que ela vai superar Keira Knightley!

Também me incomodou o fato de que ele a chamava de Bella e não de Isa Marie e eu sabia que apenas a família e os amigos íntimos de Bella a chamavam dessa maneira. Bella riu.

— Obrigada, Jake. Você também vai superar todos os Darcy já existentes! — ela riu. — Este é o Edward. Edward, este é Jake.

Ele estendeu a mão e eu a apertei. Jacob tinha um olhar amigável, mas sua intimidade com elas me deixava desconfortável. Ele olhou brevemente para o meu crachá.

— A nova babá da nossa princesa, ãn?

— Na verdade trabalhar aqui é uma coincidência. Sou o pai da Edeline, prazer.

Confesso que gostei de ver Jacob Black franzir o cenho em confusão e olhar interrogativamente para a Bella. Não pude resistir a sorrir presunçosamente.

— Pai? — ele perguntou a Bella, que corou.

— É, tio Jake! E o meu papai é o melhor papai do mundo! — minha pequena gritou, enchendo-me de orgulho.

— O melhor pai do mundo, princesa? — ele perguntou, agora falando com Eden.

— Sim! — ela disse, sem exitar. Quase gargalhei.

Bella, percebendo que o clima começara a ficar estranho, se pronunciou.

— Bem, o que acha de almoçarmos todos juntos? Ainda tenho um espaço de tempo livre antes do compromisso no estúdio, certo, Emm?

— Certíssima, mas terei que passar o convite. Tenho que ir para a casa me arrumar para o encontro com Rosalie a noite.

— O encontro é só a noite, ainda é uma da tarde — pontuei. — Não está exagerando?

— Com relação à sua irmã, nada nunca será exagero.

Oh, sim. Aquela filosofia do Emmett durou anos e anos após esta história e continua até hoje. Quando ele me disse aquilo pela primeira vez, porém, apenas sorri. Rosalie estava fazendo a coisa certa dando uma chance a ele.

— Não a mime demais, ela pode se acostumar.

— Estou contanto com isso!

— Espera... Você vai sair com a irmã desse cara, que por acaso é o pai de Edeline que surgiu como milagre de um dia para o outro? — Jacob nos interrompeu. O cara podia ser um ator internacional famoso, mas naquele momento eu o considerava apenas um grande mala intrometido.

— Esta é uma longa história, Jacob. Eu te explico outro dia, tudo bem? — Bella respondeu. Em seguida, ela virou-se para onde Carlisle estava, conversando algo com uma moça de terno. — Pai, estou liberada?

Ele olhou para onde estávamos, disse algo para a moça e veio até nós.

— Ficou tudo perfeito, docinho. Nada mais aqui por hoje.

Ela abraçou o pai pela cintura, sorrindo.

— Não quer ir almoçar conosco?

— Não posso, ainda tenho duas cenas inteiras de outro filme para gravar hoje.

— Vou tentar passar lá hoje para jantar com você e com a mamãe.

— Estaremos esperando — Carlisle depositou um beijo singelo na testa de Bella e a soltou. — Agora vá e coma algo antes da gravação. É a última música, não?

— Sim, o dueto...

— Bem, boa sorte.

Bella se virou para Jacob.

— E você, Jake?

Torci para ele recusar o convite. Bella parecia próxima dele, aquilo estava me deixando desconfortável. Ele olhou de mim para Bella, e acenou negativamente.

— Eu marquei de almoçar com a Jessica — ele fez uma careta. — Mas Cam está com saudades da Eden, então eu apareço lá qualquer dia com ele.

Bella assentiu.

— Boa sorte com Jessica.

Nos despedidos de Carlisle e Jacob e seguimos com Emmett para outra sala enorme, repleta só de porta embutidas na parede e alguns sofás e espelhos. Alice estava lá, com peças de roupas na mão.

— Oh, que bom que chegaram! — Alice foi logo jogando as peças na mão de Bella e empurrando-a para uma cabine de provador. — Troque-se logo que ainda tenho de fazer seu cabelo e maquiagem antes do meu compromisso.

— Que compromisso? — Emmett perguntou.

Eden estava feliz, correndo entre as roupas penduradas. Alice foi até ela, retirando a roupas que eu tinha colocado e substituindo por um vestidinho rodado.

— Tenho um estudo bíblico na igreja em uma hora.

Arqueei a sobrancelha.

— O estudo bíblico que Jasper dá toda semana? — perguntei em um tom claramente insinuante.

— Não estou indo lá por Jasper, se quer saber.

Assenti, sabendo que ela não mentia.

— Isso significa que não vai almoçar conosco?

— Não. Hoje serão só você, Edward e Edeline.

