Obriguei a mim mesma a arrastar as malas até a porta da casa. Ela era muito mais bonita de perto.

Bati na porta duas vezes, e quando ia bater pela terceira vez, a porta se abriu. Um garoto de cabelos loiros, olhos castanhos escuros, bochechas rosadas e um pouco forte tampou a minha visão do interior da casa.

– Você é meu irmão?

– Não. Eu sou um amigo do seu irmão.

– Vocês são gays?

– Que diábos de pergunta é essa? Nós não somos gays, criatura.

– Me chame de criatura de novo que eu arranco a sua cabeça.

O garoto revirou os olhos.

– Meu nome é Edward. Edward Chase. - ele estendeu a mão para apertar, mas eu não me mexi um milímetro. Edward fez uma careta.

– Sua vida deve ser o inferno com esse nome do vampiro daquele filme de menina - falei.

– Sim. Qual o seu nome?

Ah, eu já disse pra vocês que meu nome é Alice? Acho que não. Mas enfim, meu nome é Alice. Alice Hopkins.

– Não é da sua conta.

– Nossa, que nome legal.

– Vá se fuder, Chase. Dá pra sair da frente agora?

– Garota? Você é irritante.

Edward saiu da frente da porta e me deu passagem. Adentrei um pouco a casa. Ela parecia realmente aconchegante. Paredes cor de marfim, com um quadro aqui e ali. Duas janelas de vidro faziam com que o lugar ficasse iluminado. Mas uma coisa me chamou a atenção: Dois garotos jogavam X-Box 360 no meio da sala.

O menino número um tinha cabelos escuros cortados, olhos azuis fortes que eram vistos de longe. Usava um jeans azul e uma blusa vermelha que tinha escrito "FUCK YOU" nas costas. O garoto número dois tinha cabelos escuros também, que caiam sobre os seus olhos castanhos. Usava um moletom preto, com a calça jeans também preta. Eles estavam concentrados no jogo. Guitar Hero.

Hora de brincar.

Joguei as malas no chão e andei pelo corredor que tinha a minha direita. Até que eu avistei a coisa mais linda que eu tinha visto até agora: A cozinha. Será que tem coca na geladeira?

Corri na direção da cozinha, e só parei quando avistei a geladeira, mas... Era uma geladeira cor-de-rosa.

Quem tem uma geladeira cor-de-rosa?

Bufei, mas mesmo assim eu andei e abri a geladeira. Sete sucos de caixinha e uma coleção incontável de coca cola. Também tinha um bolo de chocolate lá dentro. Mas peguei só duas latas de coca cola, e balancei-as freneticamente.

Andei até a sala novamente, e os garotos ainda estavam jogando video-game.

– Quem quer coca? - perguntei.

De repente, o jogo dos meninos parou. Eles tinham pausado o jogo pra beber coca cola.

Ah, isso ia ser legal.

– Eu - falaram os dois ao mesmo tempo.

– Peguem.

Andei até o sofá e ofereci as latas. Antes de pegarem, os garotos me olharam de cima a baixo.

– Qual de vocês é o meu irmão? - perguntei

– Eu - falou o menino número um - Infelizmente.

Taquei a lata de coca em sua cabeça. Ele deixou escapar um "Au" e o garoto número dois riu.

– Gostei de você - falou o menino número dois - Meu nome é Carl.

– E eu sou o James. - falou o outro menino, passando a mão na cabeça - Você já conhece o Edward.

– O vampirinho? Ah, sim.

– Vampirinho? - perguntou James.

– Esqueça isso.

– Pode deixar.

Bufei.

– Vocês querem ou não querem a coca?

Em um movimento rápido, eles pegaram as latas de coca. Fui para o lado de Edward, que estava observando de longe, encostado na parede.

– Por favor, me diga que você balançou as latas - murmurou.

– Eu balancei. Agora é só esperar.

Observei de longe os garotos abrirem as latinhas.

– AHHHHHHHH - gritou James - PUTA QUE PARIU, MEUS OLHOS! SOCORRO, MEU OOOOOOOOOOOLHOS! ELES ESTÃO SANGRANDO, HELP! HEEEEEEEEEEEEEEELP!

Eu e Edward caímos sentados no chão e rimos que nem retardados. Ou bêbados. Não sei.

– O que eu fiz pra você? - perguntaram James e Carl ao mesmo tempo.

– Hum, nada. - falei, respirando - Por enquanto.

Os garotos se entreolharam e sorriram. Mal sinal.

James cruzou os braços e me encarou, enquanto Carl saiu correndo. James tinha um sorriso tipo "É. Por enquanto."

