Manuela POV

Já era quase hora do almoço, estava começando a ficar com fome. Decidi sair um pouco da área da piscina e voltar ao apartamento, às meninas já deviam estar bem preocupadas, porém no momento em que levantei tudo começou a rodar e minha visão escureceu fazendo meu corpo inteiro entrar em choque com o chão e acabei batendo minha cabeça em uma das espreguiçadeiras, naquele momento, eu senti que não iria sobreviver.

Carlos POV

Decidi ir pra piscina descansar um pouco, não tinha quase ninguém lá, só umas crianças que estavam dentro da piscina e uma garota na qual nunca tinha visto antes, porém quando a garota se levantou deve ter escorregado, pois ela caiu no chão e bateu a cabeça em uma espreguiçadeira, as crianças riam da situação, porém, eu fui ajudá-la. Quando me aproximei dela, percebi que ela era linda, porém era bastante magra e branca, usava um lenço na cabeça, deixei sua aparência de lado e a peguei em meus braços, ela estava desacordada, o que me deixou bastante preocupado. Então decidi levá-la para meu apartamento e dos meninos, Logan saberia o que fazer para ajudá-la.

Quando cheguei lá, os meninos me olharam com uma cara tipo ‘‘ o que você fez? ’’. Coloquei-a no sofá e os meninos se aproximaram dizendo em coro:

- O quê você fez?

- Eu não fiz nada, fui para a piscina descansar um pouco e quando cheguei lá só estava ela e algumas crianças, e quando ela se levantou deve ter escorregado, pois caiu e bateu a cabeça em uma das espreguiçadeiras. – falei sentando no chão ao seu lado.

- Deve ter sido engraçado. – disse James rindo, fuzilei-o com o olhar fazendo-o parar de rir – Desculpa.

- Logan, acha que pode ajudar? – perguntou Kendall

- Ela só escorregou e bateu a cabeça, nada demais. – disse Logan como se não estivesse nem ai pra ela.

- Mais ela está desacordada. – rebati Logan que se deu por vencido e foi até o freezer.

- Pega, coloca onde ela bateu. – disse Logan jogando uma bolsa de gelo em cima de mim. Olhei para ele serio e fiz o que disse, coloquei onde achei que ela poderia ter batido.

- Nunca tinha visto ela por aqui. – disse James. – Deve ser nova, pois eu conheço todas as garotas do hotel.

- Talvez a Katie saiba quem ela é. – disse Kendall fazendo todos o olharem. – A Katie estava conversando com uma garota nova lá na piscina hoje, ela disse que ela é irmã da amiga da namorada do Logan.

- Irmã da amiga da minha namorada? – perguntou Logan.

- Foi o quê a Katie disse. – respondeu Kendall.

 - Ai minha cabeça. – disse a garota acordando e fazendo-nos ficar em silêncio. – Onde estou? – ela disse abrindo os olhos e olhando para mim. – Quem é você? – olhou para os meninos. – Quem são vocês?

- Calma você escorregou e bateu a cabeça lá na piscina, eu vi quando você caiu e te trouxe aqui porque temos um mais ou menos médico aqui. – falei fazendo-a olhar fixamente para mim, fiquei hipnotizado pelos seus olhos azuis.

- Ah é, eu escorreguei. – ela disse como se tentasse esconder algo de nós.

- Meu nome é Carlos, esses são James, Logan e Kendall. – falei apontando para cada um que só acenaram para ela.

- Você por acaso conheceu uma garota hoje de manhã chamada Katie? – perguntou Logan.

- Conheci, ela disse que morava no apartamento 2J e que se eu precisasse era só ir ao apartamento dela. Vocês a conhecem?- ela disse com a voz fraca.

- É minha irmã, e você está no apartamento 2J. – disse Kendall fazendo-a sorrir.

- Cadê ela?

- Na casa de uma amiga. – respondeu James.

- Bem, acho melhor eu ir. E obrigada por me ajudarem – ela disse se levantando devagar, então a ajudei a se levantar. – Obrigada. – ela disse sorrindo e eu também sorri então ela foi embora deixando somente eu e os meninos.

- É impressão minha, ou o Carlos ficou meio que encantado por essa garota. – disse James começando com suas piadinhas.

- James, não começa. – falei indo para meu quarto. Tá legal, ela realmente me encantou, mais tem alguma coisa estranha, tenho certeza de que ela não escorregou, quando ela confirmou o que disse, não senti segurança em sua voz, a sua queda deve ter sido por outra coisa, e eu vou descobrir o que é.

Manuela POV

Quando sai do apartamento dos meninos, encontrei Katie que sorriu a me ver, assim como eu.

- Oi Manu. Posso te chamar assim?

- Claro Katie, minha irmã me chama assim. – falei sorrindo.

- Você veio atrás de mim no apartamento 2J?

- Na verdade, eu desmaiei na piscina e um garoto chamado Carlos me trouxe pra cá.

- Ah, o latino do capacete. – rimos juntas.

