Lord's Princess escrita por Brigadeiro


Capítulo 12
11 - Princesa, Linda Demais


Notas iniciais do capítulo

Cá estou eu, roxa de vergonha por tanta demora. Eu quero pedir mil desculpas, de verdade. Está ficando cada vez mais difícil concluir Lord's Princess, mas se tem uma coisa que eu posso prometer a vocês e lhes dar certeza é de que jamais abandonarei a fanfic e ela será terminada.

Quero citar nesse capitulo a duas pessoinhas especiais. Diana S Cullen, que fez um linda recomendação; realmente suas palavras tocaram o meu coração, muito obrigada!

E a Maria Clara Silva... Por tudo. Também me derreti com a sua recomendação, mas tenho que te agradecer especialmente por não desistir de mim. Você me procurou quando eu estava sumida e desanimada e não deixou eu desistir. Você é mais do que apenas uma irmã na fé, é uma amiga de verdade!

O nome do capitulo vem da música Aos Olhos do Pai, da Ana Paula Valadão no Diante do Trono Para Crianças.

Boa leitura!

B♔.



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ROSALIE PDV

Emmett, Alice, Bella e Edeline nos deixaram na casa nova antes de irem para a mansão. Gostei do fato de que ela não ficava muito longe da igreja, em um bairro residencial perto do centro de Los Angeles. Conforme passávamos pelas ruas coloridas e por casas simpáticas pude ver crianças brincando no quintal e andando de bicicleta na rua. Eu sorri, porque parecia um lugar seguro, um lugar ideal para se ter um lar. Totalmente o oposto das esquinas perigosas de South L.A., onde tínhamos medo de destrancar a porta. Alice, que estava dirigindo, foi até o final da rua sem saída e estacionou o carro na frente do gramado que ladeava os caminhos de pedraria e levava direto até a entrada de uma casa enorme e linda.

— Alice! — Edward reclamou.

— O quê?

— Chama isso de simples?

— Claro! — ela respondeu, irritada. — Mais simples do que isso, impossível.

Sem nos deixar discutir, ela desceu do carro nos abrigando a fazer o mesmo. Depois do dia agitado, Dominique estava adormecida nos braços de Emmett. Ela sempre dormia cedo. Sem opção, seguimos atrás de Alice enquanto ela nos guiava até a entrada. A porta grande e grossa era branca, alta e elegante. Havia vasos com pequenos arbustos compridos dos dois lados dela. Alice parou com a mão na maçaneta.

— Tive trabalho para encontrar uma casa boa e simples ao mesmo tempo. Espero que gostem.

— Alice...

— Nem comece, Rose. Apenas aproveitem seu novo lar.

Ela abriu a porta e meu queixo foi ao chão. Aquilo era uma sala de estar? Havia mais espaço ali do que em toda a nossa antiga casa. O chão era madeira envernizada, as paredes eram brancas e uma delas estava totalmente coberta de janelas. Havia dois espaços com sofás, um na área mais aberta e outro perto da escada bonita que levava ao andar de cima. Eu jamais, nem em meus sonhos mais loucos, imaginei que um dia moraria em uma casa daquelas.

— ALICE! — Gritamos eu e Edward ao mesmo tempo. Aquilo era demais, demais pra podermos aceitar.

— Nem vem. Foi a coisa mais simples que consegui.

Abri a boca, em choque. Edward parecia nervoso de verdade.

— Você não tem nenhuma noção de simplicidade, Alice! Isso é um exagero, não precisamos disso tudo. Encontre outra casa — disse meu irmão.

— Como assim encontrar outra casa? — ela perguntou indignada. — Pensa que pode comprar uma casa e depois devolvê-la e pedir o dinheiro de volta? Não é assim que funcionam as coisas.

Edward parou de falar. Eu sabia o que ele estava pensando.

— Você... — perguntei. — Não alugou a casa?

— Alugar? — Bella, inesperadamente, começou a rir. — Dei o dinheiro para Alice comprar a casa à vista. Já está paga e no nome do Edward. A casa é de vocês e se não quiserem, vendam e fiquem com o dinheiro.

Edward apertou a ponte do nariz. Eu estava nada menos do que chocada. Como uma pessoa simplesmente compra uma casa à vista e passa para o nome de outra? Meus pais demoraram anos a fio para terminarem de pagar a casinha que chamávamos de lar e eu a amava por isso.

Eu não sabia se poderíamos nos sentir em casa ali.

— Se querem a minha opinião, acho que Alice poderia ter achado algo melhor — Emmett falou baixo, para não acordar Nick. — A sala não é tão grande e está muito vazia, sem falar que os moveis não combinam.

