Pedro e Edmundo não podiam acreditar no que estavam ouvindo. A dríade havia-lhes dito que Aslam tinha morrido na Mesa de Pedra. Mesmo tristes, os garotos tiveram que contar para o resto do exército a grande tragédia que havia acontecido. Pedro acreditou que poderia ser engano, então, foi até a tenda de Aslam para verificar se ele estava lá.

–Ela tem razão. Ele morreu. - Disse Pedro, saindo da tenda com uma expressão triste.

–Agora você é o líder. - Disse Edmundo. - Pedro, tem um exército lá fora. Pronto a seguir você!

–Eu não posso! - Disse Pedro.

–Aslam acreditava em você. E eu também. - Disse Edmundo, em um tom reprovador.

Edmundo e Pedro se entreolharam, com um olhar que só os dois entenderam.

–O exército dela está se aproximando. Dê as ordens. - Disse Oreius.

Sendo assim, Pedro assumiu o posto de líder e deu as ordens ao exército de Aslam, para que se preparassem para a batalha. Ao levantar do sol, todo o exército já se reunira no Passo do Beruna para aguardar a chegada do exército da Feiticeira. Pela primeira vez, em 24 horas, Edmundo não estava pensando em Kalene, mas sim, na batalha. Um grifo que sobrevoava o local, baixou voo e avisou a Pedro sobre a quantidade de guerreiros do exército da Feiticeira.

–Chegaram, Alteza. Em número e armas que superam muito os nossos! - Avisou o grifo.

–Números não vencem batalhas. - Disse Oreius

–Não, mas aposto que ajudam. - Disse Pedro, preocupado.

Esperaram mais um pouco e ao longe surgiu a imensa fila de guerreiros de todos os tipos. Gigantes, anões, trolls, minotauros e outras criaturas aos montes. A Feiticeira estava vindo em um coche puxado por ursos polares. Em seu pescoço, lá estava: o colar feito com a juba de Aslam. A raiva tomou conta de Pedro. Ela ainda ousava zombar de Aslam mesmo depois de morto. Se Kalene não matasse a Feiticeira, Pedro a mataria.

Houve aquele momento pré-batalha em que os exércitos cessam barulhos e se encaram antes de começarem a se dilacerar. A Feiticeira quebrou esse silêncio.

–Não tenho interesse em prisioneiros, matem todos! - Disse a Feiticeira, em um tom frio.

Os dois exércitos começaram a bradar coisas, mas o brado de Pedro foi o mais marcante de todos.

–Por Nárnia e por Aslam!!! - Bradou Pedro.

Assim, o exército de Aslam partiu contra o exército da Feiticeira, que já estava vindo em direção a eles. Assim que os dois exércitos chegaram um ao outro, começou o massacre. Vários monstros da Feiticeira eram mortos, mas também matavam as criaturas de Aslam. Um povo lutando pela liberdade de sua terra, enquanto outro lutava para dominá-la. Uma verdadeira batalha que iria ficar na história para sempre.


Não muito longe dali, na Mesa de Pedra. As três garotas decidiram ir embora, pois não havia mais nada a ser feito.

–Temos que ir. - Disse Susana.

–Eu não quero ir! - Disse Kalene ainda em meio aos prantos.

–Kanes, não há mais nada que possamos fazer. - Lamentou Susana, colocando a mão no ombro da princesa, como um gesto amigável. - Eu sinto muito.

–Está frio. - Sussurrou Lúcia.

Susana e Lúcia finalmente conseguiram convencer Kalene a ir embora, pois ela não podia fazer mais nada. E os garotos também precisavam de ajuda na batalha. As três estavam começando a partir quando sentiram um terremoto. Ao olharem pra trás, tiveram uma surpresa.

–Susana, Kalene! - Disse Lúcia, agitada.

A Mesa de Pedra havia se partido e o corpo de Aslam desaparecido, apesar das cordas, antes roídas por ratos continuavam ali.

–Cadê o meu pai? - Perguntou Kalene.

–O que fizeram? - Perguntou Susana.