Eu gostei da sentença de Alice. De alguma forma, parecia o certo. Eu, Bella e Edeline. Quando Alice terminou de arrumar Eden, ela olhou para mim.

— Não pretende ir almoçar com Bella assim, pretende?

Olhei para mim mesmo. Eu estava com o macacão azul da limpeza todo amarrotado pela umidade que secara e as botas de borracha. Dei de ombros.

— Não tenho outras roupas aqui.

Alice suspirou e abriu a porta de um dos armários. Ela retirou de lá uma calça jeans bem escura, uma camisa social azul clara e um casaco de terno cinza escuro. Também arranjou um par de sapatos de couro com cadarço do meu número.

— De onde você tira tantas coisas? — perguntei, espantado.

— Esse é o closet do estúdio, aqui ficam as roupas que os atores usam nas cenas. Todas desenhadas por mim, o que significa acesso livre.

Assenti e entrei no provador para me vestir. Realmente fiquei bem moderno, mas havia alguma coisa errada com a imagem que eu via no espelho. Aquelas roupas não eram minhas e a imagem que ela passava também não era minha. Afinal, qual era o problema da Bella sair comigo do jeito que eu era?

Saí do provador não muito feliz, mas decidido a deixar passar por aquela vez. Eu estava deixando passar muita coisa desde que Bella e Edeline entraram na minha vida.

— Bella, marquei a entrevista de vocês — Emmett disse, enquanto Alice terminava o cabelo e maquiagem da irmã. — Em duas semanas, com Charise Janet.

Bella e Alice gemeram.

— Eu odeio aquela mulher! — Bella reclamou. — Por que não marcou com algum programa aqui do estúdio do papai?

— Porque o Global Secrets é o maior programa de fofocas que existe e com maior audiência, eu quis lhe poupar de ter de fazer outras entrevistas. Todos assistem o GS.

— Tudo bem... — Alice suspirou. — Vamos precisar dos conselhos da mamãe.

— Vou jantar lá hoje a noite, falaremos com ela — Bella, decretou.

Quando Alice decidiu que Bella estava à altura de ser fotografada, nos liberou. Eu saí com Eden no colo, já que ela não quis me largar. Bella resmungou algo sobre estar sendo deixada de lado. Havia paparazzi na porta do estúdio, mas fomos parcialmente barrados dos flashes por Felix e Demetri, os seguranças que acompanhavam Bella e Edeline por todos os lados.

Dentro da limusine, Bella indicou um restaurante caro que eu não conhecia, mas me recusei a ir lá. Eu definitivamente não almoçaria em um lugar refinado à custa da Bella. Já não bastava ter aceitado uma casa, um guarda roupas novo e um emprego onde eu ganhava para não fazer nada. Ah, não. Eu ainda tinha o meu orgulho, ainda que pouco, mas ele existia. Se ainda não tinha condições de pagar uma refeição a ela, então pagaria ao menos a minha. Dessa forma, insisti até que ela aceitasse ir ao McDonald’s. Houve uma pequena discussão, mas ela se encerrou quando eu contei a Eden que havia brinquedos elétricos para crianças no Mc e ela olhou para a mãe como se dizendo: “Não ouse recusar”. Depois da decisão de Eden, Bella aceitou.

Logo percebi ser uma péssima ideia, porque uma enxurrada de pessoas veio para cima de nós assim que Bella colocou os pés para dentro. Bella deu dois ou três autógrafos e tirou algumas fotos com fãs, mas havia muita gente nos rodeando. Tentamos passar pela pequena multidão até finalmente chegarmos ao caixa. A atendente arregalou os olhos ao notar quem estava à sua frente.

— Será que não há um incompetente neste bar de quinta que possa encontrar uma área para almoçarmos em paz? — Bella perguntou à atendente.

— Bella! — exclamei, em choque.

— Ninguém veio sequer nos atender até agora, Edward! — ela respondeu. — Chame o gerente, agora!

— Sim, senhora.

A pobre atendente saiu correndo lanchonete adentro e eu fiquei parado olhando para Bella.

— Não há garçons do Mc Donald’s. Nós temos que vir ao balcão e fazer o pedido. Não precisava ter falado assim com a moça — expliquei.

— Me avise da próxima vez, então! — ela bufou. — Felix, Demetri!

Demetri e Felix fizeram uma barreira protetora ao nosso redor e logo o gerente do lugar chegou, disponibilizando para nós uma mesa afastada e cercada por cordões de veludo vermelho, como que em uma área vip.

— Viu? Agora podemos comer em paz! De nada. — Bella resmungou assim que nos sentamos.

