As Crônicas De Nárnia - A Filha De Aslam escrita por ChaniMoon


Capítulo 6
O Sangue do Traidor


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigada pelos reviews, gente! É o que tá me motivando a continuar :3
Ótima leitura, Kisses



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/395000/chapter/6

Apesar de estar feliz, Kalene estava assustada. Ela nunca havia beijado um garoto antes, e beijar Ed, mesmo sendo apenas no rosto, a deixou nervosa e com medo. O que será que ele podia estar pensando dela? Será que ela reuniria coragem para beijá-lo novamente? Será que conversariam normal novamente?

Edmundo não pensava diferente. Ele ficou nervoso sobre o que a Princesa poderia estar pensando dele. Que ele foi muito atirado, ou muito apressado. A expressão que ela fez após o beijo também não ajudou muito. Em meio de seus pensamentos, ele adormeceu. Não demorou muito e acordou, cheio de fome. Se trocou e saiu da tenda, para acompanhar os irmãos em uma refeição.

–Nárnia não vai ficar sem torradas. – Brincou Lúcia, observando o irmão a comer.– Cuidado, hein. A Kanes pode te achar muito comilão.


–Engraçadinha. – Retrucou Edmundo.


–Preparem alguma coisa pra viagem de volta. – Disse Pedro, ao longe.


–Vamos pra casa? – Perguntou Susana.


–Vocês. – Respondeu Pedro. – Eu prometi à mamãe que ficariam seguros. Não quer dizer que eu não possa ficar pra dar apoio.


–Mas precisam de nós. – Disse Lúcia. – De todos nós!


–Lúcia, é muito perigoso! Você quase se afogou e Edmundo quase foi morto! – Exclamou Pedro.


–É por isso que temos que ficar. – Sussurrou Edmundo. – Eu vi o que a Feiticeira pode fazer... e ajudei a fazer. Não podemos permitir que esse povo sofra por isso!


–Então já está decidido. – Disse Susana, se levantando e pegando seu arco.


–Aonde você vai? – Perguntou Pedro.


–Treinar um pouco. – Respondeu Susana, saindo dali.


Lúcia seguiu a irmã e foi treinar com ela. As duas chegaram na área de treinamento e encontraram Kalene treinando com sua espada em alguns guerreiros de palha. A Princesa acenou para as duas e continuou a treinar. Susana acertou uma flecha no alvo, quase no centro. Lúcia aproveitou a oportunidade e atirou seu punhal bem no centro do alvo, deixando Susana boquiaberta.


–Ei, Kanes. Quer tentar? – Perguntou Lúcia.


–Ah, eu tô nessa! – Respondeu Kalene, pegando um arco que estava ali com algumas flechas.


Kalene mirou no alvo, mas o tiro dela foi do mesmo nível que o de Susana.


–É, acho que arco e flecha não é uma arma pra mim mesmo. – Lamentou Kalene.


–Que nada, você atira bem. – Disse Susana.


Mais ao longe, Pedro e Edmundo treinavam com as espadas, só que cavalgando.


–Vamos, Ed. Espada pra cima! Como Oreius nos mostrou. – Disse Pedro.


Os dois duelaram mais um pouco, quando foram interrompidos pelo Sr. Castor que os chamou. O cavalo de Edmundo empinou, fazendo com que o garoto quase caísse.


–Ei, cavalinho! – Disse Ed.


–Meu nome é Phillip! – Respondeu o cavalo, que para a surpresa de Edmundo, também falava.


–A Feiticeira exigiu um encontro com Aslam. Está vindo para cá! – Disse o Sr. Castor.


Os garotos e as meninas, então, retornaram ao acampamento para aguardar a chegada da Feiticeira. Aquele frio percorreu a espinha de Kalene novamente. Será que ela estava atrás de Edmundo? Quando perceberam, a Feiticeira já estava lá com seus capangas.


–Jadis, a Rainha de Nárnia! Imperatriz das Ilhas Desertas! – Anunciou o Anão-Cocheiro da Feiticeira, que vinha em um trono carregado por Trolls.


A Feiticeira era vaiada por muitos centauros, mas manteve a pose até chegar na frente da Tenda de Aslam. Ela lançou um olhar frio para Edmundo, confirmando que foi até ali por causa dele. Ela também lançou um olhar vingativo para Kalene, que estava ao lado de Aslam, como se a jovem tivesse culpa de alguma coisa. Mas para Jadis, ela tinha. Era a segunda vez que Kalene via a Feiticeira. A primeira tinha sido no seu sonho, e ambas as vezes foram desagradáveis.