— Argh, nem me lembre disso — a baixinha reclamou. — A casa já veio mobiliada, não pude fazer muita coisa a respeito com o prazo que me deram.

Eu e Edward permanecemos calados diante de toda aquela discussão. Os três irmãos Cullen pareciam concordar que a casa era simples e Edeline, que ainda estava bem acordada, parecia à vontade no imóvel.

Assim, seguimos sem reclamar mais pelos outros cômodos. Como poderíamos, depois de tanta generosidade? Apenas reclamar seria ingratidão. A cozinha, que ficava em uma abertura logo depois da sala, era toda planejada e moderna. O mais legal era a parede de vidro, dando vista para o fundo da propriedade. Quase morri do coração quando nos levaram à parte de trás, onde havia uma piscina grande e linda ao lado de uma área de lazer.

No andar de cima começamos com o quarto de Dominique, uma vez que ela já estava dormindo. Foi inevitável não chorar quando vi onde a minha filha dormiria a partir de hoje. Era amplo e todo trabalhado em branco, rosa e azul claro. Havia uma cama enorme, um espaço para estudo, móveis modernos e Alice nos mostrou todo um closet novo que montou para ela. Era muito mais do que poderia dar a ela, não importa o quanto eu vivesse. Jamais deixaria de ser grata aos Cullen pelo que estavam proporcionando à minha filha.

— Todas as roupas antigas de vocês foram para o lixo. Há toda uma linha de roupas novas, todas da Charm, esperando por vocês — foi o que Alice nos disse.

O meu quarto também era enorme, moderno e decorado com as cores branco e bege. O quarto de Edward era mais masculino, trabalhado em marrom e cinza, mas igualmente grande. Já Edeline ficou com um quarto tão lindo quanto o de Nick, só que em rosa escuro e bege. Todos eles tinham banheiro próprio.

E quando Edward comentou que talvez não conseguisse pagar todas as contas daquele lugar, Bella nos informou que todas as contas da casa seriam debitadas direto em seu cartão junto com as contas da mansão.

— Não — Edward declarou. Ele realmente não gostou daquilo.

— Edward você não pode apenas aceitar e calar a boca? — Bella se irritou.

— Não, Bella, não posso! É demais para aceitarmos, vocês estão mudando toda a nossa vida — ele exclamou. A casa era linda e o bairro era ótimo, mas eu também estava constrangida de aceitar tudo assim, sem esforço. Meu irmão estava certo — Ou você transfere as contas para cá e nos deixa decidir como nos viraremos ou voltamos para South L.A. hoje mesmo.

Alice e Emmett olharam para mim e eu me coloquei ao lado de Edward, sinalizando que concordava. Meu coração estava grato, mas também muito envergonhado. Não podíamos abusar e aceitar mais do que eles já estavam nos dando. Edward sempre cuidou da gente, ele nunca nos deixaria faltar nada e eu ficaria ao lado dele em qualquer situação. Bella revirou os olhos e chiou, mas concordou. Eu não estava preocupada. Agora tanto eu quanto Edward tínhamos empregos fixos, não tínhamos mais que nos preocupar com o tratamento da Nick nem com seus estudo. Pagar as contas da casa seria o de menos. No final da excursão pela casa eu estava exausta. Emmett deixou Nick no quarto dela e depois descemos para nos despedir.

— Promete que vai ir me ver amanhã, papai? — Edeline perguntou, agarrada ao pescoço de Edward.

— Eu trabalho no estúdio, Eden. Nos veríamos de qualquer jeito...

Deixei-os se despedirem direito e me aproximei de Emmett, que estava escorado no batente da porta.

— Muito obrigada — sussurrei.— Não há palavra o suficiente para agradecer tudo o que estão fazendo por nós.

Ele soltou uma daquelas risadas estrondosas que me fazia rir.

— Isso não é nada. Imagine alguém que tem mil dólares — ele me orientou. Eu assenti, indicando que imaginara. — Agora imagine essa pessoa, com mil dólares, comprando uma bala de cinco centavos. Isso foi o que a casa representou na conta bancária da Bella.

Arregalei meus olhos. Eu sabia que todos os Cullen eram muito ricos, mas ter essa comparação me ajudou a imaginar o quanto.

— Obrigada, mesmo assim — sorri. — Você gostou do culto hoje? Quero dizer... Pensa em voltar?

— Pretendo ir em todas as vezes que você me convidar — ele sorriu abertamente, me fazendo corar. — Gostei muito de tudo. Algumas musicas pareciam falar comigo e aquele pastor é realmente bom com as palavras.

— Está convidado para domingo que vem, então.

