Caspian e Kalene, de volta ao navio, fizeram todo o percurso de volta para Nárnia. Pararam na Ilha de Ramandu primeiro. Caspian aproveitou e pediu que Lilliandil descesse novamente do céu. Assim que ela desceu, exatamente com a mesma aparência de alguns dias atrás, Caspian pediu sua mão. Ela, imediatamente, aceitou se casar com ele e aproveitou para pedir desculpas para Kalene por aquele mal entendido da última vez em que se encontraram. Lilliandil, então, se tornou uma moça normal. Ela viveria e morreria um dia.

Kalene ficou feliz pelos dois. Apesar de ela não ir muito com a cara de Lilliandil, aprovou o casamento. Contudo, estava muito feliz, pois quando chegasse em Nárnia, finalmente seria coroada rainha. Somente a saudade que ela tinha de Edmundo fazia com que se entristecesse às vezes. Mas ela sabia que um dia, iria voltar a vê-lo.

Em uma manhã, depois de semanas navegando de volta, o Peregrino da Alvorada finalmente chegou em Nárnia. Depois de deixarem os narnianos que moravam nas Ilhas Solitárias em casa (incluindo Gael e sua família), todos os outros voltaram para suas casas, partindo dali mesmo, do porto. Caspian ainda vivia no castelo telmarino, que antes foi de seu tio, Miraz. Kalene tinha que ir para Cair Paravel, que agora, estava reconstruído.

–Espero ver vocês dois em Cair Paravel amanhã! - Disse Kalene.

–Nós iremos, com certeza. - Disse Caspian.

–Só se você for ao nosso casamento. - Completou Lilliandil.

–Eu não perderia por nada! Mas quando é? - Perguntou Kalene.

–Decidimos fazer em alguns meses. - Disse Caspian. - Até depois de nós fazermos o noivado oficial e a Lilli se adaptar ao castelo, pelo menos.

–Lilli??? - Perguntou Kalene, com aquela carinha irônica.

–Eu acho muito fofo! - Disse Lilliandil, abraçando Caspian.

–Você não pode falar nada, já que também tem um apelido desses. - Ironizou Caspian, fazendo Kalene tirar o sorriso do rosto e abaixar a cabeça.

O que aconteceu foi que Kalene se lembrou de que Edmundo a chamava de "Lennie". Esse era o apelido carinhoso dela, assim como o de Lilliandil, para Caspian, era "Lilli". Caspian percebeu que deixou Kalene triste e se desculpou rapidamente.

–Me desculpe, Kalene. Me desculpe mesmo! Eu não quis tocar nesse assunto! - Disse Caspian.

–Tudo bem, Caspian. O que passou, passou. Uma hora teríamos que continuar com a nossa vida, não é? - Disse Kalene.

Eu posso até continuar, mas vai ser difícil continuar sem o Eddie. Pensou Kalene. De novo, ela começou a esconder seus sentimentos.

Duas carruagens haviam chegado no porto. Uma iria levar Caspian e Lilliandil até o castelo telmarino e a outra iria levar Kalene até Cair Paravel.

–Até mais, Caspian! Até mais, Lilliandil! - Disse Kalene, acenando e entrando na carruagem.

–Até amanhã, Kanes! - Disse Caspian.

–Adeus, Princesa. - Disse Lilliandil.

Assim que Kalene já estava dentro da carruagem e sendo levada até Cair Paravel, ela levantou os braços e disse: "Princesa nunca mais!!!" (Lê-se: gritou).

Chegando lá, o castelo estava realmente magnífico. Estava quase como que da última vez que ela o viu antes de ser destruído. Somente algumas mudanças foram feitas na sala do trono, que onde tinham quatro tronos, agora tinha apenas um, bem no meio.

Aslam a estava esperando na entrada do castelo, como disse anteriormente. Quando ela o viu, saiu da carruagem em disparada para abraçá-lo.

–Pai! Você está aqui como havia dito! - Disse Kalene, eufórica.

–Se eu não viesse, não haveria coroação, não é mesmo? - Indagou Aslam.

–Ah, é mesmo. Mas como o castelo foi reconstruído em tão pouco tempo? - Perguntou Kalene, surpresa.

–Vários narnianos se voluntariaram para fazer isso. Eles fizeram, se esgotando ao máximo, pelo amor à futura Rainha deles. - Respondeu Aslam.

