Taken [one-shot] NejixTen escrita por Mile Mieko Chan


Capítulo 1
Capítulo Único - O Pior Presente


Notas iniciais do capítulo

Essa é a primeira fanfiction do anime "Naruto" que escrevi, espero que gostem ^^

Notas:"abc" = Pensamento
*~*~*~* = Mudança de cena/local

Música para este capítulo: "Taken" by Plumb

Kissus ;**



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Eu posso te ver se levantando na chuva vertente

Esperando por mudanças para te levarem embora

Eu posso ver o outono claro de seus olhos

Enquanto nos perdemos nas lágrimas deste adeus

Mais um dia calmo na Vila Oculta da Folha. Não sabia bem o que fazer naquele momento. As ruas estavam movimentadas e muitos comerciantes estavam trabalhando. “Oito de março...”, pensei. Achei melhor sair de casa a ficar perdendo tempo com aquilo na cabeça. Faria quinze anos no dia seguinte, mas isso não era empecilho para treinar com o Time Gai.

Assim que pus os pés fora de casa, avistei Lee vindo em minha direção. Parecia estar com pressa.

– Hey, Lee! – disse acenando para que me visse.

– Tenten... – ofegou quase sem voz de tão rápido que estava correndo.

– Você sabe em qual área vamos treinar hoje?

– Ah, é mesmo... Tínhamos que treinar hoje. Sinto muito, mas não vou poder ir – falou num tom um pouco ressentido, porém determinado.

– Pode ir dizendo o que você e o sensei estão para aprontar? - indaguei já desconfiada. Lee nunca perdia a oportunidade de melhorar a si mesmo a não ser que estivesse prestes a entrar em uma investida maluca com o Gai-sensei.

– É que... – começou fitando o horizonte, os olhos brilhando intensamente – Vou bater meu recorde de mil e quinhentas voltas ao redor da Vila da Folha para mostrar para o Gai-Sensei como é fiel seu mais nobre seguidor!!!

– Err... Está bem... Só não se exalta tanto, todos já devem estar olhando – repreendi os quase gritos dele.

– Torça por mim Tenny-chan – disse segurando minhas duas mãos saindo em disparada, deixando para trás uma alta nuvem de poeira.

– “Tenny-chan”... Era só o que me faltava – comentei enquanto começava a andar e continuar meus pensamentos – “Bem, fim de planos com relação ao treinamento então...”

Portanto algo me tocou a mente. Dirigi-me à Mansão Hyuuga.

*~*~*~*

Chegando ao local bati na porta educadamente, no entanto, ouvindo algo que mais parecia uma discussão em um lugar distante nas entranhas da casa. De imediato senti-me desconfortável, logo que seria um pouco invasor da minha parte atrapalhar uma briga daquele jeito. Pensei em dar meia volta e deixar para depois, mas a essa altura Hinata já estava à porta e as vozes de timbre elevado – agora claramente audíveis – continuaram. O mais estranho é que conhecia uma delas.

– Tenten-chan... – cumprimentou Hinata num tom tristonho fora do comum – Aconteceu alguma coisa?

– Bem, é que eu... - “Eu é que deveria perguntar...” - Gostaria de saber se o Neji está. Ele disse que treinaríamos juntos hoje... – respondi um pouco sem jeito pela aparente situação.

– Tenten-chan, o Neji-san... Bem, ele…

Nesse momento ela fora interrompida. Percebi subitamente que as vozes haviam parado e Hiashi Hyuuga encontrava-se atrás da filha, nos encarando com um semblante frio e um tanto duro.

– Hinata, entre – ordenou sem expressar emoção alguma.

– Perdoe-me. Eu prometo explicá-la tudo depois – disse o mais rápido que pôde e fechou a porta com um leve e abafado barulho.

Fiquei sem reação. Um suposto desentendimento entre Neji e seu tio, Hinata agindo de forma completamente estranha... De fato aquilo não era normal para a família de eternos controlados que eram os Hyuuga. A única coisa na qual pensei foi em não causar problemas para Hinata depois.

Por fim cansei de esperar por algum ser vivo que pudesse me acompanhar e fui sozinha para a área sete. Os mesmos alvos de sempre; a mesma floresta de sempre; alguns dos acertos se sempre. Nesse estado, “os mesmos parceiros de sempre” iria bem. Quando me dei conta já era noite.

Voltei para a vila em si e fui parar no Ichiraku. Para minha felicidade eles passaram a vender pães como acompanhamento do lámen e onde há pães, há também baozi[1]!! Não perdi tempo e resolvi jantar ali mesmo. Enquanto comia, alguém mais chegou e chamou por mim. Reconheci a suave voz de Hinata, que se sentou ao meu lado com a mesma expressão preocupada de um pouco mais cedo.