–Você tem um traidor entre os seus, Aslam. – Disse a Feiticeira, fazendo com que Lúcia, Pedro, Susana e Kalene direcionassem seus olhares para Ed.


–A ofensa dele não foi contra você. – Disse Aslam.


–Vejo que se esqueceu das leis sob as quais Nárnia foi construída. – Disse a Feiticeira.


–Não cite a Magia Profunda para mim, Feiticeira! – Rugiu Aslam. – Eu estava lá quando foi escrita.


–Então se lembra bem de que todo traidor pertence a mim. O sangue dele é minha propriedade! – Disse a Feiticeira.


–Tente pegá-lo! – Disse Pedro, empunhando sua espada.


–Acha mesmo que a força bruta vai tirar o meu direito? Reizinho. – Zombou Jadis. – Aslam sabe que a menos que eu tenha o sangue dele, como manda a lei, toda Nárnia será subvertida e perecerá em fogo e água. – Ela apontou para Edmundo. – Esse menino morrerá, na Mesa de Pedra! Como diz a tradição. Se você recusar, sabe quem eu vou matar no lugar dele, não sabe?


Aslam se lembrou de como, pouco depois de ter adotado Kalene e dela ter sido amaldiçoada a nunca crescer, a Feiticeira acrescentou na Magia Profunda que se Aslam recusasse dar a ela o sangue do traidor, antes de Nárnia ser destruída, ele teria que testemunhar a execução de sua filha no lugar do traidor, para ter o coração despedaçado. (A Kalene não morre de velhice, mas ela pode morrer se for esfaqueada, decapitada, envenenada, e várias outras mortes possíveis)


–Basta! – Bradou Aslam. – Quero falar com você á sós.


A Feiticeira assentiu e seguiu Aslam para dentro da tenda. Todos se puseram a esperar por um tempo. Kalene sentiu as lágrimas caírem de seus olhos, quando percebeu que Edmundo estava olhando pra ela. Sem dizer nada, a garota correu até ele e o abraçou. Pedro, Susana e Lúcia se afastaram um pouco. Os dois ficaram ali, tirando o peso de seus ombros, um com o outro, sem palavras. Se esqueceram totalmente de que, até agora pouco, estavam com vergonha um do outro. Até que Kalene resolveu quebrar o silêncio.


–Ela estava falando de mim. – Disse Kalene, ainda chorando.


–Como assim, falando de você? – Perguntou Edmundo


–Quando disse ao meu pai quem morreria se ele recusasse te entregar. – Respondeu Kalene. – Se você não morrer, quem irá morrer sou eu.


Edmundo sentiu um aperto no coração. Ele não queria morrer, mas também não queria que Kalene morresse em seu lugar. Se isso acontecesse, ele iria sentir um vazio dentro de si para sempre.


–Eu vou me oferecer. Você é importante, eu não sou. Não farei falta aqui. E quem sabe, ela não destruirá Nárnia se eu me oferecer. – Disse Kalene, se soltando dos braços de Edmundo.


–O quê? Não, claro que não! Se tem uma coisa pior do que morrer, é ver você morrendo no meu lugar! Eu nunca deixarei isso acontecer. – Disse Edmundo.


Kalene ficou encabulada com as palavras dele. Não podia acreditar que ele gostasse tanto dela assim, para não permitir que ela morra em seu lugar. Pedro, Lúcia e Susana voltaram para apoiar Ed, e os cinco se sentaram para esperar o que ia acontecer. Kalene recostou a cabeça no ombro de Edmundo.


Em meio a isso, Aslam e Jadis saíram da tenda e todos se levantaram. Jadis, mais uma vez, direcionava seu olhar mortal para Edmundo e Kalene enquanto voltava para seu trono-carruagem.


–Ela renunciou ao direito do sangue do filho de Adão. – Anunciou Aslam e todos comemoraram.


–Como vou saber se manterá a promessa? – Perguntou a Feiticeira, se sentando no trono.


Aslam nada disse, apenas rugiu, fazendo-a sentar, assustada e ir embora. Kalene, curiosa com a situação, se aproximou do pai e perguntou-lhe o que tinha acontecido.


–Pai? Posso falar com você em particular? – Perguntou Kalene.


–Certo, vamos. – Respondeu Aslam.


Os dois adentraram a tenda e Kalene tomou coragem para perguntar.


–Ela não renunciou a troco de nada, não foi? Eu vou morrer, não vou? – Perguntou Kalene, desesperada.


–Não, não vai. Outra vítima voluntária se ofereceu e ela aceitou. – Disse Aslam. – Mas, não vamos falar disso agora. Devemos ficar felizes por Edmundo.