– Foge - falou Edward rindo.

– Mas por que?

– Mas por que o que?

– Por que eu tenho que fugir?

– Quer ter coca cola no meio da cara?

– Mas o que...

Antes que eu pudesse falar, senti um jato de líquido gelado bater na minha cara.

– AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH FILHO DA PUTA!

Carl soltou uma risada, que James e Edward acompanharam.

Abri os olhos e encarei-os um por um. Carl segurava uma lata de coca na mão, e o chão estava molhado. Minha cara devia estar muito ruim, porque eles seguraram a risada.

– Eu acabei de chegar nessa maldita casa e já preciso massacrar vocês - falei.

– Isso - falou James - É o que vamos ver.

– Ou sentir - completou Carl.

– Vocês não vão ver ou sentir - falei - A morte de vocês será rápida.

– Parem de falar besteiras - falou Edward - Ninguém aqui vai morrer ou ser torturado.

– Ui - falei.

Edward bufou

– Hey garotinha que é irmã do James - falou Carl - Qual é o seu nome mesmo?

– Não é da sua conta - falou Edward.

– Uh, com licença? - falei cruzando os braços.

– Ué, você não disse que seu nome é Não É Da Sua Conta?

– Idiota - falei revirando os olhos.

– O nome da ruivinha aí é Alice, Edward. - falou James.

– Não. Me. Chame. De. Ruivinha.

– Ui, ela tá bravinha. - implicou Carl.

– Ui, ele tá querendo perder o amiguinho!

– Argh. Quer saber, acho que não gostei de você.

– É isso que dá quando se tem expectativas antes de conhecer. - dei de ombros. - Vocês têm Call Of Duty?

Edward tossiu como se estivesse morrendo de asma.

– Call Of Duty? - falou - Eles quase morrem de medo jogando Mario Galaxy 2.

– The Walking Dead? - falei.

– Você joga jogos de zumbis? - assenti - Achei que você fosse uma garota.

– Carl, com todas as suas forças - falei fofamente juntando as mãos e entrelaçando os dedos - Vá tomar no cú.

– Você realmente não é uma garota - falou revirando os olhos. Ele andou até a frente da televisão com quase quinhentas mil polegadas, sentou no sofá, pegou o controle e esperou James.

– EU GANHO DE VOCÊ NESSA PORCARIA DE GUITAR HERO.

– Duvido. - falou James - Ele é melhor aqui.

– Isso, isso mesmo. Duvide.

Andei até a frente do sofá e peguei o controle. Olhei pra Carl e fiz uma careta para ele. Sentei no chão mesmo, dá uma visão melhor.

(...)

Depois de cinquenta e sete partidas perdidas, Carl estava da cor de um tomate, e a ponta de seus dedos já estavam brancos. O solo de Sweet Chid O Mine estava terminando, e Carl estava perdendo feio.

– O.K. - gritou quando o solo terminou - EU DESISTO. QUAL O SEU SEGREDO?

– Eu toco guitarra - dei de ombros.

– Espera... - falou James - É o que? Você toca guitarra?

– Hey, não posso?

– EU QUERIA TOCAR GUITARRA E ESSA PUTA SABE TOCAR

– OLHA A INTIMIDADE, VIU JAMES?! PUTA NÃO!

– Ah... Tá o.k. - falou Carl - Precisamos de um banho, cara.

Demorou uns dez segundos: Eu olhei para Carl, Carl olhou pra mim, Carl olhou pra James, James olhou pra mim, e eu olhei pra minha mala. Joguei o controle em cima de James e se levantei.

– EU TOMO BANHO PRIMEIRO - meu grito ecoou pela sala e eu corri pra pegar uma das minhas malas.

Os garotos tentaram se levantar, mas se enrolaram no cabo do controle, caíram e derrubaram o X-Box.

Juntei as forças que tinha para segurar a minha mala, mas...

Onde era o banheiro?

– Por aqui - ouvi Edward dizer e pegar minha mala, e correu.

Ele adentrou um pouco mais a sala, e subiu uma escada de madeira que tinha ali. Peguei minha outra mala e o segui.

As paredes mudaram de cor marfim para cor azul clara, com algumas janelas. Tinha quatro portas ali, e uma era destacada da cor vermelha.

– A porta vermelha é o banheiro - disse Edward - Os garotos já estão subindo, vai!

Edward jogou a outra mala pra mim e eu a peguei no ar. Corri na direção da porta vermelha e olhei para trás. Carl e James estavam correndo, e xingaram Edward. Sorri e abri a porta.

Carl tentou apressar o passo, mas foi apenas pra bater a cara na porta.

Otário.