– Vim para explicar o que está acontecendo... Com o Neji-kun.

*~*~*~*

Assim que saímos do Ichiraku, Hinata me acompanhou até minha casa. Ela de fato não estava bem. Já eu não tive o mesmo desempenho que os outros dias. Atingi apenas oitenta e sete dos cem alvos espalhados pela zona de treinamento. Hinata começara a falar e fiquei bastante apreensiva, tentando também me acalmar.

– Bem... Senti que tinha obrigação de contar o que aconteceu já que você é tão próxima do Neji-kun desde a época da academia. O problema é que...

As pausas frequentes em sua voz estavam irreconhecíveis. Não era vergonha, era medo. Ela não parecia querer, ou conseguir, explicar em palavras.

– Não tenha medo de falar, Hina. Vamos, continue...

– Bem, Tenten-chan... Vou direto ao ponto... – disse fazendo uma pausa mais longa. Parei de andar quando soube de que se tratava – O Neji-kun... Vai deixar a Vila da Folha.

– O quê? M-Mas o que aconteceu lá hoje à tarde? O que o seu pai disse pra ele?

Não obtive resposta. Ela apenas suspirou e abaixou a cabeça. Não era possível que Neji fosse tão facilmente influenciável assim. Esperei que ela tomasse coragem para falar, mas já estava na porta de casa e Hinata nada mais disse. Conclui que eu mesma deveria perguntar, afinal, se nem o próprio Lee não aparentava saber de qualquer coisa, me vi quase na obrigação de tomar a frente. Quando já estava para me retirar, sua voz voltou, abruptamente, e fluiu quase como um raio em meus ouvidos.

– D-Desculpe não conseguir explicar... Você deve ser a que mais se preocupa com ele e... A linhagem secundária sempre foi uma questão problema para minha família. Esse foi o motivo daquela briga mais cedo. Acho que Neji-kun entendeu isso como insulto ou algo assim, a única coisa que sei é que ele pretende aprimorar-se lá fora e... Não disse que iria voltar... – sua voz não deixava o tom calmo, mas ela tremia pela tensão das próprias palavras.

– Hinata – falei aproximando-me – Você sabe ao menos onde o Neji está?

– Deve estar saindo da vila agora, Tenten... Mas não garanto que é pela entrada principal...

– Tudo bem. Vá... Vá pra casa, está bem? Vou procurá-lo – disse desaparecendo em direção à floresta. Hinata me olhou por um tempo e seguiu seu caminho.

*~*~*~*

Por aonde mais ele iria a não ser por trás da área de treinamento? Havia uma saída alternativa num caminho que ninguém costumava utilizar e bingo! Foi lá que o encontrei.

– Neji!! – gritei seguindo-o, portanto ele não parou.

– O que faz aqui? – perguntou indiferente.

– Só quero saber o que aconteceu...

– Quem disse que você precisa se preocupar com algo que não é da sua conta?

– Amigos fazem essas coisas, não é? – disse falando com certa dificuldade pela agilidade com a qual desviava dos galhos menores á minha frente.

– Tenho minhas prioridades. Não quero voltar aqui.

– Nós podemos dar um jeito. Você já é forte o suficiente... E quanto ao Gai-sensei e o Lee? Eles est...

– Deixe-me – falou rispidamente e continuou acelerando, virando-se apenas para me dizer isso.

Mas você não pode ir mais distante

Do que meu coração pode ir

Porque eu ainda estarei te amando

Através da tristeza e da loucura aqui

E eu sempre estarei com você

Na distância

Que tem levado você

De mim

Em meu gesto mais rápido, conseguindo uma brecha por cima, dei um salto e parei em outra árvore à sua frente. Estava encarando-o com um olhar exasperado que sabia que ele detestava. Seus olhos refletiam um antigo Neji. Foi aí então que percebi que não estava com sua bandana como de costume.

– Você não entende – ele disse – Se eu ficar permanecerei aprisionado a ele...

– Seu tio não é mais o problema. Você mesmo está fazendo isso! Olhe por outro ângulo! Sua luta com o Naruto... Você já esqueceu? – indaguei como se estivesse falando com o nada. Permanecia mudo e encarando-me intensamente.

– Eu sei que você não quer mais perder para ninguém... – continuei – Mas fazer o que está fazendo apenas por divergência de opiniões não vai levá-lo a lugar algum.

– O que você sabe sobre isso? Não foi o seu pai que aceitou a morte para salvar o que mais amava. Não foi você que recebeu uma marca que vai levar para o resto da vida por ser menos desfavorecida. Disso estou pleno de certezas...