Felix e Demetri permaneceram ali, parados de costas para nós na área de fora dos cordões. Ninguém ousou se aproximar depois daquilo. Eu me sentia ridículo, almoçando em uma área vip inexistente do Mc Donald’s.

Respirei fundo, lembrando-me que era o jeito da Bella e a forma como ela vivia. Eu não deixaria aquilo estragar nosso almoço.

— Pare de reclamar. Há quanto tempo você não come no Mc Donald’s? — perguntei.

— Eu nunca comi no Mc Donald’s. Nem Edeline.

— Desculpe. O quê?

— Longa história. Momento inadequado — respondeu Bella, lançando um olhar a Edeline.

A pequena estava com o cardápio de plástico nas mãos, encantada com as opções e concentrada em tentar ler uma das palavras, fracassando na tentativa. No fim, ela escolheu um Mc Lanche Feliz quando eu contei que era o que vinha com um brinquedo.

Bella, depois de reclamar de como tudo aquilo parecia gorduroso, escolheu um Big Tasty alegando que a salada dentro dele parecia boa. Eu escolhi um tradicional Big Mac. Também pedi batatas e refrigerantes para nós. Depois de toda a confusão, Bella realmente conseguira um garçom para nos atender. Os pedidos chegaram tão rápido que me surpreendi. Claro que havia um dedo da fama da Bella naquilo.

— Não sei, não...

Bella olhava hesitante para o hambúrguer à sua frente, enquanto Edeline já desembrulhava tudo com animação.

— Isso é tão bom! — disse a minha princesa, com a boca cheia de hambúrguer.

Eu ri, mas Bella ainda encarava o seu pedido.

— Anda, Bella. É só um hambúrguer — eu incentivei.

— Se minha personal souber que saí da dieta, ela me mata.

— Ela não precisa saber. Deixe de frescura e experimente isso logo — desembrulhei o sanduíche e coloquei em suas mãos. Ao nosso lado, Eden já devorava o dela. — Só uma mordida.

— Está bem...

Reunindo coragem, ela respirou fundo e mordeu o Big Tasty. Seus olhos se arregalaram, ela passou a mastigar de pressa e logo engoliu.

— Isso é tão bom que não pode ser saudável!

Eu ri, gargalhei na verdade.

— Uma vez na vida não mata ninguém.

Bella não me contestou. Ela também relutou em comer as batatas e em tomar o refrigerante. Eu a obriguei a experimentar tudo e logo não tive mais que insistir.

— Quero brincar! — disse Eden, apontando para o brinquedo na parte de fora do restaurante. Tomei um susto quando olhei para a parede de vidro do lugar e encontrei uns vinte paparazzi tirando fotos. Suspirei.

— É perigoso? — Bella perguntou a mim, referindo-se ao brinquedo. Eu não sabia se ela estava acostumada ou se realmente preferia fingir que os fotógrafos não estavam ali.

— Nem um pouco.

Bella avaliou nossos pratos ainda cheios, o de Eden vazio, o brinquedo à nossas vistas. Assentiu.

— Demetri.

O homem enorme rapidamente se virou para nós, esperando Eden descer da cadeira, então ele a acompanhou até lá fora. Tanto eu quanto Bella não tiramos os olhos deles até que nossa menina já estivesse dentro do brinquedo, com o segurança do lado de fora com os olhos em cima dela o tempo todo.

Estava cada vez mais fácil me acostumar com Eden como minha. Independente de aquilo tudo ser um teatro, uma farsa, eu podia sentir o sentimento crescendo. Quando eu olhava para ela sorrindo para mim, com aqueles dentinhos à mostra e os olhos brilhando, aquecia o meu coração.

— Então... Ainda vai me explicar como é que você nunca foi a um Mc Donald’s até hoje?

Encarei Bella, que deu de ombros.

— Quando pequena, eu era pobre demais para isso. Depois de famosa, isso era gorduroso demais para mim.

— Isso me parece uma explicação muito vaga... Como uma Cullen pode ter sido pobre demais na infância?

Bella me encarou um tanto hesitante.

— Edward, sabe que eu e Alice somos adotadas, não sabe?

— Claro que sei. Mas foram adotadas pelos Cullen. Cresceram com eles.

— Não, isso é o que a mídia supõe. Na verdade fomos adotadas somente aos dezessete anos — ela olhou ao redor, depois suspirou. — Não quero falar sobre isso agora, Edward. Não em um lugar tão público.

— Tudo bem. Respeito sua privacidade — acalmei-a. — E acho que todos temos segredos que tememos revelar. Emmett com a filha que ele perdeu. Alice com sua vida espiritual escondida.

Ela ergueu a sobrancelha.

— Você tem um segredo? Rose tem um segredo?

