Memórias Póstumas escrita por yin-yang


Capítulo 7
Capítulo Sétimo: Memórias Póstumas, Parte I


Notas iniciais do capítulo

Olá meus lindos *-*
Depois de um mês sem postar, estou FINALMENTE de volta! Como já notificado pelo facebook, estive com alguns problemas na faculdade que, finalmente, já foram sanados. YEY! Voltarei à ativa nessa história maravilhosa



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A voz de Tenten se tornava cada vez mais distante. Minha consciente, cada vez mais além. Agora, era eu e a vasta escuridão. Não sei exatamente se morri; mas não havia mais ninguém ali. Era um tanto quanto interessante. Aquela imensa obscuridade sempre me acompanhava, seja em meus sonhos ou em meus momentos de depressão. Eu sorri, derrotada.

– Esse então é o meu fim... Heh. – Conformei-me.

Quando eu me dei por conta, aquele mesmo gavião branco que havia aparecido em meu sonho estava à minha frente. Ele me encarava fixamente. Ele grasnou para mim, assim como o fez da última vez. Tentei me aproximar do animal; tentei tocá-lo, entretanto, assim que o tentei fazê-lo, ele tratou de voar. Antes que eu pudesse perdê-lo de vista, corri atrás. Ele, novamente, estava sendo meu guia.

–... Espere! – Gritei enquanto corria.

Crocitava mais uma vez a ave, quando, repentinamente, ela desaparecia enquanto o luz me envolvia. O cenário trocava.

Esfreguei meus olhos, para ter certeza do que eu via. Era um dia ensolarado nostálgico com certa brisa. Caminhava enquanto observava as construções de casas e as pessoas que transitavam naquele território com estrada de terra quase arenosa.

­– Aqui é...

Continuava a andar, enquanto reparava nos detalhes do que acontecia por lá, enquanto procurava o gavião. Aquele lugar, definitivamente, era o Clã Hyuuga – porém mais antigo.

– Ela é bonitinha, não é, Chichiue[1]? – Disse uma voz de criança.

Ao ouvir aquelas palavras, eu parava de andar, um pouco surpresa. Virei para trás lentamente, quando então me dava de cara com aquela cena do passado. Estava eu, meu pai, meu falecido tio e Neji nii-san, ainda pequeno.

– Neji... nii-san... – Chamei-o como se pudesse me ouvir, porém sem resultados.

– O que foi, Chichiue? – perguntou ele, assustado para o pai, enquanto tentava entender aquela difícil e confusa expressão do mais velho.

Hizashi continuava a encará-lo, entristecido, até que dava um leve suspiro e balançou a cabeça.

– Não foi nada, meu filho. – Disse meu tio para o pequeno. Ele passava a caminhar, agora- passando friamente ao lado de meu pai. – Vamos, Neji.

Sem nada compreender o pai, Neji nii-san apenas assentiu. Ele então olhava para aquela eu menor e sorria, dando um breve tchau. Ela, assim, retribuiu o gesto, um tanto acanhada enquanto o observava ir embora.

– Otou-sama[2]? – Chamou pelo mais velho a menor. Meu pai apenas a olhou friamente, assim como sempre me olhara. A pequena recuou brevemente.

Ele apenas a ignorava, seguindo o caminho de volta à mansão Hyuuga. Para não ser deixada para trás, ela correu para até ele, acompanhando-o. Segui os passos deles, curiosa. Por mais que aquilo fosse parte do meu passo, sinceramente, eu não estava lembrada daquilo tudo. Era como se páginas de um livro tivessem sido arrancadas e perdidas com o decorrer do tempo.

Assim que eles finalmente chegavam à mansão, estava uma bela mulher à frente do imóvel, esperando pelo retorno de ambos com um belo sorriso esboçado no rosto: era minha mãe. Meu Deus, há quanto tempo não a via?

– Okaa-sama[3]! – Exclamamos, eu e a menina, juntas. Aquilo era apenas lembrança, eu deveria saber disso.

O fato é que, por mais que não fosse real, era bom revê-la. Queria poder abraçá-la, assim como a menor fazia naquele exato momento ao correr para os braços da figura materna. Naquela época, ela ainda estava viva e, por mais que meu pai e eu tivéssemos nossas diferenças, éramos uma família feliz. Hanabi ainda não existia, mas ainda assim.

Involuntariamente, eu sorri satisfeita ao ver aquilo tudo. Respirei fundo, quando agora eu ouvia o crocitar da águia. Eu então o procurei pelo céu, tentando encontrá-lo. Virei-me para trás e ali ele estava, pousado na madeira enfincada ao chão. Tentei me aproximar dele novamente. Contudo, mais uma vez, ele batia suas asas e partia.