–Eles nunca mais vão ficar oprimidos, pai. Isso eu garanto! - Disse Kalene.

Aslam sorriu para a filha.

–Kalene, siga-me. Quero falar com você em particular. - Disse Aslam.

Kalene seguiu Aslam para um jardim atrás do castelo. Naquele jardim, tinha uma fonte jorrando água.

–Está feliz, minha filha? - Perguntou Aslam.

–Bem, eu, estou sim. - Respondeu Kalene, hesitando algumas vezes.

–Mas não se sente completa. - Complementou Aslam.

–Pai, por acaso, você costuma ler a minha mente? - Perguntou Kalene.

–Não é preciso ler sua mente pra saber que se sente incompleta. - Respondeu Aslam.

–Então já sabe o motivo. - Retrucou Kalene, com um ar de tristeza.

–Você já sabia que ele não iria ficar aqui pra sempre. - Disse Aslam.

–E eu também já devia saber que você iria proibi-lo de voltar. - Rebateu Kalene. - Mas, tudo bem. Não me importo. Você vai dizer que foi destino, eu já sei.

–Mas não seria mentira se eu dissesse isso. E além do mais, tem coisas felizes no destino de vocês dois. Porém, não posso contar. - Disse Aslam.

Uma pontinha de esperança apareceu no coração de Kalene. Coisas felizes no destino dos dois? Será que os dois estavam realmentedestinados a ficarem juntos? Pelo jeito, ela só iria saber se acontecesse.

Aslam direcionou seu olhar para a fonte de água, e ela começou a irradiar um brilho, que viria a se transformar em uma imagem. Kalene, curiosa, se aproximou da fonte e quando olhou para a água, viu uma imagem de Lúcia e Edmundo no mundo deles. Ainda na casa de Eustáquio. Estavam recebendo uma visita dos irmãos Pedro e Susana. E estavam felizes por estarem com a família.

–Não há motivos para se entristecer, filha. Ele está bem. - Disse Aslam.

–Ele me esqueceu? - Perguntou Kalene.

–Ele nunca iria esquecer de você, mesmo que quisesse. - Respondeu Aslam. - Você sempre vai estar no coração dele.

Kalene sorriu e a imagem sumiu.

–Tem razão, pai. Eu tenho que me concentrar para a coroação de amanhã! - Disse Kalene, com um tom forte na voz.

Naquela noite, enquanto Kalene dormia no seu novo quarto, ela sonhou com Eddie. A primeira vez em que sonhava com ele, em muito tempo. No sonho dela, os dois corriam por uma campina, com roupas simples, como se estivessem brincando de pega-pega. No outro mundo, Edmundo teve o mesmo sonho. A explicação era simples. Como Aslam havia dito, ambos estavam no coração um do outro. Aquilo era como se fosse uma visão (tipo os sonhos do Percy Jackson).

Na manhã seguinte, um dos empregados de Kalene bateu na porta dela. A visão da garota dormindo era assustadora e engraçada ao mesmo tempo. O cabelo estava completamente armado e bagunçado e ela dormia em uma posição completamente estranha.

–Princesa Kalene? Está acordada? - Perguntou o empregado, do outro lado da porta.

Até a coroação oficial, ninguém chamava Kalene de rainha ou majestade. Kalene acordou, relutante, mas não abriu os olhos.

–Aham, eu estou sim. - Ela bocejou. - Eu tô acordada faz tempo... - Ela dormiu e acordou rapidamente. - Hã? Quem tá aí?

–Ainda sou eu, Princesa. Vim perguntar se já começou a se preparar. - Disse o empregado.

–Hãã... me preparar pra quê? - Perguntou Kalene, completamente grogue.

–Para a sua coroação, alteza. - Respondeu o empregado.

–Ahhn, não me chame de alteza... - Disse Kalene, quase dormindo novamente, mas acordou entusiasmada, logo em seguida. - A coroação é hoje!!!

Ela rapidamente se levantou, completamente animada e tomou um banho digno de uma rainha. Depois, passou uma hora tentando dar um jeito no cabelo, que ela não sabia como tinha ficado daquele jeito depois de uma noite, pois nunca havia ficado assim. Acabou que ela fez em si mesma, um coque trançado, desfiado nas pontas.