Pensei no filho perdido no mundo que eu jamais conseguiria encontrar. Pensei em tudo o que Rosalie sofrera no passado.

— Talvez sim. Mas como você mesma disse: agora não é a hora e nem o lugar.

Bella sorriu, entendendo a minha posição. Ela pensou em algo, pois um sorriso malicioso apareceu em seus lábios.

— Por falar em Rosalie... Ela e Emmett, ein? Acha que vai dar certo?

— Minha irmã gosta de Emmett, com certeza. Acho que nem ela sabe disso ainda, mas eu conheço a Rosalie mais do que ela mesma. Se ele for o tipo de homem que ela espera desde criança e se não a desiludir, tenho fé que dará mais do que certo.

— E que tipo de homem ela espera?

— Um cavalheiro, acima de tudo. Alguém que a respeite, que goste da filha dela, que lhe dê a atenção que sempre quis ter. Que respeite o tempo dela, também.

O sorriso de Bella se ampliou.

— Com certeza esse é o meu irmão. Tudo o que Rosalie, ou qualquer mulher sempre sonhou.

Eu assenti, perdido em pensamentos. Até então, eu via Bella apenas como a mãe popstar. Um rosto presente em todos os outdoors, um nome citado em todo o lugar, a mãe mais famosa do mundo, distante e inalcançável. Todos nós sabemos que os artistas que vemos na TV têm uma vida, por vezes até acompanhamos essa vida, mas conhecê-los é uma ideia que nunca acreditamos que vai se concretizar. Quando pensamos neles é como se fossem de mentira, como se fossem um personagem. Encarei Bella, pela primeira vez enxergando-a como uma mulher de verdade, tão humana quanto eu e perto de mim. Ela era linda, sem dúvidas. Sempre foi. Mas havia algo mais. Um brilho sonhador em seu olhar.

— E você, Bella? Com que tipo de homem sonha?

Ela corou. Sorrindo, percebi que ela ficava ainda mais bonita corando. Será que alguém já tinha parado para percebê-la fora das telas? Será que algum dia alguém já a enxergou por trás da fama, como eu estava enxergando agora?

— Acho que, primeiramente, alguém que não procure meu dinheiro ou fama. Se eu encontrasse alguém para mim, gostaria que esse alguém enxergasse a Bella real, o ser humano longe das câmeras. Alguém paciente e doce. Que me entendesse. Que me ame incondicionalmente e que fiquei ao meu lado em qualquer situação — ela suspirou, sorrindo levemente. Eu sorri levemente, percebendo a ironia de tudo o que eu acabara de pensar. — Tenho expectativas muito altas... É irreal. Por isso permaneço sozinha. E você, Edward? Quem seria seu par ideal?

Pensei naquilo por um instante. Que tipo de pessoa eu sempre idealizei ao meu lado?

— Acho que, primeiro, essa pessoa tem que amar a Deus, porque amando a Deus eu sei que saberá me amar. Alguém forte, leal, persistente, mas também doce e que eu possa proteger. E que me ame pelo que sou.

— Acha que tal mulher exista?

Dei de ombros.

— Não sei se existe alguém exatamente assim, mas Deus me mostrará quando e se aparecer alguém para mim. E mesmo que ela não seja tudo o que idealizei, vou aprender a ser o que ela precisar que eu seja.

Bella piscava, seus olhos brilhando.

— Uau, Edward... Isso foi realmente lindo — ela abaixou a cabeça, parecendo decidir algo. Quando a levantou, parecia meio incerta. — Edward eu queria... Será que eu poderia... Ir novamente com vocês à igreja no próximo domingo?

Meu espírito saltitou em festa. Bella queria mesmo voltar à igreja? Ela parecia tão distante quando o culto acabou...

— É claro que sim. Deve ir sempre que quiser. A igreja é... Como quando você avisou Carlisle que iria jantar com ele hoje. A porta sempre estará aberta para você, porque lá é a casa do seu Pai. E Ele quer você com Ele, na casa d’Ele, perto d’Ele. Sempre.

Sua boca se curvou um pouco, como se não concordasse com as minhas palavras. Ela olhou para o seu relógio de pulso, secou a boca com um guardanapo e se levantou.

— Vamos chamar Edeline e ir embora. Vou acabar me atrasando para a gravação.

Assenti, sem ter mais o que dizer. Por que Bella sempre ficava tão desconfortável quando alguém falava sobre Deus? Era tão estranho.