- Como assim latino do capacete?

- Esquece em breve você vai entender. E como você está? Contou a eles da sua doença?

- Eu estou bem, e não, não contei a eles que eu estou doente, e, por favor, não conte. Eu não quero que as pessoas do hotel saibam que estou doente, pelo menos não agora. – ela assentiu e entrou no apartamento 2J e eu no 4J.

Quando entrei, Karla, Amanda e Clarisse vieram correndo pra cima de mim e me encheram de perguntas.

- Onde você estava senhorita Manuela Kramer? – perguntou Amanda bastante séria e preocupada.

- Eu estava na piscina, mais eu escorreguei e bati a cabeça na espreguiçadeira e acabei desmaiando. – menti. Não sou nem louca de dizer para a Amanda que eu desmaiei porque fiquei tonta e com a vista escura.

- Ai meu Deus! Você está bem? – perguntou Karla que aparentava estar mais preocupada do que Amanda.

- Estou ótima. Um garoto chamado Carlos me ajudou e me levou para o apartamento daqui da frente o 2J.

- 2J? – perguntou Karla, assenti. – Conheceu meu namorado?

- Seu o que? – perguntamos eu e Amanda juntas.

- Meu namorado, Logan. Logan Mitchell.

- Espera, você namora o Logan?

- Namoro. Problema?

- Não, só estou surpresa. – ela sorriu aliviada.

Ficamos conversando por mais algum tempo na cozinha, claro, depois de eu ter tomado outro remédio, eu só passei mal porque eu não tinha tomado ele na hora certa e Amanda estava preocupada achando que eu podia ter morrido, e eu realmente poderia ter morrido se Carlos não tivesse me ajudado.

Pedi para que elas ficassem de bico calado sobre minha doença, elas entenderam e concordaram. Contei a elas sobre Katie, Amanda ficou feliz, porém, não gostou de saber que eu fiz amizade com uma garota de 14 anos, eu tenho 21 e a Katie 14, temos quase 7 anos de diferença.

Conversamos tanto que nem notamos quando anoiteceu. Tomei outro remédio e Amanda foi me ajudar a banhar, foi ai que eu voltei a ter aqueles pensamentos sobre liberdade, eu queria ser curada logo de uma vez para poder pelo menos tomar banho sem ajuda. Assim que terminamos, Amanda me ajudou a vestir outra roupa e arrumar o pouco de cabelo que tinha no momento em que ela passou o pente em minha cabeça, vi vários fios caírem e sempre que isso acontece algo dentro de mim deseja ficar careca logo de uma vez, porém, quero poder ficar até o fim com o mínimo de cabelo que eu tiver.

XXX

No dia seguinte, eu, Amanda, Karla e Clarisse acordamos antes das seis, pois Clarisse iria me levar para o hospital conhecer o médico, já a Karla iria sair com o namorado dela já que estávamos em um sábado.

Chegamos eu, Amanda e Clarisse, no hospital quase 8horas, ficamos na sala de espera, mas como a dona Clarisse já era bem conhecida lá, logo fomos atendidas. Confesso que fiquei nervosa como se fosse a primeira vez que eu fosse ao médico, porém, o que mais me deixava nervosa era o fato de o médico dizer que eu não tinha jeito, que eu iria morrer de qualquer maneira.

O médico era legal, aparentava ter uns 37 anos, cabelos grisalhos que começavam a embranquecer, ele se chamava Joseph. Ele disse que eu teria que suspender alguns remédios, pois eles não estavam fazendo efeito, tinha até me animado, mas quando ele disse que eu teria que fazer quimioterapia, senti meu mundo desabar.

Como assim eu vou ter que fazer quimioterapia? Por que os médicos no Brasil não me disseram isso durante esses 2 anos em que iniciei meu tratamento?

Agora além das quimioterapias, teria que tomar o dobro de remédios, e a maioria deles seriam para evitar desmaios e enjôos repentinos.

- Você pode começar na próxima semana, tem sorte de termos vaga para você. – disse o médico Joseph com um sorriso otimista.

- Tenho chances de sobreviver? – falei segurando as lágrimas que insistiam em querer sair.

- Existe uma certa chance, mais se você quer a verdade, as chances são poucas, mais não se preocupe, veremos como seu corpo irar reagir a esses novos remédios e a quimioterapia, quem sabe suas chances não aumentam. – Joseph sorriu, forcei um sorriso e sai da sala dele juntamente de Amanda, pois Clarisse tinha ficado nos aguardando na sala de espera.

Chegamos ao Palm Woods dando logo de cara com Karla e Logan.

- Oi Tia, Amanda, Manu. – disse Karla vindo nos abraçar seguida de Logan. – Logan, essa é minha amiga Amanda, a irmã dela você já conhece.

- Só não sei o nome. – ele disse me fazendo sorrir.

- Manuela, mas pode me chamar de Manu. – falei com a voz fraca e um pouco triste, pois ainda segurava as lágrimas. Amanda ficou conversando um pouco mais com Karla e Logan no saguão, enquanto eu subi para o apartamento com Clarisse.