— Eu irei, se...

Ele hesitou, parecendo um pouco indeciso. Era engraçado ver Emmett encabulado, logo ele que era tão seguro em tudo. Fiquei curiosa.

— Se..?

— Rosalie, posso te fazer um convite também?

Fiquei séria. Engoli em seco. Aquele era um rumo que eu não queria que a conversa tomasse. Emmett estava sendo um ótimo amigo para mim e eu não queria estragar aquilo. Sim, eu gostava de Emmett, gostava muito. Mas nos conhecíamos há apenas algumas semanas, parecia tão precipitado. Mas eu me sentia bem perto dele e me sentia segura também. Ele me fazia rir e gostava da minha filha. Mas eu não sabia se gostava dele da forma correta e nem se poderia voltar a abrir meu coração algum dia. Eu acabaria magoando-o.

— Que tipo de convite?

— Um encontro. Amanhã à noite. Topa?

Eu estava pronta para negar, explicar que não estava pronta para aquilo e dispensá-lo delicadamente, mas algo me impediu. Eu olhei naqueles olhos azuis e a esperança, ansiedade e expectativa ali me comoveram. Ele realmente gostava de mim e eu não podia desapontá-lo daquela maneira. E então as palavras de Esme me vieram à mente. Ela me pedira para eu me dar uma chance de ser feliz. De dar uma chance a Emmett. Bem, parecia um bom conselho. Estávamos recomeçando, deixando o passado para trás... Do meu coração, Deus cuidaria.

— Eu aceito.

A alegria em sua face me despertou um sorriso. Ele ficou imediatamente empolgado e começou a mexer as mãos uma na outra.

— Então eu venho buscá-la às sete, assim que Edward chegar do trabalho. Vamos fazer algum programa bem divertido, eu prometo.

— Com você, qualquer coisa seria divertida — eu disse e fui sincera.

Seu sorriso aumentou. Naquela hora Bella, Alice e Edeline chegaram à porta, chamando Emmett para irem embora. O grandão se aproximou e me deu um beijo na bochecha.

— Até amanhã, Ursinha.

Eu ri. Estava aprendendo a ser mais confiante perto de Emmett.

— Até amanhã, Ursão.

Ele caiu na gargalhada. Alice o chamou mais uma vez e ele entrou no carro da Bella, ficou dando tchau da janela até que o carro sumisse na esquina.

ALICE PDV

Quero começar a minha parte da história dizendo o quanto estou insatisfeita por ter meu ponto de vista tão tarde nesta história. Eu tinha que ter dado a minha versão dos fatos muito antes. Só estou perdendo para o meu pai, que não meteu o bedelho aqui ainda.

Mas é melhor um pássaro na mão do que dois voando, de forma que não vou mais reclamar. Vamos à minha versão da história.

Quando chegamos daquela igreja naquela noite, minha cabeça só tinha espaço para um nome: Jasper. Eu sei que deveria contar a história do Edward e da Bella, mas eu também mereço um pouco de destaque, não? Se Emmett e Rosalie podem contar a história deles, eu também tenho direito a relatar aqui a minha.

Continuando... Jasper e eu ainda conversamos por um bom tempo depois que Bella nos deixou a sós. Ele era um jovem de 25 anos que já era pastor auxiliar de seu pai. Até hoje não me lembro bem o que exatamente causou o efeito que ele teve sobre mim. Ele apenas parecia tão educado e cavalheiro que fez eu me sentir como uma verdadeira dama. A conversa fluiu e fui convidada para o próximo culto. Oferta essa que aceitei.

Ao contrário de Bella, eu não tinha me afastado de Deus quando saí do orfanato. Eu possuía uma bíblia que lia regularmente e tentava seguir o que havia ali. Mas eu também sabia que só aquilo não era o suficiente e que eu precisava criar raízes em uma igreja, me aproximar de Deus e não só da religião.

Quando chegamos na mansão da Bella, depois de deixarmos os Masen na nova casa, fui direto para o meu quarto. Meu quarto na mansão da Bella era uma mistura louca do meu estilo. As paredes eram roxas, os móveis eram divertidos e coloridos e tudo parecia estar em clima de festa, assim como eu.

Menos de um minuto depois, Bella já estava ali, com os braços cruzados.

— Onde está Edeline? — perguntei.

— Comendo bolo com Emmett.

— Ela vai ficar muito elétrica se comer doces demais.

Sorri para ela, mas seu rosto estava sério.

— O que foi aquilo na igreja? — ela perguntou.

— Aquilo o que? — me fiz de desentendida. Fui para o lado da cama e comecei a retirar as dezenas de almofadas espalhadas por ali.