Na saída, tivemos que insistir um pouco para que Eden aceitasse sair do brinquedo para irmos ao estúdio da mãe. Na verdade, eu insisti. Por Bella, tenho certeza de que cairia nas manhas da filha e cancelaria o compromisso para que a pequena ficasse o dia inteiro brincando. Mas tive que alterar meus planos de ir direto para casa porque Eden se recusou a seguir para o estúdio com Bella se eu não fosse também. Uma vez fora da lanchonete, seguimos direto para o estúdio de música em que Bella tinha o compromisso.

Alice tinha razão quando disse que o lugar era cercado de paparazzi. Havia mais deles do que já vi em todo o tempo andando com Bella. Mais de vinte, com toda a certeza. E todos eles se viraram para nós assim que o carro estacionou. Tentei proteger Edeline dos flashes deitando-a na curva do meu pescoço e entramos correndo. Bella nem ao menos tapou os olhos, apenas desfilou até a entrada.

— Bom dia, senhorita Marie!

Uma recepcionista parada no meio do hall de entrada com uma prancheta na mão sorriu e cumprimentou apenas Bella. Fiquei parado atrás dela com Eden no colo.

— Mike já chegou? — perguntou Bella. A garota assentiu. — Qual sala?

— Eles já estão no estúdio com tudo pronto esperando a senhorita...

Passamos reto pela garota, o que me deixou com pena dela. A falta de educação com Bella referente a maioria das pessoas deveria me deixar bravo com ela, mas tinha o estranho efeito contrário. Quanto mais Bella me surpreendia, mais eu tinha vontade de estar perto dela. De desvendar os motivos por trás de tudo o que ela faz.

— E aí está a minha estrela! — um homem alto, gordo e careca se aproximou de nós com um sorriso no rosto quando entramos no tal estúdio. — Bem na hora, como sempre.

— Olá, Jenks — ela o cumprimentou com um beijo no rosto e em seguida virou-se para mim. — Jenks, este é Edward. Edward este é Jenks, meu produtor musical e dono da gravadora.

— Muito prazer, Edward. E oi para você, princesa — ele apertou minha mão e beijou a de Eden, depois virou-se novamente para Bella. — Mike já chegou.

— Então vamos logo com isso.

Pensei que Jenks fosse perguntar quem exatamente eu era, mas eu não sabia o quanto me surpreenderia conforme fosse conhecendo-o. Jenks era um homem muito profissional que possuía uma qualidade essencial para trabalhar com artistas: descrição. A vida pessoal de seus clientes não o interessava, ele nunca fazia perguntas pessoais e nem interferia em nada que não fosse diretamente relacionado aos lucros da sua gravadora. Ganancioso, mas sábio.

Naquele dia também conheci Mike Newton, um cantor internacional que naquela época estava prestes a lançar uma música em dueto com Bella para o novo CD da mesma. Aquilo não seria problema, se ele não fosse obsecado por ela. Coisa que só descobri eventualmente, claro.

— Me deixou esperando por muito tempo, Vossa Majestade — o loirinho estava sentado em uma poltrona já dentro da sala de gravação, junto com os técnicos e demais profissionais. A sala era cheia de mesas de aparelhagem profissional, ante a uma sala dividida por um vidro. Mike se aproximou de Bella e se inclinou para ela, mas ela desviou e o beijo pegou na bochecha.

— Você sabia a hora em que eu chegaria e se continuar com suas ousadias eu desisto dessa música — Bella respondeu, irritada.

— Sem problemas, meu bem. E quem é esse estranho segurando a minha princesa? — ele tentou pegar Edeline do meu colo, mas ela se agarrou no meu pescoço. Sorri.

— Edward não é um estranho, é o pai dela.

— Muito prazer — estendi a mão para ele, mas não recebi o aperto e nem a resposta. Mike Newton me lançou um olhar mortal e virou às costas, já indo em direção à sala acústica.

Bella o seguiu. Os dois colocaram fones de ouvido e se posicionaram em frente ao microfone. Me surpreendi com a voz de Bella. Eu já a tinha ouvido cantar em rádios ou na TV, mas nunca ao vivo. Sua voz era suave, límpida e macia. Como a de um anjo. Ela introduziu a letra, iniciando a música. Eu estava provavelmente vivendo algo que metade do pais se mataria para estar no meu lugar, mas uma vez que eu já tinha aprendido a enxergar Bella além da imagem de Isa Marie, tudo parecia mais surpreendente. Mike entrou depois, adicionando sua voz grave à melodia. Ele cantava bem, mas não deixava de ser um babaca.

Não curti muita a música, era triste e falava sobre uma pessoa de coração quebrado com a partida de seu amado. Não era o tipo de letra que eu curtia. No refrão ambos cantaram juntos. A música continuou, no mesmo ritmo e melodia. Quando encerrou, eles tiveram que repetir mais algumas vezes até ficar realmente bom. Bella saiu da sala acústica não muito feliz

— Será que podemos ir embora agora?