Desviei dele por um instante. Vislumbrei sua testa enfaixada. Não entendia o que ainda sentia mesmo havendo certa paz entre ele e Hiashi. Deveria deixá-lo ir?

– Não posso dizer tudo que gostaria – destaquei – Mas se todo o trabalho que nós tivemos foi em vão, me perdoe. Ainda assim não posso obedecer a essas suas ordens estúpidas!!

Era uma das poucas vezes que discordei dele. Todos nós cometemos erros; aquele seria fatal. Porém insistir em transformar os erros numa virtude não é algo que um gênio deve fazer. Mostrei um de meus pergaminhos a ele.

– Tenten, eu não quero lutar... – foi o que proferiu, chamando-me. Um espaço de tempo passou e ele fez alguns complementos - É o destino de uma pessoa uma coisa, como uma nuvem que flui com um fluxo inevitável? Ou uma pessoa pode escolher o fluxo que deseja?... – nesse momento, retirou a faixa que lhe encobria a testa - A maldição representa a marca de um pássaro em uma gaiola... É o símbolo de ser amarrado a um destino inescapável...

– Você confundiu tudo! Tudo o que era com o que realmente deseja ser!! Sei do que estou falando e tenho certeza que você também!!

– Eu... Ainda não sei a resposta para isso. Foi o que desejei que meu pai ouvisse depois que lutei com o Naruto...

– Então... Está indo em busca de respostas tão simples? – senti minhas pálpebras esfriarem – Está em busca de algo do qual já tem esclarecimento...

– Havia pássaros no céu naquele dia – disse calmamente saltando e ficando cara a cara comigo – Tenten...

– N-Não pode ir... – proferi como um último apelo.

– Adeus.

A velocidade dele me feriu. Num giro para tentar alcançá-lo perdi a linha de equilíbrio e cai vendo um pequeno objeto deixar suas mãos sobre as finas folhas. Atingi o chão e ele havia desaparecido. A lua iluminou o local e só naquele momento percebi que ele de fato se foi.

Levantei-me com dificuldade, sentindo ternas e singelas lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Observei mais à frente e vi uma pérola púrpura dentre a baixa relva e o orvalho que cobriam as raízes. Era claríssima, da mesma cor que os orbes de meu melhor amigo.

Eu posso o ouvir rir

Quando eu fecho meus olhos

Eu posso pintar sua face

E a força dentro de seu sorriso

Eu posso ver as palavras

Dançando por seus lábios

Eu me lembrarei para sempre

Algo mais que isto

Parecia estar chovendo, mas o céu estava limpo. Meu coração parecia dissecado, mas continuava batendo. Arranhei o tronco diante de mim com as próprias unhas. Não me lembro de ter chorado tanto algum outro dia. Neji nos deixou; algo meu foi com ele. Por que me importava tanto? Ele estava certo? O “destino” não pode ser mudado porque já nasce como marca fincada em cada um?

*~*~*~*

O sol nasceu. Olhava-o da copa segurando algo liso em minhas mãos. Logo Lee apareceu.

– Tenten!! O Neji...

– Ele se foi – encerrei num tom frio.

A brisa estava calma, tocava levemente meus cabelos. Não voltara para casa àquela noite. Lee perdeu toda a animação que costumava ter nas semanas seguintes. Eu sabia que uma hora eu cansaria de chorar e faria alguma coisa a respeito. Nem meu aniversário e o fato de estar mais velha era algo que deveria comemorar. Lee, ainda ao meu lado, perguntou-me o que iríamos fazer agora.

– Ele não disse que iria voltar – respondi num sussurro tão brando como o vento que roçava meus lábios. Lee não estava tão certo disso.

Levantei-me e segurei a pequena pérola com força. A mesma que me impulsionaria a seguir em frente a partir daquele dia. Meus olhos baixos e exauridos traziam a inegável certeza de que aquele foi o meu pior presente. Um presente que permaneceria embrulhado em esperança.

Assim você não pode ir mais distante

Do que meu coração vai

Porque eu ainda estarei te amando

Através da tristeza e da loucura aqui

E eu sempre estarei com você

Na distância

Que tem levado você

De mim.

Continua...



[1] Baozi: referente a um pãozinho chinês, citado no databook como a comida preferida de Tenten.


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Notas finais do capítulo

E aí, pessoal? Gostaram? :3

Nota: Há uma continuação para essa história!
Veja aqui: http://fanfiction.com.br/historia/501632/Innocence_NejixTenten/
Espero que gostem, comentem!

Daisuke!
Jaa ne o/



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