— Você, toda nervosa perto daquele cara. O que está rolando?

Eu suspirei e me sentei na cama, com uma almofada verde limão no colo.

— Ele me chamou a atenção. Ele faz o meu tipo.

— Desde quando você tem um tipo? — ela perguntou, cética.

Eu não me orgulhava daquilo, mas naquela época eu não era bem um exemplo a ser seguido. Eu fui criada no orfanato desde que podia me lembrar e um dia eu ganhei uma bíblia de uma das cuidadoras. Antes de a Bella entrar para o orfanato eu era muito sozinha e quando ganhei aquela bíblia passei a lê-la todos os dias. Cresci acreditando em Deus, eu era uma boa menina com sonhos. E depois fomos adotadas pelos Cullen e a minha vida mudou tanto... Eles realizaram quase todos os meus sonhos: uma família amorosa, estudos, festas, sucesso.

Bella me conhecia como a Alice festeira, a irmã animada que sempre topava de tudo. Eu nunca mostrava o que realmente se passava dentro do meu coração.

— Eu sempre saí e fiquei com muita gente, mas você sabe que nunca me apaixonei de verdade. Estou esperando o cara certo.

Bella tinha um olhar hesitante. Parecia chateada, quase traída.

— Por que nunca me contou?

Dei de ombros.

— Não era um segredo. Foi apenas algo que nunca pensei em mencionar. O assunto nunca surgiu em lugar algum — expliquei. Ela ficou mortalmente séria. — Você parece brava.

Ela suspirou e mordeu os lábios.

— Me sinto traída, Alice. Você é minha melhor amiga e nunca me falou sobre nada disso. E agora que os Masen vieram com essa de Deus pra cima da gente você está toda estranha como se estivesse passando para o lado d’Ele.

Eu a olhei, confusa. Bella sempre soube tudo sobre mim, inclusive sobre minha fé. Não era muito grande, admito, mas existia. E agora ela estava agindo como se fosse inimiga de Deus. Do que é que ela estava falando?

— Você não gosta de Deus, Isabella?

Ela deu de ombros. Seus olhos se encheram de lágrimas.

— Por que gostaria? Todos dizem que Deus é quem nos forma na barriga da nossa mãe, mas esse mesmo Deus me abandonou assim que nasci. Ele me deixou sozinha no meio daquela casa de bêbados e drogados. Deixou que eu apanhasse todos os dias e vivesse como uma escrava até os meus doze anos, quando meu pai matou a minha mãe na minha frente — ela começou a chorar, lágrimas de raiva. — Esse é o Deus que me ama, Alice? Não. Esse é o Deus que me esqueceu e que me abandonou à própria sorte.

Eu sorri com ternura para minha irmã. Quantas coisas eu e Bella já tinha passado juntas? Eu conhecia sua história, mas também havia passado por coisas ruins na vida antes de ser adotada pelos Cullens. A culpa não era de Deus. Eu tinha que fazer Bella entender.

Abracei-a e em seguida segurei suas mãos.

— Céus, Bella... Não sabia que se sentia assim. Você não entende? — eu sorri e apertei suas mãos. — Deus nos deu o livre arbítrio, Bella. Isso significa que Ele não interfere nas nossas escolhas. Todo mundo passa por coisas ruins, mas nada disso é castigo de Deus ou um sinal de que Ele nos abandonou, são simplesmente consequências das nossas escolhas ruins. Você, infelizmente, sofreu as consequências das decisões erradas dos seus pais, porque era dependente deles. Mas agora você já é uma mulher adulta e vai sofrer mais consequências se não entender o que estou te dizendo, Bella.

Ela fungou. Parecia tão frágil.

— Deus pode não ter me castigado, mas não fez nada por mim até hoje. Tudo o que conquistei foi por esforço, inclusive Edeline. Ele não me deu a minha filha quando pedi, eu é quem tive que ir atrás deste sonho.

Eu balancei a cabeça, indicando que ela estava errada.

— Você foi quem não soube esperar o tempo certo. Não quis esperar até que Deus te enviasse o cara certo. Pensa o quê? Que Ele ia simplesmente plantar uma sementinha na sua barriga só porque você pediu um filho? Não é assim que funciona — eu disse, um tanto quanto brava. Já estava na hora de Bella cair na real. — Quando a sua mãe morreu, você foi enviada para um orfanato com funcionárias amáveis por seu próprio esforço? Quando chegou e eu estava lá para ser sua amiga também foi esforço seu? Foi esforço seu quando Esme escolheu justo o lugar onde estávamos para ajudar e levou Emmett consigo? E também foi com os seus esforços que ela e Carlisle, por um milagre, decidiram nos adotar? Ah, sim, e também foi você quem se esforçou para nascer com essa voz maravilhosa? — disparei as perguntas com rapidez, desesperada para fazê-la entender. — Não, Bella, não foi. E também nada disso foi coincidência ou sorte. Era Deus, agindo na sua vida desde sempre. Ele não te esqueceu, Bella. Ele cuida de você todos os dias e continua cuidando sempre. Tudo o que você precisa fazer agora é se abrir para esse amor, Bella. Você será muito mais feliz assim.