— Acho que Eden está precisando de um descanso.

Ela estava quase dormindo no meu colo, cansada pela brincadeira no almoço e entediada por termos ficado mais de uma hora ali apenas ouvindo a gravação. O sol já estava se pondo e eu tinha que estar em casa antes de Rose sair para seu encontro.

— Mas já? — interrompeu Mike, já passando os braços por volta dos ombros de Bella. — Porque não deixa o novo papai do pedaço cuidar da neném enquanto a gente sai pra tomar alguma coisa, meu bem?

Meu Deus, como aquele cara podia ser tão atrevido? Bella não poderia deixar mais claro sua posição: não gostava de Mike. Mais ele continuava insistindo. Aquilo me irritava profundamente. Vi a expressão de Bella se fechar.

— Pela última vez, Newton, não sou seu bem. E a minha filha não é um cachorrinho que eu deixo com os outros pra sair.

Ela me pegou pelo braço e fui puxado até a saída. Demonstrando muita falta de amor próprio, Mike nos seguiu e assim que os flashes dos paparazzi nos atingiram, ele abraçou Bella lateralmente. Ela pisou no pé dele e então entramos no carro.

— Para a casa do Edward — ela disse o motorista.

— Mas que cara chato! — comentei.

— E coloque chato nisso. Se não fosse os fãs fazendo pressão e o empresário dele ter ficado em cima de Emmett par fecharmos o contrato do dueto, jamais teria gravado uma música com ele.

— Os fãs gostam de vocês dois juntos? — perguntei, um tanto quanto aborrecido.

— Aparentemente sim, a mídia fica fazendo pressão para que role um namoro. Mas está fora de questão, Mike é um idiota.

— Concordo.

Chegamos na casa quase na hora do encontro de Rosalie. Dominique estava de bruços no sofá assistindo TV, correu para dar um beijo em mim e Bella assim que chegamos e arrastou a prima com ela para a sessão de desenhos. Rose estava na cozinha, lavando alguns pratos.

— Uau, Rose! — Bella exclamou. — Estou em dúvidas se meu irmão é mesmo digno de tudo isso.

Rosalie estava usando um dos vestidos novos que Alice colocara em seu closet. Preto, corte reto, regata com um cinto dourado no meio. Havia um salto em seu pé e seus cabelos estavam parcialmente presos. Minha irmã estava uma gata.

— Bella tem razão. Você está um espetáculo, minha irmã. Não me surpreenderia se Emmett te pedisse em casamento esta noite — comentei.

— Esse é somente um primeiro encontro — ela corou. Eu podia ver o quão nervosa com tudo aquilo ela estava. Naquele momento, a campainha tocou e fomos todos para a sala. — Comporte-se. Vou abrir a porta.

Eu e Bella trocamos um olhar conspirador. Quando Emmett surgiu pela entrada, Bella começou a assoviar de brincadeira. Meu quase cunhado estava trajando uma calça social preta, sapatos de couro e uma camisa arroxeada entreaberta. Mesmo nesta época, antes de tudo o que ainda estava para nos acontecer, eu sabia que Emmett seria o cara perfeito para a minha irmã.

— Cuide bem da minha irmã — eu avisei antes de Emmett levá-la. Dessa vez eu estava falando sério.

— Com a minha vida — ele prometeu. E falava sério também. Em seguida estendeu o braço dobrado a Rosalie, que encaixou o seu ali. — Você está maravilhosa.

— Obrigada — juntos, eles saíram enquanto eu e Bella olhávamos de longe. Emmett abriu a porta do carro para ela, que entrou sorrindo. Antes de partir, porém, Rosalie gritou da janela: — Cuide bem da minha filha!

Eles partiram e eu e Bella voltamos para dentro da casa. Por mais que eu tentasse, não conseguia pensar naquele lugar como ‘minha casa’. Era estranho, grande demais, sem nada que o marcasse como meu. Nem as minhas roupas eu tinha mais. E aquilo estava lentamente começando a me incomodar.

— Tio, Edward! Eden disse que tem uma sala de cinema enoooorme lá na casa dela e que podemos assistir Barbie lá!

Levantei a sobrancelha para Bella.

— Uma sala de cinema gigante?

Ela deu de ombros.

— Na verdade, existem duas. Uma no andar de Eden, toda cheia de almofadas e cores. E uma no meu andar, mais adulta e com meus filmes preferidos.

— Você tem um andar só seu? — questionei. Aquilo era novidade para mim.

— Subsolo. Podemos levar as meninas para lá, Cici faz uma pipoca e enquanto elas se divertem com Barbie eu te mostro meu espacinho pessoal.