Depois, ela colocou o vestido que tinha separado para aquela ocasião. Um lindo vestido branco com detalhes em vermelho e dourado. Ela adorava branco, por isso, o branco a representava. O vermelho e o dourado, para ela, representavam Aslam. Uma união perfeita.

http://azinovic.deviantart.com/art/Medieval-dress-Lorena-400005962 (Vestido)

Algumas horas depois, praticamente toda Nárnia estava reunida no salão do trono de Cair Paravel. Kalene, pessoalmente, pediu que seus amigos mais próximos ficassem na frente. Ou seja, na frente, ficaram Caspian, Lilliandil, o anão Trumpkin e alguns marinheiros do Peregrino da Alvorada.

Algumas trombetas tocaram e pararam, simultaneamente. Foi dado lugar a uma canção suave.

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Ao longe, entrando no salão, vinham Aslam, na frente e Kalene, atrás. Ela havia colocado uma enorme capa vermelha, que se arrastou pelo chão. Ela manteve a pose de séria até chegar perto do trono, onde seus amigos acenaram e ela sorriu para eles. Aslam deixou que ela passasse na frente e chegasse até o trono, não sentando, mas apenas ficando na frente. Aslam havia dito que iria coroá-la, mas não queria dizer colocar a coroa diretamente na cabeça dela. Por outro lado, o texugo Caça-Trufas se ofereceu para colocar a coroa em Kalene pessoalmente. E lá vinha ele, carregando a coroa de prata em uma almofada branca. Era uma coroa simples, mas mais detalhada do que a de Lúcia e Susana (Imaginem a coroa da Lúcia, só que mais bonita e detalhada).

–Por todo povo de Nárnia, animais e humanos que estão aqui hoje. Agora, você será Rainha Kalene de Nárnia. Que por minha graça, é corajosa, sábia, justiceira e bondosa. - Discursou Aslam.

(N/A: Admito que foi uma kibação dos títulos de Susana, Edmundo e Lúcia. Só o do Pedro que eu não kibei...)

Caça-Trufas se aproximou, com a almofada. Kalene se ajoelhou por um minuto. O texugo largou a almofada e pegou a coroa, colocando delicadamente na cabeça dela. Assim que ele terminou de colocar, Kalene se levantou de um jeito majestoso. Os narnianos começaram a bradar.

–Viva a Rainha Kalene! - Bradaram os narnianos.

Após Kalene ser cumprimentada por praticamente todo mundo, vieram Caspian e Lilliandil darem os parabéns a ela. Obviamente, agora ela não tinha razões para fugir da festa, já que ela era o centro das atenções. Foi uma festa maravilhosa.

Meses depois, Caspian e Lilliandil se casaram. Mas agora, Kalene estava em um estado de poder mais alto do que o de Caspian e Lilliandil. Eles eram apenas rei e rainha. Kalene era como se fosse a Rainha Suprema de Nárnia. Como Pedro era o Grande Rei Magnífico. O reinado dela foi ótimo. Não havia mal e não havia guerras. Pelo menos, por aqueles tempos.

Alguns anos depois...

Kalene ainda governava com força em Nárnia, mas agora, Lilliandil estava esperando um filho de Caspian. Isso correu por toda Nárnia, até chegar nos ouvidos de uma feiticeira jovem, mas má. Tão má quanto Jadis.

–Juro que vou acabar com o reinado da Rainha Kalene e destruir a vida do Rei Caspian e da Rainha Lilliandil, roubando a criança deles! E então, Nárnia estará nas minhas mãos! - Disse a feiticeira, em seu covil.

No castelo de Caspian, Lilliandil havia acabado de entrar em trabalho de parto e solicitou a presença de Kalene para o nascimento da criança. Elas agora, eram amigas. Boas amigas, até, esquecendo de todos os rancores do passado.

–Empurre, Lilliandil! Está quase vindo! - Gritou Kalene.

Algumas empregadas ajudavam Lilliandil com o parto, Kalene estava apenas dando apoio moral. Lilliandil já estava roxa de dor quando o bebê finalmente nasceu.

–É um menino! - Disse uma das empregadas.

Kalene pegou o menino, enrolado nas toalhas e o entregou para Lilliandil.

–É tão lindo. Parabéns! - Disse Kalene, sorrindo.

–Ele vai se chamar Rilian. - Disse Lilliandil, ofegante.

Caspian ficou orgulhoso de ter um herdeiro. Ele deu uma festa, comemorando o nascimento de Rilian, que durou uma semana inteira. Mal eles sabiam que tinham somente alguns anos pela frente, sem sofrimentos.


Continua