Ela respirava profundamente depois do meu discurso, mas não parecia mais haver tanta raiva em seu olhar. Estava para indecisão.

— Como sabe que vou ser mais feliz?

— Se você experimentasse essa alegria, Bella... Você conhece a minha história, sabe que ela é tão ou mais difícil do que a sua, mas eu venci porque nunca estive sozinha. Esse meu jeito espevitado, doido e eufórico é tudo alegria, minha irmã. Uma alegria viva e transbordante que só vem de Deus.

Ela assentiu e apertou a minha mão mais uma vez. Pensei ver a sombra de um sorriso em seus lábios quando ela se levantou da cama em direção à porta.

— Você é mais sábia do que eu pensava, Polly. Vou pensar no que me disse, mas não prometo nada.

— Pensar com sinceridade já é o suficiente para mim. Significa que você está tentando.

EDWARD PDV

A casa era como o sonho de toda a família, mas eu não conseguia me sentir bem nela. Era como se eu estivesse morando de favor. Eu sabia que a casa estava no meu nome e totalmente paga, mas eu não conseguia deixar de me sentir daquela maneira. Não fui eu quem a pagou, quem a escolheu ou a mobiliou.

Mesmo com o quarto enorme à disposição, Dominique quis dormir com a mãe naquela noite. Eu também na consegui dormir muito bem, minha cabeça estava cheia com toda aquela reviravolta. Apesar de toda aquela imposição de Alice quanto à casa e às roupas e apesar das mentiras, eu estava feliz por ter conhecido a Eden. Ela era uma criança adorável que precisava de uma figura paterna e eu fiquei feliz por suprir aquela necessidade.

E ela fazia eu me lembrar da criança que um dia eu abandonara. Pensei que Rosalie ficaria no meu pé, mas com todas as novidades em sua vida e Emmett dando em cima dela acho que se esqueceu um pouco de toda a confusão que era a nossa vida.

Eu não podia fingir que nada tinha acontecido, porque tinha. E, às vezes, minha mente me levava para longe da realidade. Quero dizer, Edeline era tão parecida comigo! Poderia muito bem ser o fruto da minha doação. Eu queria acreditar que ela era, mas não conseguia. Não podia ficar me enganando porque, no fundo, eu sabia que ela não era a criança que eu procurava. Primeiro, porque seria coincidência demais. Segundo, porque Bella não contou em qual clínica fez a inseminação e poderia ter sido em qualquer lugar que não a Vita In Vitro. E terceiro, porque quando voltei à Vita In Vitro o diretor com quem falei me informou claramente que o material que doei fora vendido a um casal brasileiro bilionário, cuja mulher era casada com um homem estéril que tinha as minhas características. E que o bebê encomendado era um menino.

Por conta desses três itens, deixei a ideia de lado.

A primeira noite no meu novo quarto foi confortável, apesar de eu não sentir que o quarto fosse meu. Rosalie, como sempre, tinha acordado cedo e quando desci ela já tinha aprontado uma mesa de café da manhã digna de comerciais de margarina. Não pude deixar de sorri, porque raramente tínhamos aquilo em nossa antiga vida.

— Bom dia — passei por ela e beijei o topo de sua cabeça antes de me sentar. Fiz uma breve oração e comecei a me servir. — Você está bem?

Rose parecia estar com a cabeça longe. Segurava uma xicara com as duas mãos, mas não bebia e seu olhar parecia perdido. Ela olhou para mim, suspirou e colocou a xícara de volta na mesa.

— Emmett me chamou para sair.

Eu sorri.

— Sair tipo um encontro?

— Sim.

— E o que você disse?

— Não consegui dizer não — ela fez uma careta. — Mas eu estou com medo, Edward.

— Medo do que, Rose? — me aproximei mais dela e tomei suas mãos nas minhas, tentando lhe passar segurança. Eu imagina do que ela tinha medo, mas ela precisava se ouvir dizendo.