– Aah, espere! – Exclamei. Não a perderia de vista de novo. Eu passei a correr independentemente para onde eu fosse parar. – Por que você foge de mim?!

Aquela ave parecia querer se comunicar comigo, embora se afastasse a cada tentativa de aproximação. Às vezes, porém, pudesse ser apenas ilusão minha. Mas por que, então, ela aparecia duas vezes para mim, tentando me guiar? Quando me dava por conta, ela havia sumido — novamente. Suspirei, inconformada por uma segunda vez perdê-la de vista. Desacelerei meus passos gradualmente, até que parava por fim. Eu estava pelo bosque do clã. Antes de tomar qualquer atitude, observei a natureza. As árvores com suas folhas de cores vivas flamulavam com o vento enquanto pássaros cantarolavam pelo local. Levava as minhas mãos à cintura, enquanto olhava para os lados em busca do pássaro novamente. Antes que eu pudesse falar alguma coisa, ouvi vozes de crianças rindo. Atentei-me, curiosa. Segui as vozes vagarosamente, até que, por fim, eu chegava à origem. Era, uma vez mais, eu e Neji nii-san pequenos.

– Mesmo? – Indagava eu no passado sentada debaixo de uma árvore, enquanto observava o outro à sua frente.

Neji nii-san estava agachado na grama verde, enquanto colhia flores e as juntava de tal forma que, ao final, formasse uma coroa. Ele sorriu, confiante, e foi até a prima e colocou sobre sua cabeça o que acabava de fazer com seu próprio esforço.

– Mesmo. – Disse o pequeno, sincero, enquanto a olhava. – Eu vou provar pra você!

Dito aquilo, ele rapidamente se aproximava do rosto dela e dava um rápido beijo na bochecha da menina, ficando um tanto quanto corado logo após. Embora fosse um gesto provindo de uma criança, aquilo fez com que eu, igualmente, ficasse corada. Ela, ainda tão pequena, sorriu de maneira engraçada. Ela então mostrava seu dedo mendinho para ele enquanto o fitava.

– Promete? – Perguntou a pequena, ainda com aquele singelo sorriso em seu semblante.

– Prometo. – Respondeu o mais velho, mostrando igualmente seu dedo mendinho, entrelaçando-o com o dela enquanto sorria. – É uma promessa.

Yubikiri genman, uso tsuitara hari senbon nomasu.

Yubi kitta.[4]

A música canta por ambos ecoava pelo bosque, de modo a me fazer arrepiar. O vento passa forte por mim, fazendo com que meus cabelos voassem em seu ritmo enquanto eu observava as duas crianças, um tanto quanto confusa.

– Promessa...? – Indaguei. De fato, não me lembrava de promessa alguma.

Do que aquela se tratava? Tentei puxar as mais antigas memórias, mas não conseguia me lembrar. Será que o que acabava de ver realmente fazia parte de seu passado ou não passava apenas de um sonho? Aquilo começava a me incomodar.

Ficava a observá-las por mais um tempo, até que, à frente, eu visualizava a águia alva que novamente pousada em uma árvore. Andei lentamente até a mesma, de modo que não pudesse espantá-la. Eu então a tocava, quando, repentinamente, o cenário à minha volta mudava – de um bosque fui parar no dojo do Clã, onde novamente as crianças estavam juntas. Agora, porém, treinando sob a supervisão dos pais.

Cansados, eles ofegavam enquanto eram colocados para treinar, embora sorrissem um para outro. A menina, pois, caía com o ataque alheio. Sorri levemente, como se já previsse aquilo. Apesar de não me recordar daquela cena, era inegável que eu – sempre – perdia para o combate corpo a corpo com Neji nii-san, principalmente no passado. Ele então foi até ela com um sorrido no rosto e estendeu a mão para ajudá-la a se reerguer. Ao se levantar, ela o fitou e começava a rir da situação, bem como ele acabava por fazer.

De repente, meu pai se levantava rapidamente, bravo, contra meu tio que, antes, estava a observar a garota fixamente, tenso. No momento seguinte, meu pai ativava o selo Hyuuga em meu tio, de modo que esse segundo passasse a rolar de dor, gritando de agonia. Assustei-me com a cena que, há tanto tempo havia acontecido e que havia completamente me esquecido. Neji nii-san então deixava o seu lugar e corria para até o pai com seus olhos cheios de lágrimas. Ele não sabia o que fazer, de verdade; ele estava aflito.