Assim que entramos no apartamento, deixei todas as lágrimas que segurava rolarem pelo meu rosto. Eu viajei até o outro lado do continente para quando chegasse aqui eu descobrisse que eu não tinha grandes chances de sobreviver!? Por que Deus não me leva logo de uma vez desse mundo para ver se esse meu sofrimento acaba logo de uma vez!? Cansei de sofrer, cansei de lutar contra uma doença que no fim irar acabar me matando de uma maneira ou outra esse é meu destino, estou destinada a morrer com essa doença de qualquer jeito.

Clarisse me abraçou, mas na disse nada, apenas ficou alisando meu cabelo.

XXX

Quando anoiteceu, decidi ir até a piscina, mas quando cheguei lá  encontrei Karla conversando com Logan, e Amanda conversando com... James?

- Amanda? – perguntei me aproximando dela.

- Manu? Manu, o que está fazendo aqui? Você deveria estar descansando. – disse Amanda fazendo James rir. – Rindo do que Diamond?

- Nada. – ele disse ainda rindo. – Mais como você disse você é a irmã mais nova da Manu, e parece até que você é a mais velha. – James continuou rindo, porém, continuamos em silêncio.

- Manu entra logo, ou você vai acabar pegando um resfriado. Está fazendo muito frio, já não basta cuidar do seu câncer, ou eu vou ter que cuidar seu resfriado? – James que ainda estava rindo parou ao ouvir a parte sobre meu câncer, enquanto eu fuzilava Amanda com o olhar. – Desculpa. – ela disse ao perceber a burrada que tinha feito. Olhei para trás e vi que Karla e Logan não tinham ouvido, pois eles estavam ainda naquele papinho romântico.

- Você tem câncer? – perguntou James.

­- Leucemia. – respondi.

- Por que não disse antes?

- Porque eu não queria que todo mundo ficasse com pena de mim, e alem do mais, pouco me importa se o Palm Woods inteiro fica sabendo disso, afinal, eu vou morrer mesmo. – falei deixando uma lágrima cair indo em direção ao meu apartamento em seguida.

Amanda POV

Manu deve estar me odiando agora, ela me pediu tanto, tecnicamente me implorou para que não contasse a ninguém sobre seu câncer, mais não deu certo, acabei contando a James, que é bem simpático por sinal.

- Não liga pra ela. Ela está deprimida, pois o médico disse que as chances dela sobreviver são muito poucas, por isso ele indicou mais remédios e quimioterapia. Todo dia ela chora por ter que depender de mim para tudo, para tomar banho, para se vestir, para comer, para escovar os dentes, para dormir. Cada vez que vou arrumar o cabelo dela, ela chora ao ver aqueles tufos de cabelo caírem. – comecei a chorar. – Eu não aguento mais a ver sofrer assim, cada lágrima dela é uma facada no meu coração. É difícil ver minha irmã mais velha, aquela que deveria cuidar de mim, nesse estado, dependente de remédios, se atrasar um segundo se quer na hora de tomar o remédio, ela desmaia, ficar enjoada, tonta, fraca, ela nem agüenta sentar, deitar ou levantar sem ajuda, se ela sofre, eu sofro junto. Eu deveria estar me preparando para vê-la partir, mais simplesmente não consigo. Olha onde eu estou, sai do Brasil e vim para L.A porque a dona Clarisse conseguiu vencer o câncer aqui com o mesmo medico que disse que a Manu iria morrer. Eu não posso, eu não estou pronta, eu não quero ver minha irmã morrer... ­-  não consegui dizer mais nada, as lágrimas eram mais fortes, a vontade de chorar era maior. Eu tentava ser forte, eu tentava transmitir para Manu que eu estava bem, que eu estava tentando ser forte em relação a ela, mas eu não consigo simplesmente não me vejo pronta para vê-la partir, eu não posso vê-la partir. James me abraçou o mais forte possível, seu abraço era confortante, me sentia segura em seus braços.

- Calma Amada. Tenho certeza que ela vai sair dessa, e se ela não conseguir não se preocupe, pois eu estarei aqui ao seu lado, eu não vou te deixar sozinha, eu vou estar ao lado de vocês o tempo inteiro. ­-  sorri ao ouvi-lo dizer isso, eu tinha certeza que daqui sairíamos grandes amigos.

- Não conta nada pra ninguém, nem era para eu ter te contado, saiu sem querer, ela já tinha me pedido para não contar a ninguém. – falei assim que consegui parar de chorar. Ele apenas assentiu. Ficamos conversando por mais um tempo, até que decidimos subir para nossos apartamentos.

Quando eu e Karla chegamos, Clarisse e Manu já estavam dormindo, então fizemos o mínimo de barulho possível para não acordá-las. Passei pelo quarto de Manu para ver como ela estava, mas quando coloquei minha mão em sua testa, ela suava frio e estava com febre.

- Essa não. – falei totalmente desesperada.