— Está tudo indo tão rápido. Faz só um mês que essa loucura começou, e agora estamos morando nesta casa estranha, nossos rostos estão aparecendo em manchetes, e agora tem o Emmett e eu estou concordando em sair para encontros e minha filha já chama esse homem de pai... — ela falava rápido, estava começando a entrar em pânico.  — Isso esta virando uma bola de neve e eu não estou sabendo controlar. Edward, da última vez que me apaixonei tudo aconteceu rápido também, e veja como acabou. Não posso mais me permitir abrir a guarda daquele jeito, eu tenho que pensar em Nick agora e não só em mim. E se... Emmett... Eu...

— Rose, Rose, calma! — pedi, vendo que ela começava a chorar. — Emmett não é Royce. Você precisa esquecer o que aquele miserável fez. Você foi cega com Royce, sim, mas não está sendo com Emmett. Ele é um bom homem, eu o vejo também. E a bola de neve não é sua para controlar. Você não está confiando em Deus. Quem disse que você não pode abaixar a guarda? Deus não pode trabalhar com corações em guarda, Rose. Nem com corações que não confiam nEle.

Ela fungou, mas assentiu. Quando levantou os olhos para mim, ainda estavam repletos de medo.

— E se não der certo?

— E se der? — devolvi a pergunta. — O futuro não pertence a você, e enquanto você tentar controla-lo vai se frustrar. E enquanto você deixar o medo te controlar, pode até ser que se proteja de coisas ruins, mas também vai se privar de coisas maravilhosas. Um pássaro com medo de altura não cai, mas também não voa. Você está com duvidas? Ore. Você tem um Pai amoroso que pode cuidar de tudo pra você, então haja como filha e deixe que Ele cuide de você.

Ela estava chorando novamente. Abracei-a ternamente, murmurando uma oração baixa em seu ouvido. Minha irmã tinha sido profundamente quebrada no passado, e Deus a estava reconstruindo aos poucos. Não há como ser refeito sem ser quebrado antes. E não há como crescer sem confronto.

— Ele vai cuidar de tudo, não é? — ela perguntou, sua voz entrecortada.

Assenti.

— Se joga. Se não tiver chão, Ele vai estar lá para te pegar.

Deixei uma Rosalie chorosa e pensativa na cozinha para me arrumar para o trabalho. Eu tinha consciência de que não seria fácil para Rosalie vencer seu próprio coração. Não existe batalha mais árdua do que ter que vencer a si mesmo. E não tem como fazer isso sem se render e deixar Deus dirigir as coisas. Eu confiava que Ele faria o melhor por Rose, e também confiava que Emmett podia ser esse melhor. Eu não o deixaria se aproximar da minha irmã se não achasse que ele era uma boa pessoa, completamente oposta ao ultimo canalha que a machucou.

Eu também estava assustado com tudo o que estava acontecendo. Seria difícil ficar indiferente frente a tantas mudanças. A responsabilidade de uma filha, um novo emprego, uma nova casa, toda uma vida se alterando. Mas em meu coração eu tinha paz, então sabia que aquilo tudo estava sob o controle dEle. Portanto eu seguiria, tentando fazer o melhor com o que surgisse no meu caminho. E confiando que, mesmo que algo desse errado, Ele estaria no controle para que tudo desse certo.

Tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus – Romanos 8:28

Vesti meu uniforme e depois de verificar que Rose já estava mais calma e bem, dei um beijo na minha irmã e sobrinha – que tinha acabado de acordar – e parti para o dia de trabalho no estúdio.

Os Cullens não estavam lá quando cheguei, de forma que me pus a limpar antes que chegassem. Eu estava ansioso para ver tanto Eden quanto a Bella, o que também me deixou confuso. Era algo estranho desejar tanto a presença de pessoas que não eram da minha família. Não era só o coração de Rosalie que estava envolvido por aquela família, o meu também tinha aberto espaço de um carinho especial por eles. Não eram mais estranhos, famosos que viviam num mundo separado do meu; mas amigos, quase como uma extensão de família. Eu conseguia entender Rose. Era assustador a rapidez com a qual eles, por terem feito tanto por nós, conquistaram tamanho carinho em nossos corações.

Quando elas finalmente chegaram eu estava justamente organizando o camarim da Bella. O perfume dela estava por toda a parte e eu levei o maior tempo possível ali dentro. Eu estava admirando algumas fotos da Bella com a Eden quando as mesmas entraram, ladeadas por Alice e Emmett, e eu abri um sorriso.

Edeline foi a primeira a correr na minha direção.

— Papai!

Eu a peguei no colo e cumprimentei todo mundo.

— Como foi o primeiro dia na casa nova? — Bella me perguntou sorrindo.

— Estranho, mas confortável. Obrigado.