Quando o sol tocou a rocha, tiveram outra surpresa ainda maior. Aslam surgiu, mais radiante do que nunca e vivo. Os corações das garotas se encheram de alegria quando viram o Leão vivo outra vez. Principalmente o de Kalene. Ela foi a primeira a abraçar o pai, seguida por Lúcia e Susana.

–Mas nós vimos o punhal. A Feiticeira! - Disse Susana, se questionando como aquilo havia acontecido.

–Se a Feiticeira entendesse o significado de sacrifício... talvez tivesse interpretado a Magia Profunda de outro jeito. - Disse Aslam. - Se uma vítima voluntária, inocente de traição é morta no lugar de um traidor, a Mesa de Pedra se partirá. E talvez, a própria morte seja revogada.

–Eu tinha fé nisso. Mas a minha preocupação por você não mudou, pai. - Disse Kalene.

–Mandamos avisar de sua morte. Pedro e Edmundo já foram para a guerra. - Falou Susana.

–Precisamos ajudá-los. - Disse Lúcia, sacando seu punhal.

Aslam abaixou a mão da menina mais nova, dando a entender que ainda não era hora.

–E vamos, querida. Mas não sozinhos. Subam em minhas costas. O caminho é longo, e o tempo é curto. E talvez queiram cobrir as orelhas. - Disse Aslam, rugindo em seguida.

No campo, a batalha continuava. A situação estava feia. O exército da Feiticeira era muito maior e estava vencendo. Pedro encarava a Feiticeira quase todo o tempo, trocando olhares de morte com ela.

Do céu, desceu um pássaro de fogo que incendiou o chão, formando uma barreira entre os dois exércitos. A barreira não durou muito tempo, pois Jadis usou sua varinha para apagar o fogo e continuar avançando com seu exército.

–Recuar! Atraiam eles para as rochas! - Ordenou Pedro.

–Este é o sinal, vamos! - Disse o Sr. Castor para Edmundo. Ambos estavam em cima da colina, mas desceram ao ouvir o toque da trombeta.


Aslam continuava correndo com Kalene, Lúcia e Susana nas costas. (N/A: Momento Kalene fazendo cosplay de Arwen kkk sim, também gosto de Senhor dos Anéis.) Eles estavam seguindo caminho para o castelo da Feiticeira. Aslam tinha um plano de livrar os prisioneiros (incluindo as estátuas) dos feitiços de Jadis. Mal Lúcia sabia que seu amigo Sr. Tumnus também estava lá.

Chegando lá, encontraram o castelo rodeado por água, que antes fora gelo. Porém, o castelo continuava como uma geleira. Adentrando o castelo, Lúcia saiu correndo pelo pátio onde estavam as estátuas, sendo seguida por Susana e Kalene. O sorriso desapareceu do rosto de Lúcia quando esta avistou a estátua do Sr. Tumnus. Ela caminhou devagar até a estátua e começou a chorar quando teve certeza que aquele era de fato, o Sr. Tumnus. Susana e Kalene abraçaram a pequena, tentando ampará-la.

–Daremos um jeito, Lu. Vamos trazê-lo de volta. - Disse Kalene, tentando confortar Lúcia.

Agora Kalene sentia ainda muito mais raiva da Feiticeira. Queria já estar na batalha, decapitando a megera com sua espada e queimando o resto do corpo. Ela queria vê-la sofrendo.

Aslam notou a tristeza de Lúcia, então, chegou perto de Tumnus e rugiu. Um rugido tão baixinho que mais poderia ser chamado de sopro ou canto. Aos poucos, a estátua foi se transformando novamente no fauno, que caiu de exaustão, sendo segurado por Lúcia.

–Susana, Kalene! - Disse Lúcia, novamente, extasiada.

–Sr. Tumnus! - Disseram Kalene e Susana, ao mesmo tempo, abraçando o fauno.

–Vamos. Vamos revistar o castelo. Pedro vai precisar de todos que encontrarmos aqui. - Disse Aslam, acordando alguns prisioneiros.

Aslam, Kalene, Lúcia, Susana e Sr. Tumnus continuaram a revistar o castelo até acharem todos os prisioneiros. Assim que todos foram acordados, partiram para a batalha.


Continua