– Chichiue!? Chichiue!? – Chamada pelo pai, inconsolável. Tentou tocar no pai para ajudá-lo, porém fora rejeitado pelo mesmo. O pai continuava a se agoniar em dor, gritando, gritando, gritando...

O pequeno corria desesperado em encontro com o tio. Ajoelhado, implorava para que ele o ajudasse.

– Hiashi-sama, por favor... – Dizia Neji nii-san, em prantos. – Por favor... Ajude meu pai!

Meu pai, porém, o ignorou. O garoto, frustrado, voltava para o pai, tentando acalmá-lo, quando, repentinamente, o mais velho parava com tudo. Sua voz gritante cessava aos poucos, fazendo com que o silêncio reinasse naquele momento.

– Chichiue...? – Chamou o mais novo pelo outro, caído ao chão, imóvel. ­– Chichiue..? – Chacoalhava o corpo do pai, sem resposta. – Chichiue... Fala comigo, chichiue. –Ao notar que seu pai já não estava vivo, as lágrimas antes suspensas em seus olhos começavam a escorrer sobre seu rosto. Ele então abraçou o pai e fechou seus olhos fortemente, deixando outras lágrimas caírem de uma vez só. – CHICHIUE! – Gritou, como se, de alguma forma, pudesse trazê-lo de volta à vida.

Com a cena, minhas lágrimas também começavam a cair involuntariamente. Virei meu rosto para a antiga eu que, naquele instante, olhava sem compreender muita coisa. Queria fazer algo por ele naquele momento, porém, nada eu podia fazer, tanto eu quanto a garota.

– Isso é para aprender a nunca se voltar contra um souke. – Disse Hiashi, meu pai. Assim, ele foi até a garota, pegando-a pela mão. – Vamos, Hinata.

A pequena assentiu e o seguiu, embora contrariada. Volta e meia, ela virava sua cabeça para trás, confusa e triste ao ver seu primo naquele estado.

– Otou-sama, mas... – Tentou contestar ela.

Vamos, Hinata. – Disse o mais velho, sem ao menos querer saber o que a outra pensava.

Eu então apenas os observava sair do recinto, deixando para trás apenas um menino e o cadáver de seu pai para trás. Aproximei-me do menor, embora ele não pudesse me ver. Ele ainda deixava sobre o pai, abraçado, chorando. Agachei-me próximo a Neji nii-san, tão indefeso. Tentei fazer uma carícia em sua cabeça, apesar de saber que não estivéssemos no mesmo plano para que ele pudesse sentir.

– ...perdoar. – Começou o menor, reabrindo os olhos cheios de lágrimas. Ele se levantava com seus punhos cerrados, cheio de ódio em seus olhos. – Não posso perdoar... Não posso perdoar...

Ao vê-lo naquele estado, senti certa dor em meu coração, como se aquilo me cortasse por dentro.

Ao virar para trás, o garoto visualizou uma pequena toalha branca, bordada em lilás “Hinata”, a qual a menina havia derrubado. Ele fora até lá e ali ficou parado, enquanto eu o observava. Ele olhava fixamente para o pano por um tempo, até que sua pesada expressão se desfazia. Neji nii-san se ajoelhou no chão e recolhia o objeto, abraçando-o.

– Vou protegê-la, Hinata-sama... Vou protegê-la. – Com a fala dele, eu me surpreendi. Levantei-me e fui novamente ao encontro dele, observando-o melhor. Ele, pois, parecia olhar para frente, encarando-me como se pudesse me ver. – Não deixarei que eles te façam mal algum.

Por um segundo, pensei que ele realmente tivesse me visto, porém, logo em seguida saiu correndo, passando por mim. Acompanhei-o com os olhos, até que tudo à minha volta se desfizesse e restasse apenas eu e a águia novamente. Fiquei cara a cara uma vez mais com a ave, agora um pouco incomodada.

– O que é você, Águia? Você conhece meu passado... Quem é você?

Novamente, ela apenas crocitou para mim. Afinal, era um animal. Não teria lógica ele pronunciar palavras. O pássaro então abriu as grandiosas e magníficas asas que, com esse ato, do vazio se formava um novo cenário, revelando-me outras lembranças de um passado que por alguma razão as havia perdido.


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Notas finais do capítulo

[1] Chichiue significa "pai" na forma mais polida possível em japonês.
[2] Sinônimo de "Chichiue".
[3] "Mãe" em japonês.
[4] "Yubikiri genman" é uma música cultural japonesa, ao qual se canta, juntamente com o gesto de entrelaçar um dedo mindinho no outro, para se firmar uma promessa.