— Por Deus, pare de me agradecer!

— Não use o nome de Deus em vão, Bella — alertei. Ela ficou séria e eu confuso com sua reação.

— Como está a Rose? — Emmett perguntou como quem não queria nada.

De brincadeira, lhe dei um tapa na nuca.

— Para de se engraçar com a minha irmã — respondi com a voz grossa e séria. Emmett arregalou os olhos, completamente assustado. Bella e Alice começaram a rir e então eu as acompanhei. — Estou brincando, grandão. Rose está em casa com Dominique. Elas estão ótimas, obrigado por perguntar.

Eden, toda dengosa, puxou a gola da minha camisa.

— Papai, você vai brincar comigo hoje?

— Claro, princesa. Vamos brincar do que você quiser assim que eu terminar o serviço.

Emmett soltou uma risadinha.

— Você está ocupando o lugar da Natalie, cara. E o que Natalie fazia era cuidar da Eden o dia inteiro. Existem outras faxineiras para limpar o lugar, apenas aproveite seu tempo com a sua filha.

Já tendo tido minhas primeiras semanas de serviço ali, eu já estava familiarizados com o lugar e com os funcionários ali. Mas era a primeira vez desde que os conheci que Bella estava ali para gravar, de forma que Eden seria deixada sob minha responsabilidade. Alice se aproximou de mim e pendurou um crachá na gola do meu uniforme. Só havia uma palavra ali. Ou melhor, um nome: Cullen. Assinado à mão com uma caneta azul.

— É a assinatura do meu pai. Isso indicará que você é quem está com Eden e desta forma vocês terão acesso livre a qualquer lugar e qualquer coisa aqui dentro. Se quiser sair com ela pra comprar algo, o segurança da Eden está instruído para ir com vocês e ele também tem dinheiro guardado na limusine para eventualidades.

— Traduzindo: posso fazer o que eu quiser com Eden? — perguntei, erguendo uma sobrancelha. Por isso era que Natalie sempre dizia o quanto amava seu emprego.

— Tecnicamente sim. Mas não pode fugir com a minha filha ou vendê-la a traficantes, caso isso não tenha ficado claro — Bella comentou, mas por seu sorriso eu sabia que estava brincando.

Dei de ombros e assenti. Eu não gostava muito da ideia de deixar o trabalho pelo qual eu estava sendo pago para fazer algo que eu gosto. Natalie até poderia encarar cuidar de Edeline como uma espécie de parte do emprego, mas para mim era apenas prazer estar com ela. E não me agradava a ideia de simplesmente receber meu salário por nada.

Foi então que, assim que Bella, Emmett e Alice saíram do camarim, cada um para fazer o que tinham que fazer no estúdio, eu tive uma ideia. Olhei para Edeline, parada à minha frente com os olhinhos cheios de expectativa.

— Eden, você já brincou de casinha?

— Eu gosto mais de brincar de princesa no meu castelo, mas já brinquei de casinha com a mamãe!

— Que tal se formos brincar de casinha?

— Sim!

Levei-a para um dos sets de filmagem que agora estava vazio, um amplo espaço liso e vazio que era o próximo lugar na minha lista de faxina. Pedi para Eden me ajudar e juntos levamos carrinhos de limpeza com baldes de sabão, de água e alguns esfregões.

— O que vamos fazer com isso, papai?

— Vamos brincar de limpar a nossa casinha.

— Limpar? — ela fez uma careta.

— Sim. Toda a casa tem que ser limpa — eu me abaixei na altura dela, olhando-a nos olhos. — Sua casa não é limpinha e cheirosa?

— Sim, mas a mamãe diz que tem gente que limpa pra nós.

Menos um ponto pra Bella. Edeline precisava desesperadamente de uma boa influência.

— Bem, eu sou uma dessas pessoas. Você não quer ser como eu?

— Quero! — ela gritou, animada novamente.

— Então pegue aquele balde e venha cá.

Devagar, ensinei a ela como molhar o esfregão no balde e passar no chão. Ela ficou maravilhada com a espuma que deixava tudo mais claro. Lado a lado, jogávamos a água no chão e empurrávamos os esfregões com animação.

— Olha, papai, eu to limpando!

— É isso aí, princesa. Agora joga aquele balde com água e sabão no chão.

Ela correu para pegar o balde mas, quando voltou, escorregou na espuma e derrubou todo o conteúdo em cima de si mesma. Eu corri até ela.

— Eden! — me abaixei para erguê-la do chão. — Você está bem?

— Sim... — um biquinho se formou em sua face. — Mas eu to toda molhada. Não vou mais poder limpar.