Foi o que fizemos. Ainda eram sete da noite e Bella iria jantar na casa dos pais só às nove. Ela também insistiu para que eu jantasse com eles e levasse Nick, o que não pude recusar. Não me agradava ficar andando de limusine pra lá e pra cá, chamava muita a atenção e eu já havia sido muito fotografado naquele dia, mas conseguimos chegar na casa de Bella sem nenhum problema maior.

As crianças correram para cima assim que entramos pela porta. Olhei em volta da mansão, percebendo o quanto eu estava começando a me acostumar com aquele lugar, mesmo sendo enorme. Por que na casa em que eu estava eu não conseguia me sentir bem?

— Felicia? — Bella gritou assim que entramos.

Nos encaminhamos para a cozinha e encontramos Felicia conversando com Leah e Seth na bancada. Eu sabia que Bella não possuía só aqueles três trabalhando na casa, e comecei a me questionar o porquê eles eram os únicos que eu via.

— Menina Bella! Edward! Pensei que não viessem jantar hoje, nem preparei nada... — Cici exclamou.

— Fique em paz, Cici. Nós vamos jantar na casa dos meus pais. Só passei para as meninas verem um filme antes de irmos — Bella passou pela fruteira e pagou uma maçã. — Boa noite Leah, Seth... O papo deve estar bom, mas as meninas já subiram para o cinema da Eden e eu vou mostrar a Edward o subsolo.

— Hum... O subsolo — Seth cantarolou com uma vozinha maliciosa.

Fiquei curioso. O que havia lá?

Leah deu um tapa na cabeça do irmão.

— Deixe de ser idiota. — ela riu. — Vou subir e cuidar do filme das meninas.

— Obrigada, Leah.

Segui Bella de volta ao hall de entrada enquanto ela comia sua maçã. Por fim, minha curiosidade não mais aguentou.

— O que tem nesse subsolo?

— De tudo um pouco — ela respondeu. Paramos em frente à escada que descia, aquela que me intrigara desde o primeiro dia. — Primeiro os cavalheiros.

BELLA PDV

A curiosidade de Edward era quase palpável.

Eu admitia que meu pequeno andar no subterrâneo da mansão era mesmo qualquer coisa. Possuía tantos cômodos quando o andar de Eden, mas todos para a minha diversão e satisfação.

Passamos pelo primeiro e o mais usado por mim: minha salinha da fama. Ali eu guardava todos os presentes de fãs, lia todas as cartas recebidas e as arquivava. Havia uma estante com todos os meus troféus ganhados em premiações e meu diploma da faculdade de música e artes cênicas. Também havia os DVD’s de todos os meus filmes, todos os meus shows e de todas as entrevistas que já dei e programas que participei.

— Muito aconchegante — Edward comentou.

Observei-o enquanto ela andava pelo cômodo e examinava tudo. Edward não era um homem feio, nem de longe. Pra falar a verdade, somente olhar para o seu rosto causava um estranho efeito no meu estômago. Queria ter conseguido manter nossa relação como empregado e patroa, mas foi impossível. Edward era uma pessoa encantadora demais e despertava em mim uma Bella que nem eu mesma sabia que existia. Edward parecia carregar esperança consigo.

— É aonde mais venho quando quero paz. Gosto principalmente de ler as cartas dos fãs. É legal saber o quanto você pode ser admirada.

— E eu estou surpreso por você ter tanto zelo pelas coisas que seus fãs te dão. É lindo.

— Obrigada — corei.

Ele parou atrás da mesa e me olhou.

— O tão misterioso subterrâneo é só isso?

Lancei-lhe um sorriso malicioso e o puxei pelos outros cômodos. Edward era tão humilde e simples que era até engraçado ver suas reações de choque com cada cômodo. Mostrei-lhe meu cinema particular, todo equipado como em um cinema de verdade só que em vez de cadeiras o chão era coberto por acolchoamento colorido. Levei-o até a sala de jogos, que na verdade eu tinha construído mais para Emmett do que para mim. Minha biblioteca, o mini-salão de festas, a sala do ôfurô.

Por último, entramos no pequeno estúdio de gravação que eu montara em casa para testar minhas músicas novas antes de lançá-las. Sempre que eu compunha algo novo, gravava ali antes de divulgar ou mostrar a alguém.

— Suponho que você passe muito tempo aqui — Edward comentou.

Ele sentou-se em um dos bancos e pegou o violão que estava ao seu lado. Ele segurava o instrumento com habilidade. Sentei ao seu lado.

— Você toca? — perguntei.

Ele deu de ombros.

— Só um pouco.