A garota assentiu e saiu da tenda, feliz por Edmundo, mas preocupada com a outra vítima. Quem será que se voluntariou? Ela não fazia ideia.


Não teve forças pra chegar perto de Edmundo novamente depois daquilo. A Princesa se afastou e foi treinar sozinha outra vez. Ela estava muito envergonhada para olhar nos olhos dele de novo. Passou a tarde toda treinando, com seus pensamentos mais profundos em relação a tudo.


Ao anoitecer, Lúcia, Susana e Kalene sentiram um vulto passar pelas tendas delas. Ao saírem para verificar, confirmaram. Era Aslam. Agora tudo fazia sentido, ele era a vítima voluntária. Kalene ficou mais triste do que nunca. Mais uma vez, sentiu o rio de lágrimas percorrer seu rosto. Se juntou a Lúcia e Susana para seguir o Leão, mas ele foi mais esperto e notou a presença das três.


–Não deveriam estar na cama? – Perguntou Aslam.


–Não conseguimos dormir. – Disse Lúcia.


–Por favor, Aslam. Não podemos ir com você? – Perguntou Susana.


–Ficarei contente com a companhia por enquanto. Obrigado. – Disse Aslam.


–Eu já sei, pai. Não diga que você fez isso! – Disse Kalene, se lembrando do que Aslam havia dito sobre outra vítima voluntária.


–Fez o quê, Kanes? – Perguntou Susana.


–Nada. – Respondeu Kalene, omitindo o fato das duas.


As três, então, acompanharam Aslam até chegarem em um certo ponto em que ele agradeceu a companhia das três e continuou a andar sozinho. As meninas o seguiram novamente e viram que o lugar para onde ele estava indo era a Mesa de Pedra. O lugar estava infestado de criaturas horrendas, que intimidavam Aslam enquanto este percorria o caminho até a Mesa. E então, ela surgiu. A Feiticeira Branca, vestida de preto e segurando uma faca subiu na mesa.


–Observem. O “grande” Leão. – Zombou a Feiticeira.


Ele foi derrubado por um Minotauro. Lúcia, Susana e Kalene estavam chocadas com a cena. Kalene principalmente, mas ela sabia que se interferisse, iria começar tudo de novo.


–Amarrem o animal! – Ordenou a Feiticeira.


Algumas criaturas começaram a amarrar Aslam, até Jadis alterar a ordem.


–Esperem! Tirem todo o pelo dele! – Disse Jadis.


Eles, então, começaram a tosar Aslam, deixando o Leão sem juba. As meninas continuavam olhando, mas já não estavam aguentando mais olhar.


–Podem trazê-lo a mim! – Ordenou a Feiticeira, outra vez.


Ele foi arrastado até a Mesa, basicamente até os pés da Feiticeira, que zombou dele uma última vez, se abaixando e sussurrando para ele.


–Sabe, Aslam. Estou meio decepcionada com você. – Disse a Feiticeira. – Achou mesmo que com tudo isso poderia salvar o traidor humano e a sua princesinha? Você vai me dar a sua vida, mas ninguém será salvo. É nisso que dá o amor!


Ela se levantou e se preparou para apunhalar o Leão.


–Esta noite, será satisfeita a Magia Profunda! Mas amanhã, nós tomaremos Nárnia para sempre! – Disse a Feiticeira. – Consciente disso, desespere-se, e morra!


Ela, então, apunhalou o Leão, cujo último suspiro foi um rugido fraco. Foi um golpe para Kalene também, que agora não podia conter as lágrimas de jeito nenhum.


–O Grande Gato está morto! – Gritou Jadis. – General, prepare suas tropas para a batalha! Por mais curta que possa ser.


Lúcia, Susana e Kalene esperaram a Feiticeira e seus capangas saírem dali para correrem até Aslam. Kalene caiu de joelhos e abraçou o pai, morto. Agora, além de chorar ela também gritava. Lúcia tentou reviver Aslam com seu elixir de cura, mas Susana interviu.


–É tarde. Se foi. – Lamentou Susana. – Ele sabia o que estava fazendo.


–Sabia, sim. – Disse Kalene. – Eu só não queria que fosse assim desse jeito!

Lúcia e Susana seguiram Kalene e abraçaram Aslam. Não queriam deixa-lo, mas precisavam contar a Pedro e Edmundo o que havia acontecido. Resolveram, então, mandar uma dríade para dar a má notícia. Pedro notou a presença e empunhou sua espada contra a dríade.

–Preparem-se, meus príncipes. Eu trago más notícias da Princesa e de suas irmãs. – Disse a Dríade.


Continua


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews deixam uma autora feliz :3 :3