— Ah, mas já limpamos demais — eu toquei seu biquinho com o dedo. Avistei um balde cheio perto de onde ela estava e o peguei. — Além do mas... Eu também estou todo molhado!

Virei o balde em cima de mim, sentindo a água ensopar minhas roupas pesadas. Eden levou o meu gesto como uma declaração de guerra e jogou outro balde em mim. Eu joguei mais um nela, ela jogou outro em mim. Quando os baldes acabaram estávamos os dois no chão, molhados e gargalhando.

Não querendo acabar com a brincadeira, peguei um dos esfregões e apontei para ela.

— Em guarda!

Ela entendeu. Pegou outro esfregão e avançou em minha direção. Os esfregões se bateram de frente, espirrando mais água. Eu apenas me defendia dos golpes dela, não querendo atingi-la de verdade. As risadas fluíam livremente a cada vez que os cabos de madeira se chocavam, espirrando mais água. Em um momento a investida de Eden desviou e ela foi direto para frente, agarrou-se ao meu esfregão para não cair e foi ai que começou a nova brincadeira.

Quando Eden se segurou no esfregão, ele foi para a frente e como o chão estava todo molhado e ensaboado, ela escorregou de barriga por toda a extensão do estúdio. Quando ela parou, nos entreolhamos.

— Toboagua! — gritamos juntos.

Eu corri até onde ela estava e nos posicionei. Com ambos de barriga para baixo, eu impulsionei Eden e me empurrei com os pés e logo estávamos deslizando em meio ao sabão do chão. Duas horas depois estávamos deitados no chão, Eden com a cabeça na minha barriga, ambos cheios de sabão. Aquela provavelmente foi a manhã mais divertida da minha vida. A gargalhada de Eden se tornara, pra mim, o som mais maravilhoso que poderia ser escutado.

— Agora pode me chamar de sereia, papai!

Eu pensei naquilo por um minuto.

— Não. Você é e sempre será a minha princesa.

— Mas eu sou a princesa de todo o mundo! Sou a Princesinha da América.

Eu me sentei no chão, puxando-a junto de meus braços. Seus olhinhos verdes, tão iguais aos meus, brilhavam de alegria. Naquele momento eu desejei mais do que tudo que eu pudesse ser realmente o pai dela.

— Ah, mas você é muito mais do que a Princesinha da América. Você é um tipo especial de princesa.

— Que tipo?

— Você é filha do Rei dos Reis, que é o maior de todos os reis de todo o mundo.

— Eu? — ela apontou para si mesma. Eu assenti. — Mas eu sou sua filha, papai.

— Sim, também. Lembra-se que eu falei do Papai do Céu pra você? E que você era filha d’Ele também? — eu perguntei e ela confirmou. — Ele, o Papai do Céu, é o Rei dos Reis. E como filha d’Ele, você é o tipo mais especial de princesa — eu dei uma pausa, esperando ela assimiliar tudo antes de continuar. — Você é a Princesa do Senhor.

Ela abriu um lindo sorriso e me abraçou. Eu retribui, apertando-a em meus braços e sentindo seu perfume infantil. Ela encostou a cabeça no meu ombro, enchendo meu peito de amor.

— Eu gostei.

— Que bom. E o que acha de agora mudarmos seu título? Em vez de Princesinha da América, você será a Princesa do Senhor.

— O melhor tipo de princesa do mundo!

Ela era tão inteligente.

— É isso aí — abracei-a de novo e me levantei do chão. Olhando para toda a bagunça eu decidi que esperaria Edeline não precisar de mim para arrumar tudo aquilo. — Venha, agora vamos para o camarim da sua mãe tomar um bom banho.

Ainda no meu colo, ela segurou minhas bochechas em suas pequeninas mãos e beijou a ponta do meu nariz.

— Eu te amo, papai.

Eu sorri, comovido. Aquilo tudo podia ter começado da maneira errada, como uma mentira, mas o que aquela pequena tinha causado em mim era irreversível, e parecia não haver na mais certo no mundo.

— E também te amo, princesa. Mais do que você possa imaginar.


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Notas finais do capítulo

Eu simplesmente amei escrever esse capítulo. Foi o primeiro ponto de vista da minha personagem preferida: Alice. É aqui também que a Bella começa a se abrir para Deus. E para aquelas que pediram mais cenas Edward/Eden, aí está! Agora finalmente entenderam o nome da história, não é?

Link com todas as fotos da casa do Edward: http://s1275.photobucket.com/user/Barbara_Dias/library/Lords%20Princess/Casa%20do%20Edward?sort=3&page=1


http://jornada-de-amor.blogspot.com/