Meus olhos brilharam. Eu havia ouvido muito bem o quanto a voz de Edward era maravilhosa quando ele cantou na igreja. Eu precisava ouvir aquilo de novo, desta vez em particular.

— Cante algo para mim — implorei.

— Bella...

— Diga que sim!

— Não sou tão bom assim...

— Por favor, por favorzinho!

Ele suspirou, mas assentiu. Seus dedos dedilharam o instrumento e uma linda melodia começou. E então... Ele cantou.

Eu disse sim, mas não disse agora
Eu disse quero, mas em outra hora
Deixa eu te conhecer, me diga quem é você.

A voz de Edward era hipnotizante. Veludo. Em sua mais sensível forma. A melodia tão tranquila, tão romântica... Seu tom não era muito grave, mas também não muito agudo. Perfeito. Fechei os olhos. Me concentrei somente na voz, letra e melodia.

Voz, letra e melodia.

Perfeito.

O teu olhar me desmonta inteiro
E o teu sorriso é o sol verdadeiro
Deixa eu te conhecer, me diga quem é você.

Quando abri os olhos novamente, Edward estava olhando diretamente para mim. Como eu nunca percebi como os olhos dele brilhavam? Meu tom de verde preferido. Profundo e intenso. Inclinados em minha direção, bem à minha frente. Apenas alguns centímetros de distância. A intensidade do momento se chocou contra mim. Arfei.

Quero um amor que resista ao tempo
Uma verdade pra abraçar pra sempre
Caminhada de bons sentimentos
Um coração que me entende

Ele estava tão perto que eu podia sentir seu hálito em meu rosto. Como alguém podia ter acabado de comer um hambúrguer e ter hálito de hortelã? Era impossível. Ele não desviava o olhar e eu tampouco conseguia o feito. Estávamos nos encarando, presos um no ouro. Naquele momento Edward era como um imã me atraindo e me envolvendo no magnetismo da sua presença. Havia um sorriso sereno em seu rosto.

Eu quero colo, eu quero carinho
E o meu carinho eu quero te dar
Eu já andei muito tempo sozinho
Por favor, deixa eu te encontrar

Eu senti meu peito se acelerar. Meu estômago se revirou como se mil borboletas estivessem dando uma festa de arromba lá dentro. O que é que ele estava fazendo comigo? Eu senti as palmas das minhas mãos suando. Edward parecia sussurrar as palavras para mim.

Lindo. Inebriante.

A tua voz não sai da minha mente
E o meu desejo é seguir em frente
Deixa eu te conhecer, me diga quem é você.

A nossa historia pode ser tão bela
Até os anjos vão sonhar com ela
Deixa eu te conhecer, me diga quem é você.

Se eu me inclinasse um milímetro que fosse, nossas bocas se tornariam uma só. Eu queria. Ah, como eu queria. Uma vez que imaginei como seria a sensação dos nosso lábios se tocando, aquilo se tornou a única coisa na qual a minha mente conseguia pensar. Mas eu não poderia terminar a música, não podia interromper sua voz. A voz que me aquecia por dentro, a voz que me fez flutuar sem sair do chão.

Quero um amor que resista ao tempo
Uma verdade pra abraçar pra sempre
Caminhada de bons sentimentos
Um coração que me entende
Eu quero colo eu quero carinho
E o meu carinho eu quero te dar
Eu já andei muito tempo sozinho
Por favor, deixa eu te encontrar
Por favor, venha me encontrar
O amor quer nos encontrar.

O último verso morreu junto à última nota do violão. Nós desviamos o olhar, e pensei que o momento terminaria ali, mas Edward fez o que eu pensara em fazer minutos atrás. Ele se inclinou e me beijou.

 


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Notas finais do capítulo

* Quem leu o livro sabe que Darcy pede Elizabeth em casamento na sala do presbítero e não no meio da chuva como mostra o filme.


Três pontinhos básicos que tenho que abordar com vocês:

— Perceberam o que ocorreu? Eles tiveram uma ligação durante o almoço, enxergaram-se por dentro. Durante a música a conexão voltou e Edward agiu por impulso.

— Agora vocês vão começar a perceber o quanto Edward se sente incomodado por estar recebendo tanto de Bella sem dar nada em troca. Conforme o desenrolar da história, essa barreira social entre vai ficar maior e se tornar um problema.

— Perceberam com a Bella se transforma quando está com a família e amigos e quando está com pessoas comuns, trabalhadores? Isso também ainda vai se desenrolar mais.


Por hoje é só. Não prometo postar o próximo logo, mas prometo tentar. Obrigada por ainda estarem aqui. Amo vocês!

E, por favor, leiam o blog!

http://jornada-de-amor.blogspot.com/